O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sexta-feira, 29 de junho de 2012

Altos del plata Malbec 2010

Está aqui um Malbec bom de briga, capaz de rivalizar com o Álamos e outros tantos. Um vinho 100% Malbec, com 6 meses de estágio em barricas de carvalho francês e americano, vendido à R$ 28,00 no Spani atacadista. Coloração violácea, com belas manchas na taça, lágrimas vigorosas e bastante brilho. O visual malbeciano repete-se na boca com muita fruta madura, floral violáceo, groselha e uma madeira muito bem integrada. Sem exageros de álcool e madeira, este vinho se destaca por não ser um bomba enjoativa. Tem taninos redondos e boa acidez. O frescor está presente, refrescando cada gole. O final é agradável e pede outro gole. Realmente, os hermanos estão melhorando à cada dia e hoje, já fazem um belo vinho, sem exageros, à um ótimo preço. Bom trabalho da vinícola Terrazas de los Andes! Repito, este vinho não deixa nada à desejar ao Álamos, La linda ou Casillero. Nota: 88 pontos. Avaliação custo-benefício ****.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Cabeça de Toiro reserva 2008

Este vinho vem de uma região muito interessante em Portugal, o Tejo. Interessante, porquê produz bons vinhos e ainda não caiu nas graças do público em geral, o quê faz com que o preço dos vinhos não suba muito. Este vinho foi elaborado à partir do corte de Touriga nacional e Castelão, com 9 meses de estágio em barricas novas de carvalho françês. Tem coloração vermelho púrpura com reflexos violáceos, boas e densas lágrimas e poucos traços de evolução. Os aromas evocam frutos vermelhos maduros, especiarias doces, terroso e violetas. A madeira está muito bem integrada ao conjunto. Na boca, tem boa acidez, corpo médio, taninos redondos, boa persistência e final agradável. É um bom vinho, que está em um nível acima dos já costumeiros vinhos regionais portugueses. É bem equilibrado e tem complexidade média. É ótima opção de compra na sua faixa de preço (R$ 32,80). Nota: 89 pontos. Avaliação custo-benefício ****.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Crios de Suzano Balbo Torrontés 2011

É interessante observarmos como alguns vinhos viram unanimidade no meio enofílico. A linha Crios, da carismática Suzana Balbo, idolatrada pelos brasileiros, tem uma aceitação quase que integral, por parte dos consumidores. O Malbec é o carro-chefe, mas este Torrontés vem arrancando elogios mundo afora; será que é tudo isso? Para tirar a prova, comprei uma garrafa de uma safra novíssima, recém-chegada ao mercado. Primeiro o preço: R$ 34,00, muito bom para um Torrontés de qualidade. A garrafa exibe um rótulo que é o básico e característico da linha, mas que ficou muito bonito na coloração verde, com o líquido amarelo-palha. Como eu já disse, a coloração é amarelo-palha com discretos reflexos verdeais, na verdade, é quase transparente, um tipo branco-papel. Muito brilho, boas lágrimas e um corpo que gira veloz na taça completam o bom conjunto visual. Os aromas não são complexos, mas são muito agradáveis, remetendo à pêssegos amarelos e lixia, com algo de grama cortada. Na boca, tem textura agradável, boa acidez, maciez e álcool controlado. O final é curto e não deixa amargor. Não comparem este vinho com um sauvignon blanc chileno, porquê não tem nada à ver! Seria mais interessante compará-lo com um gewurstraminer, mas é mais refrescante e menos enjoativo. Não consigo enxergar este vinho como acompanhamento de entradas ácidas. Seria melhor reservá-lo para um prato leve de peixe ou um bom camarão rosa grelhado. Acho que ficaria muito bom com uma moqueca de peixe, camarão, leite de côco e azeite de dendê. Como não poderia deixar de acontecer, fica inevitável a comparação com outro Torrontés de Salta, o Colomé. Na minha opinião, o Colomé é melhor que o Crios, porquê é mais leve e mineral. Mas o Crios Torrontés passou no teste e se mostra uma boa opção para os dias mais quentes. Nota: 89 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quinta de Cabriz Colheita selecionada 2008

É curioso como bebemos certos vinhos e por motivos variados, acabamos por não dando o devido valor. Lembro-me de ter bebido este Quinta de Cabriz umas 3 vezes, mas há muitpo tempo que não desfruto de suas qualidades. Empenhado em descobrir novos vinhos, não tenho medo de andar por terrenos estranhos e assim, vou fazendo boas descobertas como também, vou tendo muitas decepções. Mas, de tempo em tempo, me vem uma onda retrô, a qual me deixa curioso de voltar à beber vinhos que bebia 5 anos atrás, no início da minha aventura enológica. É o caso deste Quinta de Cabriz, um dos primeiros vinhos que eu bebi, guiado por opiniões de revistas. Hoje, com mais conhecimento enológico, me sinto à vontade para opinar. Elaborado no Dão (Portugal), à partir das castas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, estagia 6 meses em barricas de carvalho francês. O visual não é o seu forte, pois não tem aquele vermelho cintilante, mas sim um rubi levemente granada com reflexos violáceos. Tem aromas predominantes de Touriga Nacional, com bastante fruta vermelha madura, cravo, terroso e baunilha. Não é enjoativo no nariz e também não se esconde. Tem uma madeira evidente, mas que é agradável. O toque de flores escuras é bem discreto. Na boca, o vinho se mostra estruturado, potente e elegante. Tem bons taninos, boa acidez e final longo. Constantemente colocado como boa compra em Portugal, não restam dúvidas de que é um vinho muito bem feito e com pouquíssimas arestas, trazendo prazer na degustação e tendo vocação gastronômica. Não é um grande vinho, mas é muito fácil de gostar. Difícil de encontrar concorrentes em sua faixa de preço. Paguei R$ 22,80 nesta garrafa. Nota: 88 pontos. Avaliação custo-benefício *****. Sim, é best-buy!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Cecília Beretta Valpolicella Superiore Ripasso 2009

  1. Vinho trazido de um dos cruzeiros marítimos que fiz. Elaborado à partir de  65% Corvina, 20% Rondinella, 5% corvinone e 10% Negrara, este vinho passa por um segundo processo de fermentação junto com as borras do Amarone, o que confere mais estrutura e complexidade. Vamos dizer numa escala evolutiva: Valpolicella, Ripasso e Amarone. Os três, juntos com o Reccioto, formam a linha de frente dos vinhos do Vêneto. Particularmente, acho que o Amarone é o vinho mais amável que existe, mas é muito caro. Já o Valpolicella, tem altos e baixos. O Ripasso seria o melhor custo-benefício. Este vinho tem coloração rubi granada com reflexos atijolados. Exibe bastante brilho e possui lágrimas vigorosas. Os aromas evocam pequenos frutos negros em compota, especiarias, leve hortelã e algo de funghi. Na boca, é macio e delicado, com boa acidez e taninos competentes. Tem ótimo final e deixa um docinho muito gostoso na boca. É um vinho fácil de beber e que tem média complexidade. Tem preço médio de R$ 90,00. Nota: 90 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cousino Macul Antiguas Reserva Merlot 2008

Esta é uma das mais antigas vinícolas chilenas e está localizada em uma das áreas mais nobres do Vale do Maipo, então podemos acreditar que, ao bebermos um vinho da Cousino Macul, estamos bebendo o quê há de mais típico e tradicional do Vale do Maipo. Este Merlot reserva estagia em barricas de carvalho e já tem um certo grau de evolução, apesar de que na minha opinião, ainda tem uns 3 ou 4 anos pela frente. O visual é bonito, revelando um rubi granada já com certa borda alaranjada e alguns reflexos cor de tijolo, fazendo lembrar muito um Bordeaux. As lágrimas são densas e lentas revelando seus 14% de álcool. Antes de sentir o vinho no nariz, esperava encontrar frutas vermelhas e o mentol tópico do Maipo, mas foi aí que a surpresa apareceu: as frutas vermelhas estão lá, bem maduras e acompanhadas por uma madeira muito bem integrada e um toque apenas sutil de mentol, porém o que chamou a atenção foi um aroma de pimentão verde e chocolate, que fez me lembrar muito a carmenére chilena. Sabe-se que a carmenére foi descoberta primeiramente no Chile pela Viña Carmen, em meio às plantações de Merlot, sendo muitas vezes confundida com esta. Isto me fez pensar: ora, ainda devem existir outras plantações de carmenére "perdidas" entre as de Merlot, o que transforma o vinho produzido em um blend das duas uvas, só que rotulado como Merlot. Não sei se estou viajando muito nisto, mas quem beber este vinho, vai ter a nítida sensação de estar bebendo um carmenére, e dos bons! Na boca, o vinho apresenta ótimo volume, boa estrutura, taninos macios, carnosidade e boa acidez, terminando com um final razoavelmente longo e agradável. Não é um vinho de arrancar suspiros, mas é um vinho muito bem feito e fácil de agradar. Dá vontade de beber a garrafa inteira. Paguei R$ 34,80 netsa garrafa e vou comprar outras duas. Nota: 90 pontos. Avaliação custo-benefício ****.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Na onda de Gabriela: Vinho de cacau???

Ontem se deu início a mais nova investida da Rede Globo para abocanhar a audiência noturna da televisão brasileira e se for julgar pelo primeiro capítulo, Gabriela vai ser um estrondo de audiência. A refilmagem da novela, baseada em romance de Jorge Amado, começou de maneira impressionante. Com uma direção de arte impecável, belos cenários e atuações magistrais de seus atores, Gabriela tem tudo para ser um marco da televisão brasileira. A história já conhecida da bela Gabriela, na terra dos coronéis do cacau (Ilhéus), já é conhecida, mas encanta toda vez que é contada. O gênio criativo de Jorge Amado encontrou uma bela narrativa cinematográfica nas mãos de Mauro Mendonça Filho, uma revelação. Com muito luxo e sem poupar gastos, a Globo mostra que ainda dá as cartas quando o negócio é novela. Atuações impecáveis de Antonio Fagundes, Marcelo Serrado e José Wilker se unem ao impecável figurino dos coronéis do cacau. Até mesmo Ivete Sangalo surpreende em seu papel. Humberto Martins está perfeito em seu personagem e Juliana Paes faz frente com Sonia Braga no papel central. O primeiro capítulo foi um show e nem mesmo os delizes de cenas de violência e certa nudez tiram o brilho desta, que pode ser a redenção da Globo no meio novelístico. Mas, pesquisando sobre o cacau e os coronéis, olha só o que fui encontrar. Leiam e opinem.

"O vinho é, genericamente, uma bebida alcoólica produzida por fermentação do sumo de uva. Em alguns países o vinho é legalmente definido como o produto obtido exclusivamente por fermentação parcial ou total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas ou de mostos. A constituição química das uvas permite que estas fermentem sem que lhes sejam adicionados açúcares, ácidos, enzimas ou outros nutrientes.

Existem outros frutos como a maçã ou algumas bagas e o CACAU, que também podem ser fermentados, os "vinhos" resultantes são designados em função do fruto a partir do qual são obtidos e são genericamente conhecidos como vinhos de frutas.

O VINHO DE CACAU da CABRUCA é um produto único no mundo. Ele é produzido a partir da fermentação natural do Mel de CACAU  liquido, colhido do fruto logo após a quebra do cacau. Este líquido é de um teor de açúcar natural tão alto que ele é tradicionalmente consumido sem adição de qualquer adoçante.

A fermentação natural do Mel de Cacau gera um vinho naturalmente adocicado e leve, considerado um vinho ideal para a sobremesa ou como aperitivo. Ao contrário dos licores tradicionais de Cacau, produzidos na época de São João, ele não contém cachaça ou calda de açúcar, apenas o Mel de Cacau fermentado."

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Restaurantes em Ubatuba: Terra Papagalli e Spaghetto

De vez em quando, se torna necessário falar de algo diferente, para não deixar o blog enjoativo. É por isso, que vou comentar um pouquinho sobre dois dos mais conhecidos restaurantes de Ubatuba, onde estive neste fim-de-semana. O restaurante Terra Papagalli está localizado no bairro do Itaguá, é bastante cômodo, fica à beira da praia, ao lado de um belo jardim. À noite, se janta à luz de velas, goza-se de boa tranquilidade e tem estacionamento fácil. A decoração é algo acima do básico de praia e o atendimento é bastante correto. A qualidade da comida é boa e o preparo dos pratos não é demorado. O cardápio é bastante enxuto e varia de acordo com o dia. A carta de vinhos é mais enxuta ainda e eferece pouquíssimas opções, mas o restaurante NÃO cobra taxa de rolha, o que o torna muito atraente para os enófilos. O preço pode parecer um pouco salgado, mas se levarmos em consideração o tamanho do prato (satisfaz 3 pessoas), o agradável ambiente, o bom atendimento e a opção de levarmos o nosso vinho sem taxa de rolha, se torna bastante honesto. Recomendo!
O restaurante Spaghetto também está localizado no bairro do Itaguá, mas entrega uma outra proposta ao cliente: é mais aberto, descontraído e menos elitista. Tem ambiente agradável e oferece opções do lado de dentro do restaurante e na varanda, onde pode-se curtir a rua e um pedaçinho do mar. Do lado de dentro, pode-se curtir um piano tocado ao vivo, enquanto que do lado de fora sente-se o agito das ruas de Ubatuba. O cardápio é baseado na culinária mediterrânea e tem como característica a leveza da comida. O ambiente é um pouco rústico e o atendimento é mediano. A carta de vinhos é razoável e o preço destes também. O valor dos pratos está um pouco acima da qualidade que oferece, principalmente se levarmos em consideração que a massa não é caseira. Não é ruím, mas não chega à empolgar.
Em breve, vou trazer outras opções de restaurante do litoral norte e Vale do Paraíba. Abraços!

Alta Vista Premium Malbec 2009

Falar de Malbec argentino é quase sempre chover no molhado, então não vou enrolar muito neste vinho. Proveniente de Mendoza, 50% do vinho passa 12 meses por carvalho francês e americano. É um Malbec basicão bem trabalhado (os amantes deste vinho irão me massacrar!), o quê não é um desmerecimento. Não tem muita complexidade, mas não tem exageros de madeira ou super-extração de fruta. Tem um jeitão francês, colocando a elegância em primeiro plano. Visual rubi escuro, sem traços de evolução. Lágrimas densas e lentas. Aromas clássicos de frutas vermelhas maduras, leve baunilha e um pouco de pimenta preta. Em boca, tem bom volume, acidez correta, taninos bem trabalhados e boa persistência. Tem um pouco de sobra de álcool, mas não chega à incomodar. É bastante correto e fácil de agradar. Preço: R$ 37,00. Nota: 87 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

Terranova espumante brut rosé

Já não restam dúvidas sobre a qualidade dos vinhos espumantes nacionais, mas têm alguns espumantes que nos surpreendem pela qualidade em relação ao seu custo. É o caso deste Terranova, elaborado à partir de uvas da variedade Grenache, no Vale do São Francisco. Tem coloração cereja, com muito brilho, ótimo perlage, o qual não é tão delicado, mas tem boa persistência. Aromas simples, mas bastante prazeirosos, de cerejas frescas. Na boca, tem cremosidade leve, muito frescor, boa acidez e pouca complexidade. É muito gostoso de se beber, principalmente à beira da piscina ou na praia. É descompromissado e barato! Ótima opção de compra para quem procura um vinho de entrada e não quer gastar muito. Tem preço inferior à R$ 20,00 e tem pouquíssimos concorrentes à sua altura. Nota: 87 pontos. Avaliação custo-benefício ****.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Anella Andreani Chianti DOC 2009

Não vou me estender muito, porquê tudo aqui já é conhecido. Vinho feito na região de Chianti, na Toscana, à partir de uvas sangiovese. É tudo o quê um chianti simples pode ser: visual rubi claro, bem transparente com toques alaranjados, lágrimas finas e corpo bem fluído. Aromas de cerejas frescas com toque de especiarias e leve herbal. Tanicidade presente em boca, acidez intensa, corpo leve, pouca persistência e final curto. Um vinho com um único fim: acompanhar a comida de cada dia. Para isto, deveria ser mais barato. Preço: em torno de R$ 32,00. Nota: 85 pontos. Avaliação custo-benefício **.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Santa Helena Reservado Carmenére 2011

Quando nós estamos há tempos neste esquema de beber vinhos, é habitual que a curiosidade domine as nossas escolhas, sempre tendendo ao novo, mas nesta brincadeira, acabamos sempre querendo mais e o mais significa experiências mais excitantes, o que culmina em vinhos de maoir custo, consequentemente, acabamos por esqueçer que existem vinhos mais baratos e que também podem agradar. É necessário que estes vinhos mais baratos façam parte do nosso cotidiano, para termos parâmetro de comparação e porquê também não somos milionários para bancar nosso hábito diário. Então, passando pelo supermercado, pensei: porquê não comprar? Levei para casa esta garrafa de Santa Helena reservado carmenére 2011 por apenas R$14,00. Sim, R$14,00! Há quanto tempo eu não pagava tão pouco em uma garrafa de vinho! E vou contar à todos: Valeu! Claro, tem pouca complexidade, é bem simples, mas é gostosinho. Coloração violáceo claro, bem bonito e óbvio, sem nenhuma evolução. Aromas bem simples, mas agradáveis de frutas vermelhas maduras e só. Na boca, é bem docinho, tem acidez média, corpo leve e taninos suaves. O final é curto e não incomoda. Começo a acreditar que destes vinhos mais simples chilenos, a Carmenére é quem traz maior qualidade. Deixou boa impressão e cumpriu seu papel de acompanhar o almoço. É realmente para refletirmos: Beber vinho de R$40,00 no dia-a-dia é mais prazeroso, porquê encontra-se mais qualidade, mas beber vinho de R$14,00 também pode ser prazeroso, principalmente se respeitamos nossos bolsos. Nota: 85 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

Mastroeni Reserva Chardonnay 2010

Mais um vinho da boa Bodega Mastroeni, localizada em Mendoza, Argentina. Este é um 100% Chardonnay e não nega o estilo Novo Mundo. Bela coloração dourada com reflexos verdeais, lágrimas grossas e giro lento na taça. O nariz é uma explosão de abacaxi maduro, quase em compota. Como eu disse, é bem ao estilo Novo Mundo, sobrando pouco espaço para o floral e a mineralidade. Na boca, tem acidez média, mas mantém bom frescor. Tem boa untuosidade, enche bem a boca e tem final agradável. Não chega à ser lácteo e nem enjoativo. Boa pedida, sem gastar muito. Vai harmonizar muito bem com peixes ao molho branco ou com uma boa moqueca de peixe com banana-da-terra. Preço: R$ 31,00. Nota: 88 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O dólar subiu! E agora, Mistral? E agora, Vinci?

Eu já comentei aqui sobre esta política que algumas importadoras têm de vender vinhos com preço estipulado em dólar. Quando o dólar cai, mais do que rápido, as importadoras aumentam o preço do vinho, reajustando o preço em dólar. Ou seja, se o dólar, que custava R$ 2,00, passa à custar R$ 1,60, as importadoras reajustam o preço de determinado vinho de US$ 16,50 para US$ 18,50. Mas, se o preço do dólar aumenta, o contrário não é feito. Isto é facilmente verificado na Mistral; por exemplo, o Álamos Malbec chegou à custar R$ 28,00 há 1 ano (se fosse reajustado corretamente, chegaria à aproximadamente R$ 25,50) e agora está custando mais de R$ 38,00!!! Isto, porquê estamos falando provavelmente de vinho em estoque, que foi comprado quando o dólar estava baixo! O mesmo se aplica à Vinci vinhos, a qual também utiliza a mesma política do dólar. E olha que eu não quero falar de outras coisas mais, como a ridícula exclusividade que a Mistral  "exige" de seus clientes, os quais ficam impedidos de veicular vinhos de outras importadoras em seu estabelecimento comercial. Isto contraria todas as leis da livre competitividade! Mas, caros senhores, a grande maioria dos consumidores de vinho neste pobre país é de leigos, os quais desconheçem estas aberrações de mercado e aceitam pagar uma fortuna para beber um Uxmal Malbec, o qual é vinho destinado à grande massa populacional em seu país de origem e que custa cerca de R$ 10,00 na terra dos hermanos. É por isso que escrevo este post de protesto, para abrir os olhos dos enófilos e leigos em geral, para que possamos virar a mesa, porquê NÓS é quem temos a faca e o queijo nas mãos! São as importadoras que precisam da gente e não nós que precisamos das importadoras, porquê somos nós quem compramos o produto!!! Basta! O domínio tem que ser nosso! Temos que boicotar esta política de preço, as altas margens de lucro e etc. Tanto a Mistral, como a Vinci têm um ótimo portifólio de vinhos, são extremamente corretos na entrega e não precisam disso para sobreviver no mercado; são importadoras gigantes e não míseras iniciantes. Quão ridículo é este nosso país, quão ridículo é o nosso povo, quão ridículos somos nós consumidores! Chega de pedir esmola!

Jean Bousquet Reserva Pinot noir 2009

Taí a Pinot noir de novo! Deu para perceber que eu gosto muito desta uva, não deu? Mas, o quê tem esta uva tão de especial? Creio que seja a sua capacidade de unir complexidade com elegância e frescor. Não tenha dúvidas de que um Pinot noir bem feito vai estar entre os melhores vinhos de sua vida, mas se esta uva não tiver o seu devido trato, vai dar origem à um vinho horrível. Percebo que nos últimos tempos, a qualidade média dos vinhos feitos com Pinot noir têm melhorado muito, mas os melhores exemplares ainda se encontram na Borgonha francesa. Também encontramos bons exemplos de Pinot noir em Oregon (USA), Nova Zelândia e Chile. E agora, começamos à ver outros países metendo a cara nesta uva de fino trato, como a Argentina. Este vinho é um 100% Pinot noir, produzido em Tupungato, com 10 meses de paasagem em barricas de carvalho francês. Tem coloração rubi levemente fosco e transparente, com discretos reflexos róseos. Aromas com razoável complexidade, mas pouca tipicidade, remetendo à frutos vermelhos frescos, algo de cogumelos, cedro e leve especiaria. O álcool está muito presente no nariz e se repeta na boca, a qual é marcada por taninos leves e carência de acidez. Tem final curto e retrogosto um pouco amargo. Não gostei do vinho, pois achei pouco típico e com baixa acidez e frescor, além de ter o álcool muito aparente. Preço: em torno de R$ 50,00. Nota: 86 pontos. Avaliação custo-benefício: **.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Lisa Bodegas Noemía 2010

Muito bom, mas muito bom mesmo. Este varietal de Malbec, produzido pela ótima Bodegas Noemía, na Patagônia argentina traz tudo o que a Malbec tem de bom: muita fruta, potência e doçura, juntos com uma acidez e frescor pouco típicos desta uva em solos argentinos. Passa 10 meses em carvalho, o que trouxe maoir complexidade ao vinho. Visual violáceo escuro, quase negro, com lágrimas grossas e corpo denso. Aromas de frutas negras em compota, violetas e cedro. Em boca, tem seu ponto forte: é cativante, porquê é rústico e não é enjoativo. Cavalo de raça, entra rasgando a língua, tem a doçura de um Amarone e um final longo e agradável. É um companheiro e tanto para um churrasco mais classudo. Rivaliza em qualidade e preço com o Achaval Ferrer Malbec. Preço: R$ 95,00. Nota: 91 pontos. Avaliação custo-benefício: ***.

Domini Douro DOC 2009


Critiquei um pouco o vinho José de Souza, mas tenho que me render à este Domini Douro DOC 2009. Ambos os vinhos foram veiculados pelo Clube Wine e são produzidos pela gigante José Maria da Fonseca. Este vinho é um corte mais que tradicional de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca e passa 3 meses por carvalho francês e americano, o que conferiu maior complexidade, sem dar toques excessivamente amadeirados ao vinho. Realmente, é de se tirar o chapéu para o trabalho do enólogo, pois aqui se percebe nitidamente o emprego racional da madeira. A coloração rubi com reflexos violáceos e leve transparência, com muita limpidez denota um esmero na produção. Os aromas não trazem novidades, mas são muito típicos das castas, se sentindo a fruta vermelha predominante, especiarias como o cravo, leve floral e discreto terroso. Acidez, taninos e doçura bastante equilibrados. Final razoavelmente longo e retrogosto agradável. Não impressiona, mas é muito correto e tem valor honesto, ao contrário do José de Souza. Preço: R$ 55,00. Nota: 89 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

Quinta da Fronteira Seleção do enólogo 2008

Mais um vinho da Companhia das Quintas, desta vez o Quinta da Fronteira Seleção do enólogo. Elaborado à partir de 50% Touriga Nacional, 25% Touriga Franca e 25% Tinta Roriz, com 12 meses de estágio em barricas de carvalho francês. É um intermediário entre o ótimo custo-benefício Fronteira e o ótimo, porém mais caro Fronteira reserva. E como é notório que os vinhos realmente vão num ascendente, tanto em qualidade, quanto em preço. Este Seleção do enólogo é um ótimo vinho e está pronto para beber. Visual rubi escuro com bastante concentração. Aromas tipicamente do Douro, com predomínio de frutas vermelhas maduras, violetas incendiando a taça, especiarias doces, tabaco e leve hortelã. Muito harmonioso em boca, onde se apresenta macio, denso e elegante. Tem taninos poderosos, mas macios. Acidez presente e álcool correto. Um vinho muito equilibrado e com a cara do Douro. Paguei R$ 32,90 em condições especiais, o que é uma pechincha para este vinho. Em condições normais, custa cerca de R$ 77,00. Nota: 91 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Club des Sommeliers Pinot noir 2010

Acho interessante a proposta do grupo Pão de Açucar de trazer uma linha básica de vinhos para o dia-a-dia, sendo que o objetivo é oferecer ao cliente vinhos varietais do melhor de cada região vinícola, agregando sempre um bom preço. É óbvio, que para vender vinhos por um custo mais acessível, a qualidade sempre será limitada mas, em se tratando de vinhos básicos, deve apenas cumprir a função de escoltar um prato de comida, sem comprometê-lo. Por este motivo, tenho a convicção de que os vinhos desta linha não podem custar mais do que R$ 20,00; caso contrário, encontraremos melhores opções com um preço um pouquinho maior. Este 100% Pinot noir é da Nova Zelândia, dá a impressão de não passar por madeira e me custou R$ 29,00, ou seja, um preço um pouco acima do que gostaríamos de pagar por um vinho basicão. E é um vinho basicão! O visual é vermelho rubi, bem transparente, lágrimas finas e pouca densidade, revelando um vinho de pouca concentração. Os aromas são bem simples, mas com boa tipicidade, revelando amoras e morangos frescos. Na boca, tem corpo leve, pouca tanicidade, mas boa acidez e frescor. Tem boa sedosidade e final curto. É um Pinot bem simples, fácil de beber e de agradar, porquê tem poucas arestas. Cumpre sua função de vinho para o dia-a-dia no quesito qualidade, mas não no quesito preço. Apesar da falta de complexidade e do preço um pouco acima da qualidade, dá para aceitá-lo devido termos pouquíssimos Pinot noir à um custo acessível no Brasil, apesar de que, já bebi alguns Pinot chilenos (Pionero Morandé) e até brasileiros (Fortaleza do Seival) por um custo mais acessível e de qualidade parecida. Nota: 85 pontos. Avaliação custo-benefício **.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Antonio Dias Tannat 2009

Quanto mais eu bebo Tannat brasileiro, mais eu tenho convicção que esta uva é, após a Merlot, a mais bem adaptada ao solo e clima do Rio Grande do Sul. Com excessão da Merlot e de alguns raros casos de Cabernet Franc, nenhuma outra uva dá vinhos tão maduros e consistentes quanto a Tannat, em se tratando do sul do Brasil. Coloração violácea escura, com pouca transparência e lágrimas valentes, que transbordam pela taça, a mesma que se mancha toda pela bela concentração do vinho. Aromas de frutos negros, toque de especiarias, cedro, café e tostado da madeira (10 meses de amadurecimento em barris de carvalho francês). Bom corpo, boa acidez, taninos ainda por afinar, final longo. Um companheiro perfeito para o churrasco. Mais um vinho que prova que esta uva tem muito futuro no Brasil e que não estamos muito atrás do nosso vizinho Uruguai em critério de qualidade dos vinhos Tannat de custo mais acessível. Preço: R$ 48,00. Nota 89 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

El Pais de Quenehuao 2009

Comprei este vinho guiado única e somente pelo guia Descorchados 2011, visto que dificilmente encontramos publicações sobre este vinho e além do mais, se trata de um vinho elaborado com a uva El país. Sim, isto mesmo! El país foi uma uva levada ao Chile pelos imigrantes espanhóis e por mais de um século foi esquecida pelos enólogos e rebaixada ao status de dar origem à vinhos de quinta categoria. E, quem neste cenário sombrio, teria coragem de tirar a El país de seu calvário? Não, não foi o Chapolim Colorado! O grupo da Domaine Clos Ouvert, supervisionado pelo papa da maceração carbônica, o francês Marcel Lapierre (falecido em 2010), apostou nestas velhas parreiras, algumas com mais de 100 anos, do Vale do Maule e fizeram um vinho excitante. Não sei se passa por madeira, acredito que não, pois a mesma é imperceptível, sobrando espaço para uma incrível acidez e frescor aue racha a língua, como pouquíssimos vinhos do Chile. O visual é vermelho rubi brilhante muito jovial. Os aromas são de frutas vermalhas frescas, muita mineralidade, herbáceo e floral agradabilíssimo. Na boca, uma acidez que torna o vinho quase frisante, taninos presentes e bem suaves, bom corpo e final médio. Imaginem este vinho como se estivessem bebendo um sauvignon blanc de San Antonio, só que tinto! É parecido com um Beaujolais na aparência e no nariz, mas mostra na boca que é bem diferente. Um vinho sem semelhantes na América do Sul, por isso ouso dizer que é único, e devido à esta singularidade, merece ser provado, mesmo que você não goste. Preço: R$ 59,00. Nota: 92 pontos (parece muito, mas é minha opinião pessoal). Avaliação custo-benefício ***.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

José de Souza Vinho Regional Alentejano 2010

Um dos vinhos da seleção de abril do clube wine, fabricado pela gigante José Maria da Fonseca, em Alentejo (Portugal). Elaborado à partir de uvas Grand noir, Trincadeira e Aragonês, 30% do vinho passa 3 meses por carvalho francês e americano. Como se vê, é uma mistureba danada de uvas e carvalho, passando a impressão de ser um vinho de sobras e sem maiores pretensões, à não ser abocanhar o faminto mercado brasileiro, sedento por produtos novos e que vêm cercados de muito marketing (especialidade da wine), cuidado clube wine! Para quem não estava esperando muito, até que o vinho surpreendeu! Coloração vermelho púrprua com reflexos violáceos e muita juventude. Lágrimas grossas e belas manchas na taça completam o bom conjunto visual deste jovem vinho. Os aromas não se escondem e mostram um vinho tipicamente alentejano, com frutas vermelhas bem maduras, terroso, violetas e madeira bem aparente, apesar do pouco estágio por barricas. É bem ao estilo Novo Mundo e vai agradar bastante o público em geral. Na boca, tem acidez correta, bons taninos, bom corpo e álcool que incomoda no começo. Tem boa persistência e retrogosto agradável. O vinho é bom sim, não tem nada de excepcional, mas cumpre seu papel. Não deve evoluir com o tempo, pois não foi feito para isso, portanto, beba já! É correto, mas apresenta um problema: tem fortes concorrentes no mercado, de igual qualidade e mais baratos. Custa um pouco mais do que deveria. Preço: R$ 49,00. Nota 88 pontos. Avaliação custo-benefício **.