O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Montado 2000

É isso mesmo: Montado 2000! Vinho regional alentejano do produtor José Maria da Fonseca, feito com as uvas Castelão, Aragonês e Trincadeira, safra 2000. Fui ao restaurante do Augusto, comer uma mini pizza e solicitei uma meia garrafa de vinho. Na falta de opções, empolgado com boas recentes experiências com vinhos portugueses de safras antigas (Periquita 2005, Quinta de São Cristóvão reserva 2004 e Luís Pato Baga 2005; todos em perfeitas condições), resolvi pegar esta garrafa da safra de 2000. Eu sabia que o risco de o vinho já ter ultrapassado seu auge e estar em estágio de decadência era grande, mas sempre se tem aquele fundinho de esperança, então fui em frente e arrisquei por curiosidade e amor à enologia... Poi bem, abri a garrafa e coloquei o vinho no copo e aí o quê rolou não foi decepção e sim constatação ao ver aquela cor castanho quase marrom. Não precisava nem cheirar ou beber o vinho, "eu já sabia", estava tão velhinho que já mostrava as rugas. Iniciei, agora tinha que continuar; aromas defumados de sei lá o quê, zero taninos, mas macio em boca. Não estava estragado, mas não estava agradável. Continuei minha experiência, esfriando mais o vinho, mas ele não melhorou. Tal como um ancião, não respondia mais as vãs tentativas de ressucitação. Dia perdido? Claro que não! São exatamente destas experiências que tiramos os maiores aprendizados e colocamos no ar perguntas intrigantes. Então, vamos aos fatos: este vinho regional alentejano não aguentou 10 anos de garrafa, mas será que se estive numa guarda ideal (imóvel, intocável, em temperatura de 16 graus, longe da luz, etc.), ele estaria vivo? Ou será que realmente se trata de um vinho muito simples, que não aguentaria de forma alguma? Mas o Periquita também é simples e chegou aos 5 anos em plena forma. Sim, mas 5 anos não são 10! Meus amigos, só há uma maneira de responder estas perguntas: comprando os vinhos ainda jovens, deixando-os em guarda ideal e experimentá-los no momento oportuno e aí é que esta a graça, aí que justifica o meu ato corajoso de comprar este vinho, mesmo tendo quase certeza de que estaria "passado". Poi bem, caros amigos enófilos, fiquei feliz com minha experiência e aprovei meu ato, devendo repeti-lo outras vezes, tudo em prol da ciência enofílica. Quanto ao vinho, custou R$ 30,00 e não vou dar nota porquê, em primeiro lugar não, se dá nota à velhos senhores e segundo, não se julga algo ou alguém que "morreu" prestando um grande benefício à ciência. Saúde!

Nenhum comentário:

Postar um comentário