O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Milantino Espumante Natural Extra Brut 2006

Mais um espulmante brazuca do Vale dos vinhedos, mais um espulmante que agrada e comprova a grande vocação desta região para a produção de vinhos espulmantes. Elaborado à partir de 70% Chardonnay e 30% Pinot noir, pelo método tradicional e com produção de apenas 3000 garrafas. Visual amarelo dourado, demonstrando certa evolução, perlage bastante intensa e fina, mas com persistência média. Surpreende no nariz, onde foge um pouco do padrão Vale dos vinhedos de espulmantes, exibindo uma explosão de frutas tropicais no nariz (abacaxi, melão, maracujá), mel e notas tostadas. Cai de nível na boca, trazendo a acidez marcante da região, mas com um amargor final que incomoda. Tem boa concentração de espulma, mas pouca persistência. Boa cremosidade na boca, onde também é bastante seco. Muito gastronômico, deve ser harmonizado com canapés ou pratos requintados. No conjunto, está aprovado! Nota: 89 pontos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vale o quanto custa? Vivendo Cabernet sauvignon rosé 2009

Vamos dividir os vinhos rosés em dois grandes grupos: o primeiro grupo é o daqueles vinhos com coloração "rosa pink" bem cheguei, aromas de groselha e bem adoçicados em boca, lembrando às vezes um suco de groselha com álcool; o segundo grupo é o daqueles rosés tradicionais com coloração casca de cebola, tendendo algumas vezes para o salmão claro, com aromas de frutas vermelhas frescas e toque herbáceo ou mineral, com muito frescor e acidez. A imensa maioria dos vinhos produzidos fora da Provance (terra do vinho rosé) pertence ao primeiro grupo. Pois bem, este vinho do Alto Cachapoal (Chile), produzido pela ótima Viña Calyptra pertence ao segundo grupo, ou seja, é uma "mosca branca" no meio de uma infinidade de porcarias despejadas no mercado. Feito à partir de uvas Cabernet sauvignon, esbanja frescor e elegância, mesmo tendo passado 24 meses em barricas de carvalho, isso mesmo, acreditem se quiser ou paguem para conferir! O visual é puro rosé da Provence, os aromas não dizem muito, mas percebe-se a delicadeza e o frescor e na boca, o vinho mostra o quê é um rosé: puro frescor! Paguei R$ 32,00 na Wine e posso garantir que vale muito o quanto custou. Nota: 90 pontos. Para comprar de caixa e bebericar neste verão à beira da piscina.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vale o quanto custa? La Galiniere Carignan 2009

Com o objetivo de facilitar a vida dos leitores e expressar uma opinião honesta de um leigo, inicio hoje um novo formato em meus comentários de vinho. Vou fazer o comentário decritivo do vinho e no final, vou emitir minha opinião direta sobre o que mais interessa para o enófilo de pequeno e médio porte: se vale a compra daquele vinho, analisando critérios como qualidade, preço, história e curiosidade. Hoje, trago um vinho do sul da França, 100% Carignan, importado e distribuído pela La Cave Jado, pelo preço médio de R$ 55,00. Particularmente, gosto muito da uva Carignan, especialmente dos exemplares oriundos do Maule (Chile), onde a Carignan ganha contornos mais rústicos e carrega uma acidez cardíaca. Este La Galiniere é produzido em Languedoc e se assemelha mais aos vinhos espanhóis feitos com a Carignan: são ricos em fruta madura, potentes e concentrados, mas tem sempre a tradicional elegância francesa, mesmo que não tão evidente em comparação ao resto da França. A coloração é violácea bem viva, com discreto halo aquoso e nenhum traço de evolução. Os reflexos também são violáceos e apesar de não gostar muito desta cor, concordo que o visual é atraente. Os aromas tem complexidade média, remetendo à amoras e ameixas bem maduras, especiarias, pouco café e algo de hortelã (muito discreto). Na boca, cai um pouco de nível, mas continua agradando: tem acidez de média para baixa, os taninos se mostram claramente, o corpo é médio e o final é de médio para longo. Sim, o vinho é bom e gostoso, tem alguma complexidade e agrada, mas por R$ 55,00 encontramos vinhos melhores. Nota: 89 pontos, raspando em 88 pontos. Fico na dúvida para emitir o comentário final, mas vamos lá:
1) Por R$ 30,00 seria best-buy;
2) Por R$ 40,00 seria uma ótima compra;
3) Por R$ 45,00 seria bem honesto;
4) Por R$ 55,00 não vale a compra!
O vinho é bom e gostoso, mas infelizmente o preço não ajuda, mas isso não é culpa da Cave Jado, porquê sabemos dos altos impostos e do alto custo de um bom vinho francês. Sabemos que a Cave Jado  garimpa bons vinhos e os trazem à um custo inferior à média das outras importadoras, mas milagres ninguém faz!

sábado, 10 de dezembro de 2011

CARO 2007

Vinho muito badalado, união de duas potências: Catena Zapata e Lafite Rothschild. Lí muitas críticas positivas sobre este vinho e muitas delas falam de um vinho com elegância superior, bem próxima do Velho Mundo. É um blend de Malbec e Cabernet sauvignon, com vinhedos de boa altitude e bons enólogos na produção. Recebeu altas pontuações do Descorchados e se valorizou muito no exterior. Porém, o vinho não é tudo isso! É um bom vinho, mas está longe de ser uma estrela. Coloração rubi-violácea, com lágrimas grossas e densas. Aromas bem mais perceptíveis de malbec ( fruta vermelha madura e violeta ). Especiarias bem discretas, complexidade média e razoável persistência em boca. O álcool atrapalha um pouco, mas o vinho cresce muito com a comida. É bom vinho, mas inviável em sua faixa de preço. Já tomei malbecs mais elegantes e muito melhores por quase a metade do preço. Nota: 89 pontos.

Querem algo diferente? Aqui está: Pisano Espulmante Brut tinto Tannat 2006

Isto é, no mínimo, inusitado ! Estive no Uruguai em janeiro de 2011 e em uma loja de vinho, fui apresentado à esta verdadeira aberração enológica, um espulmante de vinho tinto! Sem nem querer saber da qualidade, fui impulsionado pela curiosidade e comprei uma garrafa, a qual permaneceu descansando em minha adega por quase 1 ano. Resolvi abrir esta semana e encarar esta "mosca branca". Meus amigos, que mosca branca! Este espulmante é diferente de tudo o que eu já bebi até hoje, desde coca-cola até puro-malte. O exame visual revela um vinho tinto de coloração violácea, bem parecida com suco de uva concentrado, boa formação de espulma, porém pouco persistente e o perlage, bem, o perlage... ver o quê, se o vinho é tinto? Esqueçam o perlage, porquê este é impossível de se identificar. Aromas bem discretos, mas às cegas fazem confundir com espulmante branco normal, com um toque de cerejas e amoras frescas no final. Na boca, tem bom volume, acidez cativante, taninos de vinho tinto e um amargor desnecessário. Vinho dificílimo de harmonizar com qualquer comida, algo enjoativo e estranho. Resumindo, vale a degustação deste vinho pela curiosidade da experiência enológica, mas por qualidade, prefiro não indicar. Não vou dar nota à este vinho em respeito à ousadia da vinícola Pisano em produzir algo diferente do convencional e isto deve ser valorizado, porém é apenas para aventurar-se.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pieza el Caidero Aragon 2008: Que coisa horrível !

Chega! Não dá mais para permanecer politicamente correto perante às aberrações de Parker e Jay Miller. Este vinho foi o fundo do poço! Uma verdadeira bomba de madeira! Se assemelha à um suco de uva bem concentrado com generosas infusões de chips de carvalho. Hiperconcentrado, abaunilhado ao extremo, pesado, desbalanceado, enjoativo. 91 pontos de Parker ??????? O cara pirou! Ou então... Este vinho é exatamente igual o já comentado Pieza el Coll Aragon, só que mais exagerado ainda. Não vou mais gastar tempo com este vinho. Querem uma sugestão? Utilizem para fazer sagu! Pelo amor de Deus, Sr. Parker! Para não dizer: Vai à merda!!!!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Rapariga da Quinta 2008

Vinho comprado em promoção na Wine, por aproximadamente R$ 32,00, justo pelo que oferece. É um vinho regional alentejano e não nega a origem: aromas bem compactados de frutas vermelhas maduras, especiarias discretas, mas presentes e aquele toque terroso com madeira ainda aparente (6 meses de barrica). Na taça, exibe coloração violaçea sem traços de evolução e nem precisa, porquê é um vinho feito para ser bebido logo. Tem boa acidez, corpo médio, taninos brandos e final médio. É agradável e se torna uma boa opção para o dia-a-dia, se for comprado por este preço. Não difere muito dos outros cortes alentejanos tipicamente portugueses, mas tem poucas arestas e vale a compra. Nota: 87 pontos.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Barbaresco Coste Rubín Fontanafredda 2006

Estavam com saudades de um grande vinho? Eu, também! Este Barbaresco foi comprado durante um cruzeiro marítimo, por menos de US$ 50,00. O Barbaresco é um irmão do Barolo e junto com o Brunello forma o conjunto dos "3 bes" italianos: vinhos potentes e grandiosos. Feito à partir de uvas Nebiollo, bem próximo à região do Barolo, no Piemonte, este vinho esbanja classe e potência. Visual rubi vibrante,com belíssimos reflexos rubi e uma bela borda alaranjada de evolução. Textura licorosa, visível ao girar o vinho na taça, deixa lágrimas grossas e lentas, mas não mancha a taça. Aromas marcantes de especiarias, ervas, licor de frutas vermelhas e madeira muito bem integrada. Na boca, taninos marcantes, acidez vibrante e álcool apenas um pouco aparente. Enche a boca com sua textura aveludada e pede comida todo momento. O Barbaresco é uma opção piemontesa de nebiollo mais acessível financeiramente e à um prazo mais curto, visto que alguns Barolos precisam de 10 ou 15 anos para se mostrar. Já este Barbaresco, com 5 anos já demonstra seu potencial. Ótimo vinho, muito recomendado! Nota: 92 pontos.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Larentis Ancellotta Reserva especial 2008

Vou dizer agora o quê muitos já sabem, o vinho brasileiro melhorou muito! Os nossos espulmantes são imbatíveis no quesito qualidade-preço, o Lote 43 já é um vinho consagrado (pena que é muito caro), o Valmarino Cabernet franc X 2005 é uma explosão de aromas, o Vallontano Tannat reserva não perde para nenhum Tannat uruguaio da mesma faixa de preço, o Iniminabille é um bordalês brasuca, o Chardonnay da Vila Francioni parece um Chablis, o Salton Volpi Merlot talvez seja um dos melhores Merlot do mundo abaixo de R$ 25,00 e por aí vaí. É claro que há as descepções: os Salton Talento e Desejo não fazem juz às premiações recebidas, o Miolo Terroir Merlot é caro para o quê oferece e o bem falado RAR colezzione Pinot noir está longe de ser Pinot noir. Mas vamos falar desta "mosca branca" aqui: o Larentis Ancellotta 2008. Proveniente do Vale dos Vinhedos, safra magistral de 2008, tem um rótulo muito fino e bonito. Coloração rubi-violácea, bem jovem, com pouco halo aquoso e nenhum traço de evolução. Aromas de amoras maduras, toque herbal e um intrigante meio desconhecido que eu prefiro arriscar em figos frescos, isso mesmo, figos frescos! Vinho muito fresco nos aromas, enche muito bem a boca, onde é seco e tânico e tem uma acidez que não é recomendada para cardíacos, mas que eu adoro! Longo e persistente, este vinho surpreende por ser diferente. É realmente um bom vinho, mas poderá não agradar à todos, devido sua forte tanicidade e acidez. Os aficcionados pela madeira e hipermaduridade de caramelo não devem beber este vinho, mas quem gosta de vinho deve experimentá-lo. Há, já ía me esquecendo, o vinho também não nega a origem, trazendo aquele toque de café e torrefação do terroir gaúcho. Devido à sua boa concentração, pode ser difícil bebê-lo sozinho, mas experimente harmonizando com uma pizza de muzzarela, napolitana ou margerita. Repito, tem alta acidez! É vinho de longa guarda e resistirá tranquilo mais 4 ou 5 anos. Provem e façam os comentários em meu blog. Nota: 90 pontos. Preço: em torno dos R$ 45,00.