O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Enoteca Fasano: simplesmente la-men-tá-vel !!!

Prezados leitores, hoje escrevo por protesto! Pobre de nós, consumidores de um país de terceiro mundo, onde os vendedores, cada vez mais ricos, usam e abusam da falta de respeito no tratamento ao cliente. Não sei se é por falta de ética ou por pura incompetência, mas a venda de produtos feita pela Enoteca Fasano é um desastre total. Não vou citar nomes, em respeito à alguns bons profissionais que me atenderam e em respeito à vocês leitores, já que o intuito aqui não é a baixaria, mas devo alertar à todos que comprar vinhos na Enoteca Fasano é um exercício de paciência, em que o comprador é, por diversas vezes desrespeitado e ignorado. fiz uma compra de vinhos via telefone 10 (dez) dias antes do natal e a promessa foi de que os vinhos chegariam até o dia 21/12/10. No dia 23/12/10, não aguentando mais esperar, liguei para saber o que estava retardando a entrega e para minha surpresa, o que havia acontecido? Simplesmente não registraram meu pedido, mas o mistério só foi desvendado após inúmeras ligações e discussões. Pois bem, dei um voto de crédito à loja e refiz a compra; foi prometido que os vinhos chegariam até o dia 28/12/10 e o quê aconteceu? Estamos no dia 30/12/10 e os vinhos ainda não chegaram!!! Liguei novamente para a Enoteca Fasano e após lamentações fui descobrir que o pedido de entrega tinha sido efetuado no dia 29/12/10, um dia DEPOIS da promessa de entrega! E ainda fiquei esperando por uma ligação que não foi feita! Pura falta de respeito! Então senhores, aqui vai o meu recado:
Aos compradores: Cuidado na compra de produtos na Enoteca Fasano, porquê o risco de desgosto será grande;
Aos bons vendedores da Enoteca Fasano: Obrigado pelo atendimento e procurem outro lugar para trabalhar, porquê permanecendo aí, vocês correm o sério risco de "queimar o filme";
Aos maus vendedores da Enoteca Fasano: Procurem urgentemente outro serviço;
Aos proprietários da Enoteca Fasano: Identifiquem estes maus funcionários e tomem condutas firmes para preservação do nome desta ótima e prestigiada casa chamada FASANO.
É isto meus amigos; espero que eu não venha novamente utilizar meu blog para protestos e sim para o que ele realmente foi destinado: o prazeroso comentário de vinhos.

Best Buy na Vinci

O vinho à ser comentado é o Frei João Bairrada reserva tinto 2001, corte de baga (maior parte), camarate (nunca ouvi falar) e touriga nacional, à disposiçào de venda na Vinci Vinhos, por R$ 50,00. Realmente, esta casta Baga é muito interessante, resultando em vinhos aromáticos, potentes e com grande potencial de envelhecimento. Comprei este vinho da safra 2001 meio desconfiado, mas disposto à encarar uma nova experiência. A garrafa é simples com um rótulo muito bonito e bem trabalhado, digno de entrar na coleção. a coloração é de vermelho púrpura com bordas alaranjados. Lágrimas envolventes descem suavemente pela taça. Aromas complexos de cassis (pode crer), ameixas pretas secas, nítida pimenta preta e um cedro envolvente. Acidez incisiva e marcante surpreendem pela safra antiga. Bastante gastronômico, casa com vários pratos e queijos. Não é um clássico francês, nem um suculento Barrosa ou Mendoza, tão pouco um Pêra Manca ou Barca Velha, mas é de se admirar a longevidade deste vinho, um 2001 super-vivo que tem alguns saudáveis anos pela frente. É muito gostoso abrir uma garrafa de quase 10 anos de existência e saborear um produto que, além de qualidade, tem história. Devido à isto, vai classificado como Best Buy, porquê duvido que exista no mercado nacional, um vinho de 2001, vivo e muito vivo, com esta qualidade, por R$ 50,00. Repito, não é um néctar, nem um nirvana, mas é saboroso e tem história! Assino embaixo e fico à disposição para críticas. Nota: 91 pontos.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Angheben Espulmante Brut

Senhor Angheben é um dos mais destacados homens do vinho em terras tupiniquins. É de se admirar seu esforço em produzir vinhos de qualidade em um terroir em que poucas condições oferece. Então, Angheben partiu para o cultivo de uvas não muito comuns por aqui, mas que se deram bem no ácido terreno gaúcho, como a teroltego e a touriga nacional. Hoje, venho comentar o seu espulmante brut feito pelo método tradicional à partir de uvas das variedades chardonnay e pinot noir. Sempre que vamos beber um espulmante nacional, temos a expectativa de algo bom e no caso de um artista do vinho, esperamos algo muito bom. Só que aqui, o Sr. Angheben ficou devendo um pouco. O vinho é bom, mas confesso que esperava mais. No início, até que agrada bastante com sua coloração amarelo palha, perlage razoavelmente boa e persistente, aromas de frutas cítricas adoçicadas, mel e manteiga. Mas a tão esperada acidez do terroir brasileiro, ideal para espulmantes, aqui se perde tornando o vinho cansativo e com final um pouco amargo. Também falta formação de espulma. Na minha opinião, deve ser tomado em pequenas porções e está numa faixa de preço um pouco acima de sua qualidade. Mas, aqui cabe meus cumprimentos à esta figura importantíssima para o vinho brasileiro: Sr. Angheben. Preço: R$40,00. Nota: 87 pontos.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Fabre Montmayou reserva Malbec 2008

Domingo e após uma manhã no Jardim zoológico com a família, fomos almoçar na churrascaria Novilho de Prata, que dispensa apresentações. Solicitei para acompanhar o churrascão, o seu irmão de sangue, nascidos um para o outro, um malbecão argentino. Opa! O que aconteceu? É Malbec sim, como revela sua cor violácea e seu corpo forte e estruturado, mas tem uma elegância pouco comum nos vinhos hermanos, ainda mais se tratando de um vinho de base da vinícola. É claro que tem fruta madura e carvalho presente (é argentino, né meu!), mas está longe de ser aquela bomba de malbec que estamos acostumados. Aromas de frutas vermelhas e baunilha, mas também de flores (violetas). Boca sedosa, corpo ligeiro e nada enjoativo. Experiência gratificante este malbec desta pequena vinícola de Vistalba, berço do melhor malbec argentino. Paguei R$ 78,00 na churrascaria, mas deve girar em torno dos R$ 50,00 na importadora. Se custar isto, vale a pena. Não é grande, mas é gostoso e um pouco diferente, devido à este toque de delicadeza. Nota: 89 pontos.

Ceia de Natal com Champagne LVMH Montaudon Reserve Premiere Brut e Chateau Jany Sauternes 2006


Devo dizer-lhes senhores: Champagne é Champagne, o resto é espulmante. Seja no seu maior brilho ou na mais modesta apresentação, o encanto que propicia nas pessoas é único. Não só é a bebida das comemorações e festas, como também algo capaz de evocar prazeres hibernados ou até então desconhecidos. Acompanha qualquer comida e jamais descepciona. Só havia um defeito nesta bebida mágica: é caro! Até a Wine trazer para o Brasil alguns exemplares por preço altamente convidativo: R$ 75,00. Coloração palha brilhante, perlage incrivelmente fino, abundante e persistente. Aromas complexos de maça, pêssegos brancos, castanha e mel. Boca que enche totalmente, macio, espulmante e acidez correta. Foi companheiro perfeito para o brandade de bacalhau, tender, chester e farofa de frutas cristalizadas, ufa! Isto que é versatilidade! Nota: 92 pontos. Para fechar a ceia, um pudim de claras com fio de ovos e cerejas que clamou por um vinho de sobremesa e o escolhido foi o Chateau Jany Sauternes. Assim como Champagne, Sauternes é Sauternes! Não sei se este vinho é botritizado, mas não interessa, é ótimo! Coloração amarelo dourado, com lágrimas grossas e lentas. Aromas de damasco e pêssegos amarelos com muita delicadeza, em nenhum momento lembrando vinho doce. Elegante e vivo, na boca revela sua doçura e encanta com sua maciez e acidez. Final longo, nada enjoativo. Bela opção de Sauternes sem gastar muito. À venda na Vinci por R$ 60,00. Nota: 92 pontos. Feliz Natal!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Almoço na Cantina Gagliotti em Quiririm

Devo dizer que nós temos muito preconceito: à raças, preços, cores, cheiros e principalmente ao novo e desconhecido. Temos o costume de frequentarmos sempre os lugares mais badalados, bonitos e da moda, deixando de conhecer verdadeiras pérolas espalhadas por nosso país. Deveríamos abrir nossas cabeças e deixar que sejam menos influenciadas por opiniões de terceiros, partindo para novas experiências, as quais sempre vão acrescentar mais à todos nós, sejam boas ou más experiências. Acostumado à comer no consagrado restaurante Gadioli em Quiririm, sempre deixei de lado outras cantinas menores, na mesma cidade, com receio de não ter a mesma qualidade. Desta vez, abri o peito e entrei na Cantina Gagliotti. Boa aparência externa, mas espaço reduzido internamente. Acomodações apenas regulares e sem o charme italiano do Gadioli. Atendimento demorado, apesar da maior bos vontade dos garçons, todos muito jovens e simpáticos. Lugar meio bagunçado, mas "péra aí"!, isto é a mais pura cantina italiana!!! Não que eu goste de serviço meia-boca, mas por se tratar de italianíssimo, deu prá passar. A carta de vinhos é horrível, sendo que não tem climatização, mas o serviço foi bom, com o garçon trazendo balde de gelo e fazendo de tudo para agradar. Solicitei o prato e após quase uma hora de espera, quando já estava quase à ponto de desistir ou delicadamente xingar a mãe do dono da cantina, eis que chega o prato e tudo se redime. O cabrito assado no seu próprio molho, acompanhado de arroz e batatas gratinadas estava simplesmente o máximo!!!! Cor, textura, aroma, sabor, tudo em perfeita harmonia. Só encontrei um defeito no prato: o pedido para duas pessoas satisfaz três mestres-de-obras famintos após um dia de serviço no sol escaldante. Mas, devido a maravilha que estava o prato, comi como um dinossauro que estava há três dias clamando por comida. O vinho, um italianinho bem simples, harmonizou bem e deu até vontade de pedir mais, mas meu estômago dilatado pediu socorro e solicitei a conta. Quando forem à Campos do Jordão, ao passar por Quiririm, se tiver interesse em almoçar, experimentem a Cantina Gagliotti e aproveitem, sem stress, o cabritinho dos deuses. Até a próxima!

Barolo Beni di Batasiolo 2005

Assim como o dia, nada como um vinho após o outro e em mais uma experiência, eis que tenho algo para aprender. Como já disse aqui antes, aprendemos com todas as experiências, mas realmente ficamos marcados com os desastres. Algum tempo atrás, abri uma garrafa de Barolo, o Beni di Batasiolo 2005, adquirido no Free Shop de São Paulo e comentei sobre a improvável longevidade dos Barolos e da questionável qualidade desta marca, devido a não tão agradável experiência que tive ao bebê-lo. Mas agora, abrindo uma segunda garrafa deste mesmo vinho, tudo ficou cristalino e a lucidez pediu passagem permitindo que a razão superasse a emoção. O vinho é ÓTIMO! O problema foi que a primeira garrafa deve ter tido um armazenamento e manipulação inadequados, o que comprometeu a qualidade do vinho. Vamos à segunda garrafa, experiência bem sucedida: vinho de coloração rubi brilhante com leve toque alaranjado, lágrimas grossas e corpo perfeito. Aromas explodindo ameixas pretas, especiarias, alcatrão e tantos mais. Acidez impressionante, macio, incrivelmente gastronômico, podendo acompanhar vários tipos de pratos. Deixou um gostinho de queiro-mais ao final da garrafa. Como disse, aprendi muito com certas experiências e agora já sei que devo tomar muito cuidado com vinhos de Free Shop, principalmente de safras mais antigas. Preço: R$ 120,00 (Pão de Açucar), US$ 50,00 (Free Shop). Nota: 93 pontos. Vale cada centavo. Viva o Barolo!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Robert Mondavi Private Selection Chardonnay 2008

Depois da surpresa agradável do Pinot Noir e da confirmação do esperado Cabernet sauvignon, agora chegou a vez do Chardonnay desta linha básica de Robert Mondavi, o papa do vinho no Novo Mundo. E este é um Chardonnay bem característico do Novo Mundo: madeira mais que evidente, manteiga, mel, etc. Coloração amarelo dourado, movimenta-se como óleo na taça. Aromas de abacaxi, maracujá e os já mencionados manteiga e mel, além de um toque de petróleo, meio que constante nos Chardonnays californianos. Enche a boca e tem boa textura. Voluptoso. É bem feito e não é enjoativo, tendo acidez razoável. Bom vinho, agradável, mas não empolga. Nota: 89 pontos. Preço: R$ 70,00 em média. Por este preço, não vale, pois encontramos bons chardonnays chilenos e até franceses melhores e pelo mesmo valor. Alguns brazucas também são melhores e mais baratos.

Cuvée Must 2007 Domaine de la Graveirette

La Cave Jado de novo no nosso blog, agora um vinho do Rhône produzido com 75% Grenache e 25% Syrah. É Rhône mesmo e é Grenache e Syrah de verdade. Digo isto porquê quando compramos um vinho, algo que esperamos é que ele tenha tipicidade, tanto de terroir, quanto de casta. Coloração violeta com lágrimas poderosas, aromas de ameixas pretas secas com cravo, encorpado na boca, acidez e peso poderosos. Belo exemplar do Rhône, que lembra bastante um vinho do Novo Mundo, devido aos seus "exageros" em corpo, força e madeira. Poderia custar um pouco menos que seus R$ 57,00, mas vale a experiência e a compra. Nota: 89 pontos. Não descepciona e levemente empolga em alguns momentos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Millésime 2004 Château Piron

Um vinho de Saint Émilion é sempre um vinho de Saint Émillion, por mais simples que seja. Este corte de 85% Merlot com 15% Cabernet Sauvignon traz algumas das boas características da região. Vinho de coloração vermelho rubi com bordas alaranjadas de certa evolução, aromas francos de frutas vermelhas silvestres com bastante especiaria e madeira de cedro muito bem integrada ao conjunto. Vinho evoluído (2004), o que contribui muito para sua qualidade final, traz o equilíbrio na boca como sua principal virtude. Para se beber já, mas ainda aguenta uns dois anos de garrafa. É o protótipo do vinho simples muito bem feito, sem arestas. Não chega à empolgar, mas cumpre sua missão. Nota: 89 pontos. Preço: R$ 61,00. Aí o defeito, poderia custar uns 50 mangos, mas vale a experiência.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Casillero del diablo Syrah 2008 x Robert Mondavi Private Selection Cabernet Sauvignon 2008


Mais um desafio em nosso blog, mas o leitor estará pensando: dois vinhos diferentes no desafio? Bem, é aí que eu digo: estes dois vinhos têm muitas semelhanças e praticamente só diferem em um quesito, o preço. Tanto um quanto outro, são vinhos do Novo Mundo, cheios de fruta madura e com boa contribuição da madeira, ou seja, são vinhos comerciais, mas muito bem feitos e representam ambos, linhas de produção para entrada em patamares maiores de gigantes da vitivinicultura mundial: Concha & Toro e Robert Mondavi. O Casillero Syrah é na minha opinião o melhor vinho desta linha e um dos maiores best buy do mercado mundial. Tem coloração violácea, aromas de frutas vermelhas maduras, mentol e baunilha, corpo forte, longo na boca. Nota 88 pontos. O Robert Mondavi Cabernet Sauvignon tem coloração violácea, aromas transbosdando ameixas pretas secas e baunilha, corpo pesado e final longo. Nota 88 pontos. Ambos são vinhos para se beber já. São tecnicamente rigorosamente iguais. Neste caso, vence o desafio o Casillero Syrah, por custar a metade do preço que seu oponente.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Cuveé Graviers 2008 Cabernet Franc

Mais um belo vinho da importadora La Cave Jado. Desta vez, um vinho do Vale do Loire, região famosa por ser berço dos grandes Sauvignon Blanc e Muscadets, mas também há outras cepas por lá, como vem provar este 100% Cabernet Franc. Quando comprei este vinho, imaginei um Cabernet Franc com grande frescor e sutileza, diferente dos nossos potentes e às vezes adoçicados similares da América do Sul. Não sei especificamente de que região do Loire vem este vinho, mas correspondeu perfeitamente às minhas expectativas. Coloração vermelho rubi tendendo ao roseado, lágrimas surpreendetemente grossas e corpo ágil na taça. Aromas de frutas vermelhas frescas, com destaque para cerejas, mineralidade à toda, salinidade presente e toque floral. Na boca, sedosidade e agilidade, acidez balanceada e álcool inocente, final curto. Numa degustação às cegas, se passaria perfeitamente por Pinot Noir, bem parecido com os da Patagônia Argentina. Mostra muita noção de lugar (Loire) e não descepciona. É o segundo vinho francês que bebo da Cave Jado e pelo que vi até agora, vou mudando meus conceitos sobre vinhos franceses de custo acessível. Mais um vinho honesto da La Cave Jado. Preço: R$ 62,00. Nota: 90 pontos.


Château Lamblin Thomas 2005


Navegando pela internet, visitando enoblogs, encontrei uma pequena importadora, digo pequena em comparação com as gigantes Mistral, Grand Cru, Vinci, Wine e outras. O nome é La Cave Jado, com um pequeno portifólio de vinhos, todos franceses. A princípio, todo mundo torce o nariz: huummm,vinhos franceses, importadora nova.... Não é desconhecimento de ninguém que vinho francês para ser bom, geralmente é caro! Então, que milagre faria uma pequena importadora, de cumprir a essência de sua existência que é de trazer bons vinhos franceses à preços honestos e competitivos? Simples! As proprietárias são francesas, conhecem de vinhos, sabem quem os produzem e negociam direto com os produtores. Assim, além de saberem onde comprar bons vinhos sem pagar uma fortuna, também encurtam o caminho dos vinhos até o consumidor final. É óbvio: sem intermediários, o preço é mais em conta e se conhecendo o território, sabe-se o que é bom. É igual ao cahaçeiro de Minas, que sempre sabe onde tem uma pinga baratinha e maravilhosa. Me interessei pela novidade e comprei algumas garrafas e começo hoje à degustá-las e comentá-las. O vinho de hoje é um corte de Merlot, Cabernet Sauvignon e Malbec, vindo de Bourdeax. Cultivo orgânico, rótulo bonito, rolha longa, o premiere foi bonito, mas vamos ao vinho: linda coloração rubi com borda e reflexos alaranjados, indo para o vermelho tijolo, lágrimas médias. No nariz, uma explosão de frutas vermelhas com muita especiaria e muito mineral. Na boca, a grande surpresa, para quem esperava aquilo que é a grande virtude dos vinhos franceses: o equilíbrio, se enganou. Uma bomba de acidez e frescor definem o paladar deste vinho, contrariando tudo o que eu imaginava. Mas isto não é defeito e sim qualidade. Este vinho deve vir da pedra e quem o faz entende de harmonização enogastronômica, porque este vinho clama por comida, embora também seja muito gostoso sozinho. Ainda tem longa vida pela frente e daqui uns 3 ou 5 anos vai estar mais balanceado e melhor. Por ora, é um bom vinho e justo no preço (R$ 76,00). O álcool está um pouco exagerado, o que diminui um pouco a nota, mas não tira o brilho deste vinho. Nota: 91+ pontos.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nimbus Sauvignon Blanc 2009

Vinho de classe e de peso da competente Viña Casablanca, irmã da gigante Santa Carolina, só que mais focada na qualidade, por isso, produções em menor escala. A linha Nimbus é o carro-chefe desta vinícola e o sauvignon blanc é o seu melhor produto. Produzido com uvas cuidadosamente selecionadas no Vale de Casablanca, no Chile, dá origem à um classudo sauvignon blanc. Colração amarelo palha com reflexos verdeais, aromas de aspargos, toranja, pêra e grama cortada. Mineral, acidez correta, não é tão incisivo quanto os sauvignons de San Antonio, mas tem mais elegância. Bom volume, enche a boca e não é enjoativo. Acompanha bem o tradicional queijo de cabra, camarões grelhados e peixes leves na chapa, como o linguado, ao molho de limão siciliano. Opção fresca e mais amena aos poderosos San Antonio e Leyda, os quais estariam mais indicados para entradas e ostras, com limão conflit. Belo vinho e honesto no preço. Nota: 92 pontos. Preço: R$ 65,00.

domingo, 28 de novembro de 2010

Cameron Hugues Lot 169 Merlot 2007

Opa! Novidade no Blog! Vinho difícil de ser encontrado no Brasil, não sei se é vendido em alguma importadora. Este veio dos EUA e é um legítimo Napa Valley, da uva Merlot, tão massacrada no já clássico Sideways (filme obrigatório para enófilos, conhecido no Brasil com o triste nome de Entre umas e outras ). Vinho de coloração vermelho violeta com brilho intenso e lágrimas grossas. Aromas de frutas negras com tabaco nítido e madeira presente. Boca com textura de seda, corpo médio e final médio. Taninos presentes, mas domesticados. Preserva uma tipicidade de Merlot muito grande e nota-se claramente que é um vinho muito bem feito, desde a garrafa e rótulo até o produto final. Belo vinho, não chegando a ser grande, mas merece muitos elogios. Nota: 91 pontos. Preço: não faço a mínima idéia.

Robert Mondavi Private Selection Pinot Noir 2009

Um dos vinhos do mês do Clube Wine. Este é um Mondavi menor, uma linha (Private Selection) de entrada para o universo Mondavi, o grande responsável pela colocação, não só dos EUA, como de todo o Novo Mundo no mercado vinícola mundial, principalmente no Velho Mundo. Então, beber Mondavi é beber história, uma divisão de épocas, mesmo que seja uma de suas linhas mais simples. Sexta-feira fui ao cinema assistir Um parto de viagem e empolgado com o filme e a antológica cena do carro ao som de Hey you (Pink Floyd), resolvi fazer minha viagem também (sem Kanabis!). Coloquei CDs que há tempos não ouvia (Pink Floyd, Rush, Led Zepellin, etc.), abri este Pinot Noir (acompanhado de queijo de cabra, camarão e amendoím) e curti o lindo céu estrelado de uma noite quente. Vinho de coloração rubi com reflexos violáceos, aromas de cerejas maduras com boa presença de madeira e especiarias (cravo, pimenta e noz-moscada), evoluiu incrivelmente para violetas e orquídeas no final da garrafa. Boca fresca com bom corpo. É um pinot um pouco diferente, até porque leva em sua constituição 15% de Syrah e 5% de Petit syrah. Perde um pouco a tipicidade em função do blend, mas ganha em complexidade. Ponto forte: a evolução na taça. Ponto fraco: o álcool muito aparente e o preço um pouco elevado. Nota: 88 pontos. Ah! como foi a viagem? De ida e volta, com muita emoção!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Periquita 2006

Eu sei que muitos leitores devem estar se perguntando: Por quê falar deste vinho tão comum e barato? O quê há de especial neste vinho que se acha nas prateleiras de qualquer supermercado de esquina? O quê este cara encontrou de novo neste vinho tão manjado e já comentado à exaustão? A resposta é: nada! Só que neste caso, nada é um grande adjetivo, porque o que impressiona mais no Periquita é a constância de qualidade, ano após ano, safra após safra, com um custo imbatível no mercado. Poderá o consumidor procurar em todos os supermercados e importadoras do Brasil e não achará nenhum vinho desta qualidade por R$ 22,00. Aí está a grande virtude deste "clássico dos pobres", um vinho que se não é grande, jamais fará feio em qualquer festa ou jantar, jamais será enjoativo ou desonesto e numa degustação às cegas, sempre irá surpreender muita gente. E é por isto que falo hoje deste vinho, numa justa homenagem à um dos campeões de venda aqui no Brasil. Falar do Periquita é chover no molhado, graças à Deus, que continue assim! Vinho de coloração rubi brilhante, corpo médio, aromas frutados com especiarias leves, acidez e doçura controlados. Bem simples, é verdade, mas bem gostoso também. Não é um "oficial maior", mas é um bom "praça", bastante competente para o que se preza: o dia-a-dia. Não vou dar nota, porque sei que vou desagradar muita gente que estará lendo. Sim, é isto o que vocês leram: muita gente! A maior prova de que o Periquita é um blockbuster é a audiência que vai ter este post. Me despeço, meus companheiros virtuais, degustando os últimos goles deste meu velho amigo. Bye!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pablo Morandé Edición Limitada Carignan 2006

Pablo Morandé é um dos grandes nomes da vitivinicultura chilena e sulamericana. Enólogo da concha e Toro por muitos anos, decidiu ter vida independente e se consagrou para o mundo como o descobridor do Vale de Casablanca. Só que Pablo Morandé não para de surpreender; sua nova "descoberta" são antigas parreiras de Carignan em Loncomilla, no Vale do Maule. E não para por aí! Agora já existe o "clube do Carignan", restrito à poucos produtores que conseguem cumprir as exigências necessárias criadas para garantir a qualidade final do produto. Sou fã de Morandé, seja pela qualidade de seus vinhos, seja pela sua personalidade corajosa e inovadora. A Carignan é uma casta muito cultivada na Espanha, onde é chamada de Carineña, entrando no corte de diversos vinhos, para transmitir acidez e longevidade, além de rusticidade e aromas. Porém, é difícil encontrarmos vinhos varietais desta uva. No Chile, a Carignan se adaptou muito bem e parece que ganha em acidez e rusticidade comparado aos seus similares espanhóis. Permaneceu esquecida por muito tempo, talvez devido ao grande sucesso de outras castas, mas agora renasce com força total. Vinho rubi brilhante, lindo na taça, com lágrimas intensas, mas não pesadas, aroma vivo de frutas vermelhas, com algo de torrefação, corpo médio na boca, com acidez espetacular, que em momento algum queima a boca ou transmite sensação desagradável. Incrível como este vinho é intrigante! Deve ficar vivo por uns 10 anos! Para comprar 2 garrafas: uma para consumir em 2 anos (para matar saudade), outra para consumir em no mínimo 7 anos (para se chegar ao nirvana). Não é exagero! É um grande vinho! Aqui não existe meio termo: é 8 ou 80, ou você ama ou odeia; eu amei! Nota: 94 pontos. Preço: paguei iirisórios 10.000 pesos ( algo em torno de R$ 45,00 ), na própria Morandé, no Chile. Aqui no Brasil, não sei quanto custa, mas se custar R$ 120,00, vale a investida.

domingo, 21 de novembro de 2010

Afincado Malbec 2006

Vinho top da Vinícola Terrazas de los Andes, na Argentina, um clássico de Mendoza. Recebi este exemplar do free shoping, com preço em torno dos US$ 45,00. É "malbecão" mesmo e não nega a raça. Aromas de ameixas e amoras em compota, bem para geléia, com madeira presente, mas sem incomodar. Coloração violácea, sem traços de evolução, denotando ter longíssima vida pela frente e realmente tem! Na boca, é sedoso, mas não licoroso. Tem taninos presentes e já algo domesticados. Não tenho dúvidas de que é um ótimo vinho, um ótimo malbec. Mas, pelo preço que se paga aqui no Brasil (em torno de R$ 120,00), se torna inviável, porquê por menos do que isto (e bem menos), encontramos vinhos com igual qualidade. Este é o problema de alguns "top"argentinos: custam mais do que valem. É por isto que não vou me prolongar muito. Nota: 91 pontos. Obs: Vale a pena, quando estiver voltando de viagem, comprar uma garrafa no free shoping e guardar por 5 anos.

Cefiro sauvignon blanc 2009

Tenho tanta coisa para falar deste vinho que nem sei por onde começar. A casta sauvignon blanc talvez seja minha branca preferida, visto o frescor presente nos seus vinhos, combinando perfeitamente com nossos verões quentes. É interessante observar que a sauvignon blanc, assim como todas as outras castas, variam bastante em expressão conforme o terreno e o clima a que são submetidas e à partir daí temos exemplares que ultrapassam as possibilidades do simples varietal. A sauvignon blanc gosta de frio e influência marítima, daí os seus melhores vinhos virem de regiões frias como San Antonio, no Chile. Nestas regiões "extremas", nasce um vinho com alto frescor e acidez, ideal para acompanhar entradas com limão conflit e ostras. Porém, o que vamos falar hoje provém de uma região próxima à San Antonio, que apesar das comparações, produz vinhos com caráter diferente. Este vinho vem do Vale de Casablanca no Chile, entre o Maipo e a Costa do Pacífico, próximos à importantes pontos turísticos como Viña Del Mar e Valparaíso. O Vale de Casablanca está próximo ao mar, mas não está "grudado" no mar como San Antonio, portanto seus vinhos não têm tanta acidez, rusticidade e frescor comparados aos irmãos Antonienses. Este Cefiro é um vinho "menor" de Casablanca, produzido pela Viña Casablanca, responsável pelo já clássico Nimbus. Vinho com coloração amarelo palha com reflexos verdeais, aromas de pêra e maçã verde e algo de laranja lima. Não tem aquele "ataque" incisivo que corta a língua e faz salivar, como os melhores exemplares de San Antonio, mas é balanceado e fresco. Boca agradável, não sendo ríspido ou agressivo, final médio. Por ter uma característica mais quente, é bom acompanhamento para camarões grelhados e peixes leves como a truta. Bom vinho, boa opção. Nota: 89 pontos. Preço: R$ 35,00.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estampa Estate Cabernet sauvignon/Merlot 2008

Quando iniciei neste universo vinícola, várias vezes me encantei com vinhos maduros com alta concentração e banhados em carvalho. Porém, ao evoluírmos dentro da enologia, passamos à prestar atenção também na fruta por trás do vinho, na acidez e principalmente na elegância. Com a avolução já mais avançada, acabamos repuginando estas bombas de malbec, carmenere, etc... Mas, de vez em quando, voltamos as origens e dá aquela vontade de beber aquele "chocolate frutado", principalmente nos dias frios. E é por isso que tenho na minha adega alguns destes exemplares fortões do Novo Mundo. Vinhos de Mendoza e Colchágua são os mais fiéis representantes desta linha, mas não devemos generalizar, porque ambas as regiões produzem néctares de elegância e suavidade também. Este vinho é um corte de 75% Cabernet sauvignon e 25% Merlot, produzido pela Viña Estampa, no Vale do Colchágua, região quente, responsável pela produção de ótimos carmenére e syrah, uvas que adoram o calor. A Cabernet sauvignon acaba perdendo um pouco a acidez e ganhando muita maturidade no Colchágua, mas quando misturada a uvas de maior elegância, como a Merlot, acaba originando vinhos interessantes como este Estampa. Coloração violácea, lágrimas grossas, corpo forte. Aromas de ameixas pretas, chocolate e baunilha. Boca ampla, taninos nervosos, acidez média. Vinho "quente", mas não enjoativo. É bem gostoso, apesar de ser bem comum. Passa no teste de qualquer degustador, mas é mais caro que alguns similares de qualidade igual. Nota: 87 pontos. Preço: R$ 39,00.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Beryna 2007

Vinho raríssimo no Brasil. Procurei por artigos na internet e nada achei escrito por sites brasileiros. Também não encontrei este vinho à venda no Brasil. O único artigo que encontrei foi escrito em Portugal e me deu algumas informações. Este exemplar foi trazido dos EUA e não sei quanto custou. Em Portugal, custa 7 euros, ou seja, aqui deveria ser vendido à uns R$ 50,00. Blend de uvas (monastrell 60% e tinta roriz, cabernet sauvignon, syrah e merlot 40%), produzidas pela Bodegas Barnabé Navarro, em Alicante, sudeste da Espanha. Coloração violeta-pink, se é que isto existe. Corpo forte em taça e lágrimas generosas. Belo visual, chamando o nariz para a taça. Um suco concentrado de amoras com madeira bem integrada e leve aniz resumem os aromas deste vinho. Este belo conjunto visual/aroma cria uma grande perspectiva gustativa, mas aí ele descepciona um pouco. É macio, muito gostoso e sedoso, com taninos presentes e bem redondos, mas falta acidez, o quê não tira o brilho deste belo vinho espanhol, diferente e sedutor. Se perdeu um pouco na harmonização com um filet mignon ao molho de carne com pimenta verde acompanhado de risoto de alho-poró com pistache, talvez devido à pouca acidez. Procurei na mapa e encontrei a região de Alicante no sudeste da Espanha, ao sul de Valência, bem encostado no Mediterrâneo. Era de se esperar maior acidez por estar bem próximo ao mar, mas também se trata de uma região muito quente. Em suma, valeu o teste e indico este vinho, mesmo que seja por R$ 50,00, quando for vendido no Brasil. Aconselho desfrutá-lo sem acompanhamento gastronômico. Nota: 90 pontos.

domingo, 14 de novembro de 2010

Tamaya Chardonnay 2007

Sou suspeito para falar dos vinhos do Limarí, vale chileno 400 Km ao norte de Santiago. Seus vinhos têm uma característica única aqui na América do Sul: o toque salino que confere muita suavidade aos seus brancos e tintos. Não precisamos pagar caro nestes vinhos, para conseguirmos uma boa qualidade. Este chardonnay custou R$ 25,00 e cumpriu bem o papel de acompanhar uma caldeirada portuguesa. Coloração amarelo palha com reflexos dourados, lágrimas médias. Aromas de abacaxi e laranja madura com leva manteiga. Textura média com bom corpo e acidez agradável. Final curto e álcool aparente são os defeitos. Chardonnay acima da média para sua faixa de preço. Nota 87 pontos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Montado 2000

É isso mesmo: Montado 2000! Vinho regional alentejano do produtor José Maria da Fonseca, feito com as uvas Castelão, Aragonês e Trincadeira, safra 2000. Fui ao restaurante do Augusto, comer uma mini pizza e solicitei uma meia garrafa de vinho. Na falta de opções, empolgado com boas recentes experiências com vinhos portugueses de safras antigas (Periquita 2005, Quinta de São Cristóvão reserva 2004 e Luís Pato Baga 2005; todos em perfeitas condições), resolvi pegar esta garrafa da safra de 2000. Eu sabia que o risco de o vinho já ter ultrapassado seu auge e estar em estágio de decadência era grande, mas sempre se tem aquele fundinho de esperança, então fui em frente e arrisquei por curiosidade e amor à enologia... Poi bem, abri a garrafa e coloquei o vinho no copo e aí o quê rolou não foi decepção e sim constatação ao ver aquela cor castanho quase marrom. Não precisava nem cheirar ou beber o vinho, "eu já sabia", estava tão velhinho que já mostrava as rugas. Iniciei, agora tinha que continuar; aromas defumados de sei lá o quê, zero taninos, mas macio em boca. Não estava estragado, mas não estava agradável. Continuei minha experiência, esfriando mais o vinho, mas ele não melhorou. Tal como um ancião, não respondia mais as vãs tentativas de ressucitação. Dia perdido? Claro que não! São exatamente destas experiências que tiramos os maiores aprendizados e colocamos no ar perguntas intrigantes. Então, vamos aos fatos: este vinho regional alentejano não aguentou 10 anos de garrafa, mas será que se estive numa guarda ideal (imóvel, intocável, em temperatura de 16 graus, longe da luz, etc.), ele estaria vivo? Ou será que realmente se trata de um vinho muito simples, que não aguentaria de forma alguma? Mas o Periquita também é simples e chegou aos 5 anos em plena forma. Sim, mas 5 anos não são 10! Meus amigos, só há uma maneira de responder estas perguntas: comprando os vinhos ainda jovens, deixando-os em guarda ideal e experimentá-los no momento oportuno e aí é que esta a graça, aí que justifica o meu ato corajoso de comprar este vinho, mesmo tendo quase certeza de que estaria "passado". Poi bem, caros amigos enófilos, fiquei feliz com minha experiência e aprovei meu ato, devendo repeti-lo outras vezes, tudo em prol da ciência enofílica. Quanto ao vinho, custou R$ 30,00 e não vou dar nota porquê, em primeiro lugar não, se dá nota à velhos senhores e segundo, não se julga algo ou alguém que "morreu" prestando um grande benefício à ciência. Saúde!

Arrocal 2008 x Talenti Rosso Rispollo 2008


Este é o primeiro confronto que entra no blog adega para todos. Escolhi o espanhol Arrocal, 100% tempranillo, de Ribera del Duero e o italiano Talenti Rosso Rispollo, corte de 40% cabernet sauvignon, 30% merlot e 30% petit verdot, da região da Toscana. O Arrocal é um "puro sangue" espanhol, passa 6 meses em carvalho e custa R$ 55,00 em média. O Talenti é um corte bordalês da Toscana, digamos assim, um mini-supertoscano, que passa 10 meses em carvalho e custa R$ 40,00 em média. Arrocal: Coloração vermelho-violeta, tendendo ao claro, com reflexos rubi. Aromas de framboesas e amoras maduras com especiarias. O excesso de álcool atrapalhou um pouco a definição dos aromas. Na boca, acidez presente, taninos redondos, de novo o álcool atrapalhando. Tem de ser servido à uma temperatura mais baixa para reforçar o seu ponto forte: a acidez, com consequente vocação gastronômica. Nota: 87 pontos. Talenti: coloração violeta sem traços de evolução, lágrimas grossas que enchem a taça, aromas de ameixas pretas com cravo e madeira presente. Na boca, taninos aveludados, acidez marcante e boa textura.Sente-se o calor da Toscana neste vinho. O Arrocal é mais salivante e bonito, enquanto que o Talenti é mais complexo. Ambos são gastronômicos, porém o Talenti é mais versátil. Com notas parecidas, fico com o Talenti devido ao quesito preço.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Meia-garrafa.dia-a-dia.com

Sempre comento com minha esposa e com amigos sobre a necessidade de termos maior disponibilidade de meia-garrafas de vinhos para a compra no mercado. O vinho de meia-garrafa é charmoso, permite um número maior de experiências e tem a quantidade ideal para o dia-a-dia. O problema é que o arsenal de vendas à nossa disposição é bastante restrito e o que existe sempre é mais caro do que a garrafa tradicional de 750 ml, reservando a única exceção aos vinhos de Don Laurindo, os quais meia-garrafa custa exatamente a metade de uma garrafa inteira. Em se tratando de sauvignon blanc, vinho típico de entradas, a necessidade é maior ainda. Fica aqui uma dica aos produtores e vendedores: meia-garrafa de sauvignon blanc, com urgência! Hoje, vou comentar dois vinhos de meia-garrafa para o dia-a-dia: Cousino Macul Don Luís Cabernet sauvignon 2009 e Benjamin Nieto Senetier Malbec 2010. O Don Luís me surpreendeu positivamente já que a primeira experiência que eu tive com ele não foi agradável. Será que foi a safra? Ou pelo fato de estar em meia-garrafa, envelhecendo mais rapidamente? Ou ainda, por eu estar morrendo de vontade de beber Cabernet sauvignon? Bem, o fato é que o vinho é gostoso, tem tipicidade e por R$ 13,99, é barganha! Coloração vermelho violáceo, aromas de cassis com toque mentolado, textura macia, taninos presentes e álcool que incomoda um pouco. A meia-garrafinha foi embora rapidinho... Belíssima opção para o dia-a-dia. Nota 88 pontos. O Malbec argentino comprovou tudo o que eu já sabia; primeiro: coloração violeta, aromas de frutas vermelhas doces e pouca acidez, segundo: não é ruím, mas é monótono e sem complexidade, terceiro: os vinhos baratos argentinos são todos iguais, quarto: eta marzão de rótulos sem expressão dos nossos hermanos, quinto: já não coloco estes vinhos nem para o meu dia-a-dia, sexto: não consegui terminar esta mísera meia-garrafa! Preço: R$ 9,90 (honesto). Nota: 83 pontos.

domingo, 7 de novembro de 2010

Planeta Cerasuolo Di Vittoria 2008

Um dos vinhos do mês do Clube Wine, elaborado com uvas Nero d'Avola (60%) e Frappato (40%), na quente ilha da Sicília, sul da Itália. Não passa por madeira e nem precisa! Não vou falar das castas porque simplesmente não tenho a mínima experiência nelas, o que gerou grande curiosidade neste vinho. Não houve decepção, o vinho é ótimo! Linda cor rubi com reflexos rubi que brilham como holofotes, talvez denotem um vinho pouco concentrado. Nada disto! Aromas de ameixas frescas, muito floral e algo de especiarias, com toque mineral. O álcool atrapalha um pouco no início, mas depois o vinho se abre revelando aromas de cerejas. Na boca, acidez deliciosa, pouco tânico, bastante seco, nada enjoativo. É o tipo de vinho que cresce muito com comida e nem se sente bebê-lo por completo. Corpo médio e final médio. Grande opção gastronômica, acompanha bem massas e carnes em geral. Encontrei um post de blog em que o blogger não elogia tanto o vinho, dando preferência à vinhos com maior concentração de cor e aromas, mais característicos do Novo Mundo. Respeito a opinião deste blogger e um dos grandes baratos do vinho é justamente esta diversidade de opiniões, porque gosto não se discute e o meu gosto é bem diversificado, pois aceito bem a elegância do Velho Mundo e a concentração e modernidade do Novo Mundo. Tenho especial carinho por vinhos gastronômicos, devido minha paixão pela gastronomia, por isto elogio tanto estes vinhos "feitos para comida". Independente de gosto, não tem como negar que este vinho é muito bem feito. Parabéns ao Clube Wine por nos trazer vinhos bons e diferentes por preços muito convidativos. Paguei R$ 45,00 neste vinho. Valeu cada centavo de seus 91 pontos.

Colinas de São Lourenço 2005

Venho tentando aprender e entender mais sobre as características das diversas cepas portuguesas e seus inúmeros terroirs. Em parte fui motivado pelo bom nível médio dos vinhos, associado ao preço honesto. Resumindo, é difícil comprar vinho português ruím e pagar caro por isso. Iniciei com os intermináveis vinhos regionais alentejanos, passei pela modernidade do Douro e pela tradição do Dão, chegando agora aos bons exemplares da Bairrada, região onde impera a casta Baga e o seu rei é Luís Pato. Claro, já provei o Luís Pato Baga, vinho mais simples da vinícola e gostei bastante. Empolgado com esta boa experiência, me aventurei agora neste Colinas de São Lourenço safra 2005, talvez a melhor da década em Portugal. Multi-corte de Touriga Nacional, Aragonês, Merlot, Baga (é claro) e Syrah, este vinho envelheceu 12 meses em barricas de carvalho. O resultado é um vinho vermelho intenso brilhante, extremamente aromático, redondo e com pegada na boca, com média complexidade. Gostoso de beber, está bem acima da média dos vinhos regionais alentejanos. Honesto no preço ( R$49,00 ), foge um pouco da faixa de preço para o dia-a-dia, mas é excelente opção para fins de semana e jantares descompromissados. Por ter boa acidez, é bem gastronômico, mas pode ser desfrutado sozinho e bem devagar devido ao seu aroma muito agradável. Vale a experiência de prová-lo. Nota: 89 pontos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Castillo de Montearagon 2003

Achei este vinho ( e só tinha ele; uma única unidade) nas prateleiras do Pão de Açucar, perdido, quietinho, empoeirado, mas... de pé! Pela Santa Madre, porque será que os supermercados não começam à guardar direito os vinhos, afinal de contas, já não somos mais meros coadjuvantes consumidores do terceiro mundo, desprezados pelos ricos europeus, porque "nunca antes na história deste país", comemos e bebemos tão bem e entendemos tanto de boas coisas da vida, que merecíamos o mínimo de tratamento correto daqueles que lucram com o aumento do nosso poder aquisitivo, repito o termo: aquisitivo, que vem de aquisição, ou seja, comprar! Me deu um frio na barriga ao comprar este vinho: será que estaria vivo? Será que 7 anos em garrafa, provavelmente a maior parte do tempo de pé, teriam sepultado este vinho? Bom, se estivesse estragado, eu não perderia tanto, afinal paguei incríveis R$ 29,00, isto mesmo, apenas R$ 29,00 em um reserva espanhol! Corte de tempranillo, grenache e carignan. Na taça, mostrou coloração vermelho púrpura com reflexos alaranjados, tendendo ao tijolo. Nariz de frutas vermelhas maduras, com muitas especiarias e toque animal. Na boca, acidez ainda viva, graças provavelmente a presença da carignan. Fluido, madeira bem presente, pouca complexidade, mas correto. Não sei se aguenta mais um ano em garrafa, porque já está em um ponto em que os toques animais e de envelhecimento estão tomando conta do vinho. Beba logo! Vale a experiência. Nota: 87 pontos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Dois almoços, duas estórias.

Comer peixe em um restaurante típico, em frente ao mar, em plena Ubatuba é o "must" em gastronomia marítima, correto? Errado!!! Este fim de semana tive duas experiências diferentes com pratos marítimos, uma em cada dia. Sábado, almoçamos no restaurante Perequim, em Ubatuba, frente mar. Domingo, me atrevi na cozinha da minha casa. Vamos ao Perequim: ambiente simples, atendimento razoável, comida meia-boca e preço nas alturas. É possível uma moqueca para duas pessoas custar R$ 100,00? Sim! E isto ocorre em uma cidade onde existe fartura de peixe! Meu Deus! Como peixe melhor e mais barato em minha cidade (Guaratinguetá). Solicitei um abadejo e o que comi era tudo, menos abadejo, a não ser que estivesse descaracterizado por tanta farinha, champignon, batata, etc., coisas assim para dar volume ao prato; aja batata neste mundo! Para acompanhar, bebi meia garrafa do Valduga Premium Chardonnay 2010, vinho de coloração dourada, aromas de maracujá com mel, boca untosa, textura oleosa, boa acidez, mas maduro demais. Um pouco mais doce e teríamos um vinho de sobremesa. Nota: 84 pontos. É isto pessoal, o almoço não foi um desastre, mas ficou longe de honrar a cidade e o preço! Domingão, eleição e... camarão! Rosa, do melhor, comprado por mim mesmo, no mercado do peixe, em Ubatuba e o melhor: preparado por mim! De que maneira? Da mais simples possível: marinado em alho picadinho e sal e grelhado no azeite com salsinha e pimenta do reino. Para acompanhar, um arroizinho simples, feito na hora e só! Show de bola! Ficou ótimo. O camarão preservou sua textura e seu sabor marítimo e o arroz fez o seu papel de acompanhante, não encobrindo o sabor da estrela do prato. Por que não fazem isto nos restaurantes? É tão simples! Parece que só querem estorquir o pobre do freguês e cada vez mais! Ah! Quanto custou? R$ 20,00 + o prazer de cozinhar. E o vinho? Harmonizei com o Planeta Alastro Bianco 2008, da Sicília. Feito com uvas da casta Grecanico, com pequena parcela de Chardonnay. Coloração amarelo-palha, com reflexos dourados, brilhante, bela cor. Aromas de pêssegos brancos, flores brancas (margarida?), discreto mel e algo de castanhas. Na boca, seu ponto forte: sedoso, extremamente macio, se move maravilhosamente entre lingua e pálato. Tem acidez um pouco acima do ideal, mas é muito elegante. Bela surpresa! Nota: 90 pontos. Preço: R$ 45,00 (vinho do mês no clube wine). Enfim, finalizo concretizando um fato: minha casa é beeeeeemmmm melhor que o restaurante Perequim. Recomendo o vinho Alastro Bianco e não recomendo o restaurante Perequim em Ubatuba.

Tarapacá Gran reserva Cabernet sauvignon 2007

Eu já disse aqui e afirmo novamente: está difícil encontrar bons Cabernet sauvignon chilenos por preços convidativos, então quando você se deparar com uma promoção igual à esta (paguei R$ 39,00 neste vinho), compre de caixa! O Gran reserva é um degrau acima do Gran Tarapacá, que já é bom. Esta vinícola tem o dom de fazer vinhos em um estilo que agrada muito o consumidor, mas sem cair em comercialismo exagerado. É Cabernet sauvignon típico, desde sua cor até sua pegada na boca. Coloração vinhosa tendendo ao violeta, sem traços de evolução, aromas puros de cassis com madeira bem integrada, boca tânica sem perder a sedosidade. Talvez falte um pouco de acidez, denunciando uma safra de ano quente (2007), mas não é enjoativo de maneira nenhuma. É cabernet mesmo e tem longa vida pela frente, arriscando dizer que este vinho chega vivo em 2015 e muito vivo! Não é complexo, mas é o companheiro perfeito para carnes com molhos fortes. Como critério de comparação, é menos aromático que o Equus Cabernet sauvignon, mas tem mais tipicidade. Nota: 90 pontos. Comprei numa promoção na Wine.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Alto las Hormigas 2009

Eis aqui um velho conhecido, campeão de bilheteria e elogiado pela maioria dos enófilos. Alto las Hormigas é um vinho produzido em grande escala, em Mendoza, Argentina. É 100% Malbec e não nega as origens: visual de coloração violeta, sem traços de evolução, aromas de framboesas maduras, ameixas e algo bem discreto de especiarias. Na boca, o seu ponto forte: harmonioso e sedoso, não queima o pálato em nenhum momento, tendo equilíbrio entre doçura e acidez, não sendo enjoativo como a maioria dos malbecs do mesmo preço. Tem alguma complexidade e encarou bem uma fraldinha na churrasqueira. É um pouco caro para ser utilizado no dia-a-dia, mas é ótima opção para almoços despretenciosos de fim de semana ou para jantares em restaurantes, caso não se queira correr risco de errar. Nota: 89 pontos. Preço: R$ 38,00.

sábado, 23 de outubro de 2010

Casa Marin Pinot Noir 2009

Antes de tudo, deixe-me fazer uma confissão: sou apaixonado por Pinot Noir! Não existe, ao meu ver, vinho mais elegante e gostoso que um bom pinot. Combina bem com pratos leves, sendo versátil, podendo encarar saladas, entradas, peixes e carnes brancas. E aquele aroma! Hummm... O problema é que temos poucas opções de bons vinhos de Pinot Noir no mercado brasileiro, além de que os bons exemplares são caros. Mas, me parece que este panorama está mudando. Semana passada, comentei aqui um bom pinot de preço acessível, da Cono Sur. Hoje, trago mais um bom achado, o Pinot Noir Casa Marin 2009. A vinícola Casa Marin é propriedade de Maria Luz Marin, primeira grande enóloga chilena, que contrariou tudo e todos e instalou seus vinhedos em uma região extrema, à apenas 4 Km do Pacífico, onde não havia nada e deu origem à maior novidade da enologia chilena: o Vale de San Antonio, mais precisamente, região de Lo Abarca. Devido à proximidade do mar, os seus vinhedos captam a brisa marítima e dão origem à vinhos frescos e frutados, com excelente acidez. Este Pinot Noir é o "pé de boi" da cepa desta vinícola, mas é muito bem feito. Coloração rubi roseado, brilhante, lindo na taça. Aromas predominantes de morango e framboesas frescas. É verdade que não tem complexidade, mas é muito agradável. Na boca é balanceado, com textura sedosa, poucos taninos e acidez deliciosa. Sente-se o cheiro do mar neste vinho. Tem graduação álcoólica de 14%, impercepitíveis na boca. Foi o primeiro vinho desta casa que eu experimento, mas à julgar por esta primeira experiência, as próximas serão bem interessantes. Paguei R$ 35,00, na Wine (preço promocional e para sócios do clube wine), o que o transforma num excelente custo-benefício. Bom pinot, melhor que o cono Sur, porque tem mais frescor e complexidade. Ótima compra. Nota: 90 pontos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

São Miguel dos descobridores tinto 2007

Os vinhos regionais alentejanos (Portugal), invadiram as prateleiras dos supermercados e importadoras devido sua boa qualidade média e preços competitivos. Este é mais um bom exemplar desta região campeã de vendas aqui no Brasil. Corte de Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet. A coloração violácea é típica dos vinhos regionais do Alentejo. Framboesa madura com uma explosão de espaeciarias resumem o aroma. Taninos redondos fazem dele um vinho fácil de beber. Agradável, mas tem o mesmo defeito dos outro vinhos regionais alentejanos: a falta de complexidade. Poderia ser utilizado para o dia-a-dia, porém é mais caro que outros irmãos lusitanos com a mesma qualidade. É mais um vinho alentejano... Nota: 86 pontos. Preço médio: R$ 35,00.

Cinelli Colombini Rosso de Montalcino DOC 2005 e Barolo Batasiolo 2005

Caros amigos, estamos aqui diante de dois vinhos italianos com bastante reputação. Um foi degustado no almoço de sábado e o outro foi degustado no almoço de domingo. Vamos ao primeiro: Barolo Beni di Batasiolo 2005, comprado no Free Shopping por US$ 50,00. Quando iniciei minhas leituras em enologia, sempre verifiquei grandes elogios à este vinho mítico, o barolo. Feito com a uva Nebiollo, proveniente de Piemonte na Itália, é um estilo de vinho que remete à altas concentrações de fruta e grande tempo de estágio em barricas de carvalho, desenvolvendo assim grande capacidade de envelhecimento em garrafa. Pois bem, é o terceiro Barolo que eu degusto e o que mais me criou expectativa, porém o resultado foi igual aos outros dois: descepcionante! É um vinho de razoável para bom, com grande vocação gastronômica, porém não justifica seu alto preço e nem a fama dos grandes Barolos. Será que os Barolos são realmente assim ou eu ainda não experimentei um digno representante da classe? Mas quanto eu vou ter quer pagar por isso? Desisto, Barolo agora, só em degustações! Talvez eu me encante com algum. Vinho de coloração vermelho rubi com tons de marrom, aromas de frutas vermelhas ácidas e especiarias, com toque defumado. Ué, o Barolo não é feito para durar 15 anos? Este vinho de 5 anos me pareceu estar quase paedindo arrego. Boca com acidez boa para comida e taninos valentes. O vinho é melhor na boca do que no nariz. Tenho outra garrafa e vou abrir apenas em três anos ou mais. Se tiver estragado, não perderei tanto. Nota: 88 pontos. Fuja desta; por este preço tem coisa bem melhor no mercado.

O segundo vinho é um Cinelli Colombini Rosso de Montacino DOC 2005, produzido 100% com mãos femininas, na maravilhosa Toscana, na Itália. Já havia provado o Brunello Colombini e gostei muito, então também tinha criado uma boa perspectiva neste vinho. Não chegou à ser descepcionante, porém também não correspondeu as expectativas. Bom vinho, com aromas de frutas vermelhas maduras e cravo, corpo médio e sedoso, enchendo a boca. Final médio. Não é tão gastronômico quanto o Barolo, mas encarou bem o filet mignon. Falta complexidade e mais uma vez eu digo: é caro para o que oferece. Custa R$ 98,00 na Grand Cru. Não compromete, mas não empolga. Já bebi vinhos de R$ 50,00 e até de R$ 38,00 que me animaram muito mais. Por isso, apesar da boa nota: 89 pontos, não vou recomendar. Peço desculpas por não ter fotos do vinho.

sábado, 16 de outubro de 2010

Matetic EQ coastal sauvignon blanc 2009

Tão prazeroso quanto beber este vinho é falar um pouco sobre ele. A América do Sul entrou para o cenário viti vinícola mundial devido aos potentes malbec da Argentina e aos grandes cabernet sauvignon do Chile, criando um estigma de produção de belos vinhos tintos e quase nada de vinhos brancos. Este cenário começou a mudar com a "descoberta" do Vale de Casablanca, por Pablo Morandé, na década de 90. Após o "boom" de Casablanca, iniciou-se a procura por novos terroirs que pudessem trazer frescor e acidez, fundamentais ao vinho branco. A grande novidade é o Vale de San Antonio, bem próximo ao mar, trazendo o frescor do Pacífico; são os chamados vinhos marítimos do Chile. Este vinho da ótima vinícola Matetic é um exemplo fantástico do que pode fazer uma sauvignon blanc. O que se espera de uma sauvignon blanc? Que seja aromática, vivaz, tenha frescor e acidez punjente e enfrente de cara aberta uma bela entrada de frutos do mar, ostras ou queijo de cabra. E tudo isto este vinho tem! Coloração amarelo palha, quase branca, com leves reflexos verdeais. Explosão de aromas: melão, limão, pêras, grama cortada, etc. Ataca a boca com maravilhosa acidez e refresca o corpo e a alma. Não dá vontade de parar de beber! Quanto ao custo, vou ser categórico: não existe à venda no Brasil, um vinho deste nível com este preço (R$ 50,90 para membros do clube wine). É muito próximo dos bons sauvignon blancs da Nova Zelândia, que são mais caros. Em relação aos similares do Chile, é do mesmo nível do Ventolera e superior a imensa maioria. Ainda não provei os sauvignon blanc da Casa Marin, os quais dizem, que são muito bons. Vou dar uma dica: ao invés de tomar cerveja na beira da piscina, experimente este sauvignon num balde de gelo, acompanhado de queijo de cabra e salada e depois me digam o resultado. Nota: 93 pontos.

Cono Sur Pinot Noir 2008

A uva Pinot noir é, na minha humilde opinião, a mais fascinante de todas as cepas. Capaz de gerar vinhos maravilhosos e também medíocres, dependendo da forma como é vinificada. Originária da França, encontrou seu habitat na Borgonha, onde dá origem à vinhos estrondorosos e únicos. O grande problema é que a Pinot Noir é "caseira" e dificilmente se adapta fora da França, então caros leitores, para se provar um grande Pinot Noir, tem que se pagar caro por um bom exemplar borgonhês ou garimpar preciosidades americanas ou neozelondesas, que também têm bons e pouco mais baratos pinot. Resumindo, quer beber um belo pinot? Então tire dinheiro do bolso, porquê a conta é pesada. Os pinot noir de custo médio disponíveis no mercado não convencem e não vale a investida, então a opção é se contentar com pinot de baixo custo e que não seja medíocre. Este Cono Sur Pinot Noir é exceção à regra: custa pouco e é bom. Para quem quer ter noção das características desta cepa e iniciar experiências com esta maravilhosa uva, este é o vinho ideal. Coloração rubi vivo, típico da Pinot, aromas de moramgo e framboesa, boca macia, poucos taninos, suavidade e frescor. É bem verdade que tem pouca complexidade, mas também tem poucas arestas e é agradável e fácil de beber. Vai agradar facilmente ao público feminino e é excelente acompanhamento para frangos grelhados, patos e salmão. Preço: R$ 24,00. Nota: 87 pontos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cono Sur Riesling 2009 e Álamos Malbec 2008

Feriadão de 12 de outubro, churrascão para distrair e... vinhos para acompanhar. Então vamos lá! O primeiro é o Cono Sur Riesling 2009, produzido pela competente vinícola Cono Sur, com uvas colhidas na distante região de Bío-Bío, bem ao sul do Chile. A região começou à ganhar notoriedade graças ao famoso vinho Sol de Sol, aclamado diversas vezes como o melhor branco chileno, produzido pela viña Aquitania, em Traiguen. Aos poucos, como aconteceu com vale do San Antonio e vale do Limari, a região de Bío-Bío vai caminhando para um lugar de destaque no cenário vtivinícola chileno, principalmente no que se refere à vinhos brancos. Este exemplar simples, de uma uva pouco difundida na América do Sul, impressiona pelo frescor e aromaticidade pouco frequentes nos "quentes" vinhos brancos chilenos, mais chegados ao mel e a manteiga. Bela cor amarelo palha, com reflexos dourados, aromas de frutas brancas frescas, boca macia e refrescante. É "vero" que falta complexidade, mas sobra frescor e elegância. Pelo preço, não tem concorrentes no mercado, sendo sem dúvida um "best buy". Preço: inacreditáveis R$ 24,00. Nota: 89 pontos.

O que falar deste aí? Álamos Malbec, o eterno campeão de billheterias da América do Sul, da prestigiada Catena Zapata. É só chover no molhado! Bom vinho, balanceado, fácil de beber, sedoso e barato. Agora, não exagere em só beber Álamos Malbec, porque você corre o sério risco de se cansar dele, porque complexidade não é o forte deste vinho. Vinho de dia-a-dia sim e também acompanha muito bem churrasco e jantares em restaurantes. Bastante constante, praticamente não se percebe diferenças entre as safras, é presença regular na minha adega, devido à sua boa qualidade, preço honesto e versatilidade para carnes vermelhas mais "pesadas". Preço: R$ 29,00. Nota: 88 pontos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vineyards Du Cape Champions Blend 2007

Multi-corte das uvas bordalesas (cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e petit verdot) com participação da malbec, produzido pela vinícola Glen Carlou na África do Sul, com exclusividade de vendas no Brasil para a Grand Cru. Coloração vermelho rubi intenso, aromas fechados no seu início, mas que depois de 20 minutos se abrem para cassis, amoras pretas e aquele toque de terra, típico dos vinhos da África do Sul. Corpo médio, acidez que incomoda e álcool acima do ideal. Vinho de pouca complexidade que lembra em alguns pontos o terroir da Serra gaúcha. Tem alguns relampejos de superioridade, mas o conjunto é de razoável para fraco. Pode servir para o dia-a-dia, mas é inferior à outros vinhos de preço semelhante. De padrão igual, temos várias opções nacionais, com custo mais baixo. Não devo comprar mais. Preço: R$ 29,00, na Grand Cru. Nota: 85 pontos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Catena Malbec 2008

Eis aqui, finalmente, o badalado e superhipermega prestigiado vinho da megaultrapower vinícola Catena Zapata. O vinho de apenas 50 mangos que não se cansa de receber 90 pontos ou mais de Robert Parker. Estamos aqui e agora para testar o figurão, acompanhado de um belo vitelo ao seu próprio molho e arroz piemontês. Vinho de coloração violeta, bem demonstrativo da cepa Malbec, com belo brilho e sem traços de evolução. Aromas facilmente identificados de ameixas pretas secas e leve baunilha. Boca sedosa, corpo médio, final médio/longo. Percebe-se que existe muito cuidado na produção e que se trata de um vinho com algumas ambições, porém tem defeitos claros de se perceber, como o álcool acima do ideal, a maturidade um pouco excessiva e a falta de complexidade para o que se propõe. É um bom vinho, mas não justifica a sua fama e suas altas notas (exageradas e muuuuuito esquizitas). É melhor que seu degrau inferior Álamos Malbec, mas a diferença grande de preço (custa quase o dobro) não é justificável. A diferença é que o Catena é um vinho mais afinado e pouco mais elegante que o Álamos, mas não chega à empolgar, não justificando o seu preço bem superior. É um vinho honesto, que vale o que custa, porém o problema é que o Álamos é muito barato pela qualidade que tem. Resumindo, para o dia-a-dia ou para acompanhar um bom prato de vitelo ou filet, prefira o Álamos; agora, se desejar um vinho para pensar, temos que subir mais degraus e encarar um Angelica Zapata ou Catena Alta. Em breve, vou experimentar a linha DV Catena, superior imediato do Catena, para ter uma opinião melhor. Em relação à outros vinhos, acho igual ao Alto las Hormigas Malbec e inferior ao Flor d'Englora e Urban Blend chileno, todos mais baratos. Nota: 89 pontos.

sábado, 9 de outubro de 2010

Corralillo Blend 2007

Corte bastante original de 44% Cabernet Franc, 30% Merlot e 26% Malbec da ótima vinícola Matetic, do Vale de San Antonio, no Chile. Região fria, bem próxima do Pacífico, do qual recebe influência direta. Coloração vermelho-violáceo, com lágrimas médias, aromas tímidos no início, mas depois de 10 minutos na taça se abriram para ameixas maduras e cravo, com toque herbáceo. Na boca, ainda duro, com taninos presentes e álcool moderado, apesar de seus 14,5%. Precisa de dois anos na garrafa, para ser amaciado, porém acredito que não ganhará em complexidade, porquê talvez, não tenha sido feito para isto. Bom vinho, porém não excelente. Poderia custar mais barato que os R$ 85,00 que cobra a Grand Cru, porém vale lembrar que este vinho já foi mais caro quando era exclusividade de outra importadora. Nota: 90+ pontos.

Clos de Torribas reserva 2003 - Tempranillo

Dias atrás, provei o tão elogiado custo-benefício Clos de Torribas Crianza e aprovei a experiência. Agora chegou a vez do seu "chefe imediato", o Clos de Torribas reserva, um grau acima na escala hierárquica desta boa adega de Penedes, na Espanha. A diferença técnica entre os dois vinhos é que este reserva estagia em barricas de carvalho por um período maior e também fica mais tempo em processo de afinagem na adega antes de chegar ao comércio. Vinho de coloração vermelho granada com lindo halo de evolução vemelho-tijolo, corpo médio, macio, sedoso, com aromas de frutas vermelhas amadurecidas e toque animal de envelhecimento. Vinho gostoso que vale o quanto custa: R$ 38,00. Melhor que o crianza, porém com menos aptidão gastronômica devido à maior presença da madeira, a qual está mais para cedro que para baunilha. Recomendo e acho difícil alguém não gostar. A dica: beba logo, não sei se aguenta mias 2 anos. Nota 89 pontos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Nemea reserve Tsantali 2004

Encontrei este vinho no Carrefour e empolgado com a boa experiência que tive com outro vinho grego que bebi dias atrás, resolvi comprá-lo. Tacada errada! Apesar de ser da mesma uva (Agiorgítiko), não mostrou a mesma qualidade, sendo um vinho simples, sem maiores pretensões. Pelo preço (R$ 25,00), não se podia esperar muito mesmo, mas bato na mesma tecla novamente: en contramos vinhos iguais à este com preço melhor. Quer um exemplo? Miolo seleção por R$ 15,00. Não é mico, valendo pela curiosidade de ser vinho grego. Podem experimentar se quiserem, pelo menos o prejuízo não será grande, se não gostarem.

Villa Montes Cabernet sauvignon 2008

Almoço de domingo no Gadiolli, lasanha, queijos e a mesma carta de vinhos. Optei pelo Villa Montes Cabernet sauvignon, o "pé de boi" da prestigiada vinícola Montes do Chile, responsável pela modenização dos vinhos chilenos e pela produção de grandes vinhos como o Monthes Alpha. Só que aqui, o nível é outro! Vinho fraco em aromas, textura e sensações. Nem de longe lembra a tipicidade do cabernet sauvignon. Não serve nem para o dia-a-dia, porque a sua qualidadenão justifica seu preço (R$ 30,00). Por este valor encontra-se vinhos bem melhores no mercado. Não passa de um vinho regular. Algum aproveitamento para ele? Imagino talvez, como bebida em grande quantidade para grandes festas, mas como eu disse, têm vinhos melhores nesta faixa de preço. Então, fica difícil... Fuja do mico!

sábado, 2 de outubro de 2010

Gran Leblon Premium 1997


Essa é para qualquer enófilo ficar com inveja. Sábado à tarde, fui com minha esposa e filhas, levar uma amiga da minha caçulinha ao sítio dos pais, também nossos amigos; brincadeira com os bichos, pegar amoras no pé, jogar bola no campinho com a garotada e quase quatro da tarde, chamo a turma para ir embora, com o objetivo de assistir ao jogo do Palmeiras. Nos segundos finais, fui convencido à ficar para comer um delicioso bolo de mandioca que estava saindo do forno. Enquanto aguardávamos o bolo ficar pronto, rolou um papo de vinho e vejam só, uma relíquia estava guardada no sítio: um vinho de Mendoza, do ano de 1997. Gran Leblon Premium 1997, corte de malbec, merlot e cabernet sauvignon. Para a minha surpresa, abriram o vinho!!! Aliás, deram à mim a honra de abrir a garrafa e o que fiz? Quebrei a rolha! Que desastre, que vergonha! Mas papai do céu é bom e eu consegui terminar o serviço. Confesso que fiquei meio intrigado e desconfiado, será que o vinho ainda estava bom? Não, o vinho estava óóótimo! Não vou descrever detalhadamente este vinho, porque o momento não era para pensar e sim para curtir o fato de estarmos juntos, celebrando a dádiva de viver, em cada gole daquele quase desconhecido rótulo, fixado em uma garrafa que guardava dentro 13 anos de história e um néctar que acendia intensos prazeres neurosensoriais. Ah! O bolo? Estava ótimo! E também rolou mandioca frita, linguiça, etc. O jogo do Palmeiras? Nem sei quanto foi! Ainda bem...