De alguns anos para cá, vários termos foram surgindo para explicar alguns fenômenos recentes na fabricação dos vinhos. Mas, o quê significam estes termos? O quê isto tem a ver com a qualidade do produto final? Tudo começou com um cidadão chamado Robert Parker, o qual começou à escrever sobre suas impressões sobre os vinhos degustados por ele próprio. Criou um interessante sistema de pontuação e começou à publicar suas notas em uma revista, que viria à ser conhecida como Wine Advocate. O sistema de pontuação agradou em cheio o público norte-americano, acostumado com a praticidade e que ficava meio confuso na hora de escolher um vinho. A idéia foi boa, mas dois problemas ocorreram:
1) As avaliações eram feitas e as notas eram dadas segundo o gosto pessoal de Robert Parker, o que gerou uma espécie de "personificação" do vinho;
2) O fenômeno Parker foi tão grande, que vinhos com boa nota se esgotavam rapidamente e vinhos com baixa nota ficavam parados por meses nas prateleiras dos supermercados.
Ora, quem quer produzir um vinho para não ser vendido? Qual foi o resultado? Elaborar vinhos que correpondessem ao gosto de Parker, o qual pontuaria bem estes vinhos e estes seriam vendidos com maior facilidade, tamanha a influência que Parker tinha sobre a decisão de compra do consumidor final. Isto foi o que chamamos de Parkerização do vinho. Como esta Parkerização começou à dar resultados satisfatórios, o mundo inteiro começou à fazer igual, gerando uma mesmiçe conhecida como generalização do vinho, ou seja, os vinhos passaram à ser todos mais ou menos iguais. Mas, após alguns anos de Parkerização e generalização, alguns enólogos se desvincularam de suas vinícolas e passaram à produzir vinhos próprios, com personalidade própria, sem obrigação de fazerem vinhos comerciais e que atendessem ao gosto do público em geral. Esta liberdade de produção criou vinhos únicos, que traduzem de forma mais minuciosa e fiel o que o enólogo pensa. Surgiram então os chamados "vinhos de autor". Claro, a novidade agradou em cheio um público mais seleto, que busca algo mais do que simplesmente beber vinho. E, como este público tem mais "generosidade" na hora da compra, os "vinhos de autor" também ganharam preços mais salgados. No embalo do sucesso destes "vinhos de autor", alguns pequenos produtores (pequenos mesmo), passaram à divulgar mais seus vinhos de minúscula produção, alguns bastante raros (nem sempre com boa qualidade) e surgiram os "vinhos de garagem". Ora, por quê não também ganhar um "dim-dim"? Se o ciclano da esquina faz um vinho alí e cobra caro, por quê eu não posso ganhar um pouco mais no meu aqui? E, por último, parece que o mundo está meio que desgastado com a mesmiçe e também não está disposto à pagar caro por vinhos personalizados e de minúculas produções, que enfim veio outro conceito: vamos fazer algo diferente do quê estão fazendo todos? Como assim? Simples, vamos dar valor ao terroir, porquê não existem dois terroirs iguais, assim cada vinho é único, desde que respeitado o seu terroir. Surgiram os "vinhos de terroir". Genial, brilhante!!! Opa, mas não era exatamente isso o que faziam antes de Parker??? Como vocês podem ver, meus amigos, o universo vinícola é igual o mundo da moda: um eterno vai-e-volta de estilos. Surpresos? Eu não! Bye!
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