O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






domingo, 30 de outubro de 2011

Calyptra Gran reserva Assemblage 2007

Já comentamos aqui, um chardonnay da Calyptra. Agora é a vez de um assemblage tinto (Cabernet sauvignon e Merlot), com notáveis 24 meses de amadurecimento em barricas de carvalho. A coloração é vermelho rubi com boa transparência e lágrimas comportadas. No nariz, traz o eucalipto bem sutil, deixando a fruta vermelha extremamente aromática em primeiro plano. Vinho muito redondo que adquire incrível grandeza na boca, o seu ponto forte. Sedoso e com taninos muito bem polidos, traz uma acidez agradabilíssima e um frescor nada comum ao vinho chileno. É este frescor que sustenta a grandiosidade deste vinho, não o deixando enjoativo. Um ótimo vinho, que em nenhum momento se percebe o longo período de estágio em barricas e que tem um grande equilíbrio com um toque de excentricidade. Preço: em torno dos R$ 60,00. Nota: 91 pontos.

Menut 2006

Estamos vivendo uma onda espanhola de vinhos sem precedentes no Brasil e como todo modismo, experimentamos produtos bons e também ruins. Este vinho que hoje comento provem de uma região também da moda, o Priorato. Tão da moda, que seus vinhos estão cotados à preço de ouro no mercado internacional. Assim sendo, quando encontramos algo acessível financeiramente, partimos logo para a experiência. Que grata experiência! O Menut é realmente um vinho amável! Tudo balanceado, nada fora do lugar, encanta nos aromas e também na boca, deixando saudades. Coloração rubi escuro, lagrimas comportadas, giro fácil na taça. Aromas delicados de pequenos frutos vermelhos do bosque, Madeira delicada e um incrível toque de pedra, chamando a atenção para a ardósia. Corretissimo na boca, possui taninos maduros, balanceados e trabalhados. A acidez e discreta, mas o suficiente para não deixar o vinho enjoativo. Bom final de boca e bela vocação gastronômica. custa R$ 59,00 e vale cada centavo deste valor. Ótima compra! Nota: 92 pontos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Lagarde Guarda 2009

Fiquei um certo tempo meio avesso aos vinhos argentinos, injustamente. Acho que foi por uma overdose hermana que durou uns dois anos. Passado o período de seca, retorno em bom estilo com um vinho argentino que foge um pouco da onda malbec. Este é um corte contendo 40% Malbec, 30% Cabernet sauvignon, 20% Merlot e 10 % Syrah, provenientes de Luján de Cuyo. É meus amigos, os argentinos são muito bons na arte do assemblage e nos deram um vinho balanceado, elegante e raçudo. A coloração é rubi-violácea com boa transparência e ótima limpidez. Lágrimas grossas percorrem a taça e denunciam o que há por vir. Aromas que fogem daquele malbec típico, devido à presença de outras uvas. Remetem à frutas vermelhas bem maduras, especiarias, algo de chocolate e flores. Muito elegante nos aromas, repete-se na boca: macio, sedoso, levemente tânico e com pouca acidez. Está ótimo para ser tomado agora, mas vai evoluir nos próximos anos, ganhando mais elegância e complexidade. O mais incrível neste vinho: não se sente os incríveis 15% de álcool. Boa compra, preço justo: em torno de R$ 56,00. Nota: 90 pontos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Atrium Cabernet sauvignon 2007

Miguel Torres realmente é sabido em vinhos e comércio de vinhos, fabrica vinhos em várias regiões da Espanha e do mundo, utiliza várias cepas e dificilmente faz vinhos ruíns. Este Cabernet sauvignon produzido na região de Penédes (Espanha) exemplifica muito bem tudo isso: uva francesa predominante (não muito habitual na Espanha), região produtora menos afamada, vinho redondo e agradável. Coloração vermelho rubi com nuances e reflexos violáceos. Aromas descomplicados de frutas vermelhas bem maduras, discreto cassis e um toque especiado muito marcante. Os taninos estão bem presentes, justificando a Cabernet sauvignon, o corpo é de bom volume, o retrogosto é agradável e o final é médio. Atrapalha neste vinho, a falta de acidez e o álcool um pouco aparente. Em alguns momentos, lembra um pouco certos malbecs argentinos torrados ao sol. É inevitável a comparação com o Atrium Merlot (já descrito aqui) e não vou ficar em cima do muro: acho que os dois estão no mesmo nível, mas escolheria o Merlot por ser mais fresco e balanceado. Acho que este vinho é uma boa experiência, mas nesta faixa de preço perde feio para os Cabernet sauvignon chilenos. Preço: em torno dos R$ 60,00. Nota: 88 pontos.

domingo, 23 de outubro de 2011

Real de Aragon Garnacha Centenária 2007

Continuando o giro pela fúria espanhola, trago hoje o elogiadíssimo Real de Aragon, produzido em Calatayud, à partir de 95 % Garnacha e 5% Miguel de Arco (não me perguntem que uva é essa!). Este vinho recebeu 90 pontos de Parker e também foi muito bem recebido pelos críticos brasileiros. Ao colocar na taça, o prenúncio do que estava por vir: coloração violáceo escuro quase intransponível, sem nenhum traço de evolução ou seja, jovialidade à flor da pele. Aromas facilmente reconhecíveis de geléia de amoras com um toque de cravo. A menta se faz sentir por todos os lados. Sim, é um vinho bem complexo para sua faixa de preço, mas na boca perde um pouco o encanto. A hipermaturidade da fruta aliada à hiperexposição ao carvalho trazem aquilo que chamamos de "bomba de frutas maduras", muito comum nos malbecs argentinos. Vinho de grande corpo, taninos ainda um pouco selvagens e acidez bastante discreta descrevem com bastante honestidade o estilo Parker. O final é médio e paira uma certa dúvida no ar: quanto tempo este vinho aguentaria em garrafa? Será que pode evoluir com o tempo? No momento, digo que é um vinho honesto, mas longe de ser aquela maravilha descrita em blogs. É o que eu sempre digo, amigos leitores: uma coisa é degustar apenas meia-taça de vinho, outra bem diferente é beber a garrafa inteira e depois analisar, como faço em meu blog. Todos os vinhos aqui comentados foram bebidos na íntegra e não tenho vínculo com nenhuma importadora ou restaurante, portanto me sinto muito à vontade para opinar de forma honesta, mesmo não sendo profissional da área. Preço: R$45,00. Nota: 89 pontos.

sábado, 22 de outubro de 2011

Kings Ridge Pinot noir 2008

Diz a lenda que a Pinot noir só traz bons resultados quando produzida em sua terra natal, a Borgonha. Esta "lenda" tem suas verdades e mentiras. O ponto verdade é que os melhores vinhos de Pinot noir são realmente da Borgonha! As mentiras são:
1) Todo Pinot noir da Borgonha é bom. Mentira! Já tomei muita porcaria de pinot rotulada desta região.
2) Não tem Pinot noir bom fora da Borgonha. Mentira! Tem muito vinho bom feito no Chile, USA, Nova Zelândia e Africa do Sul.
3) Pinot fora da Borgonha não é Pinot. Mentira! Tem ótimos vinhos que mantém a tipicidade fora da Borgonha.
É neste contexto que venho falar deste bom Pinot noir de Oregon (USA), uma região que está entre as melhores para o plantio desta uva. Coloração típica de Pinot, rubi claro brilhante, lágrimas comportadas. Aromas de amoras, morangos e framboesas frescas, nada muito complexo, mas tudo bem típico. Acidez e frescor presentes, taninos bem discretos, corpo leve, final curto com retrogosto agradável. Sim, é isto: um vinho agradável e fácil de beber. Seco na boca, preserva ótima tipicidade da casta e tem carisma. Não sei quanto custou este vinho, pois foi trazido pela minha sogra dos USA. Parece não ter à venda no Brasil, mas fica aqui o comentário de que no Oregon se produz ótimos Pinot. Para quem quer sair um pouco da monotonia, está aí um palpite. Nota: 89 pontos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Quinta da Covela Escolha Tinto 2005

Aqui jaz a Quinta da Covela. Esta triste notícia se tornou real nos últimos anos devido à desastrada articulação econômica portuguesa, em que uma das vítimas foi a ótima Quinta da Covela, vinícola de pequenas produções orgânicas e sempre de ótima qualidade. Nós consumidores, somos muito afetados nesta história, porquê perdemos a chance de desfrutar destes belos e honestos vinhos da região do Minho, uma sub-região de Vinho Verde, que tem até o direito de engarrafar seus produtos sob a denominação de Vinho Regional do Minho. Este vinho é um corte de Toriga Nacional (majoritária), Cabernet Franc, Merlot e Syrah. Tem muita elegância e é muito bem produzido. Coloração rubi-violáceo com belos reflexos rubi. Discreto halo aquoso e fortes lágrimas. Aromas um pouco fechados no início, mas que após um tempo na taça denotam predominância de especiarias, principalmente o cravo. Bastante floral, também reserva espaço para uma fruta negra muito elegante. Na boca, uma acidez pungente que clama por comida. Taninos fortes, típicos da Touriga Nacional, corpo médio, longa persistência e retrogosto sensacional. Um vinho regional diferenciado! Tem potência e elegância. O álcool é imperceptível (13,5%). Apesar de ser da safra 2005, tem tranquilamente mais 5 anos de vida pela frente, porquê seus taninos e sua acidez ainda estão à tona. Comprei este vinho no sold da Grand Cru e paguei R$ 47,00, honestíssimo. Se eu soubesse da qualidade e da longevidade deste vinho, teria comprado outras 3 garrafas, ainda mais agora, sabendo da extinção desta vinícola. Uma pena! Nota: 90 pontos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Polkura 2006

Vinho produzido com uvas Syrah, da região do Marchigue (parte ocidental do Colchagua - Chile), pelo enólogo Sven Bruchfeld, em um projeto pessoal. É quase um vinho de autor, até pela limitada produção de pouco menos de 10000 garrafas. Costumo dizer que os vinhos do Colchagua estão um pouco ultrapassados, porquê exageram na madeira e concentração. Talvez, seja por apelo popular ou mesmo pelo demasiado calor do Colchagua, mas acredito que cada vez mais, enólogos de personalidade estão se empenhando para mudar este conceito de vinhos hiper-maduros deste vale. É o caso deste Polkura, o qual se revela com uma elegância acima do normal em comparação com os seus conterrâneos e de quebra, traz o tão invejado mentol chileno. Coloração rubi com reflexos violáceos. Aromas bem evidentes de frutas vermelhas e miúdas pretas bem maduras com um destacado mentol. Madeira imperceptível e álcool bem comportado. Sedoso e denso na boca, tem taninos bem moldados e acidez presente, mas discreta. Final agradável e médio. É um vinho que está em seu apogeu, trazendo elegância sem perder o toque selvagem e a raça. Belo vinho, vale o investimento (em torno dos R$ 70,00). Casou muito bem com carré de cordeiro e purê de mandioquinha. Nota: 91 pontos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Valmarino espulmante brut champenoise

Outro espulmante brasuca em nosso blog e outro campeão de custo-benefício. O terroir de Pinto Bandeira - RS é realmente muito bom para a produção de vinhos espulmantes. É realmente um exagero falarmos que temos o segundo melhor terroir do mundo para espulmantes, ficando atrás apenas de Champagne. Vale lembrar que ótimos espulmantes também são produzidos em Franciacorta (Itália), Espanha, Portugal e outras regiões da França ( Loire e Borgonha). Mas em um quesito, os espulmantes brasileiros são imbatíveis: o custo-benefício. Digam-me senhores, onde poderemos encontrar um espulmante com a qualidade e complexidade deste Valmarino, por R$ 25,00 ! Isso mesmo: R$ 25,00 ! Bela garrafa e rótulo, coloração amarelo-palha, muita espulma na taça, perlage fino e de boa persistência. Aromas de castanhas, discreta manteiga, leve mel e flores brancas. Após certo tempo, evolui para frutas brancas frescas. Enche bem a boca, tem boa cremosidade, acidez perfeita. Erra um pouco no final meio-amargo. Tem corpo e estrutura para acompanhar pratos refinados e não ser servido de entrada. Senhores, na hora de comprar espulmantes, levem em consideração essas humildes palavras deste enófilo que vos escreve e valorizem nosso produto nacional porquê é muito bom! Nota: 88 pontos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Casajus Splendore Tempranillo 2007

A fúria espanhola começou à invadir o blog e aqui temos mais um exemplar desta "chuva" de vinhos espanhóis que dasabou em terras tupiniquins desde o meio do ano. Se o Sabor Real Jovem descepcionou um pouco pela simplicidade, este Casajus Splendore faz jus à boa fama conquistada. Proveniente de Ribera del Duero, com 100% Tempranillo, este vinho exibe uma tipicidade muito grande e uma ótima personalidade, além de ter uma madeira muito bem integrada ao conjunto (24 meses de barrica). Como conseguiram isto à um preço tão convidativo (R$ 43,00), eu não sei. Será a crise espanhola? A verdade é que a Espanha tem produzido tanto vinho que já está prestes à ocupar o segundo lugar em volume de garrafas exportadas, hoje pertencente à França ( vale lembrar que a Itália é a maior exportadora mundial de vinhos em volume, sendo que a França é a primeira colocada quando se fala em valores financeiros). Tanta produção assim acaba por baixar os preços e quem desfruta desta boa onda somos nós, acostumados com tantas porcarias caras. Este vinho exibe uma coloração rubi com reflexos violáceos, com uma boa transparência. Os aromas predominantes são de especiarias e menta, sobrando espaço para uma boa fruta vermelha. A madeira é imperceptível no nariz e o frescor dado pela menta é notório. Na boca, revela-se um vinho com um corpo um pouco descepcionante, mas o ataque de acidez e frescor vale o gole. Traços de violeta também estão presentes neste vinho. É o tipo de vinho "perigoso"de beber, porquê é bastante acessível e fresco, que não se percebe a garrafa terminando. Brincadeiras à parte, concordo com as boas notas deste vinho. Compra segura. Preço: R$ 43,00. Nota: 90 pontos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Domaine de Pégau Plan Pégau Rouge 2007

Dias atrás, em conversa com um amigo, eis que o mesmo me disse: "nunca bebi vinho francês bom!" É claro que este meu amigo também não encarou vinhos de um custo maior, se restringindo apenas aos péssimos exemplares da faixa limite de R$50,00. Mas aí é que se encontra o maior problema dos vinhos franceses: para se beber algo bom da terra gaulesa, tem que se tirar bastante dinheiro do bolso. Salvo os exemplares garimpados à dedo pela Cave Jado e algumas raridades de outras importadoras, o quê encontramos abaixo de R$ 100,00 são apenas vinhos medianos. Então, tenho que dar razão ao meu amigo! Falei tudo isso porquê não vou ter muito o que falar (ou não quero ter o desgosto de falar) sobre este simples e fraco vinho do Rhône. Corte de Grenache, Cinsault e Syrah, com 6 meses de contato com barrica. Coloração rubi fosco, bem transparente. Aromas bem discretos de amoras e cerejas frescas, também tem algo de morango e um mineral bem evidente. A madeira é imperceptível (será que tem madeira mesmo?), o corpo é leve, acidez correta, baixa concentração, taninos bem suaves, retrogosto um pouco amargo e final curto. Parece sobra de uvas e deve realmente ser! Vinho bem "ralo", não deixou saudades e custa muito caro para o que oferece (R$68,00). Comprei este vinho em uma condição especial e paguei R$35,00 e mesmo assim estou muito arrependido, porquê além de fraco, não acrescentou nada à minha cultura enológica. Nota: 83 pontos.

Sponsà IGT Veronese 2009 (Tenuta Sant Antonio)

Vinho da região do Vêneto, produzido pela Tenuta Sant Antonio, com uvas Corvina 50%, Rondinella 20% e Cabernet sauvignon 30%. O diferencial neste vinho é que as uvas Cabernet sauvignon sofrem um processo de desitratação, perdendo 20 % de seu volume antes da vinificação, o que traz mais concentração e aromas ao vinho. Funcionou! O vinho é agradável, tem certa complexidade e tem vocação gastronômica. Coloração vermelho rubi brilhante bem vivo. Faço um pequeno intervalo aqui para dizer: isto é cor de vinho! Aromas dominantes de especiarias, com boa presença de frutas vermelhas maduras, mas sem exagero. Percebe-se um toque floral e uma madeira muito bem integrada ao conjunto (6 meses de barrica). Bom corpo, enche a boca e tem boa acidez e sedosidade. Taninos presentes e não agressivos. Final médio. Vinho realmente muito agradável e que encarou com naturalidade uma massa de grano duro ao molho de queijo e bacon. Aliás, devo dizer que o vinho é extemamente fácil de beber e que cumpre à risca seu papel. Não precisa mais do que isso para escoltar um prato de massa. Honesto no preço, vale a compra. Preço: R$55,00 (membros do clube W). Nota: 90 pontos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sabor real Jovem Tempranillo 2008

Aqui está o badalado super "best buy", que ganhou nada menos que 90 pontos de Robert Parker. Oriundo da região de Toro (Espanha), 100% Tempranillo com videiras de 70 anos de idade. Este vinho causou um estardalhaço aqui no Brasil, devido sua alta pontuação e seu preço baixo (R$35,00), gerando muita curiosidade dos profissionais e curiosos do mundo do vinho. Mas, será que é isso tudo? Minha opinião é não! É um vinho gostoso e muito fácil de beber, mas está longe de merecer 90 pontos, porquê não tem complexidade! Também não é um best buy, porquê encontramos vinhos do mesmo nível ou até melhores e mais complexos, pagando menos. Vamos ao vinho: Coloração rubi violácea sem nenhum traço de evolução. Aromas muito frutados, caracterizados por fruta muito madura, quase em compota e traços de lavanda e violeta. Não encontrei descrição de passagem por madeira, mas percebe-se uma leve baunilha no conjunto. Na boca, textura sedosa, taninos comportados, discretíssima acidez e álcool imperceptível, apesar de seus 14,5%. Final médio e retrogosto discreto. Como se vê, é um vinho com algumas boas qualidades, mas com defeitos evidentes. O ponto forte é a facilidade de beber e o ponto fraco é a falta de acidez e complexidade. Lembra muuuuuuuito o Álamos Malbec, daí talvez a boa vontade um pouco exagerada de Parker, amante da super-maturidade da fruta. Como curiosidade, vale comentar um pouco o rótulo horrível, com desenho de um touro, certamente um sério candidato à um dos mais feios de todos os tempos. Parece um daqueles vinhos vagabundos de supermercado (tipo São Tomé). Que horror! Duvido que este vinho custe mais que 4 euros na Espanha! Todo caso, aqui no Brasil (altos impostos e alta margem de lucro das importadoras) o valor agora reajustado para R$39,00 me parece justo para o que o vinho oferece. Vale a experiência, mas não espere um vinhaço! Nota: 88 pontos.

sábado, 8 de outubro de 2011

Montes Cherub syrah rosé 2009

Eis aqui o aclamado (pelo menos pela Mistral) rosé premium da Viña Montes, feito com uvas 100% Syrah do Vale do Colchagua. É, realmente é difícil acreditar que existe frescor em algo produzido no Colchagua, mas quando a obra vem de Aurélio Montes, vale a investida. A coloração é aquele rosa "pink" (aja pleonasmo...) que encanta aos leigos, mas apavora os "enochatos". No nariz, apresenta muito mais do que um simples rosé de piscina: notas de amoras, morangos e framboesas frescas invadem o nariz com facilidade. Na boca, o seu diferencial: corpo bem mais denso que os rosés tradicionais, sem perder acidez, o transformando assim num vinho com grande apitidão gastronômica. Mesmo sendo produzido num vale quente como o Colchagua, consegue manter um bom frescor. Em suma, é um rosé que se preza muito mais ao acompanhamento de pratos leves do que para ser degustado à beira da piscina. É um exemplar com personalidade própria e com função definida! Alegre e divertido até no rótulo, vai agradar a maioria se estes não se importarem com o preço: R$ 55,00 (caro para um rosé). Nota: 88 pontos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vinhos do mês: Setembro de 2011

Vinho do mês: Calyptra Gran reserva Chardonnay 2007. Uma prova firme de que madeira e chardonnay podem conviver harmoniozamente.
Surpresa do mês: Valmarino Cabernet Franc X. Um dos melhores, se não for o melhor vinho brasileiro já produzido e ainda com disponibilidade para compra. Uma mostra do grande potencial desta cepa aqui no país e a afirmação da grande safra de 2005. Com grande capacidade de envelhecimento e se tornar ainda melhor.
Mico do mês: Costa do Pombal Tinto 2008. Tudo bem que só custa R$20,00, mas podia ser melhor, porquê por este preço se encontra vinhos portugueses muito mais vantajosos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ochotierras Reserva Carmenere 2009

A uva carmenére caiu no gosto do brasileiro, talvez devido aos seus característicos aromas de pimentão e chocolate ou talvez ao seu forte caráter. Sem dúvida, é no Chile que obtemos seus melhores exemplares, à ponto desta uva ser considerada até emblemática neste país. É sabido também que a carmenére gosta de sol, portanto o Colchágua é o nirvana para esta uva. Mas, a carmenere também traz bons resultados no Maipo, Maule e agora no Vale do Limarí. Este Ochotierras reserva é um bom exemplo de vinho guloso, corpulento, com muita expressão de fruta (e também de madeira...), caracterizando bem a árida zona do Limarí. Muito sol e pouca chuva (os mais baixos índices pluviométricos do Chile) fazem com que as uvas ganhem maturidade com facilidade, deixando os vinhos realmente ricos em fruta, cor e corpo. Coloração violácea bem escura, quase intrasponível. No nariz, o que primeiramente se sente são os aromas de cinza e na boca a invasão salina, característicos dos vinhos do Limarí, justamente o que mais me agrada nos vinhos desta região. Mas também há espaço para a fruta negra madura, notas claras de baunilha (olha o carvalho aí gente!), taninos marcantes e acidez um pouco abaixo da média. É um vinho que dá algum prazer e um bom representante da cepa, sem pagar caro. Não é um best-buy e a faixa de preço escapa um pouco para o dia-a-dia de nós, pobres mortais. Tudo bem, tem seus excessos: madeira bem evidente, excesso de fruta e discreta falta de acidez, mas os aromas de cinza e o gostinho salino encantam neste típico "Limarí wine". Nota: 88 pontos. Preço: em torno dos R$45,00.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Robert Parker: Anjo ou demônio?


Nos últimos anos, muito se falou sobre vinhos, uvas, terroir, comércio, preços e tudo o que envolve a bebida de Bacco. Muitas cepas foram citadas, muitos terroirs foram falados, muitos enólogos foram comentados, mas em qualquer lugar que você vá ou seja o quê estiver ligado ao vinho, um nome sempre é mencionado: Robert Parker. Sim, ele não é um grande produtor, também não é um grande enólogo, nem mesmo um consultor, mas sem dúvida é a pessoa mais influente quando se fala "nos finalmente" do vinho: a hora da compra! Idolatrado por uns e odiado por outros, já esteve no céu e recentemente visitou o inferno, mas ninguém pode discutir que ele ainda influencia muuuito as multidões na hora da compra. Mesmo quem critica o Sr. Parker sempre dá aquela verificadinha na nota do "guru americano" antes de comprar uma garrafa desconhecida. E que atire a primeira pedra quem falar que nuuuunca comprou um vinho influenciado por uma nota de Parker, Miller e cia. Eu mesmo já critiquei ferozmente as altas notas dadas por Parker à vinhos argentinos e também já fui e continuo sendo contra à "Parkerização" do vinho, ou seja à padronização do vinho ao gosto de Robert Parker. Mas, vamos analisar friamente o fenômeno Parker:
1) Em relação as altíssimas notas dadas à vinhos argentinos (97,98 pontos): na verdade são realmente todos ótimos vinhos e prefiro acreditar que acertaram na mosca do gosto do guru. É só você não cair nessa de achar que são os melhores vinhos do mundo!
2) Em relação à notas máximas (100 pontos) dadas à vinhos espanhóis: para mim, perfeição não existe! Se um vinho tem 100 pontos, qual nota terá um vinho daqui à alguns anos que seja ainda melhor do que este? E se este vinho de 100 pontos evoluir mais com os anos em garrafa, que nota terá? Aí, aí, aí... Também não caia nessa!
3) Em relação à Parkerização: é só você ter opinião própria e não ter medo de expor esta sua opinião!
Controvérsias e intrigas à parte, é inegável a contribuição de Robert Parker para a enologia moderna:
1) Foi ele o criador desta escala de 1 à 100 que é utilizada para avaliar vinhos e é empregada por diversas revistas e comentaristas do mundo inteiro.
2) Foi ele quem tornou pública estas avaliações e ajudou à popularizar esta bebida tão elitizada em outros tempos.
3) Através de seus comentários e notas, facilitou a compra de muita gente.
4) Desafiou importantes produtores franceses, através de notas baixas, algo que ninguém teve coragem de fazer até então. Também foi processado várias vezes por isso, mas ele é advogado...
5) Teve coragem de dar boas notas à vinhos baratos e vamos ser sinceros, na grande maioria das vezes ele acerta.
Portanto senhores, acho que Parker foi, é e vai continuar sendo uma figura importante para nós, seja por suas boas críticas ou referências, sua simpatia ou arrogância ou mesmo para podermos ter alguém para criticar. Parker é um grande homem porquê tem uma virtude obrigatória aos grandes pensadores e influentes: coragem para dizer o que pensa!

domingo, 2 de outubro de 2011

Inominabile 2007 lote III

Alguns amam, outros odeiam, mas é incontestável que este vinho é admirável. Numa degustação às cegas, ganharia fácil de muito vinho francês que custa 3 vezes mais. E, por falar em preço, tenho certeza absoluta que este vinho numa garrafa de Bordeaux seria vendido fácil por R$100,00 e quem o comprasse iria comprar mais. Digo isso senhores, porquê este vinho apresenta um equilíbrio e uma maturidade de fruta raramente visto em vinhos nacionais. Não estou de sacanagem, nem estou ganhando para dizer isto, é só vocês experimentarem para comprovar ou não se estou certo. Proveniente da Serra Catarinense, produzido à mais de 1300 metros de altitude pela Villagio Grando. Coloração rubi com reflexos tijolo e uma bela borda já discretamente alaranjada. Aromas predominantemente animais como pêlo de gato, mas há espaço para frutas vermelhas muito maduras e madeira muito bem integrada (6 meses de estágio em carvalho). Vinho evoluído com a boca bem macia, taninos aveludados e acidez correta. Bom corpo, tem retrogosto agradável e final longo. O vinho é um super-mix de 6 castas e é composto com uvas das safras de 2004 à 2007. Há quem não goste disso, daí eu iniciar o post dizendo que uns amam e outros odeiam. Eu aceito este mix e portanto amo este vinho. Para mim, um dos mais equilibrados e surpreendentes vinhos nacionais. Nota: 90 pontos.

Beronia Crianza 2008

Vinho bastante conhecido que veio no Clube W e que se encontra também disponível em lojas do Free Shop. Proveniente de Rioja (Espanha), elaborado com 83% Tempranillo, 15% Garnacha e 2% Mazuelo (combinação clássica de Rioja) e que passa 12 meses em contato com barricas. Realmente é um bom vinho, bastante gastronômico e equilibrado. Pouquíssimas arestas são perceptíveis e o preço não é de todo ruím. Tudo isto torna o vinho razoavelmente honesto e o credencia à uma compra segura. Coloração muito bonita com um vermelho rubi muito brilhante e discreto halo aquoso. Aromas em que predominam as especiarias, mas também com boa presença de frutas vermelhas frescas e uma madeira presente denunciada pela baunilha bem suave. Muito bem utilizado o carvalho neste vinho, visto que os 12 meses de estágio não tornaram o vinho potente ou enjoativo. Na boca, boa acidez, corpo médio, textura suave, taninos presentes e calmos, retrogosto agradável e final médio. O forte do vinho é a madeira muito bem utilizada, o equilíbrio e a versatilidade gastronômica. O fraco é o preço um pouco elevado (R$57,00) e a alta concorrência com a "chuva" de vinhos espanhóis que desabou no Brasil. Concluíndo, é um vinho legal que vai agradar os amantes do Velho Mundo. Nota: 89 pontos.