O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






segunda-feira, 28 de maio de 2012

Viñedo de los vientos Tannat 2010

Um dos vinhos do mês de maio do clube wine. Elaborado em Canelones, Uruguai, à partir de uvas Tannat, não encontrei nenhuma menção de passagem por madeira. É um vinho "basicão", com pouca complexidade e que se destina para o consumo diário, podendo encarar facilmente uma feijoada, rabada ou qualquer outro prato gorduroso, devido sua altíssima concentração de taninos. Coloração vermelho púrpura com muita concentração de cor e pouca transparência. Aromas básicos de frutas vermelhas maduras com toque de café. O seu ponto forte é na boca, onde mostra toda a estrutura da uva Tannat: ríspido, forte, tânico e vivaz. Tem boa acidez e algum potencial de evolução. É Tannat dos pés à cabeça e é amigo do churrasco. Vale mencionar o rótulo horroroso, apesar de exibir uma bela pintura, mas que deixa o vinho com cara de produto inferior, daqueles vendidos aos montes, na parte de baixo das prateleiras dos supermercados. Veio em conjunto com outro vinho da mesma bodega, custando quatro garrafas R$ 160,00. Tudo leva à crer que custará mais de R$ 40,00. Posso garantir que não vale mais que R$ 25,00! Nota 86 pontos. Avaliação custo-benefício **.

Erasmo 2007

Todo mundo já ouviu falar daquela bebida muito consumida por nós brasileiros na década de 80, o cinzano. Poi bem, este vinho Erasmo é produzido pela mesma família que era detentora da marca cinzano. Em terras chilenas, o Sr. Cinzano resolveu trazer um pouco de sua experiência adquirida com a vitivinicultura em Montalcino (Toscana), onde é proprietário de uma vinícola. Este vinho é um corte tipicamente bordalês (cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc), passa 18 meses em barricas de carvalho francês e descansa mais 12 meses em garrafa antes de ser comercializado. Produzido no Vale do Maule, o maior vale chileno para produção de uvas, traz uma proposta muito interessante de custo-benefício. Exibe coloração vermelho rubi brilhante, com muita elegância visual, discreto halo aquoso e ainda com pouca evolução. Aromas típicos de cassis, pequenos frutos negros, especiarias, discreto herbáceo, leve floral. Madeira muito bem integrada ao conjunto. Em boca, tem ótimo corpo, boa acidez, bastante frescor, bom volume e boa persistência. É gastronômico e deixa gosto de quero mais. Recebeu 94 pontos do Descorchados, pontuação um pouco exagerada. Já provei Almaviva, Albis, Sigla 2, Domus Aurea, Don Melchor e tantos outros, podendo afirmar que o Erasmo não é o melhor vinho tinto do Chile, mas é sem dúvida um dos mais equilibrados que já bebi. Não tem nada que chame demais a atenção ou que crie exclamações: ohhhh!!! Mas não tem nenhum defeito e nada que possa ser passível de reclamação, nem o preço (honesto). É um vinho tipicamente francês e numa degustação às cegas ganha facilmente de muito Bordeaux com o triplo do preço. Vamos ao que interessa: o Erasmo é um ótimo vinho, mas não o melhor do Chile, é elegante,gastronômico, tem complexidade média e muito equilíbrio, e o mais importante, não dói no bolso. Paguei R$ 80,00, em condições especiais e valeu cada centavo. Nota: 92 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Uma lista de ótimos e honestos vinhos

Este negócio de criar uma lista é sempre arriscado, porquê sempre não vai haver hunanimidade, mas o objetivo é tentar passar para o leitor alguns vinhos de qualidade superior por um preço justo. Volto à enfatizar que todos estes vinhos foram bebidos integralmente por mim e não possuem nenhum tipo de vínculo comercial, portanto é opinião honesta!
Fronteira 2006: Um Douro bom e barato! Talvez o melhor custo-benefício da lista. R$34,00.
Tamari AR Malbec 2007: Uma bombona argentina bastante bacana. Sim, é uma compota de frutas, mas tem boa acidez e complexidade. R$ 45,00.
Xabec 2008: De todas estas geléias espanholas que chegaram recentemente no Brasil, este vinho de Monsant foi o que melhor se apresentou. Complexo e não tão encorpado. R$ 49,00.
Santa Ema reserva Syrah 2007: Um syrah elegante e com tipicidade ímpar por um preço honesto. Na minha opinião, é melhor que o Montes Alpha e mais barato.
Santa Augusta Chardonnay 2011: Um baita chardonnay brazuca, o primeiro vinho biodinâmico do Brasil. R$ 50,00.
Maycas de Limarí Chardonnay reserva 2009: Chardonnay do Novo Mundo, com elegância e toque salino. R$ 50,00.
Mastroeni Notable Malbec 2006: Um achado! Completamente diferente da maioria dos Malbec argentinos, exibe muita elegância. Tem ótima aromaticidade e uma boca aveludada, como poucas vezes eu provei. R$ 54,00.
Glen Carlou Cabernet sauvignon 2006: O irmão menos badalado do Glen Carlou Syrah, mas não menos competente. Um vinho corretíssimo redondo. R$ 65,00.
Villa Antinori 2007: Um mini-supertoscano com qualidade incrível para esta faixa de preço. Uma amostra muito qualificada desta região da Itália e deste grande produtor. R$ 80,00.
I Sodi di San Nicoló 2003: Calma, pessoal! Coloquei este vinho como uma menção honrosa, porquê é simplesmente sensacional. Vale os R$ 290,00? Se você tiver bala na agulha, vale sim! O problema é encontrar esta premiada safra de 2003.

Bom pessoal, espero que esta lista que exibe bons vinhos, ajude na compra. Acho que vai agradar a maioria. Bye!

Anke 2

Um corte inusitado de 55% Camérnère, 30% Petit Verdot e 15% Shiraz foi o que me levou à comprar este vinho da Vinícola Santa Alícia, Vale do Colchágua (Chile). Gosto da uva Carmenére, principalmente pelo seu achocolatado e também da uva Petit Verdot, bastante intensa e estruturada. Este vinho exibe coloração predominante de Carmenére, com um vermelho violáceo bastante escuro e denso, lágrimas grossas e corpo pesado no giro da taça. Os aromas são de frutas negras, com o toque achocolatado, pimentão evidente e madeira sobrando um pouco (cerca de 10 meses em contato com carvalho), com um discretíssimo herbáceo de fundo. Bom corpo na boca, mas um pouco pesado devido ao álcool aparente, taninos bastante intensos e acidez correta. Tem bom final e agradável retrogosto. É um pouco enjoativo, devido seu caráter intenso, mas é boa opção para um churrasco ou carnes de temperos fortes. O problema é que custa mais que alguns rivais do mesmo nível epor este motivo deixa de ser opção de compra. Preço: em torno de R$ 45,00. Nota: 88 pontos. Avaliação custo-benefício **.

Primitivo di Manduria Feudo di San Marzano DOC 2009

Vinho produzido na Puglia (Itália), com uvas 100% Primitivo e que passa por 4 meses em barricas de carvalho francês. Não encontrei esta safra à venda ainda no Brasil, pois este vinho eu truxe de um cruzeiro pela Costa. Custa aqui no Brasil cerca de R$ 60,00. A Puglia está localizada no "salto da bota", bem ao sul da Itália, então é de se esperar um vinho maduro e "doce", característico de regiões mais quentes. E é! A coloração é de um vermelho rubi bem intenso e com bastante jovialidade, com lágrimas generosas e boas manchas na taça (boa concentração). Os aromas são de frutas vermelhas bem maduras, mais para geléia, com presença de baunilha, leve especiaria (cravo), discretíssimo herbáceo e bala de côco. O vinho não se esconde, mas é etrapalhado pelo álcool de vez em quando. Na boca, tem taninos macios, acidez discreta, bom volume e agradável final. Vinho feito para agradar a maioria e realmente não descepciona, mas também não traz nada de novo e não encanta. Lembra em alguns momentos, aqueles malbec mais frutados da Argentina. Não é um vinho complicado e pode ser servido com comida pesada (aguentou uma feijoada). Pena custar mais do que a média da concorrência, o que inviabiliza seu consumo rotineiro. Penso que R$ 40,00 seria o limite de preço neste vinho. Nota: 87 pontos. Avaliação custo-benefício **.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Milantino Teroltego 2006

Fiquei um certo tempo sócio do Vinos clube de vinhos, porquê achei interessante a idéia de somente veicular vinhos brasileiros. Esta seria uma forma viável de conhecer melhor certos vinhos nacionais que dificilmente encontraria em outras lojas, a não ser na própria vinícola, por compra através da internet. A idéia foi boa, mas a equipe do Vinos deslizou no preço cobrado, sendo que constantemente o valor cobrado era acima do encontrado nos sites das vinícolas. Ora, imagino eu que o sócio deva levar alguma vantagem em ser sócio! Pois bem, me retirei do Vinos clube de vinhos e este vinho lhes trago é remanescente desta época. Na época, recebi um pacote com quatro vinhos (1 espulmante, 1 teroltego e 2 assemblages), com um custo aproximado de R$180,00. Este vinho custa, avaliando lojas de internet, entre R$30,00 e R$40,00, abaixo do veiculado pelo Vinos. Vamos ao vinho: coloração rubi com bordas granada e reflexos alaranjados, denotando evolução, lágrimas delicadas, poucas manchas na taça. No nariz, bem aromático, com predomínio de frutas negras, café tostado, algo de terra molhada e funghi seco. Não sei se este vinho passa por madeira, mas se tiver, é imperceptível. Bom nariz, mas um pouco atrapalhado pelo álcool, o qual não deveria se mostrar tanto, em função de seus 12,9% de graduação alcoólica. Se é bom no nariz, cai muito na boca, defeito comum aos vinhos nacionais, devido sua alta acidez (desnecessária), pouco corpo para o conjunto e taninos ainda rústicos, apesar da evolução. O final é longo e o vinho até que tem vocação gastronômica, mas a boca nervosa o transforma em um exemplar apenas mediano, que deveria custar no máximo R$ 25,00. Nota: 86 pontos. Avaliação custo-benefício **.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Adega de Monção Vinho Verde 2010

Eu acho que deveria ter mais Vinho Verde no mercado nacional, porquê são vinhos alegres, descompromissados, frescos e... baratos! Com 20 paus, você consegue comprar um vinho que substitui com mais qualidade, uma cerveja de sabadão, antes do almoço. Mas, não é só isso, pois o Vinho Verde também pode se mostrar versátil na gastronomia e por cerca de R$ 65,00, tem-se um ótimo vinho branco para seus pescados mais sofisticados. Este vinho que trago é um vinho de entrada, que harmoniza muito bem com saladas acompanhadas de queijo minas ou camarões frios, podendo também ser degustado sozinho, em dia de sol, à beira da piscina. Corte de Alvarinho e Trajadura, com 11,5% de graduação alcoólica, é suave, esbanja frescor e custa pouco (menos de R$ 20,00). Visual branco papel, límpido e transparente, quase água. Aromas simples e bem definidos de maçã verde com leve cítrico. Boca com boa untuosidade, acidez boa e até um pouco abaixo da média dos vinhos verdes e aquele toque frisante na língua. Legalzinho e bem honesto. Nota: 86 pontos. Avaliação custo-benefício ***.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Quinta da Fronteira reserva 2008

Semana passada, comentei e elogiei o fronteira reserva 2006, para mim, um ótimo custo-benefício. Hoje, trago o Fronteira reserva 2008, um vinho de outro nível, com maiores ambições. Elaborado no Douro à partir de 50% Touriga nacional, 25% Touriga franca e 25% Tinta roriz, com estágio de 18 meses em carvalho francês. Como se vê, duas particularidades que o distingue do fronteira simples: o tempo bem maior em contato com madeira e a safra bem mais recente. Pois bem, isto se fez sentir no nariz e no pálato: o fronteira simples é mais simples, mas está mais pronto para o consumo. Este fronteira reserva é um belo vinho, mas precisa de alguns anos de garrafa para expor todo seu potencial. É extremamente rico, equilibrado e complexo, mas se prende em alguns momentos. O visual, com vermelho púrpura, discreto halo aquoso e bordas violáceas revelam que o vinho ainda está jovem. Os aromas são muito balanceados, apesar do vinho estar um pouco fechado. Predomínio de frutas vermelhas, com madeira ainda aparente, mas correta, grande presença de flores e especiarias. O grande barato deste vinho é que ele muda à todo momento e talvez tenha sido isso o que encantou o pessoal da Wine & Spirits, que conferiu nada menos que 95 pontos à este vinho, um pouco exagerado, na minha opinião (Jay Miller fazendo escola?). Acidez muito correta, taninos ainda por serem domados, final longo, retrogosto doce, vinho amável. Paguei R$ 53,90 em condições especiais, mas o valor correto é R$ 115,00. Nota: 91+ pontos. Avaliação custo-benefício: ***.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Salton Volpi Cabernet sauvignon 2009

Comum demias? Óbvio demais? Talvez seja, mas também é certo que esta talvez seja a linha de vinhos brasileiros com melhor custo-benefício do mercado. E é por esta razão que eu inauguro hoje um novo sistema de avaliação para o blog Adega para todos. À partir de hoje, vocês irão encontrar aqui nas postagens, além da já conhecida avaliação centesimal (0 à 100) dos vinhos, também uma avaliação do custo-benefício (* à *****). Sim, o vinho pode ser bom, mas será que vale o preço pago? E os vinhos medianos? Dependendo do preço, talvez sejam uma bela compra. Os ícones valem o que custam? É para responder estas perguntas e facilitar a compra dos vinhos que irei colocar minha opinião pessoal, de um simples enófilo, como vocês. Ou seja, é de enófilo para enófilo, ou de leigo para leigo, como queiram os enochatos que se dizem entendidos em vinho. Aliás, tenho uma franca opinião de que tem gente demais metido à sabichão e que recebe propina de certas importadoras para comentar bem certos vinhos. Também sou da mesma opinião que estes enochatos também entendem de vinhos mais do que a imensa maioria, mas não são formadores de opinião. Os formadores de opinião são os editores de vinho de conceituadas revistas e os comentaristas mais famosos, como Jorge Lucki, José Inglês e tantos outros. Em uma outra estratosfera, estão Robert Parker, Jancis Robinson, Patrício Tapia, etc. O que pretendo em meu blog é simplesmente expor ao público minhas opiniões sobre minhas aventuras enológicas, sempre sinceras e sem vínculo comercial, despretenciosas e honestas. Posso, em muitas vezes, caracterizar erroneamente as caracetrísticas organolépticas de determinado vinho, mas o quê está certo ou errado? Se tal comentarista renomado diz que determinado vinho tem aromas de isqueiro ou xixi de gato, ele está coberto de razão e isto se torna uma verdade absoluta? Ora, sabemos que cada pessoa tem sensibilidade olfativa e gustativa diferente de outra pessoa. Então, não me atrevo à definir um vinho, mas me atrevo à dizer se o vinho é bom, através de uma nota e se vale a compra! Vamos ao vinho: elaborado na na Serra gaúcha com 85 % de cabernet sauvignon e 15% de outras coisinhas mais, este vinho de curto estágio em barricas de carvalho e custa cerca de R$ 22,00, ou seja, é feito com intenção de ser utilizado de forma despretenciosa e no dia-a-dia. O visual é bonito, com um rubi-violáceo com reflexos rubi, boa transparência e limpidez, lágrimas médias (13% de álcool) e sem manchas na taça. Passou no teste visual e agradou também no nariz, seu ponto forte: aromas nítidos de cassis (típico de cabernet sauvignon), amoras pretas, pimenta preta e leve madeira. Na boca, o vinho cai, revelando falta de corpo, acidez acima do ideal, álcool que incomoda em alguns momentos e taninos ainda por se desenvolver. Mas tem o lado bom, porquê a alta acidez o transforma numa boa opção gastronômica, principalmente para pizzas e massas com molho bolonhesa. Apesar de ser um vinho feito em larga escala e com objetivo de ser consumido logo, acho que tem boas chances de evoluir com alguns anos em garrafa, quando poderá estar mais macio, com taninos domados e álcool menos perceptível. Vale relatar o cuidado comercial da em balagem: garrafa pesada com rótulo bonito e bem trabalhado. Acho, que por este preço, é a linha de vinhos mais honesta do mercado de vinhos nacionais. Nota 86 pontos. Custo-benefício ***.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Curso de Vinho Verde - Senac SP. Alguns comentários.

Olá amigos! O Senac SP está promovendo um curso rápido sobre Vinho Verde em 11 unidades espalhadas pelo estado de São Paulo. O curso é gratuito e tem duração de 2 horas, sendo ministrado pela ótima Silvia Macella Rosa, a qual é editora de vinhos das revistas Adega e Almanaque do vinho. Muito bem organizado e com bons vinhos na degustação, o curso se desenvolve de forma descontraída e fácil de entender, com linguagem voltada para um público iniciante, mas também agrada enófilos em geral. O curso que participei foi em Guaratinguetá e teve a degustação de 6 vinhos. Com muita desenvoltura e simpatia, Silvia conta a história da chegada do vinho ao Brasil e faz uma viagem de volta à Portugal, na região de Vinho Verde, contando os costumes e hábitos desta região, assim como o processo de vinificação e as características do terroir, dando sempre ênfase ao fato de que o Vinho Verde tem que ter, acima de tudo, frescor. Iniciou-se com o Estreia Branco, vinho de entrada, muito fresco e vivaz. Em seguida, o Quinta de Santa Cristina e o Conde de Barcelos, um pouco mais encorpados, mas mantendo a boa acidez e um certo toque frisante. Num crescendo, tivemos o ótimo Quinta da Pigarra, mais suave e equilibrado e o mais gastronômico Portal do Fidalgo, untuoso e concentrado. Por fim, o Estreia rosé, um bom exemplo de rosé muito refrescante. De todos estes vinhos, só encontrei para venda o Conde de Barcelos (R$ 20,00) e o Portal do Fidalgo (R$ 60,00). Parece que os outros vinhos ainda estão à espera de importador, uma pena, porquê são todos bons e honestos vinhos. Se alguém sabe onde comprá-los, façam o comentário. Até a próxima!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Viña Casablanca Cefiro Pinot noir reserva 2010

Gosto muito de vinhos elaborados com a uva Pinot noir e por isso, experimento quase tudo o que encontro de acessível produzido com esta uva, portanto já tive alegrias e tristezas com meus experimentos. Este vinho ficou em cima do muro, não trazendo decepções, mas não oferecendo prazeres maiores. Elaborado com 100% Pinot noir (pelo menos, é o que dizem no rótulo), da região de Casablanca, uma das melhores do Chile para o cultivo desta uva, passa 6 meses em contato com barricas francesas de segundo uso. O enólogo Andrés Caballero acertou em cheio no processo de vinificação, visto o preço do vinho e sua proposta despretenciosa, porém o resultado final não foi muito o esperado. A coloração é vermelho rubi translúcido, sem traços de evolução. Já ví pinot com vermelho mais vivo, mesmo nesta faixa de preço. O visual é discreto e os aromas também, não revelando nada além dos já conhecidos morangos maduros, ameixas vermelhas frescas e discreta terra (forçando a barra, dá para sentir um pouco de shitake). Na boca, leve para médio corpo, acidez correta, taninos suaves e final discreto. O vinho é razoável, porém o álcool atrapalha muito e está exagerado (14,2%), o quê é facilmente percebido nas densas lágrimas que descem pela taça. Até que mantém certa tipicidade de casta, mas não o suficiente para empolgar. Pois bem, por cerca de R$ 33,00, é realmente difícil achar um bom Pinot noir no mercado brasileiro, então este vinho até que tem um preço honesto, levando em consideração a variedade de uva. Mas, se considerarmos o seu valor mediante a sua proposta, veremos que terá sérias dificuldades em concorrer no mercado, visto que há vinhos bem melhores nesta faixa de preço. Não devo repetir esta experiência, porquê se quiser pinot noir, vou arriscar algo melhor e se quiser algo mais despretencioso, tenho vinhos mais baratos de igual qualidade. Nota: 85 pontos.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fronteira 2006

Vinho comprado em condições especiais na interfood por cerca de irrisórios R$ 25,00. Digo irrisórios pela ótima qualidade do vinho, o qual se apresentou em perfeito estado de conservação, com ótima evolução e complexidade acima do esperado. Elaborado pela Companhia das Quintas, à partir de 50% Touriga nacional, 30% Touriga franca e 20% Tinta roriz, na região do Douro, com 12 meses de passagem por carvalho, o qual é imperceptível e está absolutamente integrado ao conjunto. Possui 14,3% de graduação alcoólica, o qual também é imperceptível. Visual vermelho rubi com reflexos violáceos, lágrimas grossas e manchas generosas na taça. Violetas explodem no nariz, trazendo também frutas vermelhas maduras e cedro. Muito aromático, evolui na taça, se tornando mais delicado e fresco. Bom corpo, acidez correta, taninos presentes e ainda por evoluir. Retrogosto agradável e final longo completam este bom vinho, que traz toda a personalidade do Douro e da espatacular Touriga nacional. Vinho fácil de beber e que deixa saudades após o último gole. Finalmente um bom vinho do Douro, sem ter que pagar caro. Pelo seu preço normal (em torno de R$54,00), é honesto. Pelo preço pago em oferta (R$ 25,00), é barganha! Nota: 90 pontos.

Canepa Finíssimo Cabernet sauvignon 2008

Vinho conhecidíssimo do público adorador de vinhos, elaborado no Vale do Colchágua (Chile), à partir de 85% cabernet sauvignon e 15% syrah, com 12 meses de estágio em barricas de carvalho francês. Vinho fácil de entender e de gostar, tipicamente do Colchágua, trazendo seu calor e doçura sem negar a origem. Encorpado, madeira na medida correta, acidez também correta e álcool discreto fazem deste caldo um vinho bastante correto, porém sem encantar, por não apresentar nada de novo. Visual rubi, límpido, lágrimas grossas, boas manchas na taça. Aromas de cassis, leve especiaria, algo de tabaco e terra molhada. Boca gulosa, mas não enjoativa, com final moderadamente longo. Prefiro os cabernet sauvignon do Maipo ou mesmo do Alto Cachapoal, próximo aos Andes, os quais trazem um extra de mentol e frescor. Boa opção para churrasco e carnes vermelhas com temperos fortes. Apesar de jovem, já está pronto para o consumo, mas pode evoluir com alguns anos. Preço: em torno de R$ 55,00 à R$ 60,00. Nota: 89 pontos. Há opções melhores de cabernet sauvignon chileno nesta faixa de preço ou até mais baratos.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Morandé Terrarum reserva Carmenere 2004

São dessas histórias que vivem os enófilos, são estes prazeres ocasionais que nos incentivam à continuar procurando por verdadeiras "moscas brancas". Do que estou falando? Vou explicar. Era aproximadamente 20:00h, quando convidei um amigo para comer uma pizza brotinho em um bar em frente ao serviço. Este estabelecimento muito conhecido na cidade, ostenta verdadeiras raridades enológicas, algumas em estado precário de conservação. Ao observar em uma das paredes na parte interna do estabelecimento, deparei-me com uma garrafa de Morandé Terrarum reserva Carmenére 2004, ainda com aquele rótulo antigo, bastante manchado e envelhecido pelo tempo. É claro que não se trata de um vinho de alta guarda e as condições de armazenamento não eram as melhores, mas pelo menos a garrafa estava deitada e o produtor merece respeito, portanto pensei: por quê não comprar? O risco de levar esta garrafa para casa e me descepcionar ao abrí-la era grande, mas o prejuízo não seria tão grande, visto que paguei R$ 40,00 nesta raridade. Mas, se o vinho estivesse em boas condições, o prazer seria extra-sensorial. Ao chegar em casa, antes de abrir a garrafa, abri alguns livros Descorchados e verifiquei que Patrício Tapia não dava mais do que 4 ou 5 anos de vida para este vinho. Que equívoco tremendo Sr. Tapia! Obviamente, a rolha estava seca e se despedaçou, mas após a batalha inicial da abertura da garrafa, tudo o que veio só trouxe êxtase de prazer e alegria. Ao colocar na taça, um vermelho granada com reflexos cor de tijolo e bordas enormes estupidamente alaranjadas, dando uma aula visual de um vinho evoluído e no seu apogeu. No nariz, aromas elegantérrimos de frutas vermelhas maduras, algumas negras, especiarias como a pimenta negra, chocolate, pimentão e pasmém, o mentol do Maipo, bem suave. Aliás, tudo muito suave, nada se sobresaindo. Também havia espaço para pequenos toques animais de evolução e leve cedro. Sim, muito complexo para seu preço, mas esta complexidade só é atingida com este grau de evolução. E o álcool? Desapareceu por completo! Na boca, taninos ainda presentes e marcantes, porém evoluídos e aveludados, acidez incrivelmente ainda presente. Como pequenos defeitos, poderia ter mais corpo e um final mais longo. Então é isso pessoal, ninguém pode menosprezar a capacidade de evolução de um vinho e alguns profissionais entendidos no assunto deveriam ter mais cuidado para classificar estes vinhos como longevos ou não, até porquê nós estamos aprendendo agora à lidar com nossos vinhos sul-americanos e muitas surpresas estão por vir. Esta garrafa vem acabar de vez com essa história de que vinhos medianos não evoluem ou têm pouca longevidade, mas isso vai depender muito do produtor e de suas intenções. O que posso afirmar é que bebi esta garrafa inteira e não apenas um gole e garanto à vocês que o vinho estava ótimo e em exelente estado de conservação, o que me anima para garimpar outras raridades como esta, até porquê quem compra uma garrafa de Terrarum reserva não está pensando em guardá-la por anos. Então senhores, quando se depararem com estas "moscas brancas", não tenham medo e arrisquem. Nota: 91 pontos.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Hartenberg Cabernet Sauvignon Shiraz 2009

Um mega corte de  Cabernet Sauvignon(46%), Shiraz(43%), Merlot, Malbec, Petit Verdot e Cabernet Franc(12%), produzido em  Stellenbosch, África do Sul, com 12 meses de passagem por carvalho e 14,4% de graduação alcoólica. Por este início, deu para perceber que é um vinho bem ao estilo Novo Mundo, feito para ser consumido rapidamente e agradar a maioria. E é exatamente isso! Quando digo que é um vinho feito para ser bebido logo, não significa que não vá suportar alguns anos em garrafa e sim, que não foi feito para evoluir além do que está. Visual vermelho púrpura com reflexos violáceos, discreto halo aquoso, sem sinais de evolução. Aromas de frutas vermelhas maduras, baunilha e leve herbáceo. Bom corpo, macio em boca, taninos domesticados, acidez discreta e final médio. Um vinho com poucas arestas, bastante correto, mas sem graça e com pouca complexidade. Vai agradar a maioria, mas estaria honesto se custasse uns R$ 35,00. Este vinho está custando cerca de R$ 55,00 na Wine, valor que considero caro para que o vinho se propõe e pela concorrência do mercado. Aliás, o clube wine anda enviando vinhos que não estão fazendo juz ao valor pago. Novamente, digo aqui no blog: cuidado clube wine! Nota: 88 pontos.

San Giuseppe Cabernet sauvignon 2006

Mais um vinho da vinícola Mastroeni; já provamos o honesto Mastroeni reserva Malbec e o surpreendente Notable Malbec. Agora é a vez deste San Giuseppe Cabernet sauvignon, o top da vinícola. Realmente se percebe que é um vinho feito com muito cuidado, para um público que procura algo à mais que um simples acompanhamento gastronômico. Tem um belo visual rubi com bastante brilho, boa formação de lágrimas e poucos traços de evolução. Os aromas são bastante típicos de cabernet sauvignon, com predomínio de frutas negras (cassis, ameixa preta e amoras negras), especiarias (mais evidente o cravo, tendo também um pouco de pimenta preta), contribuição elegante da madeira, algo de tostado (chocolate amargo). Na boca, tem corpo médio, taninos ainda nervosos, boa acidez, bela penetração no pálato, retrogosto agradável e final muito longo e elegante. É um vinho que traduz muito bem o potencial da cabernet sauvignon argentina e que ainda tem mais uns 5 anos de vida pela frente, quando vai estar com seus taninos mais emoldurados e macios. Gostei mais do Notable Malbec, talvez porquê já esteja mais pronto para o consumo imediato, mas também em função de ser mais aromático e muito sedoso em boca. Este San Giuseppe é bastante honesto na compra e vai evoluir mais. Preço: em torno de R$ 64,00. Nota: 90+ pontos.