O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Fiquem de olho em Flores da Cunha !

Nesta minha viagem pela Serra gaúcha, dediquei um dia para visitar algumas vinícolas em Flores da Cunha e o que ví me surpreendeu. Já muito conhecida por ser a maior produtora de vinhos do Brasil (grande parte de vinhos de mesa), Flores da Cunha começa à ganhar muito espaço no setor de vinhos finos. Comparando com o Vale dos Vinhedos, eles ainda estão bem atrás, mas caminham à passos largos para fazerem frente em um futuro bem próximo. Vejam minhas impressões:
Vinícola Panizzon: Pega-se uma estradinha até chegarmos em uma das maiores vinícolas do Brasil. Grande produtora de sucos e vinhos de mesa, começa à mostrar suas armas na produção de vinhos finos. A sua bandeira é o preço baixo, muito competitivo. Seus vinhos não têm tanto destaque qualitativo, mas os baixos preços atraem os consumidores. Vejo como destaque o Máximus 2005, seu top de linha por ridículos R$ 28,00. É um vinho complexo, amadurecido e que vale muito mais do que custa.
Vinícola Viapiana: Encantadora vinícola em uma estradinha de terra. Com visual moderno e ótimo atendimento, tem um show-room fantástico para degustações. Vinhos muito corretos e alguns encantadores. O espulmante brut champenoise 192 tem um frescor incrível à apenas R$ 26,00. Possui um belo Marselan e faz boas tentativas com a sauvignon blanc e com um chardonnay barricado. Tem um top feito com uvas passificadas que é novidade no mercado brasileiro. Vinícola audaciosa com ótimas intenções. Deixou saudades.
Vinícola Salvador: Impossível não se ancantar com o senhor Antonio Salvador e sua família. O projeto da vinícola é digno de visita e o Sr. Salvador tem todo o orgulho de mostrar detalhadamente seu sonho realizado. Possui bons vinhos com um preço muito interessante e um top, o já cult Gran Báculo 2005. É o tipo do lugar onde você se sente em casa. Imperdível. Fica bem no centro de Flores da Cunha.
Vinícola Luiz Argenta: Sem dúvida, a mais moderna e bonita vinícola do Brasil. Sua cave de pedra impressiona qualquer enófilo do mundo. Tem vinhos muito corretos e um enólogo de primeira categoria. Pena que o atendimento foi mais frio do que estar na Sibéria. Logo que cheguei, um dos donos nem me deu boa tarde e foi logo entrando. Então apareceu um garoto que me mostrou a vinícola com ares de "que saco!" e não conseguiu esboçar um sorriso durante a apresentação da vivícola e seus vinhos. Me pareceu que o pessoal da Luiz Argenta seleciona seu público para o atendimento. Vinícola linda, bons vinhos e atendimento frio. Faltou calor humano, faltou mostrarem que gostam do que estão fazendo. Uma pena.
Vinícola Venturini: Antes de chegar em Flores da Cunha, pega-se uma estrada de terra e chega-se à uma imponente construção. Uma vinícola moderna, que utiliza uvas principalmente da Campanha gaúcha, para dar origem à vinhos ultra-modernos e muito equilibrados. Todos os seus vinhos são bons e têm ótimo preço. O seu Chardonnay é imbatível na faixa de preço. É de visitação obrigatória.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Bettú corte bordalês 2004

Beber um vinho artesanal é sempre um prazer e quando este vinho é nacional, este prazer se multiplica. Com uma produção ínfima de apenas 250 garrafas, Bettú nos oferece um clássico vinho bordalês elaborado em terras gaúchas. Com uvas colhidas em grau exato de maturação e muito esmero na produção, este vinho bate muito gigante estrangeiro. Há os que dirão que o vinho tem seus excessos de maturidade ou que está um pouco envelhecido. Outros ainda dirão que é um vinho comum. Há ainda quem possa dizer que estou comentando baseado na emoção do contato direto com seu produtor. Mas, a verdade é que o vinho é muito bom e está em um período ótimo de consumo. Coloração vermelho granada quase intransponível, com bordas alaranjadas e reflexos cor de tijolo, denotando evolução. Aromas muito complexos, com frutas negras, tabaco, café, couro, toques balsâmicos e muito mais o que sua imaginação puder chegar. Na boca, apresenta grande estrutura, grande corpo, taninos presentes e aveludados, acidez cativante e final muito longo. Um vinho para quem gosta de vinho: complexo, estruturado, macio e evoluído. É elaborado à partir de castas francesas em um típico corte bordalês, mas não sei com exatidão qual o corte e quanto tempo o vinho passou por madeira. Numa degustação às cegas, ganha de muito vinho francês e italiano com o triplo do preço. Nota: 93 pontos. Avaliação custo-benefício ****.

Corte Alla Flora Cabernet Sauvignon IGT 2008

De certo tempo para cá, devido ao grande sucesso dos chamados super-toscanos, produzir vinhos italianos à partir de castas francesas virou moda. Temos bons resultados com a Merlot na região de Friuli, com a Syrah na Sicília, com as castas clássicas bordalesas na Toscana e por aí vai. Mas, os melhores exemplares são os cortes das castas francesas com a sangiovese. Este vinho é um 100% cabernet sauvignon elaborado na Toscana. Tem seus pontos positivos e seus pontos negativos e o resultado final é razoável. Apesar de ter recebido boas críticas, acho que o vinho está aquém do seu preço e do que pretende ser. O visual é bacana, com um vermelho rubi com reflexos granada, boa limpidez e lágrimas delicadas. Os aromas não se escondem, mas não exibem alta complexidade, denotando frutas vermelhas maduras, algo de cacau e um leve tabaco. Na boca, acho que o vinho caí muito: com pouca concentração, o vinho é bem simples neste quesito. Tem boa acidez, mas falta corpo e estrutura. É correto, mas muitas vezes, a sensação é de que não passa disto e um vinho que custa quase R$ 100,00 tem que oferecer muito mais. Paguei R$ 69,00 em condições especiais e mesmo por este preço, acho que o vinho fica devendo. Existem muitas opções melhores no mercado. O vinho é até agradável, mas não vale o investimento. Nota: 87 pontos. Avaliação custo-benefício **.

Espino Chardonnay 2010

Este 100% chardonnay é elaborado com uvas provenientes da região de Pirque, no Alto Maipo chileno. Sim, é o que podemos chamar de vinho andino, um bom branco andino. Prova-se com este vinho que não é necessário proximidade com o litoral ou extremos de latitude para produzir bons vinhos brancos no Chile. E olha que não estou falando de vinho caro. Coloração amarelo claro com boa limpidez e brilho. Aromas remetendo à frutas tropicais como o maracujá e abacaxi, com lembranças de pêssegos amarelos, algo de mel e pásmem, um toque sutil herbáceo. Com bom corpo e boa acidez, este vinho se move bem na boca e não é enjoativo. Com certeza, uma boa compra. Tem a marca de William Fevre, grande nome do Chablis. Nota: 89 pontos. Preço: em torno de R$ 39,00. Avaliação custo-benefício ***.

Cave Amadeu Brut Rosé

Espulmante rosé elaborado pelo método tradicional com uvas 100% Pinot noir, provenientes de Pinto Bandeira. Geisse é um especialista quando o assunto é vinho espulmante deste ótimo terroir brasileiro. Conseguiu elaborar um belo vinho espulmante rosé, leve e refrescante, sem perder a estrutura básica e a elegância. Visual rosa bem clarinho quase casca de cebola, com perlage fino e intenso, apesar de não muito persistente. Com boa formação de espulma na taça, este vinho enche bem a boca, tem boa acidez e bastante frescor. Apenas incomoda um pouco o açucar acima do que eu gosto. Perfeito para entradas e pratos leves à base de frutos do mar. Boa opção de espulmante rosé à um bom custo. Nota: 89 pontos. Preço: em torno de R$ 38,00. Avaliação custo-benefício ***.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Don Giovanni Chardonnay 2011

Ultimamente, tenho defendido muito os vinhos brasileiros, em especial os vinhos brancos. Realmente, tenho fortes convicções que os vinhos brancos são a verdadeira vocação do sul do país, além dos espulmantes, é claro. Este chardonnay foi elaborado pela boa vinícola Don Giovanni, com uvas de Pinto Bandeira e passou 6 meses por barricas de carvalho. Coloração amarelo claro com reflexos dourados e boa limpidez, muito correto na análise visual. Aromas leves e delicados de maracujá fresco, um pouco de mel e toque sutil de avelã. Na boca, tem bom frescor, acidez correta, mas falta um pouco de volume. Em nenhum momento, o álcool ou a madeira aparecem, denotando um vinho extremamente balanceado. Poderia ser melhor, se tivesse um pouco mais de complexidade e mais volume em boca, mas é mais um bom representante brazuca, que vai combinar muito bem com peixes leves, como um linguado com legumes. Nota: 89 pontos. Preço: em torno de R$ 32,00. Avaliação custo-benefício ***.

Trio Cabernet sauvignon / Syrah / Cabernet franc 2010

Mais um vinho da boa compra de R$ 24,00 da linha Trio da Concha & Toro. Este vinho é proveniente do Vale do Maipo e amadurece 10 meses em carvalho françês. É inconfundivelmente um vinho do Maipo. Independente das cepas que o compõe, o que manda neste vinho é o mentolado andino. Coloração vermelho rubi intenso com reflexos violáceos, bem jovial. Lágrimas grossas e intensas manchas na taça. Aromas de frutas vermelhas bem maduras, cassis, cravo e o característico mentol. Taninos vigorosos, acidez correta e final médio com bom volume em boca. Tem um defeito bem visível, o álcool muito evidente. Mesmo depois de um bom tempo decantando, o álcool insistiu em permanecer. É um vinho que tem boa vocação gastronômica para cordeiro com molho de hortelã ou filé mignon ao alecrim. Sim, é bastante elogiável, mas muito óbvio, não trazendo nada de novo. Tem potencial para melhorar nos próximos anos. Hoje, dá para ser bebido, mas sem encantar. Achei as notas do Descorchados um pouco exageradas para o que o vinho oferece. Comparando com outros vinhos, o Palo alto é bem semelhante e mais barato. Nota: 88 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Lindeman's Cawara Shiraz-Cabernet 2010. Esse é ruím !!!

Eu sei que tem muito blogueiro aí que para não falar mau de determinado vinho e consequentemente, perder sua "fama" e seus "agrados", se defendem alegando que simplesmente não querem perder tempo com posts que não valem à pena, se limitando à postar apenas bons produtos. Antes que a minha e a vossa massa cinzenta seja ainda mais agredida, já me posiciono no grupo dos que não devem nada para ninguém e que querem apenas ter prazer e ajudar os leitores. Obviamente, eu seleciono os vinhos que bebo, tomando cuidado para não ingerir qualquer porcaria, mas às vezes, deslizo feio nas compras e aí não tem jeito: surra no vinho. É o caso desta bela porcaria que comprei, um corte australiano de shiraz e cabernet, uma verdadeira apelação de frutas excessivamente maduras, um vinho superlativo na ruindade. Corra desta, é fria! Paguei cerca de R$ 25,00 e estou com dor no peito até agora! É muito ruím! Para fazer sagú, gaste apenas R$ 5,00!!! Nota: menos de 80. Avaliação custo-benefício *.

Concha & Toro Trio sauvignon blanc 2009

Vou confessar que não sou fã dos vinhos da Concha & Toro, mas esta gigante tem alguns vinhos que me agradam. Por exemplo, gosto dos casilleros syrah e malbec, pelo bom custo-benefício. Acho o terrunyo carmenére um grande vinho e o Don Melchor chega à ser uma lenda. Sinceramente, não conheço os ícones Gravas de Maipo e o Carmin de Peumo, até porquê os preços assustam e muito! A linha Trio, logo acima do casillero, nunca me encantou, mas agora não teve jeito, pois encontrei 3 garrafas sendo vendidas juntas por R$ 72,00! Nunca encontrei esta linha de vinhos tão barato aqui no Brasil (R$ 24,00 a garrafa). Comprei e abri a primeira garrafa: Trio sauvignon blanc, um assemblage de sauvignon blanc, proveniente de 3 terroir diferentes (Casablanca, Rapel e Limarí). O resultado foi um pouco descepcionante, talvez porquê o vinho já esteja em um processo de falência. Sim, apesar de relativamente jovem (2009), a sauvignon blanc perde muito com o tempo, pois perde o que mais encanta: o frescor. O visual é de amarelo-palha, límpido, translúcido, com reflexos verdeais, muito característico da cepa e correto. Os aromas são bem simples e não se escondem, remetendo à frutas cítricas. Na boca, o vinho é correto, tendo acidez média, bom corpo e final curto. Faltou o frescor! Um vinho correto, mas que realmente não encanta. Não tem aquela acidez pungente, nem aquele toque de selvageria que caracterizam os melhores sauvignon blanc do Chile. Quem experimentou o Casa Marin Cipresses, o Ventolera ou o Matetic EQ Coastal irá entender o que estou dizendo. Pelo preço que paguei, a compra foi boa, mas pelo preço normal de mercado, acho que pode ser substituído por algo melhor. Nota: 87 pontos. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Marco Luigi Grande reserva cabernet sauvignon 2006

Muito se falou nos últimos anos, que a cabernet sauvignon não se adaptava ao terroir do Vale dos Vinhedos, devido ser uma cepa de maturação tardia, que muito é prejudicada pelas fortes chuvas e pouco sol na época das colheitas. Salvem as grandes safras, nos anos comuns a cabernet sauvignon não atinge maturidade suficiente e origina vinhos sem graça, com pouca doçura e toques herbáceos exagerados. Mas, este cabernet sauvignon grande reserva da Marco Luigi prova o contrário. É claro que os 20 meses em contato com o carvalho e o posterior afinamento em garrafa possibilitaram a correção de alguns defeitos e deixaram o vinho bastante redondo e fácil de beber. Com bonito visual vermelho rubi intenso e bordas alaranjadas, mancha bastante a taça e derruba grossas lágrimas. Aromas até que bem complexos, com predominância de geléia de frutas maduras, com couro, tabaco, alcatrão e leve herbáceo. Na boca, perde um pouco no volume, mas tem taninos aveludados, acidez correta, boa maciez e final longo. Sim, se percebe ainda a madeira, mas com bela integração ao conjunto. É o tipo de madeira bem aceita pelo paladar. Mas um belo vinho do Vale dos Vinhedos, o que vai mudando completamente minha opinião sobre vinhos nacionais. Nota: 90 pontos. Preço: em torno de R$ 67,00. Avaliação custo-benefício ***.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Barcarola Specialitá Merlot 2005

A Barcarola é uma das menores vinícolas do Vale dos Vinhedos e produzem vinhos à partir de vinhedos próprios, com muito cuidado e baixo rendimento. César é um dos enólogos responsáveis pela produção. Membro da família proprietária e com formação em enologia na Itália, conhece os segredos para elaborar um vinho complexo e gastronômico sem passagens por madeira. Sim, todos os vinhos da Barcarola não passam por madeira. Vamos falar deste Merlot, da magnífica safra de 2005. Visual já denotando evolução, com um vermelho rubi translúcido, com bordas alaranjadas e reflexos cor de tijolo. Aromas com boa complexidade, remetendo à ameixas pretas maduras, couro, tabaco e toques balsâmicos. Na boca, o vinho se mostra no ponto: taninos maduros e polidos, acidez preservada e ideal, corpo médio, final longo e agradável. É isso: um vinho no apogeu para ser bebido e agraciado. É um belo exemplo de como esta cepa (Merlot), pode originar vinhos complexos, estruturados e longevos, mesmo sem passagem por madeira. Parabéns, César e toda a equipe da Barcarola! São pessoas que batalham pelo nosso solo e país, extraindo dele todo o seu potencial. Um vinho que é bem superior às bombas espanholas, bem pontuadas por Parker. Fora a Parkerização! Temos vinhos bem melhores por aqui! Nota: 90 pontos. Preço: em torno de R$ 43,00. Avaliação custo-benefício ***.

Angheben Gewurztraminer 2012

A Gewurztraminer é uma uva rosada que dá origem à vinhos brancos muito aromáticos e com forte personalidade. Fáceis de agradar à um primeiro contato, os vinhos provenientes desta cepa têm o desafio de não se tornarem enjoativos ao longo da garrafa. Manter o frescor e uma adequada acidez são fundamentais para se adquirir bons vinhos da Gewurz. E a Angheben conseguiu tudo isso! O vinho é um deleite: aromático, fresco, suave, boa complexidade e delicadeza são alguns dos adjetivos que traduzem um resultado muito agradável. Visual amarelo-palha com reflexos levemente dourados, muito brilho e limpidez. Aromas característicos da cepa: lixia, "creme nívea", frutas tropicais, floral de margarida. Boca com muita leveza e bom corpo, acidez correta e bom frescor. Um ótimo exemplo de Gewurztraminer produzido em solo brazuca. Não tem extrema complexidade e nem precisa, é um vinho muito gostoso para acompanhar pratos à base de frutos do mar e comida oriental. Tem 13% de graduação alcoólica, imperceptível na boca. Para mim, o melhor vinho da Angheben. Nota: 90 pontos. Preço: em torno de R$ 36,00. Avaliação custo-benefício ****.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Casa Venturini Chardonnay reserva 2010



Grata surpresa, este vinho brazuca vem provar para todos os que ainda são resistentes em aceitar, que o Brasil tem grande vocação para produzir ótimos vinhos brancos. Com uvas provenientes da Campanha gaúcha, a Casa Venturini (radicada em Flores da Cunha) elabora este refrescante e corretíssimo varietal de chardonnay, sem passagem por barricas de carvalho. Coloraçaõ amarelo-palha bem claro, linda transparência e com pequenas borbulhas que lembram um Vinho Verde. Aromas de frutas tropicais, remetendo ao maracujá e abacaxi, bem frescos e suaves. Boca deliciosa e bastante refrescante, pedindo sempre outro gole. Boa maciez, boa acidez, tem bom volume e nenhum amargor. Nem um pouco enjoativo, este vinho é um exemplo de como fazer um ótimo chardonnay com boa vocação gastronômica e muito leve. Nota: 90 pontos. Preçõ: em torno de R$ 30,00. Avaliação custo-benefício ****.

Vaccaro Malbec 2008

Vinho 100% malbec com 4 meses de passagem por carvalho francês, produzido pela família Vaccaro, em Garibaldi. Produção artesanal, com parreiras em sistema em Y, feito com bastante cuidado e respeitando um estilo Velho Mundo. Coloração vermelho rubi com reflexos granada, boa limpidez e bastante transparente. Aromas de frutas negras suaves, com muita especiaria, preferencialmente a pimenta preta e certo floral, lembrando violetas. Na boca, se mostra com boa acidez, taninos aredondados, leve para médio corpo, final médio. Bastante elegante e muito gastronômico, respeita o estilo Velho Mundo. Pelo preço que paguei, foi uma pechincha e tanto. Bastante adequado para o dia-a-dia porquê é barato, gastronômico, leve e versátil. Nota: 87 pontos. Preço: R$ 15,00. Avaliação custo-benefício ****.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Vinícola Vallontano: celeiro de bons vinhos.

Estive na Vallontano, durante minha estadia em Bento Gonçalves. Muito aclamada no Brasil, tem seus vinhos veiculados pela Mistral. Ao chegar nesta charmosa vinícola, fui surpreendido em descobrir que além do varejo de vinhos, existe um bistrot café agragado à loja. Vinícola menor do que eu imaginava, com produção pequena de cerca de 30000 garrafas por ano. Conhecia o seu Tannat, vinho já comentado no blog e que nada deve aos Tannat uruguaios. Com boa recepção e agradáveis acomodações, fui gentilmente conduzido à uma degustação, a qual revelou um belo chardonnay, já da boa safra de 2012. Levei para casa um raro cabernet sauvignon da safra de 2005. Das novidades, chamou a atenção um exemplar da uva Peverella. Segundo informações colhidas, somente na Vallontano e na Salvatti, se elaboram este vinho no mundo! Depois disso, descobri que o lendário Valmir Bettú também o elabora. A Vallontano vai cobrar caro pela novidade: mais de R$ 120,00! Empresa familiar, com vinhos corretos e muita simpatia no ar.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Vinícola Angheben: Familiar e elegante!

Aqui em São Paulo, nós conhecemos a Angheben através da Vinci vinhos, importadora que veicula seus vinhos. Já tinha experimentado seu cabernet sauvignon e seu espulmante brut, vinhos que me agradaram parcialmente. Aproveitei a estadia em Bento Gonçalves, onde tive a oportunidade de conhecê-los mais de perto. Ao entrar na vinícola, me surpreendeu o tamanho da mesma, muito menor do que eu imaginara. Fui atendido pelo Eduardo, filho do senhor Angheben, dono da vinícola. Eduardo é enólogo de formação e com muita atenção me conduziu uma degustação. Explicou que a Angheben é uma pequena vinícola, com um volume de produção de 30000 garrafas por ano, sempre focada em vinhos de grande elegância, com ênfase na fruta, sendo muito racional o uso da madeira,  a qual está parcialmente presente com rápidas passagens em seus vinhos. A vinícola decidiu focar em uvas menos comuns, o que deu um diferencial importante de mercado. Gostei muito do Gewurstraminer e do Barbera, com menção honrosa para o Teroldego. Inicialmente, achei alguns de seus vinhos com pouco corpo em boca, mas me rendi à grande vocação gastronômica e elegância de seus caldos. São vinhos de personalidade e com boa relação custo-benefício. 

Vilmar Bettú, uma autêntica "mosca branca"!

Não tinha outra forma de iniciar a minha série de posts sobre a viagem ao Vale dos Vinhedos e redondezas! O motivo é muito simples: não sei quando encontrarei novamente uma figura tão diferente e carismática quanto Vilmar Bettú! Tudo aconteceu repentinamente no último dia de viagem, quando eu já tinha esgotado as possibilidades de passeio e já havia me conformado com um sonolento sábado. Mero engano! Após encontrar de última hora, um local agradabilíssimo para almoçar (Família Vaccaro, zona rural), observei a presença de uma pequena vinícola no caminho da roça, chamava-se Vinhos Bettú. Liguei para o telefone indicado no folheto e uma de suas filhas atendeu e foi chamar o pai. "Seu Vilmar, gostaria de conhecer sua vinícola e seu processo de produção." Logo ele respondeu: "Sim, claro, mas não venha agora! Vamos deixar para às 15:00h, pois tenho que prepara tudo!" Compromisso firmado, fui almoçar e após muitos vinhos no almoço, peguei o caminho daquilo que foi a experiência enológica mais pitoresca da minha vida. Estacionei o carro em frente sua propriedade e a cachorrada fez o trabalho de anunciar nossa chegada. Logo, apareceu a figura de Vilmar: gordinho, baixinho e com um belo rabo de cavalo. "Por favor, me sigam." E lá foi o "Mestre dos magos" em direção à um porão, no qual funcionava sua pequena vinícola e nos acomodou (eu, minha esposa e minhas filhas) em uma espécie de sala de aula e degustações, com inúmeras taças e garrafas. Nos apresentou seu modo de produção e sua generosa carta de vinhos. Pegou um espulmante de produção própria, ainda sem rolha e foi abrindo. "Seu Vilmar, o senhor não vai fazer o congelamento da ponta da garrafa, para retirar as borras?". Respondeu: "Vamos beber agora, então para quê ter dois trabalhos?" Óbvio!!!!! Meu Deus, que espulmante! Aquele néctar com 3 anos de maturação, apresentava um belo amarelo dourado, com um perlage fino e abundante, aromas intensos de castanha e avelãs, boca volumosa e ao mesmo tempo leve; um verdadeiro champagne! Este produto, Vilmar não vende em hipótese alguma, pois só é utlizado para brindar aqueles que o visitam. Vilmar Bettú conversa de tudo e quer saber sobre seus visitantes. Coversamos sobre política, economia, jogos de cartas, família, filmes e claro, vinhos! Colocou um vinho branco extremamente aromático e refrescante em minha taça: "É Malvasia de Cândia!" Carnudo e fresco, similar aos grandes Gewustraminer da Alsácia e Alemanha. "Experimente este aqui!" Serviu um tinto violáceo escuro, quase intransponível, com intensos aromas de violeta e frutas em compota. "Que vinho é este, Vilmar?" Respondeu: "É um malbec." Tá de sacanagem! O vinho lembra muito um bom Achaval Ferrer! Papo vai, papo vem e, ao falarmos de Pinot noir, ele pergunta: "Você gosta de Pinot?" Exclamei que sim, já esperando algo bom, mas o quê veio foi surpreendente: ele se levantou e pediu que o acompanhasse até a sala ao lado, onde pegou uma pipeta e abriu um barril. Colocou o vinho em nossas taças e disse: "Este é um pinot de um vizinho meu. Foi elaborado seguindo as técnicas biodinâmicas e vai ser engarrafado esta semana. Experimente, sua opinião é muito importante!" Vilmar não vê vantagens no cultivo biodinâmico, mas respeita quem faz. "O quê você achou?" Respondi: "Um bom pinot, Vilmar! Ainda com madeira bem aparente, escondendo um pouco o vinho. Falta um pouco de tipicidade de Pinot borgonhês, mas é um bom vinho!" Me perguntou: "Quanto você acha que ele vale?" Respondi: "Vai depender da quantidade, apresentação e outras coisas mais!", me esquivando. Completei: "Este vinho será um sucesso de vendas, dependendo do valor cobrado!" Após este autêntico "jogo de xadrês", Vilmar me serviu um Nebiollo 2006: evoluído, macio e cativante. Ainda houve espaço para um corte bordalês muito bom. Após mais de 3 horas (sim, eu disse 3 horas) de conversa e vinhos degustados, fiz uma compra que inclui o Malbec, o Nebiollo e o corte bordalês. Insisti em uma garrafa de espulmante, mas Vilmar foi resistente em não vendê-la. "Seu Vilmar, o que você faz da vida?" Respondeu: "Faço vinhos e jogo cartas. Aliás, deveria estar lá, jogando cartas, agora." Perguntei: "Estou te atrapalhando?" Respondeu: "Não, este é o meu serviço!" Deixei sua casa, após mais de 3 horas de pura diversão e aprendizado, feliz da vida com minhas 3 garrafas embaixo do braço. Vilmar Bettú não fez enologia e tudo o quê sabe, aprendeu com seu pai e com os parrerais. Auto-didata, fez estudos sobre terroirs e é respeitado por celebridades do mundo do vinho. Já foi tema de reportagens de televisão e revistas especializadas, mas não se julga um gênio. Tem muita humildade para perguntar e ouvir opiniões e tem opinião formada sobre quase tudo, não se deixando levar por modismos. Dono de uma inteligência ímpar, sabe cativar o cliente e vender sua marca, sem ser um picareta. Suas minúsculas produções são vendidas vagarosamente e vão subindo de preço, conforme vão acabando. Quanto ao preço, alguns acham seu vinho muito caro, mas vejamos: o Malbec custa R$ 100,00, não mais que um belo malbec argentino; o corte bordalês de 2003 custa R$ 95,00, bem menos que um Bordeaux da mesma qualidade; o Nebiollo custa R$ 160,00, quanto vale um bom Barolo mesmo? Sim, seus vinhos são ótimos e valem o quanto custam. Ao adquirir suas garrafas, sei que ao abri-lás vou estar recordando esta experiência ímpar e isto não tem preço! Obrigado Vilmar Bettú, por momentos tão agradáveis e singelos. Até a próxima!

Visitando as vinícolas da Serra gaúcha: um panorama geral.

Neste início de dezembro, estive visitando alguns pontos turísticos do Rio Grande do Sul e como não poderia deixar de ser, o tour passou por inúmeras vinícolas. Nestes próximos dias, estarei detalhando tudo o que encontrei de interessante e merece ser relatado. Hoje, traço um panorama geral do que encontrei por lá e após 9 dias de viagem pude chegar à algumas conclusões:
- O vinho brasileiro melhorou muito! Sim, esta frase já ficou rotineira nos últimos anos, mas nunca foi tão verdade quanto é hoje! A qualidade melhorou muito e não é só exclusividade das grandes vinícolas.
- O vinho brasileiro tem identidade! Não temos uma casta nativa, mas temos um terroir que podemos chamar de nosso. Isto se comprovou nos inúmeros vinhos de qualidade que provei, os quais mantinham uma característica própria semelhante.
- Quanto menor a vinícola, melhor para se visitar!
- Nossos espulmantes continuam imbatíveis no custo-benefício!
- Existe muito mais do que Merlot na Serra Gaúcha! Quem fala que só a Merlot dá bons vinhos no Vale dos Vinhedos, não conhece este local ou está falando bobagem!
- A Chardonnay é a grande casta branca do Vale dos Vinhedos, mas a Malvasia de Cândia, a Peverella e a Moscato Giallo dão origem à bons vinhos, com características singulares.
- Fiquem de olho em castas menos conhecidas como a Lagrein, Teroldego, Marselan, Touriga Nacional, Barbera, Barbera do Piemonte e Gewurstraminer. Daí, saem boas surpresas!
- Fiquem de olho em Flores da Cunha! Cresceu muito em termos de qualidade e o fato é que eles têm quantidade! Não tenho dúvidas que Flores da Cunha vai rivalizar com o Vale dos Vinhedos em um futuro muito próximo.
- Sim, o nosso vinho tem longevidade! Bebi  vários vinhos da safra de 2005 e todos estavam bons e ainda por evoluir.
- Ainda há muito o que explorar. Por exemplo, encontrei uma vinícola de vinhos finos em Canela!
Trago desta viagem inúmeras histórias para contar, muita experiência adquirida, muitas amizades conquistadas e a certeza de que nosso vinho brazuca tem muito espaço em nossa adega, basta apenas conhecê-lo! Volto com outros posts sobre as vinícolas. Até mais!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Canepa Finisimo Carmenere 2010

Muita gente conhece o Canepa finíssimo cabernet sauvignon, figurinha carimbada dos enoblogs, mas este finíssimo carmenére é seu irmão menos famoso e como acontece com irmãos menos badalados, são quietinhos e competentes. Me agradou mais que o seu irmão mais famoso. Elaborado com 90% carmenére e 10% cabernet sauvignon do Vale do Peumo (o paraíso da carmenére), com estágio de 14 meses em barricas de carvalho. Visual extremamente jovial com um rubi escuro quase intransponível, manchas densas na taça e lágrimas grossas. Aromas que remetem à ameixas pretas, couro e chocolate amargo. Boca com boa acidez, taninos poderosos, boa maciez e ótimo volume. Final longo e bom retrogosto. Vinho para evoluir uns 3 anos na garrafa para ser bebido. Agora, podem bebê-lo ao lado de um bom churrasco. Nota: 90 pontos. Preço: em torno de R$ 55,00. Avaliação custo-benefício ***.

De Martino Viejas Tinajas 2011

Este vinho é a essência do talento e da obstinação de Marcelo Retamal, o enólogo "caçador de terroirs". Sim, o que pode ser mais estranho e pitoresco que um vinho 100% cinsaut do Vale do Itata (Chile), amadurecido 7 meses em tinajas de argila? Nada disso teria valor se o vinho não fosse bom, mas é! Sem nenhum contato com madeira e com álcool imperceptível na boca, o vinho tem um frescor alucinante, que o faz lembrar um grande Beaujolais e até um Pinot noir de ótimo nível. O visual mostra um vermelho rubi com boa transparência e nenhum traço evolutivo. Os aromas são de cersjas maduras, morangos silvestres e pura pimenta preta. Toques florais são evidentes. Na boca, tem acidez cativante, bons taninos e bom equilíbrio. Um vinho diferente que, em alguns momentos, lembra chiclete de tuti-fruti! Experiência válida, principalmente para conhecer algo que foge dos padrões atuais. Nota: 91 pontos. Preço: em torno de R$ 85,00. Avalição custo-benefício ***.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cono sur bicibleta cabernet sauvignon 2011

É notório que os cabernet sauvignon chilenos atingiram um nível de qualidade tão alto, que até os exemplares mais simples, podem ser considerados no mínimo razoáveis. É o caso deste cabernet sauvignon, que tem em sua composição um pequena fração de outras cepas e que tem parte do vinho com passagem por barricas de carvalho. O visual é correto, tendo um bonito rubi-violáceo bem límpido e com transparência média. Os aromas até que tem um pouco de complexidade se destacando o cassis, em seguida as frutas vermelhas maduras com um pouco de pimenta preta. Na boca, tem corpo leve para médio, bom volume e agilidade, acidez correta e boa presença de taninos. O final é de curto para médio. É um vinho bem básico feito para o dia-a-dia, mas que tem algo mais. Em termos de comparação, pensem no Gato negro carmenere (vinho simples e correto) e coloquem este cono sur em um patamar acima. Não é encantador e não tem complexidade para enfrentar pratos mais elaborados, mas para o arroz, feijão, carne moída e salada de todo o dia, é o suficiente, ainda mais pelo seu preço (R$ 20,00). Isso mesmo, estou falando de um vinho de R$ 20,00! Querem outra comparação? Lembram daquela seleção do clube wine, em veio aquele vinho françês Auguste Bessac Lirac? Pois bem, é do mesmo nível, só que este françês custa R$ 60,00!!! Agora, se quiserem sentir aquele mentol chileno, paguem um pouquinho mais caro (R$ 34,00) no Carmem classic cabernet sauvignon. Comentei recentemente o Cono sur bicicleta Pinot noir, o qual está um nível acima do cabernet sauvignon. Nota: 86 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Para tudo !!!!! Patrocínio público para o Corinthinas ??? É brincadeira !?!?!?

Chega de ficar calado, chega de me ausentar nestas questões, não dá mais para aguentar! Primeiro foi a descição de construir um estádio para o Corinthians com dinheiro público (entendam, dinheiro meu e de vocês, dinheiro de impostos abusivos e de nenhum retorno) e agora um patrocínio milionário da Caixa para um time privado, o mesmo Corinthians! Que merda é essa? Será que é tanta coinscidência assim, o Brasil ser governado há 10 anos pelo PT, partido do Lula, corinthiano assumido e fanático? E, antes que o molusco diga "eu não sei de nada", vamos esclarecer que o mesmo foi fundamental para a escolha do Itaquerão como estádio para o Copa do mundo. Senhores leitores, independente do clube para o qual torcem e independente das preferências políticas de cada um, ponham a mão na consciência e utilizem apenas 1% da massa cinzenta cerebral para chegarem à uma simples conclusão: estamos sendo roubados! Já não basta a palhaçada do mensalão, o sistema de governo Robin-Hood, a compra indireta de votos através dos bolsas da vida, etc. e agora mais essa! Pelo amor de Deus, onde vamos chegar? Alguém tem que dar um basta nesta roubalheira! Joaquim Barbosa, nos socorra! Já o Lewandowski... Será que ele também é corinthiano?

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Altos del plata chardonnay 2010

Nesta época de calor sufocante, cresce a procura por vinhos brancos, mais propícios para esta estação. A chardonnay é uma espécie de coringa, combinando bem com diversos alimentos. E como esta chardonnay tem características diferentes, dependendo do seu terroir de origem! Este exemplar vem de Mendoza (Argentina) e teve curto estágio em barricas de carvalho, o que não é demérito, visto que mais do que qualquer outra cepa, a chardonnay tem que ter um uso extremamente racional da madeira. Coloração amarelo ouro bastante brilhante. Aromas de frutas tropicais, mel e manteiga. Boca com carência de acidez, bom corpo, boa persistência, mas final amargo que incomoda um pouco. Escoltou com razoável competência um prato de peixe grelhado. Falta neste vinho o frescor do vinho branco. Aparece demais em boca o sol escaldante de Mendoza, sendo um pouco cansativo, necessitando de comida para finalizar a garrafa. Custa em torno de R$ 31,00 e apesar de barato, acho que temos melhores opções no mercado. Poe exemplo, com R$ 24,00 temos o Miolo reserva chardonnay com a mesma qualidade, com R$ 37,00 temos o Álamos em um patamar acima e pelos mesmos R$ 31,00 temos o Tamaya com uma qualidade maior. Nota: 85 pontos. Avaliação custo-benefício **.

Valmarino Cabernet franc X 2005

Já postei sobre este vinho há 1 ano e fiquei encantado com sua qualidade naquela época. Esta segunda garrafa ficou descansando em minha adega climatizada desde então e agora resolvi beber. Foi ótimo este intervalo de 1 ano entre as duas garrafas, pois pude observar bem sua evolução. Na época da primeira degustação, lembro-me de ter dito que este vinho aguentaria mais uns 2 ou 3 anos em seu apogeu. Acho que me enganei. O vinho está muito bom, redondo e macio. Seus taninos estão polidos e seu corpo continua denso, mas já aparecem notas balsâmicas e a acidez começa à dar adeus. Ainda está ótimo para acompanhar queijos fortes e pão ao forno de lenha, mas perdeu sua vocação gastronômica para pratos mais delicados. Quem ainda tiver uma garrafa deste vinho, abra em no máximo, 1 ano ou se possível, em 6 meses. Mesmo assim, considero um feito um vinho nacional chegar à 8 anos de evolução, algo impensável 10 anos atrás. Agora, vamos ver como está o Valmarino cabernet franc XIII 2008, ainda descansando em minha adega.

Morellino Di Scansano Fattoria del Barbi 2009

Um corte toscanês de 90% sangiovese e 10% merlot, com 6 meses de amadurecimento em barricas de carvalho. Uma descepção! Com características bem parecidas à um chianti mais baratinho, mas com um preço mais salgado, este vinho se preza unicamente para escoltar um prato de massa ou carne ao molho vermelho. Sim, é apenas mediano e não merece muitos comentários. Nota: 85 pontos. Preço: em torno de R$ 60,00. Avaliação custo-benefício **.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Carmenére argentino? E bom? Este é o Grãdum carmenére 2008

Sim, vocês não leram errado, é carmenére argentino mendozino da gema e dos bons! Este ótimo vinho surpreende pela elegância e boa complexidade, além de um equilíbrio muito grande. Seu visual é belo, brilhando um vermelho rubi com transparência média e boas lágrimas. Os aromas evocam frutas vermelhas maduras, muita especiaria, herbáceo e um mineral surpreendente. Na boca, o vinho deslancha de vez: é macio, tem frescor, taninos polidos, corpo médio, grande elegância, ótimo final. Pede sempre outro gole! Os 13,5% de álcool são imperceptíveis e os 12 meses de passagem por carvalho françês estão muito bem integrados ao conjunto. Um belo exemplo de que a carmenére também dá certo fora do Chile. Um vinho para sair da mesmiçe que tomou conta do mercado ultimamente. Vai agradar a grande maioria. Nota: 92 pontos. Preço: em torno de R$ 85,00. Avaliação custo-benefício ***.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Seleções Wine: um apanhado geral. Parte II

Olá, companheiros enófilos. Vamos seguir adiante com esta revisão das seleções do clube wine. Nesta segunda parte, vamos relembrar o segundo semestre de 2011.

Julho de 2011
Lagarde Guarda 2009 e Lagarde Malbec DOC 2009.
Dois bons vinhos argentinos: um mostrando toda a tipicidade de sua principal cepa e o outro trazendo elegância e potencial de guarda num belo corte. Ótima seleção à um preço muito bom.

Agosto de 2011
Beronia Crianza 2008 e Beronia Tempranillo Elaboración Especial 2009.
Se o objetivo era mostrar o lado clássico e o lado moderno (Novo Mundo) de Rioja, até que a seleção não descepcionou, visto que os vinhos traduziram muito bem este conceito. Mas, a qualidade do Tempranillo elaboración especial ficou devendo, enquanto que o crianza mostrou o que todos já conheciam. Foi uma seleção com opiniões divididas. Eu acho que passou por um triz.

Setembro de 2011
Valpolicella Superiore Ripasso Monti Garbi 2008 e Sponsà IGT Veronese 2009.
Uma das melhores seleções até hoje! Um belo vinho de Ripasso e um tradicionalíssimo vinho do Vêneto desembarcaram com um ótimo custo-benefício. Bola muito dentro!

Outubro de 2011
Artefacto Reserva 2010 e Artefacto Syrah Colheita Seleccionada 2010.
Vinhos super-maduros e super-concentrados, que não fazem juz ao valor cobrado. Bom para quem gosta de banho de madeira e compota de doces. Para mim, não agradou.

Novembro de 2011
Newen Pinot Noir Reserve 2010 e Newen Malbec Reserve 2010.
Gostosinhos, balanceadinhos, bonitinhos, mas não trouxeram nada de novo, nem no preço. Honesto, mas sem graça. Passou na casca.

Dezembro de 2011
Maycas Reserva Syrah 2009 e Maycas Reserva Especial Cabernet Sauvignon 2007.
Nada como encerrar o ano com chave de ouro, não é wine? Depois de duas seleções duvidosas, eis que aparece o coringa da wine. Uma bela seleção com o que o Limari tem de melhor: Maycas. Como criticar esta seleção? Que venham mais destas!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cono Sur "Bicicleta" Pinot noir 2010

Amigo enófilo, o quê é um vinho para o dia-a-dia? A minha resposta é: vinho para o dia-a-dia é um vinho gostoso, que gera um mínimo de prazer degustativo, tem vocação gastronômica, não é enjoativo e tem preço atraente. Mas, o quê seria preço atraente? É o que cabe no bolso de cada um! Calculando que se consuma duas garrafas de vinho por semana para o dia-a-dia, cada um veja o que pretende gastar por mês para este consumo gostoso e benéfico diário. Iniciei o post desta maneira, porquê este vinho chega quase a perfeição para o nosso dia-a-dia. É gostoso, gastronômico, versátil, leve e barato! Elaborado à partir de uvas 100% Pinot noir do Vale central chileno, mostra uma boa tipicidade da cepa aliado à um ótimo preço. Visual rubi brilhante, com boa transparência e sem traços de evolução. Aromas simples, mas típicos da casta, se destacando morangos e frutas vermelhas frescas. Boca bastante macia e aveludada, com boa acidez e taninos discretos. Servido numa temperatura um pouco mais baixa que o habitual, é bastante fresco e leve, se tornando facílimo de beber neste nosso calor sufocante. É tacada certa para agradar gregos e troianos e um verdadeiro coringa na harmonização. Nota: 87 pontos. Preço: R$ 20,00. Avaliação custo-benefício ****.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Seleções Wine: um apanhado geral. Parte I

Há tempos, venho recebendo comentários sobre o clube: dúvidas, custo-benefício, valores, etc. Sou assinante do clube wine há 2 anos e desde então não perdi nenhuma seleção. O que tenho conversado com colegas do ramo e outros assinantes do clube wine levam à uma mesma conclusão: ninguém tem dúvidas sobre o bom benefício médio das seleções, mas as mesmas têm variado muito. Então, resolvi fazer um apanhado geral das seleçòes do clube wine nos últimos 2 anos. Como o tema é muito extenso, decidi dividir em partes. Hoje, solto a parte I, que abrange o primeiro semestre de 2011:

Janeiro de 2011
Canepa Gran Reserva Finísimo Cabernet Sauvignon 2008 e Canepa Gran Reserva Finísimo Sauvignon Blanc 2010.
Boa seleção. Traz dois vinhos muito competentes e de boa tipicidade. O sauvignon blanc é um pouco superior tecnicamente, mas o cabernet sauvignon também é muito agradável.

Fevereiro de 2011
Las Perdices Viognier 2010 e Las Perdices Malbec 2009.
Escorregão do clube wine! Não dá para dizer que os vinhos são ruíns, mas são bem comuns. O malbec até que passa bem, mas o viognier foi um pouco descepcionante.

Março de 2011
Merlot Terroir 2008, Miolo Lote 43 Cabernet Merlot e Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2005.
Baita seleção do clube wine, com um custo-benefício incrível. Dois ícones nacionais e um outro bom vinho fazem desta única seleção brazuca, um marco do clube. Bola dentro!

Abril de 2011
Quinta do Alqueve Tradicional 2007, Quinta do Alqueve 2 Worlds Reserva 2004 e Quinta de São João DOC 2004.
Outra bela seleção, com bons vinhos do Tejo. O tradicional faz muito bem sua lição de casa, o 2 worlds é um ótimo vinho e o Quinta de São joão se aproxima de um ícone português. Muito bom custo-benefício da selção.

Maio de 2011
Atrium Merlot 2009 e Atrium Cabernet Sauvignon 2007.
Derrapadinha do clube wine. São vinhos bastante corretos, mas sem pretenções maiores. Não trouxeram nada de novo e não deixaram muitas saudades, apesar do merlot ser bem bacaninha, mas é só isso.

Junho de 2011
Escudo Rojo Tinto.
O vinho até que é bom, tem boa tipicidade e é difícil de não gostar. Chegou à custar até R$ 79,00 em outra importadora e agora chega para nós por R$ 50,00, valor que considero honesto para o mercado brasileiro. Mas, quatro garrafas do mesmo vinho!!!!!! Até o maior fã do escudo vermelho ficou verde de raiva!

Semana que vem, volto com a parte II. Abraços.

Carlos Reynolds Colheita 2009

Este foi um dos vinhos do mês de agosto de 2012 do clube wine. É um degrau abaixo do outro vinho da seleção, o Julian Reynolds reserva, mas também se mostra bem atraente. Elaborado à partir de aragonês (40%) trincadeira (40%) alicante bouschet (20%) , com 8 meses de estágio em grandes tonéis de carvalho francês de 15000 litros, este vinho esbanja elegância e difere completamente dos demais exemplares do alentejo. Visual vermelho púrprura com discreto halo aquoso e quase nenhuma distinção entre borda e olho denotam um vinho ainda jovem. Aromas de pequenos frutos negros como amoras pretas e framboesas, muita evidência de lavanda e especiaria notória, principalmente a pimenta branca. A madeira é imperceptível no nariz e muito menos na boca, onde o vinho exibe grande acidez, taninos vigorosos e corpo leve, tudo isto deixando o vinho com grande potencial gastronômico para cortes de aves cozidas lentamente em fogo baixo, risoto de frango, massa com molho ao sugo ou bolonhesa e até mesmo pizza de calabreza. Tem como pontos fortes a elegância, a exuberância aromática e o potencial gastronômico. Tem como pontos fracos o corpo leve demais, o álcool um pouco aparente e o preço um pouco acima da média. No todo, é legal! Nota: 89 pontos. Preço: R$ 50,00. Avaliação custo-benefício ***.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Viñedo de los Vientos Catarsis 2011

Vinho elaborado com 70% cabernet sauvignon e 30% Tannat com uvas da região de Atlântida (Canelones), no Uruguai. Com 8 meses de estágio em barricas de carvalho francês, este vinho tem como grande finalidade escoltar um churrasco. Como unha e carne, nascidos um para o outro, este vinho parece se misturar na gordura e no sangue de uma suculenta picanha. Não tem nada de diferente, não causa nenhum impacto, mas cumpre sua missão. Visual com coloração vermelho escuro, sem evolução. Manchas densas na taça denotam boa concentração. Lágrimas grossas escorrem vagarosamente pela taça. Aromas de pequenos frutos negros e algo de tabaco. Na boca, mostra boa estrutura e taninos bons de briga. Tem boa acidez e final médio. Precisa de carne para ser bebido. Nota: 89 pontos. Preço: em torno de R$ 50,00. Avaliação custo-benefício ***.

Dancing Bull Zinfandel 2010

Vinho do mês de outubro do clube wine. Proveniente da região de Sonoma (califórnia), elaborado com uvas 100% zinfandel e estágio de 3 meses em barricas de carvalho francês. É o típico vinho americano: correto, pouquíssimas arestas, fácil de agradar, descomplicado, feito para uso imediato. Mais americano que isso, só hamburger com batatas fritas! É o que o povo americano gosta, algo fácil, prático e honesto. Coloração rubi-violáceo com transparência média, lágrimas médias e algumas manchas na taça. Aromas descomplicados de frutas vermelhas maduras e madeira discreta e bem integrada. Boca com boa sedosidade, taninos polidos, acidez correta, médio corpo e razoável final. Com quase nenhum defeito, tem o álcool que incomoda um pouquinho de vez em quando. Corretíssimo, se este vinho custasse R$ 30,00, seria o sonho de consumo para o dia-a-dia, pois tem boa vocação gastronômica para nossos cortes de carne vermelha. Esta vinho não pode ser criticado por sua qualidade, mas fica uma ponta de decepção por não trazer nada de novo, porquê ele é elaborado para fazer o B-A-BA bem feito e consegue. Nota: 88 pontos. Preço: em torno de R$ 64,00. Avaliação custo-benefício **.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vinhos ruíns: devemos criticá-los?

Olá, amigos enoblogs! Hoje, coloco em pauta mais um tema controverso em meu blog e gostaria da opiniâo de vocês. De tempos para cá, iniciou-se uma verdadeira guerra entre blogs com propaganda e blogs independentes, livres de qualquer propaganda. O que vimos neste últimos meses foram ataques de ambos os lados, com os blogs independentes questionando a veracidade dos comentários dos blogs patrocinados e os blogs patrocinados revidando, alegando que possuem mais "ibope" que os "bloguinhos" independentes e que não fazem críticas aos vinhos ruíns, simplesmente porquê não querem perder tempo com estes vinhos. Ok, o quê penso eu? Acho que esta guerra é uma bobagem e que o caminho é a união entre os blogs e não os ataques. Fiquem tranquilos, não vou dar uma de político e ficar em cima do muro! Em relação aos blogs patrocinados, não vejo problema nenhum em receberem um benefício para divulgação de um produto. Quero deixar bem claro à todos que o meu blog não tem propaganda, porquê foi uma opção minha, visto que já recebi algumas propostas em dinheiro e garrafas de vinho para simplesmente fazer bons comentários. Optei por não aceitar tal "propina", porquê o meu blog é uma diversão pessoal, que faz parte do meu lazer. Além disso, não sou profissional da área para assumir tal responsabilidade e tão pouco cara-de-pau para elogiar um vinho razoável em troca de propina. Mas, voltando ao assunto principal, acho que os blogs patrocinados têm que tomar uma conduta mais ativa, deixando de apenas fazer bons comentários aos bons vinhos. A crítica é uma arma poderosa, se não for ofensiva e for construtiva! Se o vinho é ruím ou não vale o que custa, tem que ser criticado sim!!!! Pois, se isso não for feito, como teremos parâmetro para avaliação? Vale lembrar que a omissão é muito mais grave do que uma crítica. Ora, se tal blog só comenta vinhos bons, onde estão os ruíns? Aí sim, gera suspeitas de charlatanismo. Pessoal, é simples: se o vinho é bom e vale o quanto custa, falemos bem dele, pois todos se darão bem com isto, mas se o vinho não é bom ou não vale o quanto custa, falemos a verdade, coloquemos nossas impressões, pois é com esta crítica que melhorias ocorrerão e menos trouxas seremos. Agora, omitir comentários ruíns para não "queimar o filme" com a importadora e dizer que não perde tempo com vinhos ruíns é quase que ofender a inteligência humana do pobre do leitor. Não vou citar nomes por questão de ética, mas gostaria de dizer que existem muitos ótimos blogs que eu acompanho e que tomam esta conduta omissa, o que é uma pena, porquê são escritos por pessoas de alto nível cultural e que possuem grande conhecimento na área. Estes blogs poderiam estar prestando um serviço muito melhor do que já os fazem! Caros amigos, não fiquem chateados com estes comentários, pois apenas estou expressando minha sincera opinião. Que isto sirva para melhorar o nosso universo enblogs. Abraços!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Hereu 2008

Arnaud Hereu é o enólogo responsável pelos vinhos da Odfjell, onde ganhou grande experiência com a uva Carignan e o Vale do Maule. Este vinho é uma produção independente e é elaborado à partir de uma mescla de carignan, syrah e malbec, com uvas do vales do Maule, Colchágua e Maipo. Passa 12 meses por barricas de carvalho. Tem visual vermelho rubi belíssimo e empolgante com muita limpidez e brilho. Os aromas são de frutas vermelhas maduras, especiarias, mentol e violetas. O álcool se faz presente, mas não chega à incomodar. A madeira é imperceptível. Com bom corpo, o vinho tem bom ataque na boca, onde mostra uma cativante acidez e taninos bons de briga. Termina com final agradável e fica um gosto de quero mais. Bastante equilibrado e ao mesmo tempo rústico, é um vinho mais ao estilo Velho Mundo, mas com um inconfundível mentol chileno. Elegância e profundidade que o aproximam do tão badalado Erasmo, mas com um custo menor. Experimentem, vale a pena. Nota: 91 pontos. Preço: R$ 59,00. Avaliação custo-benefício ***.

Aliwen sauvignon blanc 2009

A vinícola Undurraga é uma das mais tradicionais do Chile e ultimamente vem trazendo ao público uma nova tendência de mercado, consagrada por Marcelo Retamal (De Martino), os chamados "vinhos de terroir". Esta linha nova e especial ganha o nome de TH (terroir hunter), mas o que venho falar hoje, é de um vinho de uma linha mais modesta, que privilegia o custo-benefício: Aliwen. Este Aliwen sauvignon blanc é elaborado com 100% sauvignon blanc, sendo 70% das uvas do Vale do Curicó e 30% das uvas do Vale do Leyda. Vejamos bem, estamos falando de um vinho da safra 2009 (hemisfério sul, com colheita em março de 2009), que não passa por madeira e amadurece pouco tempo em tubas de aço inox. Resumindo, foi engarrafado no máximo, em junho de 2009, tendo portanto no mínimo, 3 anos de garrafa, muito para um sauvignon blanc. Vamos à análise: o visual já não apresenta mais aquele amarelo-palha claro com reflexos verdeais, característicos da sauvignon blanc; em seu lugar entrou um amarelo-palha mais escuro com reflexos dourados. Os aromas não são tão pungentes, mas apresentam fácil descrição de frutas brancas (pêras e mças verdes), com toque cítrico. Quem procurar por grama cortada, aspargos ou cítrico envolvente não vai encontrar, porquê já é um vinho com certo grau de evolução. Mas, o vinho que é discreto e simples no nariz, engrandece na boca. A evolução fez muito bem ao vinho, dando-lhe corpo e sedosidade, mantendo boa acidez e frescor. Este bom corpo o transforma num vinho mais propício para pratos de frutos do mar, como camarões rosa grelhados, diferente do que ocorre com vinhos de sauvignon blanc mais jovens e ácidos, que são mais propícios para entradas, ostras e queijo de cabra. Sem dúvida, é boa pedida para quem gosta de gastronomia e é um apaixonado por frutos do mar, como eu. Só oriento beber logo este vinho, pois não acredito que possa aguentar mais que 8 ou 12 meses sem que perca totalmente o frescor. Nota: 90 pontos. Preço: R$ 34,00. Avaliação custo-benefício ***.

domingo, 28 de outubro de 2012

Quinta da Fronteira Grande Escolha 2008

Peço um momento da atenção de vocês, este vinho é coisa séria! Talvez não seja a oitava maravilha do mundo, nem o melhor vinho de Portugal, mas é algo diferenciado. Vamos do começo: ao abrir a garrafa e beber o primeiro gole, veio-me à cabeça: cometi outro infanticídio! Mero engano, dê tempo ao tempo, nem que seja por frágeis minutos e num toque de mágica, o coelho começa à sair da cartola. Sim, este vinho precisa de tempo para se mostrar, talvez alguns anos, mas se alguém quiser bebê-lo agora, faça uma breve decantação para poder apreciá-lo dignamente. O visual é bastante jovial, com um rubi púrpura com reflexos violáceos. Aromas extremamente complexos, evocando frutas vermelhas maduras e negras, com especiarias doces, tabaco e ervas. Nem tudo é sentido ao primeiro momento, sendo que a madeira atrapalha um pouco, mas com um curto tempo na taça, o vinho se abre para um belo buquê. Na boca, entra de forma incisiva, com taninos ainda robustos, acidez presente, grande corpo e final incrivelmente longo. Sem dúvida, é um vinho de guarda, que vai se apresentar estupendo em 4 ou 5 anos. No atual estágio de evolução, se encontra agradável para beber e com grande força, solicitando comidas de temperos fortes. Recebeu nada menos que 95 pontos da Wine & Spirits, pontuação algo exagerada. Nota: 92+ pontos. Preço: em torno de R$ 180,00. Avaliação custo-benefício ***.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Newen Syrah 2010

A syrah é uma cepa nativa da França e tem seus grandes ícones no Rhône norte, mas também se adaptou muito bem em outros países do mundo, sendo que teve resultados expressivos na Austrália, Chile e África do Sul. Agora, começa à mostrar bons resultados em Portugal e na Sicília. Na Argentina, dá origem à bons vinhos em San Juan e Mendoza, mas agora começa à despontar em regiôes mais frias, como a Patagônia, o que mostra a versatilidade e grande capacidade de adaptação desta maravilhosa uva, a qual se dá bem em quase todos os terrenos e climas, gerando vinhos completamente diferentes dependendo do local onde é cultivada. Este vinho que apresento hoje, é um exemplo de syrah de clima frio, onde revela seu lado mais fresco e herbáceo, gerando um vinho para consumo em dias quentes. Visual vermelho rubi translúcido e límpido, com lágrimas delicadas. Aromas de frutas vermelhas frescas, leve especiaria, discreto herbáceo e algo da tosta da madeira (4 meses em barricas de carvalho). Corpo leve, frescor vivo, boa acidez, taninos presentes e soltos, final curto. Um vinho tinto para o verão, uma boa opção para quem não quer encarar um vinho branco. Tem pouca complexidade, mas tem personalidade e não perde a tipicidade. Não é um grande vinho, mas é melhor que muito Pinot noir ralo e frutado que existe por aí. Nota: 87 pontos. Preço: R$ 41,00. Avaliação custo-benefício ***.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Acabou Avenida Brasil: Qual vinho que o Tufão servia em sua mesa de jantar?

Depois de mais de 170 capítulos, enfim termina a novela das 21:00h da Rede Globo de televisão. Avenida Brasil não foi a melhor das novelas, mas ficará marcada como um dos maiores sucessos de audiência de todos os tempos da televisão brasileira. A história de vingança entre duas mulheres, tendo como pano de fundo o cotidiano de um bairro de subúrbio do Rio de Janeiro, cativou o público e expôs o estilo de vida, muitas vezes exagerado, da população da periferia das grandes cidades. Com grandes interpretações, algumas exageradas, direção ao estilo cinematográfico e final trágico, a novela mostrou, entre outras coisas, situações pouco comuns até então, como o hábito de Tufão sempre beber vinho nas refeições. Mas, que vinho Tufão bebia? Aí que está! Se alguém souber de algum vinho que tenha sido utilizado na novela, por favor façam o comentário. A verdade é que NINGUÉM aproveitou os altos índices de audiência para fazer uma baita propaganda, nam mesmo a gigante Miolo. Será que custa tão caro assim? Ou será que ninguém percebeu que um "'idolo"como o Tufão bebendo vinho no cotidiano, talvez pudesse alavancar as vendas deste produto em terra brasilis? Para finalizar, alguém pode me responder: se o Adauto era analfabeto, como é que ele cursou internato (colégio interno), onde ganhou o apelido de chupetinha?

Domaine de l’Ouby 2009

Vinho 100% Gamay, da região de Beaujolais, com maceração semi-carbônica. Vinho simples, com visual rubi claro e lágrimas delicadas. Aromas simples com predomínio de frutas vermelhas frescas. Boca suave e delicada, acidez correta, taninos quase zero e final curto. Esperava mais deste gamay, mas o vinho não me emocionou. Muito simples! Por este preço (R$ 76,00), encontra-se vinhos muito melhores. Entra para a lista dos micos. Nota 85 pontos. Avaliação custo-benefício *.

Mini-post: Antiguas Reserva Merlot 2008. Pessoal, este vinho é muito bom!

Não quero chover no molhado, nem repetir frases que eu já disse, mas vou novamente comentar: o Antiguas reserva merlot 2008 é um vinho que vale mais do que custa! Está redondo, aromático, delicado e sedoso. Tem complexidade maior do que seu preço e tem estrutura para evoluir mais uns 2 anos em garrafa. Varia muito de preço, sendo que no Spani Atacadista em Guaratinguetá, custa R$ 36,00. Por este preço, é barganha!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

De Angeles Malbec 2008

Comprei este vinho na Lo de Joaquin Alberdi, em Pallermo (Argentina), sem nunca ter ouvido falar. Foi indicação da vendedora da loja, pois solicitei vinhos menos conhecidos e com personalidade. Bingo! Grande indicação! Com uma pequena produção de apenas 12000 garrafas e sem passagem por madeira, esta vinho se destaca dos outros Malbecs argentinos por ter uma explosão de frutas na boca, boa maturidade, bom frescor e tudo sem se tornar cansativo. Coloração rubi púrpura, com reflexos violáceos, boas manchas nataça. Aromas predominantes de frutas vermelhas em compota, com muita especiaria e algo floral. Na boca, é volumoso, carnudo, tem boa acidez, taninos firmes, ótimo retrogosto e bom final. é bastante balanceado, mesmo o álcool que não incomoda. Um belo Malbec, que está entre os melhores que já bebi da Argentina. Não me lembro o quanto paguei, mas não foi caro. Nota: 91 pontos. Quando forem para a Argentina, fujam daqueles vinhos tradicionais e bem conhecidos. Não tenham  medo de experimentar produtos novos e desconhecidos, pois aí que estão reservadas as melhores surpresas.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Outback steakhouse: vale a pena?

Olá enogastrônomos da vida, este post é para vocês! Este fim-de-semana, fui conhecer o Outback de São José dos Campos, próximo à megalópole de Guaratinguetá. Já tentei ir duas vezes ao Outback em São Paulo (um pequeno município, quase desconhecido, próximo de Itaquaquecetuba), mas bati com a cara na porta: na última tentativa, tinham apenas 81 mesas na minha frente. Obviamente, ir ao Outback acabou virando obcessão, pois a dúvida era permanente: será que era tão bom assim, à ponto de estar sempre lotado? Será que vale a pena esperar para poder usufruir de sua estrutura? Pois bem, desta vez tudo foi mais fácil, apenas 28 mesas na nossa frente e após 50 minutos de espera, adentramos ao templo sagrado australiano. Fomos posicionados em uma mesa em frente ao banheiro, aff... Garçon, tire-nos daqui, pelo amor de Deus! Após 10 minutos, estávamos posicionados em outra mesa em outro local estratégico: próximo à entrada, aff... Deixa prá lá! Garçon, dê-me o cardápio, por favor! Eis que vem o menu dos Deuses, ligeiramente engordurado e confeccionado em um papel grosso, mas verdade seja dita: combinava muito bem com a mesa, também ligeiramente engordurada. E por falar em mesa, onde estão as toalhas? Ué, nem jogo americano? Sorry, my friend! Você está na Austrália, aqui é a terra do Crocodilo dundee, onde habitam os homens robustos e arborígenas, eh,eh,eh! Ok boy, mas a faca que vem é bem bacana, daquelas de cortar um boi pela metade, mas cadê o boi? Deixa prá lá! Amor, vamos beber algo? Garçon, traga-me um chopp! Oh, yes! Estupidamente gelado, naquele canecão, uau! Porra, não me avisaram que custa R$ 8,45 !!! Puta merda, cinco chopps e eu pago quase R$ 45,00 ??? É melhor um vinho, não é? E não é que o vinho é honesto? Sim, os caras não exploram no preço do vinho, a carta é enxuta, mas correta e o serviço é muito bem feito. Para harmonizar com uma ótima costela de porco ao molho barbecue com batatas, solicitei meia garrafa do Portillo malbec e para meu espanto, meia garrafa custa exatamente metade do preço de uma garrafa inteira. Bingo, ponto para o Outback, finalmente alguém que não quer levar vantagem nisto! Calma aí galera, os caras já tiram muita vantagem no chopp. Mas, para quê chopp? Meu, peça aquela famosa cebola gigantesca enpanada, servida com molho apimentado e você entenderá que sua língua clama por algo molhado e gelado! Os caras são gênios!!! E, por falar na cebola, que decepção... Mole, engordurada e excessivamente picante, nem de longe, vale os R$ 30,00 pagos por ela. Garçon, la cuenta por favor! What? Senhor, este é o valor da sua conta, sendo que o serviço de garçon não está incluso. O senhor gostaria de adicionar este serviço à conta? É claro, meu jovem. Pedindo com tanta educação assim, é impossível fazer tal recusa! Mas, espera aí! Aqui não é a terra do crocodilo dundee? Oh, my god! Chama a polícia!

Hartenberg Pinotage 2010

Este vinho veio através do clube wine e somente agora pude degustá-lo. É um 100% Pinotage (uva originária do cruzamento da Pinot noir com a Cinsault), da região de Stellenbosch, na África do Sul. Amadureceu 23 meses em carvalho francês (50% novos), segundo o site da wine. Se isso for verdade, conseguiram uma proeza, porquê a madeira é quase imperceptível e muito bem integrada ao conjunto. Outro aspecto é o preço: um vinho sul-africano (não é dos mais baratos) com tamanho tempo em barricas de carvalho custando próximo de R$ 50,00 é inédito no Brasil! Vamos ao vinho: coloraçào rubi-granada com reflexos violáceos, sinais de amadurecimento e boas manchas na taça. Aromas que lembram muito o terroir sul-africano: terroso e tabaco, fruta vermelha madura, especiarias doces como o cravo e a canela. Sente-se uma discreto floral oriundo da Pinot noir. Na boca, apresenta-se com corpo médio, bons taninos, ótima acidez, boa persistência. Tem boa tipicidade, tanto de cepa como de terroir, é bastante aromático, não se esconde, tem bom corpo, tem boa vocação gastronômica para carnes vermelhas e não custa caro. Ótima opção para se conhecer um bom pinotage sul-africano sem gastar muito. Nota: 90 pontos. Preço: R$ 51,00. avaliação custo-benefício ***.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Parkerização, vinhos de garagem, vinhos de autor, vinhos de terroir. O quê é isso? O quê estão fazendo com os vinhos?

De alguns anos para cá, vários termos foram surgindo para explicar alguns fenômenos recentes na fabricação dos vinhos. Mas, o quê significam estes termos? O quê isto tem a ver com a qualidade do produto final? Tudo começou com um cidadão chamado Robert Parker, o qual começou à escrever sobre suas impressões sobre os vinhos degustados por ele próprio. Criou um interessante sistema de pontuação e começou à publicar suas notas em uma revista, que viria à ser conhecida como Wine Advocate. O sistema de pontuação agradou em cheio o público norte-americano, acostumado com a praticidade e que ficava meio confuso na hora de escolher um vinho. A idéia foi boa, mas dois problemas ocorreram:
1) As avaliações eram feitas e as notas eram dadas segundo o gosto pessoal de Robert Parker, o que gerou uma espécie de "personificação" do vinho;
2) O fenômeno Parker foi tão grande, que vinhos com boa nota se esgotavam rapidamente e vinhos com baixa nota ficavam parados por meses nas prateleiras dos supermercados.
Ora, quem quer produzir um vinho para não ser vendido? Qual foi o resultado? Elaborar vinhos que correpondessem ao gosto de Parker, o qual pontuaria bem estes vinhos e estes seriam vendidos com maior facilidade, tamanha a influência que Parker tinha sobre a decisão de compra do consumidor final. Isto foi o que chamamos de Parkerização do vinho. Como esta Parkerização começou à dar resultados satisfatórios, o mundo inteiro começou à fazer igual, gerando uma mesmiçe conhecida como generalização do vinho, ou seja, os vinhos passaram à ser todos mais ou menos iguais. Mas, após alguns anos de Parkerização e generalização, alguns enólogos se desvincularam de suas vinícolas e passaram à produzir vinhos próprios, com personalidade própria, sem obrigação de fazerem vinhos comerciais e que atendessem ao gosto do público em geral. Esta liberdade de produção criou vinhos únicos, que traduzem de forma mais minuciosa e fiel o que o enólogo pensa. Surgiram então os chamados "vinhos de autor". Claro, a novidade agradou em cheio um público mais seleto, que busca algo mais do que simplesmente beber vinho. E, como este público tem mais "generosidade" na hora da compra, os "vinhos de autor" também ganharam preços mais salgados. No embalo do sucesso destes "vinhos de autor", alguns pequenos produtores (pequenos mesmo), passaram à divulgar mais seus vinhos de minúscula produção, alguns bastante raros (nem sempre com boa qualidade) e surgiram os "vinhos de garagem". Ora, por quê não também ganhar um "dim-dim"? Se o ciclano da esquina faz um vinho alí e cobra caro, por quê eu não posso ganhar um pouco mais no meu aqui? E, por último, parece que o mundo está meio que desgastado com a mesmiçe e também não está disposto à pagar caro por vinhos personalizados e de minúculas produções, que enfim veio outro conceito: vamos fazer algo diferente do quê estão fazendo todos? Como assim? Simples, vamos dar valor ao terroir, porquê não existem dois terroirs iguais, assim cada vinho é único, desde que respeitado o seu terroir. Surgiram os "vinhos de terroir". Genial, brilhante!!! Opa, mas não era exatamente isso o que faziam antes de Parker??? Como vocês podem ver, meus amigos, o universo vinícola é igual o mundo da moda: um eterno vai-e-volta de estilos. Surpresos? Eu não! Bye!

Um AOC Saumur Champigny por R$ 54,00: Domaine La Bonnelière Cuvée Symphonie 2009

Fosse eu falar isto anos atrás e seria tratado como mentiroso: um AOC Saumur Champigny por R$ 54,00 e bom, muito bom! Proveniente do Vale do Loire, com uvas 100% cabernet franc, este vinho expressa muito bem a delicadeza deste distinto terroir francês. Nada de hiper-concentração, nada de hiper-maturidade, nada de banho de madeira, nada de enjoativo! Este vinho trás apenas o quê a França faz de melhor e o resto do mundo (ou boa parte dele) está esquecendo: tipicidade de terroir. Aqui, quem manda é o terreno em que a vinha foi plantada, não interessando a cepa. O que vai sempre predominar é o terroir! E é impressionante como os vinhos do Vale do Loire expressam exatamente a mesma característica dócil e alegre dos seus castelos e jardins. Aja frescor, aja floral, aja alegria. A coloraçào é rubi brilhante com muita transparência, o que pode transmitir a idéia de ser um vinho "ralo", mas não se deixe enganar. Os aromas são característicos da cepa, com muita fruta vermelha fresca, herbáceo facilmente identificável, delicado floral e muita mineralidade. Bastante aromático, não se esconde e dá vontade de não para de cheirar. Na boca, mostra um corpo médio, taninos presentes e ainda por evoluir, acidez marcante e boa para comida, retrogosto sutil e ótimo final. Um protótipo de cabernet franc do Loire! Aliás, bem diferente dos potentes cabernet franc do Novo Mundo. Um vinho para pessoas sensíveis, que apreciam a delicadeza de um bom vinho. Harmonizou muito bem com um fettuccine com frutos do mar. Nota: 90 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Valmarino & Churchill espulmante extra-brut 2009

Uma das coisas que mais me alegra quando abro uma garrafa de vinho é me surpreender com a qualidade deste vinho, quando muito superior ao seu preço. E, quando isto ocorre com uma garrafa de vinho nacional, vivo um momento de êxtase. No caso deste espulmante, uma associação entre Valmarino & Churchill, não foi exatamente uma surpresa, visto que este vinho é muito bem comentado entre especialistas e enoblogs e a qualidade dos nossos ótimos espulmantes nacionais não é novidade. Mas, é sempre prazeroso e emocionante quando bebemos um belo produto brazuca. Elaborado à partir de 90% Chardonnay e 10% Pinot noir, com uvas dos vinhedos da Valmarino, em Pinto Bandeira, feito pelo método tradicional (segunda fermentação em garrafa) e safrado de 2009 (sim, isto existe no Brasil!), com 4 meses de amadurecimento em barricas de carvalho. Costumo dizer que um vinho tinto é 10% visual, 30% olfato e 60% gustação. No caso dos espulmantes, o visual responde por 30%, sobrando 30% para o nariz e 40% para a boca. Digo isto, porquê o vinho espulmante é sinônimo de festa e é o único que produz aquelas bolhinhas maravilhosas e encantadoras, portanto o aspecto visual é muito importante no vinho espulmante. E o aspecto visual deste vinho é quase perfeito: amarelo dourado com leves reflexos verdeais, muita limpideze um perlage finíssimo e duradouro. No nariz, traz boa complexidade, mostrando frutas cítricas, mel e pão tostado, lembrando algo de manteiga. Na boca, tem bom corpo e ótima cremosidade, o que o transforma num belo vinho gastronômico para comidas mais refinadas. Tem boa acidez e é seco em boca. Peca naquilo em que eu costumo lamentar nos espulmantes nacionais: tem um armargor final que incomoda um pouco. Com 12% de álcool, este passa imperceptível pela boca. Sem dúvida, um dos melhores espulmantes nacionais e perfeitamente apto para competir com muitos Champagne não safrados, Cavas e Franciacortas com pouca ou nenhuma procedência. Nota: 91 pontos. Preço: R$ 46,00. Avaliação custo-benefício ****.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Marquês de Casa Concha Cabernet sauvignon 2009. É tudo isso?

Um verdadeiro clássico! Mais do quê um vinho, um dos primeiros expoentes da nova vitivinicultura chilena. Um vinho que ajudou à abrir as portas do mundo para os vinhos chilenos. Mas, será que é tudo isso? Será que continua com este gás todo? Será que ainda pode ser chamado de ícone? Será que a fama é maior do que a qualidade? Na minha opinião, o Marquês de Casa Concha Cabernet sauvignon continua sendo um bom vinho, com bastante tipicidade, boa concentração e um razoável potencial de guarda, mas a verdade é que a distância entre este bom vinho e milhares de exemplares com preço três vezes menor, diminuiu muito. Não porquê caiu a qualidade do Marquês, mas os vinhos mais baratos melhoraram muito! É duro adimitir, eu que sou fã deste vinho, mas ele não vale mais os cerca de R$ 75,00 investidos. Já conseguimos encontrar muitos outros exemplares chilenos de igual qualidade por quase metade do preço. Ou vinhos 1 ou 2 pontos abaixo, por um terço do valor. Basta dar como exemplo outros vinhos mais baratos da própria Concha & Toro, como o Casillero Syrah e o Casillero Malbec. Nota: 89 pontos. Avaliação custo-benefício **.

Degustação "volta ao mundo".

Mais uma degustaçào conduzida por Marcos Dourado (Adega Cunha), em Guaratinguetá. O tema proposto foi "terroir do mundo", ou seja, trazer vinhos que caracterizam o terroir de origem. Os vinhos degustados foram:
Valmarino Brut Churchill – Brasil : O primeiro vinho degustado e a melhor impressão da noite. Corpulento, fresco, boa complexidade. Um espulmante que traduz perfeitamente o enorme potencial brasileiro para este tipo de vinho. Bola dentro.
Artero Tempranillo: Um leve e solto tempranillo espanhol, sem excessos de maturidade ou madeira. Vale os R$ 42,00.
Fatoria Basciano Rufina: Gostoso chianti, com bastante personalidade e tipicidade. O problema é que nesta faixa de preço (R$ 65,00), tem uma enormidade de concorrentes. Bola dentro.
Masi  Tupungato – Malbec-Corvina: O mico da noite, não porquê seja ruím, aliás, é um vinho gostoso, mas o objetivo da degustação era o de exemplificar as características da região e este vinho feito com uma parcela de corvina e através do método ripasso, não tem nada à ver com Argentina. Bola fora.
Terra Noble Carmenere Reserva Terroir: Vinho chileno mais típico do que este é impossível. Pimentão, herbáceo, chocolate, boa concentração. Só falha no preço: R$ 64,00. Por este valor, encontramos vinhos melhores.
Tupu de Santa Cruz Edicion Limitada: Sem dúvida, o melhor tinto da noite. Complexo, imponente e com longa vida pela frente. De novo, o problema foi o preço: R$ 145,00.
Até a próxima!