Quem é vivo sempre aparece e eis que estou aqui, após longo período de ausência. Mas, o que me traria de volta às postagens? Foi este vinho aí: Casa Valduga Assemblage 1998. Vou explicar rapidamente: frequento uma pizzaria de um amigo meu em Aparecida, cidade ao lado de Guaratinguetá. O dono da pizzaria gosta de vinhos, mas não esquenta muito a cabeça para a conservação dos mesmos e como a maioria da clientela advém de um público não muito acostumado com vinhos finos, é comum encontrarmos algumas garrafas literalmente perdidas e esquecidas pela pizzaria. Encontrei esta garrafa e não resisti a tentação: comprei por 40 paus! Se o vinho tivesse oxidado, valeu a curiosidade e se tivesse bom, ahhhh... Pois, para minha surpresa, apesar das inadequadas condições de guarda, o vinho estava vivo! Ao colocar na taça, que bela visão: um vermelho granada, com bordos intensamente alaranjados e reflexos atijolados, marcando uma incrível evolução. Aromas de média complexidade, já voltados para a evolução como os toques balsâmicos e madeira de cedro, mas ainda presente as frutas vermelhas maduras, o cassis e nuances apimentadas. Na boca, a maoir das surpresas: uma acidez vivíssima, que contrasta com os taninos totalmente aveludados e um final de boca interminável. O vinho é um corte de cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc e estagiou em barricas por 1 ano (não tenho certeza). Uma jóia, uma prova incontestável da longevidade do vinho nacional, um vinho único, uma experiência neurosensorial enológica de tirar o fôlego. Claro, o fato do vinho ser nacional e a forma como foi guardado e descoberto contribuíram para a minha empolgação. Mas, é disso que vivem os apaixonados por vinho, como eu. É esta procura infinita pelo diferente e pelo ousado que motiva a persistência em permanecer um enófilo de carteirinha. Parabéns Casa Valduga! Não tenho fotos e não tirei fotos, tudo o que tenho é a minha palavra. Até a próxima!
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Qual é o teu e-mail de contato Emílio? Abraços, Orestes Jr.
ResponderExcluir