O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Equus Cabernet sauvignon 2007

Procurar por um típico cabernet sauvignon do Maipo (Chile), com preço razoável não é das tarefas mais fáceis, acho que porquê estes vinhos ganharam enorme fama e as terras do Maipo se valorizaram como um foguete na última década, tornando o cultivo mais caro nesta região. Abaixo de R$30,00, eu não consigo identificar nenhum cabernet sauvignon do Maipo que tenha grau de qualidade para uma indicação certeira. Há os que indicam o casillero del diablo, mas definitivamente não faz o meu gosto. Talvez o Carmem Classic Cabernet sauvignon, mas falta concentração. Se subirmos um pouco a faixa de preço, encontraremos bons exemplares, como é o caso deste Equus Cabernet sauvignon safra 2007, vinho de coloração violeta claro, aromas típicos de cassis com aquele fenomenal toque herbáceo que elevou o vinho chileno ao patamar que hoje se encontra. Sólido na boca, taninos evidentes e final longo. Tem vida pela frente, talvez uns 3 ou 4 anos. O defeito está no álcool muito evidente e no preço ( R$49,00 ); se custasse R$40,00 seria ótima compra. Colocaria este vinho naquele grupo de cabernet sauvignon chilenos com aquele "toque a mais" de complexidade que um vinho comum, por isso não se enquadraria em vinho do dia-a-dia, até porque escapa um pouco da faixa de preço para este fim. Também não é um vinho muito gastronômico, devido à pouca acidez e maturidade acima da média. Entraria bem numa reunião com amigos ao final do dia, acompanhado de queijos maduros e pão integral. Também tem pegada para enfrentar um belo filet ao molho cabernet. Junto com o Carmem reserva e o Santa Rita reserva, constitui talvez o que o Maipo tem de melhor nesta faixa de preço, em se tratando de cabernet sauvignon. O Carmem talvez seja o mais balanceado dos três, mas sem dúvida o Equus e o Santa Rita são os que representam melhor a tipicidade do Maipo. Nota 89 pontos. Vale a compra.

Angheben touriga Nacional 2005

É prazeroso poder desfrutar de um bom vinho nacional, com preço relativamente bom. Fazer bons vinhos que custam R$ 70,00 ou mais não é mais do que mera obrigação do produtor, mesmo que venha de um Terroir não muito favorável, agora, fazer bons vinhos a preços convidativos é mérito do produtor e reflete o intenso trabalho dessa gente que quer fazer história em terras tupiniquins e é isto o que está fazendo a família Angheben. Este vinho, que custou R$ 35,00, na Vinci vinhos, é uma amostra do potencial de nossas terras gaúchas, que quando são manejadas por mãos talentosas e honestas e que escolhem as uvas certas, dão ótimos resultados. Tenho a modesta opinião de que o Terroir gaúcho não é para cabernet sauvignon e sim para outras uvas que se beneficiam da acidez do terreno, como a Merlot e certas castas portuguesas. Este exemplar de Touriga Nacional, uva nativa portuguesa não deve em nada para vinhos regionais portugueses. O problema ( ou solução) é que o volume de produção português é tão grande e a qualidade média é tão boa, que eles chegam aqui com preços muito convidativos. Vinho de coloração rubi com reflexos violáceos, corpo médio, aromas de frutas vermelhas e especiarias, madeira bem integrada e álcool comportado. Tem acidez gostosa e não exagerada, defeito comum nos vinhos nacionais, o que o torna um bom vinho gastronômico. É um pouco caro para o dia-a-dia, mas vale a investida, até para conhecer esta vinícola e encerrar de vez com o conceito que vinho nacional não presta. Nota 88 pontos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Maule, o vale esquecido.

Semana passada, depois de tanto renegar, comprei uma garrafa do Palo alto, um blend bem conhecido da região do Maule, no Chile. Vinho facilmente encontrado aqui no Brasil, seja na internet ou em supermercados, por um preço ótimo, em torno de R$30,00. Figurinha carimbada de cartas de restaurantes, confesso que nunca tinha me arriscado à comprar, porque não sou fã de vinhos de grande volume de produção, mas existem excessões à regra e está aí o Palo alto para provar. Vinho de buquê impressionante para sua faixa de preço, perde um pouco na boca devido ao álcool fora de controle, mas não dexa deser um bom vinho. Corte onde predomina a carmenere, é muito bem feito e deve agradar bastante aos amantes da maturidade. Bem, mas o que este vinho tem à ver com este post? Simples, além de ter inspirado este post, reascendeu uma chama que estava apagada na minha cabeça, a de que os vinhos do Maule não só existem, como são muito bons. Renegados à um segundo plano no Chile, o Maule viu a hegemonia do Maipo, a consagração do Colchagua, a rápida elevação de Casablanca e até um súbito despertar de, quem diria, Limarí. Homens como Francesco Marone Cinzano acreditaram no potencial deste vale, outrora marcado pela produção em larga escala de uvas de qualidade inferior. A norueguesa Odfjell é uma das vinícolas lá instaladas e Pablo Morandé também resolveu dar as cartas em Loncomilla, com suas velhas parreiras de Carignan, casta que começa a despontar como a nova estrela chilena, já tendo até clube privado: o clube do Carignan, cheio de regras e exigências, tudo em prol da qualidade. O vinho Erasmo de Caliboro está entre os melhores do Chile, o Edicion Limitada Carignan de Morandé é de salivar, o Orzada Carignan de Odfjell também está bem cotado e o Urban Blend da O. Fournier é campeão de custo-benefício. Todos estes vinhos são do Maule e agora me deparo com esta agradável surpresa, o Palo alto blend, um vinho bom e barato, do mesmo nível de similares de preço e campeões de bilheteria como Álamos e Casillero. qual seria a justificativa para este renascer do Maule? Não sei, mas como se trata da maior região vinícola do Chile, eles têm condições de produzir em larga escala e como não são os queridinhos da crítica, são obrigados à entrar na concorrência com preços mais baixos, tornando os vinhos desta região em verdadeiras pechinchas. O consumidor agradeçe. Viva o Maule!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nem todo dia é dia santo!

Quando criei este blog, motivado por minha paixão pelos vinhos e pela escrita, sabia que não falaria apenas sobre vinhos bons e que teria que blogar também experiências não muito bem sucedidas e verdadeiras catástrofes. Então, como nem todo dia é dia santo chegou o momento de metralhar duas gafs que insisti em cometer. O primeiro vinho é o Tilia Malbec 2008, nem precisa dizer que é argentino, mas malbec ruím argentino? Sim. Logo ao colocar o vinho na taça, aquela dor no estômago, coloração violeta tipo suco de uva, aromas de suco de uva e gosto de suco de uva, pois é, o vinho parece suco de uva com álcool, não tem tique nenhum de vinho, lastimentável! Comprei duas meia-garrafas, me lamentei na primeira e sofri na segunda. Completamente perdido? Não. Imaginei duas alternativas para o uso deste vinho: a primeira é usá-lo para fazer sagú, já a segunda é mais interessante, pois elimina o risco da primeira, o de perder o bom sagú que você comprou. Sabe aquele amigo que sempre vai no churrasco da tua casa e só leva linguiça, carne de porco, maminha ou aquele espetinho pronto e já temperado comprado em alguns supermercados? Reconheceu alguma figura assim? Então meus amigos, aqui vai a solução. Quando nas raras vezes em que ele der um churrasco na casa dele (se é que isto vai acontecer...), leve o Tilia Malbec e fale que é um excelente malbecão argentino, doce, frutado e barricado como poucos. Sirva para todos e principalmente para ele e não deixe de servir também para você, claro! Detenha o comando das ações, cumprindo o papel de sempre servir à todos mantendo, aquela elegância única e mantenha a sua taça sempre cheia, até porquê o que você vai encontrar na casa desta figura são aquelas taças pequenas de vinho que são vendidas nas lojas de R$1,99. Resultado final: o seu amigo do peito vai tomar metade da garrafa e vai te elogiar muito no dia seguinte. Ah! Não se esqueça de levar o sagú de sobremesa! O preço do vinho: R$ 27,00.

O segundo vinho não merece ser crucificado, porque não se trata de um vinho ruím, porém é apenas mediano. Então, qual é o problema? O preço! Esta meia-garrafa não vale R$ 26,00 nem aqui, nem em Bangladesh, para ser mais original! Vamos ao vinho: coloração vermelho violáceo escuro, aromas de frutas quase negras, boca seca com acidez razoável e final mediano. Falta complexidade, talvez pelos limites da casta bonarda. Pode servir para o dia-a-dia, porém po este preço se torna caro para esta finalidade. Poderia enumerar aqui, inúmeros vinhos de qualidade maior nesta faixa de preço ou mais baratos, mas vou me conter. Aos amigos da vinícola produtora deste vinho, derrubem o preço dele pela metade ou então nossos coitados amigos da importadora, responsáveis por vender o vinho ao consumidor, terão que gastar muito tempo, dinheiro e saúde em propaganda, para desencalhar este razoável vinho.
Observação: As opiniões que dou aqui neste blog são inteiramente baseadas em meu gosto pessoal, não tendo nenhum vínculo comercial, portanto tirem vocês mesmo a prova final. Só não me responsabilizo pelo dinheiro investido ou pelos tons verdes de raiva.

domingo, 26 de setembro de 2010

Flor D'englora 2009

Domingo frio e chuvoso, clima ótimo para um vinho tinto e o escolhido foi o badalado Flor D'Englora. Este vinho na safra 2006 recebeu 92 pontos de Robert Parker, mas o vinho de hoje é da safra 2009. muito bom vinho, belo vermelho granada tendendo ao violáceo, aromas de ameixas vermelhas maduras com cravo, boca clicante, com acidez gostosa e final longo. Enfrentou bem um prato que eu adoro, o filet-mignon fogo sagrado, do restaurante Bela Santa, aliás prato que tem pimenta verde, o que dificulta harmonizações, pois pede vinhos de boa estrutura e acidez. Vale o investimento neste vinho, que tem um ótimo custo-benefício. Devo comprá-lo novamente. Preço: R$ 50,00, na Grand Cru ou Wine. Nota: 90 pontos.







Paulo, proprietário do Restaurante Bela Santa

Kibe cru com espulmante nacional

Eu adoro Kibe cru e meu amorzão está fazendo de forma primorosa esta iguaria do mundo árabe. Então, na sexta-feira à noite, me deliciei com este prato, acompanhado de pétalas de cebola. Mas, o que harmonizar com este prato claramente exótico para nossos padrões? A resposta foi encontrada no sempre versátil e barato espulmante nacional, neste caso o Miolo Brut. Espulmante simples, mas gostozinho e que encarou de forma correta o Kibe cru. Coloração amarelo-palha, com perlege média e de persistência curta, aromas de pêras maduras e castanhas, acidez marcante. Por R$22,00 é boa opção para um jantar de grandes proporções ou bem informal como este. Mas, é inferior ao Valmarino Brut, que tem quase o mesmo custo. Nota 85 pontos.

Almoço com degustação na Grand Cru - Moema




Se existe um lugar em São Paulo, em que você é bem recebido, o preço é honesto e não tem frescura, nem granfinagem "in-su-por-tá-vel", este lugar é o bistrô da Grand Cru, em Moema, São Paulo. Imaginem almoçar no meio de um enorme adega, entre milhares de garrafas de vinho, clima descontraído e familiar, um ótimo atendimento e ainda ganhar uma degustação de vinhos inteiramente grátis. Pois acreditem, isto aconteceu no sábado, dia 25/09/10. Qualquer degustação? Não! As estrelas do dia foram O Almaviva 2007, Chacra 32 Pinot Noir 2006 e Brunello de Montalcino Colombini "Prime done" 2003. Mas teve mais onde se deliciar! Vamos iniciar com as estrelas, mas hoje não vou detalhar as preciosidades, até porque não tenho talento para tal. O Almaviva 2007 traz consigo o lobby de ser um dos principais vinhos do Chile e de uma safra considerada fantástica, então é de se esperar um vinho explêndido, sim? Não! Realmente trata-se de um ótimo vinho, mas não corresponde às expectativas criadas e nem ao seu enorme preço. Vai valer experimentá-lo novamente daqui uns 5 anos, quando estará mais pronto para o consumo. O Chacra 32 Pinot Noir vem da Patagônia argentina também bastante carregado de lobby. É disparado o melhor Pinot Noir da Argentina e talvez da América do Sul, mas é caro, mesmo quando está em promoção, por isso leva desvantagem na escolha de compra em relação aos similares da Nova Zelândia, igualmente bons e mais baratos. O Brunello foi o melhor dos três vinhos degustados, talvez por estar mais preparado para o consumo. Vinho de ótima tipicidade e muito bem feito, sendo rico e com personalidade comprovando um Brunello. É também elegante, traduzindo as mãos 100% femininas que o produzem. Como eu disse, teve muito mais. Vou destacar aqui o Chacra 55 Pinot Noir, alternativa boa e mais barata ao seu irmão 32; Matetic Corralilo Blend 2007, para mim a grande surpresa positiva da degustação; o sempre sensacional Matetic sauvignon blanc EQ coastal 2009; Arrocal 2008, um vinho 100% tempranillo com ótimo preço e uma Cava espanhola, o Castelroing Brut, muito aromático e refrescante. Ufa! Parabéns a Grand Cru, pelo ótimo nível de atendimento e por realizar eventos como este.
Delicioso Petit gateau de sobremesa

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Estampa Viognier/Chardonnay 2009

Caprichei neste jantar! Está aí na foto para conferir! Optei por um prato leve, visto o calor dos últimos dias, e nada mais leve que  uma salada, mas não qualquer salada. Se vocês quiserem fazer igual, aí vai: grão de bico, bacalhau, repolho roxo, alface americana, tomate cereja, maçã, limão conflit,azeitona preta, parmesão ralado, pimenta do reino preta, sal e azeite. Beleza, né? O quê harmonizar então? Tem que ser bom e barato! A escolha foi o Estampa 85% Viognier 15% Chardonnay. Perfeito!!!! O vinho não é o "must", mas é fresco, vivo, aromático, balanceado e se encaixa bem no prato. A viognier leva a acidez, frescor e aromaticidade, enquanto que a chardonnay transmite maciez, estrutura e certa complexidade. Ótimo vinho, principalmente pelo preço que se paga (R$ 39,00), se revelando ótima opção para entradas mais estruturadas e com maior complexidade. O mais íncrível é que vem do Colchagua, no Chile, região famosa por ser o berço dos grandes carmeneres chilenos, devido à fartura de sol e calor, justamente o que uvas brancas não gostam; intrigante, não é? Recomendo; nota 89 pontos. Compra segura!

Hermanos, sublime hermanos

Cabernet sauvignon argentino: um vinho para a guarda.

      Muito se fala do malbec argentino e com razão, pois é o que se tem de melhor quando se fala em vinho na Argentina, aliás, os melhores vinhos argentinos, em sua maioria, são blends de malbec e cabernet sauvignon. Mas, e quando se fala de cabernet sauvignon em sua apresentação varietal? São renegados à um segundo plano, caracterizados por uma maturidade excessiva e abuso da madeira. São ofuscados pela supremacia dos seus vizinhos do Maipo chileno, de qualidade superior. Só que hoje, venho defender os vinhos hermanos desta casta nobre e tentar desfazer esta injustiça. Recentemente, trouxe da Argentina dois representantes da classe: Trapiche Fond de cave gran reserva cabernet sauvignon 2004 e Siesta Ernesto Catena Cabernet Sauvignon 2003.
      Ambos são vinhos que eu não conhecia, portanto, uma novidade enológica para o meu paladar. Também, poucos comentários disponíveis nos meios de comunicação existem sobre tais vinhos, fator positivo porque menos influencia a minha opinião.
       Foi interessante perceber uma característica comum aos dois vinhos: ambos envelheceram muito bem e provaram que podem ganhar com o tempo, fato realmente marcante, pois é qualidade rara nos vinhos sul-americanos. Para comprovar o que estou dizendo, vou citar dois vinhos explêndidos: Sigla 2 2006 e Albis 2004, jovens e prontos para o consumo, com capacidade de guarda sim, mas não acredito que ganhariam com o envelhecimento.
      O Siesta é um vinho em sua plenitude, com aromas de frutas vermelhas e cassis, muito característico da cepa. Taninos redondos, maciez, sedosidade, sabor de quero mais; enfrentou de peito aberto um filet mignon com pimenta verde. Coloração rubi, que denuncia ser um vinho pronto! Nota: 92 pontos. R$ 72,00, na Mistral. Vale o quanto custa!
      O Trapiche segue a linha do Siesta: vermelho até dizer chega, sem mascarar suas características, madeira bem integrada, nem chegando a ser percebida, acidez balanceada e quebrada seca na boca. Vida um pouco mais curta que o Siesta, bebi no limite. Nota: 91 pontos. Paguei 90 pesos na Argentina. Por este preço, é jóia.
      O que diferenciou estes dois vinhos de outros cabernet que provei da Argentina foi o tempo de evolução em garrafa, visto que ambos foram degustados em 2010, fator que me leva à crer que o cabernet sauvignon argentino, quando levado à sério, ganha muito com o tempo em garrafa e se torna um vinho com tudo aquilo que se espera do cabernet sauvignon. Outro fator que me convence desta verdade é o de ter provado cabernet jovem argentino que, apesar de apresentar potencial, não agradou muito, deixando aquela nítida sensação de se estar bebendo vinho cru, como se estivesse comendo fruta verde.
      Comprem duas garrafas do Siesta 2005 e abram em 2012 e entenderão o que estou dizendo.
         À propósito, este aí na foto sou eu, no restaurante La Brigada, em San Telmo, Buenos Aires,  no enorme sacrifício de comer de ter que devorar um bife de chorizo acompanhado de um Quimera.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nemea OPAP 2004 (Boutári)

Tive conhecimento de vinho grego pela primeira vez, ao assistir o já saudoso programa Menu confiança, anos atrás, quando na época Renato Machado apresentou um vinho grego branco da casta Asyrtiko. Desde então cresceu minha curiosidae por vinhos gregos, mas nunca cheguei à comprar devido aos altos preços praticados no mercado. Ao me deparar com este vinho em um tour virtual pela Vinci vinhos, me encorajei à comprá-lo. Confesso que foi mais pela curiosidade e pelo baixo preço (R$ 39,00), que pela esperança de provar um grande vinho porquê, como vocês sabem, milagre ninguém faz! O quê esperar de um vinho desconhecido, de um país sem grandes tradições vinícolas e uma uva sem referências e de nome complicado: Agiorgítiko. Asim que peguei a garrafa, iniciou-se uma sucessão de gratas surpresas: garrafa bem confeccionada, selo de autenticidade protegendo a rolha, abertura do lacre com sistema de"puxa". Ao colocar o vinho na taça: belo vermelho rubi com halo alaranjado de evolução, brilhante e límpido. Aromas de frutas vermelhas frescas com grande toque de especiarias. Na boca, é macio e sedoso, muito sedoso, com acidez ainda viva e taninos bem aveludados, talvez pelo tempo de evolução na garrafa. Não se trata de um grande vinho, mas vale muito a pena conhecer esta casta diferente deste país que começa à entrar no cenário de vinícola mundial. Os iniciantes em vinhos e os amantes da madeira talvez não gostarão deste vinho, mas os que valorizam mais a elegância e o lado gastronômico vão adorar. Recomendo. Nota 89 pontos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Vinhos de junho de 2010

Seguem aqui alguns vinhos degustados em junho deste ano. Espero que as opiniões ajudem.

      01/06/10: Aliança tinto Bairrada reserva 2006: vinho português barato típico: agradável, mas bem simples. Custa pouco e não faz cerimônia. Somente para o dia-a-dia, bem de vez em quando, uma vez por mês. Frutas vermelhas tendendo para a amora e framboesa com amargor destacável. Madeira presente, sem incomodar. Não tem mais o que falar sobre este vinho, nenhuma novidade. Preço: R$ 19,00, barato? Não, já provei português melhor por este preço. Sairia bem por R$ 13,00. Nota: 83 pontos. Procure e acharás coisa melhor.

      02/06/10: Casillero del diablo syrah 2008: Coisa do demo? Syrah típico, frutas vermelhas maduras, ameixas pretas, especiarias, pouco de alcatrão. Vem do Rapel, região não tão propícia para syrah; qual milagre faz a concha e toro então? Não sei, deve ser o brilhante time de enólogos, só sei que são especialistas em fazer vinhos bons à um preço honesto. Best buy, sem dúvida, vinho de R$ 29,00 que poderia muito bem custar R$ 50,00. Compre sempre, para dia-a-dia ou jantar especial, não fará feio. Nota: 88 pontos.

      03/06/10: Cono Sur Risleing 2009: Só por se tratar de ser de Bío-Bío, já vale o teste. É uma experiência simples e barata para se atrever ao sol de sol de Traiguém, mais ao sul e muito mais caro. Mineralidade clara e evidente, nada lembra os brancos amanteigados e pesados da América do Sul. Nada enjoativo, acidez presente, untosidade mantida. Só peca por ser simples demais, mas era esperar demais por este preço. Harmoniza bem com camarões de qualquer maneira e aceita condimentos atípicos como curry. Boa tipicidade da casta. Nota: 88 pontos. Best buy? Sim! Preço: inacreditáveis R$ 23,00.

      08/06/10: Nieto Senetier reserva malbec 2008: Versão mais trabalhada do simples nieto senetier malbec. Passa um período maior em carvalho, donde se denota seu aroma de baunilha e seu maior peso em boca. Cerejas maduras é o que eu daria por definição para este vinho. Custou R$ 26,00, caro, levando em consideração o baixo preço de seu irmão pobre (R$14,00). Por este motivo, perde minha preferência, mas se compararmos com outros similares de mesmo valor, não esta ruim. Para concluir, é um vinho de base que tem mais aromas da madeira, mas não chega a ser um vinho médio, por isso deve ser renegado à um segundo plano. Para o dia-a-dia, prefira o nieto senetier malbec ou syrah, mais simples (sem comprometer) e bem mais baratos; para uma ocasião um pouco mais especial ou num restaurante, prefira vinhos mais complexos, que não chegam à ter tanta diferença de preço. Nota: 86 pontos.

      09/06/10: Alfredo Roca Malbec 2008: vinho simples, mas extremamente agradável. Não espere complexidade, mas tem muita agradabilidade. Versátil, ágil na boca, aromas de framboesa e amoras maduras, com carvalho leve, mas presente. Macio, sem ser enjoativo. A qualidade: bom vinho por R$19,00. O defeito: pouca complexidade. Uma opção razoável  para o dia-a-dia. Nota: 86 pontos.

      11/06/10: Lê corti chianti clássico 2005: Quando degustamos um vinho, além de suas qualidades aromáticas e degustativas, analisamos suas características próprias. Por exemplo, o que esperamos de um chianti é um vinho rico em acidez, aromático e feito para o molho de tomate. Pois então, aqui se tem um típico chianti. Vermelho rubi transparente e brilhante, lindo na taça. Um banho de cerejas frescas é a melhor definição para este vinho. Acidez marcante, como deve ser um chianti. Apesar de ser de 2005, claramente tem anos de vida pela frente, graças à sua rica acidez e taninos marcantes. Combina mesmo com massas ao molho de tomate. Paguei R$40,00 numa promoção, mas este preço não é real. Nota: 89 pontos.

      12/06/10: Andeluna Malbec 2008: Parece que os vinhos de Tupungato têm uma característica marcante: esse leve cheiro de pano velho, que pode confundir com vinhos envelhecidos, bouchoné. Aromas francos de ameixas secas pretas, com leve doçura e maciez gostosa. Malbec gostoso à um preço honesto; nesta garrafa de 375 ml, paguei R$12,00. Vale dizer que foi em promoção. Neste preço, vale mais do que custa. Nota: 87 pontos.

sábado, 18 de setembro de 2010

Batasiolo Barbera d alba 2006

Jantar de sábado à noite, no restaurante Cadoro em Lorena, ambiente intimista, bom atendimento, ótima comida, mas a carta de vinhos carrega o defeito de ter poucas opções de vinhos brancos. Isto incomodou um pouco, porque solicitei um abadejo ao molho de amêndoas e as poucas opções de vinho brancos não agradavam, então tive que arriscar num tinto. Encontrei um barbera com preço acessível (R$ 48,00), lembrei-me dele do free-shop, julguei ser um dos mais leves da carta e mandei ver. Trata-se de um vinho extremamente gastronômico, como são a maioria dos vinhos italianos, com acidez marcante. Mais encorpado do que eu esperava, aromas de cerejas com especiarias, mais marcante a pimenta branca. Ágil no copo e na boca, agradou pelo conjunto, mas tem que ser devorado com comida mesmo e por falar em comida, a harmonização não foi lá grande coisa, mas ficou longe de decepicionar, até porque o conjunto da obra estava muito bom. Ganha a minha aprovação, mas se quiser uma grande dica, aí vai: harmonize este vinho com uma lasanha à bolonheza, ficará maravilhooooso! Como eu descobri isto? Simples, eu "roubei" um pedaçinho da lasanha que minha filha pediu. Nota: 86 pontos.

Valmarino Brut

Adoro vinhos espulmantes, por diversos motivos, são versáteis, leves, festivos e agradáveis. O melhor é que o Brasil se destaca neste cenário, com a produção de bons vinhos à preços acessíveis, como é o caso deste Valmarino Brut. Coloração amarelo-palha com perlage finíssima e razoável sustentação. Aromas de flores brancas e pão tostado com pouco de frutas brancas. Acidez marcante e fresco, como deve ser um espulmante. Ótima relação custo-benefício, como a maioria dos espulmantes nacionais. Paguei R$ 25,00 nesta garrafa. Faça como eu fiz: num dia sem nada marcado, pegue um balde de gelo, resfrie seu espulmante à 7 graus, junte aqueles aperitivos que você tem espalhado pela casa e se divirta, sem compromisso com nada. Este é o clima de um vinho espulmante de custo mais acessível. Nota: 87 pontos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Clos de Torribas 2006

Dois anos atrás comprei este vinho no Pão de Açucar, motivado pela propaganda de ser um dos melhores custo-benefício do mercado, estampado em um cartão junto com a garrafa. Como eu estava em processo de "vinificação jovem", ainda amante de vinhos concentrados e amadeirados, não gostei. Esta semana, criei coragem para fazer uma nova expiriência com o mesmo vinho e o resultado foi completamente diferente, bem provavelmente porquê meu paladar para vinhos deve ter evoluído bastante. Trata-se de um vinho elegante, com coloração vermelho granada e brilhante, com traços de pouca evolução. Aromas de cerejas frescas com especiarias, mais notadamente o cravo. Macio e redondo com acidez viva e controlada. E o melhor, tudo isto por apenas R$ 29,00!!!!! Excelente opção para o dia-a-dia, pelo preço e pela grande aptidão gastronômica. É verdade que falta complexidade, mas é um daqueles vinhos todo certinho, onde tudo está no lugar. Sem dúvida, é um "best buy". Enquadro ele na smelhores opções de vinho abaixo de R$ 30,00, junto com o Cassillero Syrah, Don Laurindo Merlot e Álamos Malbec. Podem comprar sem erro e harmonizem com carnes brancas ou vermelhas e também com massas com molho vermelho, que vai dar certo. Nota 89 pontos, no Pão de Açucar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cheguei!

Olá pessoal! Andei por outros blogs, mas terminei aqui e estou com muita vontade de escrever! À partir de hoje, vou iniciar uma série de posts, através dos quais darei opiniões divertidas sobre vinhos degustados e experiências vividas no universo dessa bebida divina. Tenho vários posts já escritos e neste início, vou detonar de tanto postar! Para começar, nada melhor do que falar um pouco sobre preço de vinhos. Vamos à algumas considerações: vinho no Brasil é caro, não sou milionário, não sou louco e vivo de garimpar preços na internet, portanto, não esperem vinhos caríssimos aqui no meu blog! Até porquê este blog é para pessoas que como eu, gostam de vinho, mas têm limitações finançeiras para comprá-los, daí as dicas que vamos tentar compartilhar. Vamos dividir em grupos: Abaixo de R$ 20,00: raramente se encontram bons vinhos nesta faixa de preço, talvez somente em promoções. Entre R$ 20,00 e R$ 30,00: aqui se encontram os vinhos do dia-a-dia, com boas opções. Vinhos que já transmitem prazer e podem ser classificados como bons. Entre R$ 30,00 e R$ 40,00: grandes achados, talvez os melhores custo-benefício do mercado. Vinhos que transmitem uma sensação à mais e fazem pensar um pouco. Entre R$ 40,00 e R$ 60,00: dificilmente teremos vinhos desagradáveis nesta faixa de preço, sendo apostas geralmente seguras. Vinhos de complexidade maior que se enquadram bem em um jantar de fim de semana. Entre R$ 60,00 e R$ 100,00: verdadeiro campo minado! Não se encontrará vinho ruím, mas aqui se pode pagar bem mais caro do que vale e o freguês corre o sério risco de se irritar profundamente, portanto só vá na boa! Siga as dicas de quem entende um pouco de vinho, já bebeu e gostou daquele vinho indicado. Entre R$ 100,00 e R$ 200,00: um vinho vale isto? Se corresponder à sua expectativa, couber no seu bolso e além disso, te levar ao nirvana, VALE SIM! Caso contrário, invista seu dinheiro em outra diversão, com seus familiares ou coisa parecida. Acima de R$ 200,00: Aqui entramos no mundo das obra-primas, ícones e míticos. São vinhos que ultrapassam as possibilidades financeiras da maioria dos mortais, sendo apenas provados em grandes feiras de degustação ou situações bizarras como por exemplo, o seu chefe te convidar para jantar na casa dele e abrir aquela garrafa de Opus One, de 1997, guardada à sete chaves à mais de uma década. Difícil disto ocorrer? Talvez não; sonhar não custa nada. Bem pessoal, 90% dos vinhos apresentados neste blog vão estar na faixa entre R$ 20,00 e R$ 100,00. Começo amanhã, bye!!!