O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sábado, 29 de setembro de 2012

Portal Relato Douro Branco 2008

Os vinhos brancos portugueses estão chamando a atenção devido à qualidade unida ao bom preço. Também conta pontos à favor, a tipicidade das uvas portuguesas, únicas no mundo. Este vinho é da região do Douro e é um corte de 50% Gouveio, 45% Malvasia fina e 5 % Viosinho. Com 13% de graduação alcoólica, este vinho se comportou melhor em temperatura mais baixa e tem nítida vocação gastronômica, para pratos quentes de peixes e massas ao molho branco, também sendo bom companheiro para bolinho de bacalhau. Visual amarelo-claro com reflexos dourados, boa limpidez. Aromas cítricos, com toque mineral e de frutas brancas maduras. Boca carnuda, refletindo bom corpo, acidez comportada e um pouco de amargor. Bom vinho, mas que não arranca suspiros. É versátil na gastronomia. Nota: 87 pontos. Preço: R$ 52,00. Avaliação custo-benefício **.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Domaine de Boischampt 2010

Não estou ganhando nada para falar bem, mas novamente vou rasgar elogios: é impressionante a solidez e  a constância do portifólio de vinhos da Chez France! Mais um vinho provado e aprovado: desta vez, um Beaujolais, elaborado com a mais conhecida de suas castas, a Gamay. Com um característico visual rubi claro tendendo para o róseo, é muito brilhante. Aromas de morangos e framboesas escoltados com uma mineralidade cativante. Simples e gostoso no nariz, se repete na boca, onde mostra-se extremamente balanceado, com muito frescor e com bom corpo e final persistente. Ou seja, é um Beaujolais que não tem nada à ver com aqueles simplórios e aguados Beaujolais Nouveau. Este Beaujolais tem bom corpo e estrutura sem perder o frescor, a aromaticidade e sem ser enjoativo. Pode ser degustado sozinho ou acompanhar um belo salmão ou carne de frango. Nota: 90 pontos. Preço: R$ 68,00. Avaliação custo-benefício ***.

Arco do Esporão 2010

Antes de falar sobre este vinho, vamos enumerar algumas constatações sobre vinhos portugueses:
1) Estão entre os melhores bons e baratos do mundo, se não forem os melhores.
2) Também têm alguns ícones que estão entre os melhores vinhos do mundo e custando mais barato que seus concorrentes.
3) É incrível a estabilidade das safras, sem grandes variações.
4) São únicos no mundo, porque são elaborados à partir de castas regionais.
5) Possuem dois tipos de vinhos exclusivos: o Porto e o Vinho Verde.
6) Dificilmente se encontram vinhos portugueses sem a tradição da rolha de cortiça.
7) E não é que agora, estão dando de fazer vinhos também com castas mundiais!
É o caso deste Arco do Esporão 2010, um vinho alentejano elaborado com a aromática Aragonês (para mim, a melhor uva alentejana), a potente Touriga Nacional (a resposta lusitana à Cabernet sauvignon) e a musculosa e quente Syrah (que se deu muito bem em solos alentejanos). Com passagem em barricas de carvalho americano, este vinho expressa muito bem o terroir alentejano, tem a característica das 3 castas que o compõe e a potência amadeirada do carvalho americano. Visual com coloração rubi com reflexos violáceos, bastante jovial, sem traços de evolução. Aromas com claro predomínio de especiarias, mas também fruta vermelha madura e um bom toque da madeira. Não tem explosão aromática, mas também não se esconde. Na boca, tem boa acidez, taninos bem trabalhados, bom corpo, final médio e agradável. Não tem madeira em excesso, não falta acidez e os taninos estão no ponto. É um vinho feito e engarrafado pronto para beber, com pouquíssimas arestas, talvez um álcool um pouco aparente, que se resolve servindo o vinho um pouco mais gelado (16 graus). Corretíssimo, como são os vinhos da Herdade do Esporão, é garantia de satisfação, apesar de não apresentar nada de novo. Resumindo, faz o feijão com arroz bem próximo da perfeição. Nota: 89 pontos. Preço: R$ 40,00. Avaliação custo-benefício ***.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Estes espanhóis bem pontuados são realmente bons? Vejam este desafio: Mil Campos 2009 x 35 Sur Syrah 2009


Todos sabem que de um ano para cá, desembarcaram no Brasil, uma enorme quantidade de rótulos espanhóis bem pontuados por Parker e cia. Desde a entrada do Sabor Real Jovem, vinho que marcou o início da chamada ´"fúria espanhola", vários outros rótulos foram chegando e fazendo enorme sucesso em terras tupiniquins. Ora, "nunca antes na história deste país" havia chegado ao Brasil um vinho de 90 pontos por R$ 35,00, ou um vinho de 92 pontos por R$ 45,00! Lógico, a empolgação foi enorme e estes vinhos estouraram em vendas e consequentemente também tiveram seus preços aumentados. E quanto aos críticos, amadores e profissionais, ao avaliarem estes vinhos? Me lembro muito bem de blogueiros e profissionais dando 92 pontos para o Real de Aragon! Será que é tudo isso? Ou será que houve a tão comentada influência da nota de Parker durante as avaliações? Pois bem, neste fim de semana bebi o Mil Campos, um vinho 100% tempranillo, da região de Ribera del Duero, com boa passagem por carvalho. Foi a comprovação de tudo aquilo que eu já havia experimentado e opinado; a fórmula para agradar  o consumidor se repetiu: fruta madura, muita concentração e uma generosa contribuição da madeira. Agradou? Sim! Como eu disse, é uma fórmula para agradar o consumidor! O que desagrada é o fato de quase todos estes vinhos serem muito parecidos, fato que se repete e conhecemos muito bem nos "meia-boca" Mabec hermanitos. Agora, algo que só me veio a cabeça, após beber no início da semana, o simplérrimo 35 sur syrah da vinícola San Pedro (Chile), foi: será que estamos pagando um preço honesto nestes vinhos espanhóis? Digo o por quê desta questão: após beber o 35 sur, rapidamente me veio a lembrança de estar bebendo algo muito parecido com a "fúria espanhola". Claro, estava alí a fórmula mágica: fruta madura, muita concentração e uma generosa contribuição da madeira! Meu Deus, será que estamos vivendo uma era de massificação do vinho? Será que a identidade própria está acabando? Calma, meus amigos, isto vale somente para os produtos mais baratos, aqueles ditos para o dia-a-dia. Epa, espera aí! Vinho para o dia-a-dia por 50 mangos? Sim, colegas, é aí que o bicho pega e eu só prestei atenção nissso após beber o 35 sur, um vinho de menos de 30 paus que é quase igual à estes espanhóis de 90 pontos de Parker. Para fazer uma analogia, coloco este 35 sur syrah no mesmo patamar que o Sabor Real Jovem e um degrauzinho abaixo do Mil Campos, Embocadero, Real de Aragon, Sabor Real Viñas centenárias, etc. De todos estes espanhóis que bebi até agora, destaco o Casajus Esplendore (pela sua aromaticidade e maior elegância) e o Xabec Monsant (pela sua característica bem próxima dos vinhos do Priorato). O Mil Campos se revela com mais concentração e complexidade que o 35 sur syrah, mas custa mais caro. Ambos têm a mesma finalidade: o dia-a-dia. Escoltam muito bem um parmesão, presunto cru e pães tostados, além de carnes vermelhas com molhos mais concentrados e não muito complicados. Dia-a-dia? Então entra o quesito preço: apesar do Mil Campos ser melhor que o 35 sur, fico com o último, por custar R$ 20,00 à menos. Nota: Mil Campos 89 pontos, 35 sur 88 pontos. Preço: Mil Campos R$ 50,00, 35 sur R$ 30,00.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Château Tour Saint André 2008

É possível degustar um ótimo Bordeaux pagando menos de R$ 100,00? Sim. É o caso deste corte tipicamente bordalês de 55% Cabernet Sauvignon, 35% Merlot e 10% Cabernet Franc com uvas da AOC Lalande de Pomerol. Com passagem em barricas por um período mínimo de 12 meses, este vinho se mostra um Bordeaux típico: forte, elegante, austero, mineral e complexo, com força para resistir em garrafa mais uns 7 anos. Coloração rubi com boa transparência e limpidez. Lágrimas elegantes e numerosas. Aromas de cassis, pequenos frutos vermelhos que migram para negros durante a evolução, muita especiaria elegante e uma madeira perfeitamente integrada, transmitindo leves defumados ao conjunto. Na boca, tem taninos bons de briga, muita acidez e um ótimo corpo, enchendo a cavidade oral e lá deixando lembranças por muito tempo. Bastante gastronômico, é um vinho que mereçe um acompanhamento mais sofisticado. Com muita tipicidade de terroir e boa complexidade, vale o que se paga por ele. Nota: 91 pontos. Preço: R$ 85,00. Avaliação custo-benefício ***.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Maison Auvigue Moulin du Pont 2010

O quê esperar de um chardonnay da Borgonha? Claro, muita mineralidade, aromas de avelã e bastante elegância, certo? Se considerarmos este exemplar, errado! O visual até que é bacana, com um belo amarelo ouro com reflexos dourados, bastante limpidez e lágrimas comportadas. Mas, para por aí! Os aromas até que fazem lembrar a chardonnay, só que do Novo Mundo e daqueles mais mixurucas. Sente-se o abacaxi e o maracujá, além de um pouco de amanteigado. Na boca, tem bom corpo, boa acidez, mas peca no álcool aparente e no amargor final. Não chega à ser fraco, mas perde para exemplares simples de chardonnay do Novo Mundo, como o Álamos e até mesmo para o nosso Miolo reserva chardonnay. Não chega à ser mico, mas não comprarei outra garrafa. Nota: 85 pontos. Preço: R$ 48,00. Avaliação custo-benefício **.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Domaine Taupenot Merme Bourgogne Passetoutgrain 2008

Um corte muito interessante de 50% Pinot noir e 50% Gamay! Originário da Borgonha, este vinho não passa por madeira e mantém toda característica frutada das cepas que o compõe. Leve, solto e elegante, o vinho surpreende pelo frescor e pelo bom corpo. Tem complexidade média e é muito correto, com pouquíssimas arestas. Coloração rubi translúcida, com muito brilho e discretas lágrimas. Aromas frutados e leves, remetendo à amoras frescas, morangos e cerejas, nada se escondendo. Na boca, mostra uma boa acidez, taninos discretos e um bom corpo, com um final muito agradável. Belo exemplo de tinto leve da Borgonha, sem custar caro. Harmonizei com um tagliarim com camarões rosa e ficou ótimo! Nota: 90 pontos. Preço: R$ 48,00. Avaliação custo-benefício ****.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Monte Velho 2011

Não vou me estender aqui. O quê falar de novo deste super conhecido vinho que ocupa as adegas de quase todo bebedor de vinho? É chover no molhado: jovem, límpido, simples e correto. Um típico vinho tinto regional alentejano que se caracteriza pela expressão da fruta e tem um custo acessível. Bastante correto, continua sendo um dos preferidos em minha adega, para o dia-a-dia. Sem novidades em relação às outras safras, talvez esteja aí a sua maior virtude: a constância, bem semelhante aos cultuados Álamos, Casillero, Piriquita e outros. Nota: 86 pontos. Preço: R$ 30,00. Avaliação custo-benefício ***.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Maycas de Limarí Pinot noir reserva 2011

Sou fã confesso dos vinhos do Limarí, mas ainda não tinha provado nenhum pinot noir desta região. Este vinho passa 12 meses por barricas de carvalho. O visual é muito bonito: vermelho rubi com belos reflexos rubi, boa limpidez e transparência, cor de Pinot! Os aromas são bem sugestivos da cepa, remetendo à morangos, framboesas e cerejas maduras, com um toque bem delicado da madeira, muito bem integrada ao conjunto. Boca macia, taninos suaves, pouca acidez e um álcool que atrapalha um pouco. O vinho tem bom corpo e o final não descepciona. Como defeitos, coloco o álcool aparente e o caráter um pouco adocicado demais. Como qualidades, destaco a boa tipicidade e o corpo adequado. Na média, agrada e não compromete a refeição, mas tem potecial para ser corrigido. Nota: 88 pontos. Preço: em torno de R$ 59,00. Avaliação custo-benefício **.

Santa Augusta Cabernet sauvignon / Merlot 2008

Este vinho não é biodinâmico, mas aguardem que nos próximos anos estará chegando no mercado o primeiro vinho TINTO biodinâmico do Brasil, pelas mãos desta vinícola de Santa Catarina. Este corte de cabernet sauvignon e merlot não empolga e não traz nada de especial, sendo muito parecido com a infinidade de similares brazucas no mercado. Aliás, parece que virou moda aqui no Brasil, fazer corte de cabernet sauvignon e merlot, como se este fosse o "corte dos Deuses" e nada melhor pudesse ser feito. Que falta de criatividade! Vou mais longe ainda: que falta de coragem! Deve ser como os produtores pensam: "a merlot é a nossa melhor uva, mas deixe-me fazer um corte com a cabernet sauvignon, pois assim meu vinho fica mais chique e o povo vai comprar mais". Realmente, a uva cabernet sauvignon dá uma complexidade maior ao vinho, mas talvez o produtor pense mais na promoção do seu produto. Ora, sabemos que aqui no Brasil, a cabernet sauvignon dá resultados no máximo razoáveis, porquê não atinge seu ponto de maturação. Isto tanto é verdade, que os grandes produtores gaúchos estão transferindo suas vinhas de cabernet sauvignon para a região da Campanha gaúcha, onde chove menos, podendo a cabernet sauvignon chegar à um ponto de maturação deveras adequado para a colheita. Então, por quê não investir em outras uvas que comprovadamente dão bons resultados em solo brazuca. Como exemplos: Valmarino cabernet franc, Miolo terroir merlot, Quinta do Seival castas portuguesas, Angheben touriga nacional, Larentis Ancellota, etc. tempos atrás, provei o chardonnay (biodinâmico)  deste mesmo produtor e fiquei encantado com a qualidade do produto; será que foi o efeito biodinâmico? Mas, este corte não apresentou o mesmo nível, sendo um vinho apenas razoável, que se salva ao lado de uma bela picanha churrasqueada. Aí sim! Os fortes taninos e a acidez do blend fazem frente ao sangue da carne. Enfim, este vinho de coloração vermelho púrpura e razoável limpidez ( meio que característico do terroir catarinense), com aromas de pequenos frutos negros, cassis e caramelo e uma boca algo áspera, mostrou-se um pouco confundido pelo álcool aparente. Não compraria novamente. Nota: 85 pontos. Preço: em torno de R$ 49,00. Avaliação custo-benefício **.