O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






terça-feira, 29 de novembro de 2011

Don Pascual Roble Tannat 2008

Os uruguaios estudaram e produziram tanto a Tannat, que chegaram quase ao ponto máximo do que esta uva pode oferecer. Os grandes ícones uruguaios à base de Tannat são vinhos de primeira linha e os básicos são bastante honestos. Vejam só, existe até espulmante tinto de Tannat! Tenho um em minha casa e vou degustá-lo assim que tiver oportunidade. Vamos falar um pouco deste vinho, o qual é um 100% Tannat, produzido em Juanicó, com 13% de graduação alcoólica e 6 à 9 meses de envelhecimento em barricas. A safra é a 2008 e se considerarmos que o Uruguai faz divisa com o Rio Grande do Sul, tem características climáticas semelhantes e portanto, deve ter tido uma grande safra em 2008. É um vinho um degrau acima dos chamados vinhos de base, mas não se compara ao já elogiado Selecion del enólogo, já comentado aqui. Coloração violácea com leve transparência, tem aromas simples de frutos vermelhos maduros, discreta especiaria e leve tostado. É bem macio em boca, mas seus taninos não negam a origem Tannat. Tem boa acidez e é fácil de beber. Com poucas arestas, é um vinho correto e fácil de entender. Apesar de ser novo, está pronto para o consumo, pois é feito para isso: rápido consumo. Mas, se alguém tiver paciência, este vinho tem algum potencial de envelhecimento e vai estar muito elegante em 2 anos. Paguei R$ 36,00 neste vinho, um pouco acima do que vale, mas não deixa de ser honesto. Por este valor, encontramos alguns exemplares argentinos, chilenos, portugueses e até brasileiros um pouco melhores. Nota: 87 pontos.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Quinta da Pedra Alta Tinto Douro DOC 2007

O Douro é considerado por muitos, a principal região vinícola portuguesa, quando se trata de vinhos de qualidade. Concordo com esta colocação se considerarmos os grandes ícones do Douro, mas quando o assunto é vinhos médios, acho que podemos encontrar melhor custo-benefício em outras regiões como Alentejo, Lisboa, Dão e Tejo. Este vinho é um exemplo do que estou dizendo. Corte de 30% Touriga Nacional, 20% Touriga Franca, 30% Tinta Roriz e 20% Tinta Barroca, com 13% de graduação alcoólica e envelhecimento de 6 meses em carvalho. Coloração rubi-violácea, aromas predominantes de ameixas maduras, toque floral bem interessante parecido com lavanda e violetas, madeira bem integrada, final médio e razoável persistência em boca. O álcool incomoda em alguns momentos. Paguei, em condições especiais, R$37,00 neste vinho, mas seu preço real é de R$54,00. Pelo valor menor, é honesto, mas por mais de 50 paus, vira uma furada. Reafirmo o quê disse, encontramos vinhos portugueses melhores de outras regiões pelo mesmo preço. O Douro é a terra do vinho do Porto e de grandes vinhos tintos secos, mas quando se fala em custo-benefício, perde para outras regiões portuguesas. Nota: 87 pontos.

sábado, 26 de novembro de 2011

Flor D'englora 2009 e Champagne Irroy Brut

Dois vinhos já velhos conhecidos meus e que retorno à comentá-los. O Champagne Irroy Brut foi adquirido há 1 ano naquela promoção da Wine, por R$ 75,00. Não sei quanto custa este vinho na França, mas se tratando de Champagne, este custo é inédito, o que não garante a qualidade. A primeira vez que bebi este vinho fiquei contagiado pelo marketing e super-valorizei o produto. Agora, degustando-o com a razão e deixando a emoção em segundo plano, percebo que não é tudo isso. Continua sendo um bom espulmante, com aromas razoavelmente complexos, bom corpo e acidez cativante, mas percebe-se que o vinho começa à ter sinais de envelhecimento: a espulma não é persistente e o final de boca é amargo. Comparando-o com produtos nacionais, é claro que leva vantagem, mas é pouco para uma rotulagem (Champagne) tão expressiva assim. No pau-a-pau, perde para alguns espulmantes nacionais de mesmo custo, o que comprova duas tendências: nossos espulmantes são realmente bons e nem todo espulmante de Champagne é maravilhoso. Vale a compra para o conhecimento da região. Já o Flor D'englora, da região de Monsant (Espanha), anda na contra-mão destes "best buy" espanhóis que desembarcaram no Brasil recentemente. É elegante, tem concentração média, madeira na medida certa, boa complexidade e preço honesto. Os aromas predominantes são de frutas vermelhas com flores vivas, muita mineralidade e pedra. Muito frescor em boca e  uma acidez corretíssima. É vinho para quem  gosta de vinho. Equilibrado, gastronômico e versátil. Não está na moda porquê não é pesado e concentrado. Compra segura! Preço: em torno de R$ 52,00.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A vida continua: volto com tudo, doa à quem doer! Chuva espanhola!

Alguns dias atrás, desgastado com a falta de tempo e com outros "enoproblemas", decidi abondonar as postagens do blog, mas recebi mensagens de motivação e carinho, o que me levou à tomar uma decisão: não vou parar! Pela satisfação pessoal, pelos fiéis seguidores e para desafiar os "politicamente corretos", vou continuar na ativa e volto com muito mais força, disposto à enfrentar comentários e opiniões de quem quer que seja. Firmo aqui a obrigação moral de sempre manter a ética nos comentários, mas jamais ficarei em cima do muro e doa à quem doer, o comentário vai ser ruím se assim for merecido. Volto à dizer que não sou profissional em enologia, mas experimento bastante vinho, tenho boa vivência no assunto, tenho a visão da maior parte do consumidor final e não tenho vínculo com nenhum produtor ou importadora, portanto, minhas opiniões são leigas, mas sinceras e de bom gosto! Daqui à pouco, vai ter gente me chamando de "o Cajuru do vinho", analogia feito com o comentarista esportivo. E volto chutando o pau da barraca: que tal falarmos um pouco destes muitos vinhos espanhóis altamente pontuados e com preços baixos que chegaram recentemente ao mercado brasileiro? Bebi recentemente 3 destes vinhos e como sempre, a garrafa toda:
1) Embocadero 2008: 100% Tempranillo, 91 RP, Ribera del Duero. Bom vinho, frutas maduras, madeira evidente, longo e persistente. Peca um pouco nos excessos. Preço: R$ 45,00. Nota: 89 pontos. Compra honesta.
2) Sabor Real Viñas Centenárias 2007: Tempranillo, 91 RP, Toro. Um pouco mais complexo e macio que seu irmão mais jovem (Sabor Real Jovem). Igualmente feio no rótulo, também privilegia a fruta madura e o peso da madeira. Um pouco aquém do Embocadero, mas também leva 89 pontos. Preço: R$ 49,00. Como se percebe, prefiram o Embocadero, um pouco melhor e mais barato.
3) Pieza el coll Aragon 2008: Aragon, Cariñena e Provechon, 90 RP, Calatayud. Robert Parker e Jay Miller não estavam muito bem "concentrados" quando avaliaram este vinho ou já deveriam ter bebido tanto vinho, que as papilas gustativas não respondiam mais. Dar 90 pontos para este vinho é piada de mau gosto!!! Excessivamente mergulhado em carvalho, excessivamente maduro, álcool aparente, enjoativo, meu Deus! Tem como ponto forte a boa concentração e o final longo e persistente, mas... Só quem gosta de chupar cana-de-açucar com mel vai gostar deste vinho. Uma mentira e uma descepção. Preço: R$ 39,00. Não vale R$ 25,00. Nota: 85 pontos.
Estes três vinhos somados à outros espanhóis que bebi me deixam à vontade para uma opinião: estes vinhos "bons e baratos" oriundos da Espanha têm uma característica em comum, são bastante maduros e bombásticos em madeira, características que vão agradar alguns. Fico com o Casajus Splendore (mais elegante) e o Real de Aragon (grau de complexidade maior). Vale a menção do Menut, um vinho do Priorato, que não está neste meio, mas vale tranquilamente a investida. Até a próxima!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Postagem final do blog

Queridos leitores, é com grande tristeza que faço hoje o meu último post. Como vocês devem ter percebido, há 15 dias que nada escrevo. O grande motivo para isto ter ocorrido é a velha e conhecida falta de tempo, devido à carga de trabalho bastante intensa. É necessário tempo para escrever postagens interessantes e saudáveis para o leitor e na falta deste tempo, acabamos por declinar o nível dos comentários. Outro motivo pelo qual encerro (momentaneamente) minhas postagens é de que criei o blog para um relato de experiências enológicas vividas por mim e que pudessem ser úteis para o leitor. Mas, quando a diversão vira obrigação, a satisfação vai embora. Durante este período de postagens, passei também à acompanhar mais de perto tudo o que "rola" no "universo enoblog" e me descepcionei demasiadamente com muito o que lí e conhecí. O meu blog é 100% amador, eu sou um enófilo 100% amador e quero deixar bem claro à todos que 100% das minhas postagens não tiveram nenhuma interferência de produtor, importadora ou vendedor de vinhos! Portanto, minhas opiniões foram 100% minhas, segundo meu gosto pessoal e JAMAIS fiquei encima do muro, colocando muitas vezes minha cara à tapa. Gostei do que fiz e de tudo o que escrevi e lamento que existam blogs que evitam determinados comentários para não desagradar seus patrocinadores. Ou seja, quando a diversão vira comércio, perde-se totalmente a confiança. Tudo isso sem falar da "enopanela" que domina o enoblogs. Me despeço com muita gratidão aos que me seguiram e me acompanharam durante este período em que estive na ativa. Até logo!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Bogle Petite Syrah 2008

Nós brasileiros, consumimos e conhecemos muito pouco dos vinhos produzidos nos Estados Unidos. Talvez seja porquê os argentinos, chilenos, portugueses e agora também os espanhóis cheguem a nós com um custo-benefício muito maior. Mas, para a formação de um enófilo, é importante que este experimente de tudo, nem que seja para passar raiva algumas vezes. Não é o caso deste Bogle, feito com uvas Syrah provenientes da Califórnia. É um vinho feito ao gosto dos americanos: muita maturidade de fruta e um banho generoso de carvalho. O vinho tem tanta madeira aparente, que demora bastante para mostrar seus aromas de fruta, mas quando esta aparece, vem de forma bastante agradável. Podem acreditar no que eu estou dizendo, o vinho ficou melhor no dia seguinte, o que leva à considerar que a decantação é obrigatória! Da madeira exaustiva do começo, o vinho se abre para uma deliciosa compota de frutas vermelhas, mais evidente a geléia de amoras e guarda bem a tipicidade da casta, com toda sua força e músculo. Tem bastante persistência e um final longo. Realmente, peca no excesso de madeira, mas se tivermos paciência e esperarmos uns 3 anos, acho que a madeira vai se unir à fruta e melhorar o conjunto, pois qualidade este vinho tem. Voltando ao assunto custo-benefício, este vinho custa R$ 85,00, fora da realidade para a sua qualidade. Vale pela curiosidade de se provar algo um pouco diferente. Nota: 88 pontos.

domingo, 6 de novembro de 2011

Desafio Enate Cabernet sauvignon / Merlot 2006 x Sabor Real Viñas Centenárias 2007


O objetivo de fazer este desafio foi de colocar frente à frente dois vinhos espanhóis completamente distintos: o Enate é um vinho com padrão mais clássico, no estilo velho mundo, mas feito com uvas francesas e o Sabor Real é um vinho no estilo novo mundo e feito com 100% Tempranillo. O Enate é um corte de uvas francesas (Cabernet sauvignon e Merlot) produzido em Samontano, safra 2006. O vinho é um belo assemblage que preserva a tipicidade das castas e prima por elegância. O visual é belo, com um rubi intenso com boa transparência. Aromas de frutas vermelhas, especiarias, elegante madeira e um toque floral garantem qualidade. Na boca, sente-se os taninos moldados, a madeira bem integrada e a acidez bem discreta, mas presente. É bom resaltar que o tempo fez bem à este vinho, deixando-o muito redondo sem perder seu toque selvagem. O Sabor Real é um vinho 100% tempranillo safra 2007, região Toro, que passa quase um ano em barricas de carvalho, o que se percebe nitidamente na boca. É um vinho bem no estilo Parker (91 pontos RP), com clara predominância de madeira e fruta madura. Lembra mais uma compota de frutas com uma infusão de cravalho. É macio em boca, tem pouca acidez, taninos bem redondos e rustcidade à tona. Já vou logo dizer: muito extranho a absurda nota de 91 pontos de Parker para este vinho. Perde feio para o Enate, o qual é mais equilibrado, elegante e original. Preço: Enate (R$ 55,00), Sabor Real (R$49,00). Nota: Enate: 90 pontos, Sabor Real: 88 pontos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Vinho do mês: Outubro de 2011

Vinho do mês: Menut 2006. Um Priorato menor, mas um Priorato. Se este vinho é o quê existe de mais simples no Priorato, mesmo sem ter experimentado nenhum outro vinho desta região, posso dizer que aí está a Borgonha espanhola. Por R$ 59,00, se torna obrigatório!
Surpresa do mês: Quinta da Covela Escolha Tinto 2005. Rústico e delicado, forte e sauve. Bela amostra de um ótimo vinho orgânico português.
Mico do mês: Domaine de Pégau Plan Pégau Rouge 2007. Um vinho que faz juz à má fama de que vinho francês barato é uma porcaria!

Frescobaldi Remolé Toscana 2008

Um dos vinhos de base de Frescobaldi, produzido na Toscana à partir de Sangiovese e uma pequena quantidade de Cabernet sauvignon. É um típico vinho italiano bem feito e com grande vocação gastronômica. Coloração rubi brilhante com delicadas lágrimas. Aromas de frutas vermelhas frescas, algo de pinho e muito frescor. Na boca, exibe uma acidez muito gastronômica, tem corpo leve para médio, taninos muito bem educados e boa maciez. Final curto, mas muito agradável. Excelente para acompanhar massas à bolonhesa ou ao sugo. Não é enjoativo e tem o álcool bem comportado. Comprei este vinho numa promoção e paguei R$ 27,00, mas este preço não é real. O valor correto de mercado é em torno dos R$ 55,00. O vinho é agradável, mas por menos de R$ 50,00, encontramos outras opções com igual qualidade. Nota: 89 pontos.

Valmarino Tannat 2008

Vinho de base da vinícola Valmarino. Um Tannat simples que carrega toda a expressão do terroir gaúcho, com suas qualidades e defeitos. Baixo custo (R$ 20,00), boa acidez, boa concentração e tipicidade preservada de cepa são as qualidades. Simplicidade, rusticidade e alta concentração de taninos são seus defeitos. Coloração violeta bem escuro com pouca transparência, lágrimas médias e boa densidade. Aromas de frutas vermelhas em compota, café e tostado. Acidez e taninos bem presentes. Um pouco amargo no final. Bom vinho para acompanhar um prato bem rústico, como uma feijoada de dia-a-dia. Honesto no preço, mas não acrescenta muita coisa. Nota: 85 pontos.