O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Santa Inês Cabernet sauvignon reserva 2005

Se havia alguma dúvida da minha parte de que um cabernet sauvignon do Maipo, feito com um mínimo de cuidado, poderia envelhecer por alguns anos, hoje já não existe mais. Após beber alguns bons exemplares de cabernet sauvignon do Vale do Maipo, que já tinham bons anos de vida e aprová-los, eis que agora tive a oportunidade de beber um cabernet sauvignon mediano da safra de 2005 e constatar que, quando se tem um mínimo de destreza para a produção do vinho, ele suporta bem na garrafa por 7 ou 8 anos. É claro que conta também o bom amarzenamento do vinho, rsss... Este é um 100% cabernet sauvignon com 12 meses de passagem por barricas novas de carvalho francês. Então, somou-se uma ótima matéria-prima com um bom esmero na produção, tendo como resultado um vinho agradável e de resistência em garrafa. Vejam bem, não estou falando de um ícone de preço estratosférico, mas sim de um vinho de R$ 48,00, comprado em promoção à R$ 24,00! A idéia foi a seguinte: se estivesse envelhecido, teria perdido pouco dinheiro, mas quis o destino que esta garrafa estivesse ótima. A coloração vermelho granada mostra a avolução. Os aromas predominantes de fruta negra, chocolate e cassis agradam em cheio. Bom corpo, acidez ainda viva, taninos emoldurados pelo tempo, final médio para longo, criam um bom conjunto e deixam o vinho bastante fácil de beber. O tempo também se encarregou de "domar" o álcool e integrar a madeira à fruta. Boa experiência enológica, mas é claro que esta felicidade não se encontra em 100% dos casos. Aqui vai meu recado: não tenham medo de comprar vinhos mais baratos (em promoção) de safras mais antigas, principalmente se for algo conhecido e de bons resultados. Nota: 88 pontos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Valdivieso Éclat 2006

Compre um belo vinho no Free Shop, guarde-o por 2 anos e abra-o num almoço de domingo. Resultado: um vinho multíssimo redondo e... uma rolha seca que quebra na abertura. Não é a primeira vez que isto ocorre com um vinho trazido do Free Shop, o quê sugere um armazenamento ruím, com garrafas em pé e tudo mais. Amigos, vamos ao vinho: corte de Carignan e Syrah, da região do Maule (Chile), com 12 meses de passagem por barricas de carvalho. Coloração rubí, com leves traços de evolução vistos em seu belo halo aquoso e borda discretamente alaranjada. Já bebi este vinho bem mais jovem e posso dizer que sua coloração mudou radicalmente com sua evolução. Aromas muito apreciáveis de cinzas e grafite (isso mesmo!) deixando a fruta vermelha bem madura em segundo plano. Madeira quase que imperceptível e álcool sem ser notado. Na boca, taninos presentes, mas bem redondos, textura macia, acidez correta, bom corpo, final médio. Belo vinho, mas que precisa de tempo em garrafa para ser bem apreciado. Mais jovem, é bastante rústico e raçudo, mas após alguns anos, passa à ser delicado e vivaz. Vinho de média guarda, acho que ainda aguentaria dois ou três anos em garrafa. Certamente, um digno representante desta ótima cepa Carignan, a qual resulta em belíssimos vinhos no Maule chileno. Preço: em torno dos R$ 80,00. Se você passar pelo free Shop, vai pagar não mais que US$ 28,00. Boa compra. Nota: 90 pontos.

Heredad de Aduna Joven 2010

O quê esperar de um tinto joven de Rioja, que não passa por madeira? Simples: que seja um vinho fresco, gostoso, gastronômico e fácil de beber. E é exatamente isto o que este vinho nos proporciona: uma fácil agradabilidade. O visual é de um vinho novíssimo, mostrando uma bela coloração rubi brilhante, sem nenhum traço de evolução. Os aromas são bem simples e facilmente identificáveis de morangos silvestres e amoras frescas. Como o vinho não passa por madeira, fica fácil sentirmos o caráter extremamente frutado, o qual é a proposta do produtor. Na boca, ótimo equilíbrio entre doçura (uvas bem maduras) e acidez. Taninos presentes e corpo leve para médio. O final é curto e o retrogosto bastante agradável. Ótima opção para o dia-a-dia, não fosse o preço um pouco salgado (R$ 42,00) para a sua proposta. Paguei R$ 28,90 em condições especiais e por este preço foi muito honesto. Só para complementar, no site da World Wine consta que este vinho tem 90 % tempranillo e 10 % Viura, mas no contra-rótulo da garrafa, consta que é 100% tempranillo. Nota: 87 pontos. Finalizando, este vinho é muito melhor que algumas porcarias amadeiradas altamente pontuadas por Mr. Bob Parker e seu comparça J. Miller.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Desafio: Suzin Cabernet sauvignon 2007 x Gotin del Risc 2008

Este desafio visa colocar frente à frente dois vinhos de custo igual, sendo um brasileiro e um espanhol e acabar de vez com esta história de que não temos vinhos bons à um preço honesto ou ao menos competitivo. Não! Não fiz este desafio de forma premeditada, apenas bebi despretenciosamente os dois vinhos em dias seguidos e então me veio a idéia de colocá-los frente à frente em um desafio. O Suzin é um representante brazuca da Serra catarinense elaborado com 100% Cabernet sauvignon, estagia 9 meses em carvalho francês e custa R$45,00. O Gotin é um espanhol de Bierzo, elaborado com 100% Mencia, estagia 5 meses em carvalho e custa R$ 49,00. Como se vê, o vinho brasileiro tem um processo de produção mais cuidadoso, utiliza uma uva mais nobre e custa mais barato. O Suzin ganhou medalha de ouro em Bruxelas e o Gotin ganhou 91 pontos de Parker. Neste caso, a medalha de ouro é mais confiável que a nota de Parker; mais um ponto para o brazuca. O Suzin tem uma bela garrafa e um rótulo delicado e discreto, já o Gotin tem uma garrafa mais simples e um rótulo de péssimo gosto. O visual do Suzin revela um vermelho rubi com reflexos violáceos, halo aquoso de média evolução e bordas discretamente alaranjadas. O Gotin tem um visual bem violáceo com reflexos também violáceos, discreto halo aquoso e quase nenhum traço de evolução. O Suzin traz boa tipicidade de Cabernet sauvignon, mostrando aromas de cassis, frutas vermelhas maduras, boa especiaria e madeira bem integrada. O Gotin tem aromas mais evidentes de baunilha, cacau, frutas pretas maduras e madeira sobrando. Na boca, o Suzin traz taninos redondos, acidez comportada, bom volume e final médio. O Gotin traz poucos taninos, muita maciez, bom corpo, acidez discreta e final médio. Em resumo, o Suzin é um ótimo representante brasileiro que caracteriza bem a Cabernet sauvignon, é mais balanceado e está no seu apogeu, enquanto que o Gotin é um vinho espanhol com bastante maturidade de fruta, bombado em madeira e privilegia a grande concentração. O Suzin não perde em nenhum quesito para o Gotin, é mais vinho e custa mais barato, portanto, ganha  com sobras este desafio. Meus amigos, não se deixem enganar por propaganda enganosa, como eu fui. Os vinhos brasileiros melhoraram e muito e, apesar de serem um pouco mais caros do que deviam, ganham de muitos vinhos internacionais do mesmo preço. Suzin: 89 pontos. Gotin: 87 pontos.

I Sodi di San Niccoló 2003 (Castellare di Castellina)

Olá amigos, retorno após longo período de ausência devido à viagens e organização particular. De cara, mando este belíssimo vinho italiano, da Toscana. Elaborado à partir de 85% sangiovese e 15% malvasia nera, com 15 à 30 meses de passagem por madeira e mais 12 meses de estágio em garrafa, este vinho é um desbunde! O encanto começa no rótulo, o qual traz todas as informações possíveis, desde o básico nome do vinho e do produtor até informações da data do engarrafamento. Não tem contra-rótulo, mas o rótulo lindo e altamente informativo compensa com sobras. O visual é majestoso: vermelho rubi granada com reflexos alaranjados e uma borda vermelho-tijolo evidenciando bela evolução. Isto é cor de vinho! Os aromas são extremamente complexos: fruta negra com finesse, especiarias, cedro, animal (pêlo de gato) e tudo o que sua imaginação interpretar. Na boca, revela-se evoluído: taninos presentes e domesticados, acidez cativante, belo corpo, boa persistência, final longo e agradável. Um vinho quase perfeito, que está em seu apogeu. Impossível não gostar e não se encantar com este belo exemplar toscanês. Nota: 94 pontos. Esta safra recebeu 3 bicchieri da Gambero rosso e 93 pontos da WS. Quanto ao preço... bem, não é dos mais baratos, custa em torno de R$ 290,00 (Vinci vinhos), mas se você for viajar por um dos navios Costa, vai encontrá-lo por US$ 70,00. Bem mais em conta, não? Volto amanhã com outro bom vinho. Bye!