O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sábado, 30 de abril de 2011

Château de Fontlade Cuvée Saint Qvinis 2004

Meses atrás, comentei com certa decepção este mesmo vinho, só que da safra 2006, erroneamente enviado para mim, após uma compra pela La Cave Jado. Num comportamento profissional exuberante, eles me enviaram sem ônus e sem que eu solicitasse outro vinho, só que agora, da safra 2004, originalmente encomendada no primeiro pedido. Prometi comentar este vinho e como promessa é dívida, eis que vai: vinho de linda coloração rubi com lágrimas delicadas, mas persistentes; bom halo de evolução. Aromas francos de cerejas e framboesas com grande participação de especiarias. Corte bastante feliz de 60% syrah com 40% grenache, oriundos de Provence. Boca com notável acidez, álcool comportado (13%) e bom volume. Está evoluído, mas tem vida pela frente, o que evidencia a grande capacidade da Provence para bons e longevos vinhos. Mude seu conceito, se você acha que na Provance só tem bons vinhos rosés! Bem melhor que o 2006 (talvez tenha faltado evolução ao 2006), me agradou bastante! Nota 88 pontos. Preço: R$ 59,00.

Strabon bronce Tinta de Toro 2006

Vinho que comprei de meu amigo Marcos (Adega Cunha), empolgado na boa experiência que tive com outros vinhos de Toro (Espanha). Marcos elogiou bastante o vinho e ressaltou que era certa novidade no mercado (Decanter). Colração vermelho-violáceo, halo aquoso tímido e pouca borda de evolução. Aromas bem característicos de Tempranillo (Tinta de Toro), com evidência de frutos vermelhos e especiarias. Boca com acidez correta, mas com álcool evidente (14%) e torrefação já presente. É um vinho para o dia-a-dia e não pode custar mais que R$ 30,00, porquê não vale mais do que isso! No site da Decanter, está por R$ 44,00, não vale! Os dados são conflitantes: no site da Decanter está descrito que o vinho é composto por Tempranillo, Tinta Roriz e Aragonês, mas no contra-rótulo da garrafa (em português!), está descrito que é 100% tempranillo. O vinho passa por 6 meses em barricas de carvalho francês e americano, o que é percebido em boca. Meu amigo Marcos, desculpe-me a sinceridade, mas este vinho é apenas regular e vai ganhar 85 pontos. De qualquer forma, gosto não se discute e mais uma vez agradeço a boa intenção de meu amigo. Até a próxima!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Expovinis 2011: Um breve relato de um dia de sonhos

Foi a minha primeira participação na Expovinis e com certeza não vai ser a última. Consegui dois convites VIP na promoção das melhores frases e fui de ônibus do interior de São Paulo para o Expo Center Norte. Cheguei em cima da pinta, às 13:00 h e por lá permaneci me deliciando com vinhos e azeites até às 19:00 h. Posso dizer com toda certeza que 6 horas é pouco para ver tudo o que a feira tem para oferecer, mas aproveitei cada minuto desta oportunidade única e inesquecível. Não tem como eu descrever tudo o que fiz, mas vamos à alguns destaques. Da Europa, a consistência de sempre: bons amarones, toscanos, borgonhas e Loire. Do Chile, o encanto ficou com os vinhos da Perez Cruz, todos muito parecidos e que dizem muito do lugar, o Maipo aos pés da Cordileira. Dos vinhos da Perez Cruz, o meu preferido foi o Cot, um corte muito original, com boa participação da Malbec. Também do Chile, um ótimo custo-benefício, o Chocalan Cabernet Franc. Dos hermanos, nenhuma novidade e sim a constatação da Malbec. Da Terrinha, os bons e confiáveis portugueses de sempre. Falando dos brazucas, a grande surpresa ficou com os vinhos da Serra catarinense, muito elegantes e originais, com destaque para o excelente Inominale lote 3, da Villagio Grande. O Chardonnay lote 2, da Villa Francioni está ótimo! Me surpreendi com a Dezem, de Toledo no Paraná, com bons vinhos, principalmente seu Merlot. O destaque negativo foi a Miolo, que ficou com frescuro e não colocou o Sesmarias para degustação do público. Será que eles acham que são os bam-bam-bam da parada e que nós não somos dignos de provar seu néctar sagrado. É ridículo, porque provei chilenos, toscanos e borgonhas mais caros e com certeza bem melhores. Na falta do Sesmarias, fui de RAR Pinot Noir: vinho sem tipicidade e ainda engatinhando. Entre os azeites, destaque para estupendos italianos e alguns ótimos argentinos de La Rioja. Bem, como eu afirmei no começo, vou ser breve e ficar por aqui. Nos próximos posts, levo até vocês fotos e alguns pormenores.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Tapada do Fidalgo 2007

Um mix incrível de uvas portuguesas e francesas: Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon, Syrah, Tinta Caiada, Touriga Nacional e Trincadeira, pode resultar em um bom vinho? Sim e melhor ainda quando o preço é honesto. Essa mistureba chama a atenção para ser um vinho produzido por sobras de uvas, mas independente disto, o resultado final é um vinho elegante, balanceado e que guarda a tipicidade do Terroir do Alentejo. É bem verdade que é um vinho simples, mas à se julgar pelo seu preço (menos de R$ 40,00), se torna bastante convidativo para o dia-a-dia. Coloração rubi com pequeno halo de evolução, aromas de cerejas e especiarias, boca com boa acidez e textura agradável. Cumpriu bem o papel de escoltar um belo lombo de bacalhau com batatas. Não é um grande vinho português, mas é superior a média e não fará feio em sua mesa. Nota: 87 pontos.

domingo, 24 de abril de 2011

Piccini Chianti 2008

Taí um vinhozinho vagabundinho, daqueles que poderiam se passar tranquilamente pelo "vinho da casa", bem simplezinho, modesto, até baratinho, mas que... agrada! Sem muitas arestas, sem acidez ou concentração excessivas, também sem muita complexidae, é bem comportado e cumpre sua função de acompanhar um almoço de domingo. Cresce bastante com a comida, não é enjoativo e agrada a maioria, até quem não entende nada de vinho. Então, como posso criticar um vinho destes? Tem coloração rubi bem clara, lágrimas comportadas e bom giro na taça. Aromas francos de frutos vermelhos vivos e frescos com notas de especiarias. Boca de ataque discreto, mas acidez presente com taninos bem discretos. Final médio para curto. É feito para escoltar macarronada ou lasanha e pronto! Nisso, é perfeito! Sem mais. Nota 87 pontos. Preço: R$ 37,00.

Las Perdices Viognier 2010

Já comentei aqui que os hermanos deveriam investir mais em cepas brancas não muito comuns, como a Torrontés e a Viognier, visto a boa adaptabilidade destas em território argentino. Este exemplar que comento hoje, poderíamos dizer... que joga no meio campo dos vinhos brancos argentinos, com carácter mais defensivo, ao estilo Mascherano. Não compromete, mas também não enche os olhos e principalmente, a boca. Bebendo este vinho, dá para perceber nitidamente que esta cepa tem futuro na Argentina, porém parece que falta mão-de-obra qualificada para fazê-lo, ou seja, falta um expert no assunto Viognier, como há tantos sobrando quando se fala em Malbec. O vinho é concentrado, tem a tipicidade da cepa, mas falta o toque de elegância, falta o toque diferencial, falta a mão de quem sabe! Coloração amarelo-esverdeado (confesso que não gosto disto), brilhante e sem defeitos no visual. Aromas de pêssegos amarelos, damasco e lixia (lembra em alguns momentos a Gewus). Boca meio amarga comprometendo a avaliação, mas percebe-se algo de acidez e um corpo cheio. Retrogosto um pouco amargo. É um vinho para acompanhar comida e não para aperitivos ou entradas. Como eu disse, tem qualidade, mas tem que melhorar bastante para concorrer com exemplares até mais baratos. Nota: 86 pontos. Preço: R$ 45,00.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Piera Martellozzo Prosecco

Perante a infinidade de proseccos porcarias existentes no mercado, até que este simples espulmante se sai bem, mas é preciso deixar claro que existe ocasião para bebê-lo. Eu o fiz como aperitivo antes do almoço, à beira da piscina, num dia quente e ensolarado, acompanhado de kibes fritos na hora; foi o "must"! Coloração amarelo-papel com leves reflexos dourados, perlage fina, mas pouco persistente, espulma de curta duração. Este é o problema da maioria dos proseccos: depois de um tempo na taça, vira um vinho branco. Aromas que evocam maças, pêssegos brancos, damascos e leves flores brancas. É bem refrescante e sua baixa graduação alcoólica (11%), o deixam uma bebida leve e fácil de beber: a garrafa acaba rapidinho! Na boca, tem acidez média, corpo média e muita refrescância. É ótimo para aperitivos, por isso vale ter sempre por perto, uma garrafa desta. O problema é sempre o mesmo quando falamos de espulmantes: os nossos representantes tupiniquins são bons e baratos, tornando covardia a concorrência. Nota: 86 pontos.

Esporão reserva tinto 2008

Tudo certinho, no lugar, sem arestas, como manda o figurino. Isto define melhor do qualquer comentário este bom vinho alentejano da Herdade do Esporão. Pegue um bom terroir, uma boa equipe de enólogos, siga a cartilha e terás um vinho que agradará 99% dos consumidores. A grande vantagem neste processo é a confiabilidade em um produto que tem pouquíssimas alternâncias entre safras e que tem um resultado final sempre agradável ou seja, o tiro será sempre certeiro: comprar este vinho é honesto e seguro. A desvantagem é a falta de surpresas, aquela dúvida, aquele lado negro que sempre distrai positiva ou negativamente. Vamos ao vinho: coloração rubi com reflexos violáceos, lágrimas comportadas. Aromas de frutos em compota, especiarias doces, toque herbáceo. Na boca, o ponto forte: textura sedosa, acidez presente e correta, taninos aveludados, corpo denso que enche a boca e pede mais um gole. Retrogosto suave e final médio. Este mix de 4 castas: aragonês, alicante bouschet, trincadeira e cabernet sauvignon, passa 12 meses em carvalho, mas a madeira é bem comportada. Como eu disse, é um vinho extremamente correto, vale o quanto custa e vai levar 90 pontos.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Casa Lapostolle Carmenere 2009

A Casa Lapostolle ganhou fama no mundo inteiro devido ao seu ícone Clos Apalta, realmente um grande vinho, mas é uma vinícola que tem bastante cuidado na elaboração de todo seu portifólio, desde a linha básica até os caríssimos top. Esta linha é um degrau acima da Santa Alvara e mostra um grande salto de qualidade em relação à anterior. Elaborado com 85% carmenere e 15% merlot, no Vale do Rapel. Coloração rubi-violácea, sem traços de evolução. Aromas de pimentão, chocolate, frutos bem maduros e clara evidência da madeira, apesar do produtor descrever que apenas 75% do vinho passa por barricas de carvalho francês (no nariz e na boca, a impressão é de carvalho americano, devido ao forte tostado, mas...). Os 14,5% de álcool se fazem notar em alguns momentos, mas não estragam a diversão. Corpo denso, pouca acidez e maturidade bombando o aproximam muito de um Malbec argentino. Tem média complexidade e na boca é bastante sedoso com retrogosto persistente. Em resumo, é um vinho moderno e fácil de beber, com grande vocação comercial, devendo agradar muita gente, principalmente pelo bom preço: R$ 39,00. Boa opção para o dia-a-dia e boa opção de carmenere acessível. Nota: 88 pontos.

Série "Em busca do vinho perdido": Viña Vermeta 2002

Mais um vinho da curiosa saga dos vinhos perdidos em supermercados. O Viña Vermeta até que não é raro, mas convenhamos que encontrar um safra 2002 não é tarefa das mais fáceis. Mas por quê este vinho ficou tanto tempo encostado na prateleira, sem que ninguém tenha comprado? E olha que haviam três exemplares. Será que o vinho é ruím e ninguém que comprou tenha retornado para comprar outra garrafa? Nem ao menos, tenha indicado? Pois eu acho que é ignorância do consumidor mesmo! O vinho está longe de ser um néctar, mas também não é um suco de uvas e chega à empolgar em alguns momentos. Produzido em Alicante (Espanha), com uvas Monastrel, mostra uma bela coloração rubi com reflexos rubi-alaranjados, lágrimas discretas (13,5%) e halo aquoso presente, mas também discreto. Aromas de frutos vermelhos frescos e especiarias, com boa contribuição do envelhecimento. Taninos moldados, acidez presente, retrogosto agradável e final médio. Vinho gostoso para o dia-a-dia (R$ 29,00), não sendo enjoativo. Agradou e cumpriu sua missão. Nota: 87 pontos.

domingo, 17 de abril de 2011

Casa Marin Pinot Noir Lo Abarca Hills 2005

Um Pinot Noir sul-americano com jeitão de Borgonha! Um vinho que enche de orgulho o povo sul-americano e que vem consagrar o trabalho desta fenomenal mulher do vinho chileno: Maria Luz Marin. Ela e somente ela acreditou num ambiente inóspito para o cultivo de uvas que dariam origem à grandes vinhos e dentre estes grandes vinhos, talvez o mais glorioso, não por ser o melhor, mas por se conseguir algo dificílimo: um grande pinot noir fora da Borgonha. Sem medo de cometer heresia, é um vinho que nada deve à maioria dos Pinot da Borgonha. Já começa impressionando pela garrafa: base larga e gargalo fino. Visual lindíssimo com coloração vermelho-rubi muito brilhante, com reflexos alaranjados. Aromas complexos de cerejas maduras, toque terroso e mineral e evolução presente. Boca com acidez correta, grande volume, traz a sutileza da pinot com a força do álcool e a maturidade da madeira. Este vinho, que é produzido em Lo Abarca, San Antonio, Chile tem 12 meses de contato com barricas de carvalho e estrondosos 15% de álcool. Vale cada centavo de seus R$ 76,00, pechincha pela qualidade do vinho. Um vinho que me deixou emocionado, por sua qualidade e sua história. Nota: 93 pontos. Para grandes momentos!

domingo, 10 de abril de 2011

Altera Merlot 2009 e Fórmula 1 2011

Adoro falar sobre vinhos, é este o motivo da existência do meu blog, mas este vinhozinho aqui... hummm! Então, hoje vou abrir espaço para falar de outro assunto que gosto, a Fórmula 1; já gostei mais! Este ano de 2011 é um marco na história da Fórmula 1, porquê talvez (não tenho a estatística correta), pela primeira vez, estão correndo juntos, na mesma temporada, cinco campeões mundiais: Shumacher (7 vezes), Alonso (2 vezes), Hamilton, Button e Vetel (1 vez cada). São 12 títulos mundiais em pista, além do recordista mundial de participações em GPs Rubens Barrichelo. Além disso, a Fórmula 1 se expandiu para quase todos os cantos do mundo: Europa, Américas, Ásia e Oceania, faltando apenas 1 prova na África. Então, temos tudo para ter fortes emoções nas pistas, correto? Errado, tudo o que vemos são pilotos largando em primeiro e terminando em primeiro, ultrapassagens nos boxes, tentativas inúteis de ultrapassagem, ridículos jogos de equipe e um cavalheirismo exagerado dentro das pistas. O grande culpado disso tudo é o famoso "dim-dim"! É o dinheiro que compra os pilotos e os obrigam à seder ultrapassagens, é o dinheiro que leva à construção de circuitos ultra-modernos e lindos, com ótima visão para o público presente, mas que os torna extremamente travados e com impossibilidade de ultrapassagem, é o dinheiro que coloca figuras como Jean Todd, o rei do jogo de equipes, como um dos manda-chuvas da Fórmula 1 atual. Então, qual seria a solução? Em primeiro lugar, acho que deveríamos ter mais circuitos abertos e longos, com vários pontos de ultrapassagem, grandes retas de 2000 e 1500m, misturadas com trechos de curvas fechadas e sinuosas com subidas e descidas. Para isto, o circuito deveria ter uns 8 Km de extenção e aí diriam: nossa, mas assim acabaria com a troca de ultrapassagens com os retardatalhos. Mas que disputa o quê? Hoje, os retardatalhos são obrigados à sederem ultrapassagem, senão são punidos! Acabou aquele romantismo, em que o companheiro ajudava o outro da mesma equipe segurando seu rival um tempo atrás, dificultando a ultrapassagem. Acabou as grandes disputas de posições porquê os pilotos não podem trocar a linha de pista mais de uma vez. Tudo isto em prol da segurança dos pilotos! Eu acho que a segurança tem que estar nas pistas, com grandes áreas de escape e tudo o mais. Os pilotos ganham rios de dinheiro, porque a profissão é arriscada, então que se arrisquem nas ultrapassagens! No mais, lamentamos o péssimo momento de 3 nações tradicionalíssimas na Fórmula 1: Brasil, Itália e França. Para nós, chega à ser uma tragédia, porquê contamos com nosso (competente) quase ex-piloto Rubens Barrichelo e o sonhador Felipe Massa. Rubinho marcou história na Fórmula 1 e já gravou seu nome por toda eternidade, mesmo não tendo sido campeão. Foi muito competente, teve um ótimo início nas categorias de base, é bom caráter, mas errou quando aceitou o convite para ser companheiro de Shumacher na Ferrari. Não errou financeiramente, mas alí decretou o fim de sua carreira competitiva, devido às diversas humilhações à que foi submetido durante seu convívio com o ultra-campeão Shumacher. Ganhou status de eterno segundo piloto e mesmo quando parecia que ia dar, algo (do além) o atrapalhava. Assim foi e assim sempre será. Obrigado por tudo, Rubinho. Já Massa, sempre fez pose de campeão e até chegou à enganar algumas vezes, nos fazendo acreditar que seria possível, mas infelizmente foi tudo mentira. Ele, Massa, poderia ter sido campeão do mundo, não fosse aquela inusitada ultrapassagem de Hamilton sobre Glock, na última curva de Interlagos, um capricho maldoso da natureza, mas que privilegiou o mais bem dotado, aquele que realmente merecia o status de campeão: Hamilton. Sim, porquê Hamilton jamais daria ultrapassagem para Alonso por mando de equipe. Se Shumacher ganhou o apelido de Dick Vigarista, não por ser bandido, mas por sua enorme vantagem de vencer, acho que Felipe Massa deveria ganhar o apelido de Penélope Charmosa, por sua enorme vocação em ser "bonzinho"! Massa jamais será campeão, porquê falta à ele algo que diferencia os campeões dos apenas bons pilotos: fibra e vontade de vencer, custe o que custar! Sobre o vinho: Merlot francês de baixa qualidade, não merecedor de comentários. Fuja do mico. Nota 83 pontos. Preço: não vale R$ 20,00.

sábado, 9 de abril de 2011

Siesta in el Tahuantinsuyu Malbec 2006

Todo enófilo já houviu a expressão "malbecão" e todo enófilo, certas vezes, já torceu o nariz ou já sentiu arrepios quando um amigo levou um destes exemplares para uma reunião. Poi bem, acho que "malbecão" é uma expressão diferente da tão temida "bomba de malbec". O "malbecão" é um vinho com grande força e concentração, enquanto que a "bomba de malbec" é um vinho com exageros de fruta madura e carvalho. Este vinho de nome impronunciável tem o dedo dos Catena, neste caso, Ernesto Catena. É um "malbecão" protótipo, sem ter o que colocar ou tirar. Coloração vermelho escuro, quase negro,intransponível, com reflexos violáceos. Lágrimas grossas e lentas, corpo denso com giro lento na taça. Aromas de frutos negros como ameixas pretas e compota de framboesa, com madeira presente e que não incomoda. Na boca, o ponto forte: corpo cheio, ataque volumoso, sedosidade presente, álcool comportado e final incrivelmente longo com retrogosto gostoso e persistente. É ótima opção para acompanhar carnes vermelhas com molhos fortes, mas não apimentados. Peca na falta de elegância, mas tem qualidades que o credenciam à ser uma boa compra. Nota: 90 pontos. Apesar de estar suculento, ainda tem vida útil muito grande, talvez mais 6 ou 7 anos. Preço: R$ 70,00.

Álamos Chardonnay 2009

Não sou fã de chardonnays argentinos, acho até que a Torrontés e a Viognier exibem resultados melhores na terra dos hermanos, com excessão feita aos grandes chardonnays ícones de cada bodega. Apesar de conhecidíssimo, ainda não havia experimentado este simples, mas agradável chardonnay de base da ultra-mega-power-super Catena Zapata. Tenho que admitir que os caras são realmente muito bons e produzem bons vinhos em todas as linhas. Escolhi este vinho, em função de estar disponível também em meia-garrafa, quantidade que eu considero ideal para entradas de jantares. Coloração amarelo-palha com reflexos dourados, aromas de abacaxi, pêssegos amarelos, mel e discreta manteiga, traduzindo bem a tipicidade da casta. Na boca, se mostra surpreendente para um vinho na sua faixa de preço: bom corpo e volume, sedosidade agradável e acidez presente. É ótima opção para almoços e jantares simples ou mesmo como entrada com frutos do mar grelhados. Honesto no preço, entra na minha lista dos vinhos para o dia-a-dia. Nota: 88 pontos. Preço: R$ 30,00.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Kaiken Malbec 2009

Mais um Malbec argentino... Tudo bem, produzido por um chileno! Tá, e daí? Mudou algo? Com base nestas questões, é que hoje eu resolvi expor um pouco mais minha opinião sobre o  atual campeão de vendas em território nacional, a grande sensação do momento do mundo vinícola profissional, amador e ignorante. Vamos dividir os Malbecs argentinos em 3 grandes categorias: os simples, os de média complexidade e os de alta gama. Vamos começar por cima: os de alta gama são realmente muito bons, embora tenham um limite de complexidade quando na apresentação varietal. Mas, esbarram em um problema, a grande maioria custa muito caro, acima de R$ 120,00; dando alguns exemplos: Riglos Gran Malbec, Catena Malbec Argentino, Catena Nicasia, Catena Adrianna, Achaval Ferrer Finca Altamira, Achaval Ferrer Finca Mirador, Doña Paula Selecion de la bodega e por aí vai. Apenas algumas excessões (ainda não descobertas pelo público) fogem ao alto custo, como o Monte Cinco Oak Malbec, custando menos de R$ 100,00. Os Malbecs de média complexidade podem ser divididos em 2 categorias: os mais comportados (Luigi Bosca Reserva, Fabre Montimayou, etc.) e os mais atrevidos (Rutini Malbec, Luigi Bosca D.O.C., etc.), sendo que alguns podem ter preços de vinhos de alta gama. Os mais simples, aqueles que estão na base da pirâmide, podem ser divididos em 3 grupos. O primeiro grupo é o dos beeeem simples, que se parecem com suco de groselha e não têm nada à oferecer, a não ser iniciar o consumidor no universo vinícola, embora alguns até queiram colocar as manguinhas de fora, como o Alfredo Roca e o Benjamin Nieto. O segundo grupo dos Malbecs simples é o dos debutantes, ou como quiserem, dos "engana-trouxas", ou seja, são aqueles Malbecs do primeiro grupo, só que mergulhados em carvalho, ganhando em corpo e volume, mas se tornando extremamente rústicos e enjoativos. Agrada os bem iniciantes ou os teimosos, que insistem na idéia de que vinho é potência. O terceiro grupo é similar ao segundo, só que elaborados com mais cuidado, tendo um pouco mais de complexidade e principalmente elegância, não sendo grandes ou belos vinhos, mas se comportando bem no dia-a-dia e agradando numa média geral. Neste terceiro grupo se encaixam o Álamos Malbec e o Alto las Hormigas Malbec. Pois bem, após este testamento sobre Malbec, vamos ao vinho: Coloração violácea jovem sem novidades, aromas de geléia de amoras e ameixas pretas sem novidades, madeira bem aparente sem novidades, álcool bem nítido sem novidades e boca volumosa com taninos presentes sem novidades. É isso mesmo: é um vinho sem novidades! É exatamente igual aos outros malbecs do gênero (simples do grupo 2). Não estou dizendo que é ruím, apenas não traz nenhuma novidade! Vinho mediano, que agradará os amantes da madeira e das "bombas" de frutas. Nota: 86 pontos. Preço: em torno de R$ 32,00. Bem amigos (não sou o Galvão!), após experimentar infinitos Malbecs, me sinto à vontade para opinar:
1) Os Malbecs de alta gama são ótimos vinhos, mas procurem por exemplares de preço mais honesto;
2) Os Malbecs de média complexidade são ótimas opções para uma reunião com amigos ou um bom jantar, principalmente se acompanhados de carnes vermelhas com molhos encorpados;
3) Quanto aos Malbecs mais simples, sem firula! Vá direto ao Álamos ou se quiser algo um pouco mais elegante, escolha o Alto las Hormigas e ponto final.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Herdade do Esporão Reserva Branco 2009

Pouco conhecemos sobre vinhos brancos portugueses e talvez a casta branca portuguesa mais conhecida e prestigiada por nós seja a Alvarinho, produzida no norte de Portugal, sobrando pouco espaço para outras castas e regiões. Este vinho branco português é produzido no Alentejo, à partir das castas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro. Sinceramente, só um português ultra-especialista em vinhos brancos (portugueses!) para explicar cada uma destas castas. Vamos ao vinho! Coloração amarelo-palha com reflexos dourados, corpo de média densidade e lágrimas que escorrem lentamente pela taça. O visual é bonito e pede o cheiro: aromas complexos de maças maduras com pêssegos, leve manteiga e pouco mel. Na boca, é untuoso e ao mesmo tempo, leve. Tem bom corpo e acidez correta. Não é enjoativo, tendo boa aptidão gastronômica. Combinou perfeitamente com uma bacalhoada de sabadão. Vinho interessante e muito bem feito, agradou bastante e entra para o time dos bons vinhos brancos disponíveis no mercado. Nota: 90 pontos.

sábado, 2 de abril de 2011

Miolo Lote 43 2005

O leitor estará pensando: que falta de originalidade! Mas, a verdade diz que este vinho não pode passar despercebido. Honra as tradições gaúchas e eleva o vinho brasuca à outro patamar. Tem quem faça criticas negativas e realmente tem excessos, mas ninguém poderá dizer que não foram exercidos inúmeros esforços para se conseguir algo até então inimaginável no Brasil: um vinho de qualidade, que orgulha o enófilo tupiniquim. Um corte pau-a-pau de Merlot ( a melhor uva do território nacional ) com a estrutura da Cabernet sauvignon, oriundas da melhor safra da história da Brasil (2005). Coloração vermelho escuro, quase negro, praticamente intransponível. Lágrimas potentes num corpo que impressiona. Aromas de ameixas pretas secas com pó de café, couro e baunilha tostada. Apesar de 6 anos de vida. é quase que obrigatório a decantação. Na boca, revela-se ainda bastante rústico, tendo muitos anos de vida pela frente. É forte, briguento e viril. Não falta acidez e seus taninos são bons de briga. Pede pratos intensos para fazer frente à sua musculatura. Harmonizou bem com risoto de camembert com muuuito presunto parma. Com certeza, vai estar melhor em 3 ou 5 anos, mas já dá para desfrutá-lo, principalmente com uma luva de boxe nas mãos. Apesar dos exageros, é um belo vinho e trás as qualidades do nosso terroir. Parabéns Adriano Miolo e Michel Rolland, mas poderia custar mais barato que seus R$ 90,00 de média. Nota: 90+ pontos.

Masseria Trajone Nero D'Avola 2008

A uva Nero D'Avola é bastante diferente e mereçe nossa atenção, porque dá origem à vinhos estruturados, com muita cor e bastante força tânica. Este vinho, produzido na Sicília, é um corte de 80% Nero D'Avila com 20 % Syrah. Tem coloração rubi violácea, bem escuro. Aromas potentes de frutos negros com um toque terroso bastante agradável e diferente. Acidez calibrosa com taninos firmes. Corpo médio e final médio. Vale o quanto custa, embora falte um pouco mais de complexidade. Se custasse um pouco mais barato, seria uma bela opção para o dia-a-dia. Nota: 86 pontos. Preço: R$ 34,06. Boa oportunidade para conhecer esta uva, que vai ganhando espaço no cenário mundial.

Vinho do mês (março de 2011)

Com a necessidade de deixar documentado grandes experiências enológicas, como fonte de pesquisa e com a grata surpresa de sucesso do blog, inicio hoje uma breve postagem sobre o vinho do mês: aquele que mais empolgou, mais emocionou, mais surpreendeu e é sério candidato à entrar na lista dos inesquecíveis, seja por sua qualidade ou por sua história. Nem sempre vai ser o melhor vinho do mês, ou o mais caro, ou apenas um. Por vezes, não será nenhum! Aqui, abro um espaço para aqueles vinhos que mereçem uma menção à mais, vinhos que, por um motivo ou outro, devem ser citados mais uma vez. Este espaço também servirá para as surpresas do mês, ou seja, aqueles vinhos que surpreenderam positivamente. Por último, também poderei falar sobre o "mico" do mês.
Vinho do mês: Evel Grande Escolha 2000: Mais que um grande vinho, bebe-se história e trabalho com dedicação. Não importa o preço, aqui interessa o trabalho de arte de um enólogo.
Surpresa do mês: Barbera D'Asti Villa Jolanda 2003: Por R$33,00, um vinho saboroso, evoluído, pronto e gastronômico. Barganha!
Mico do mês: Calantica Tinto 2008: Se é para comprar vinho muito simples, não perca tempo com importadoras. Vá ao supermercado!
Bye!