O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






segunda-feira, 30 de maio de 2016

Torii sauvignon blanc 2014

 
Vão falar que eu estou chovendo em molhado: de novo elogiando vinhos nacionais! Sim, além de escolher bem, os nossos brazucas melhoraram muuuuuuuito! Dá uma olhada na coloração palha, quase branco papel dessa perdição oriunda da Serra catarinense! Continuo achando que os melhores brancos da Serra catarinense são o Donna Emmy e o Quinta da Neve, mas até agora não bebi nenhum ruím. Este Torii, da Hiragami, elaborado com os vinhedos em maiores altitudes do Brasil (1427 m), é mais um ótimo vinho. Fresco, aromático, limão, aspargos, grama cortada, acidez, tudo se encontra aqui, sem ser enjoativo. Na casa dos cinquentinha (para os dias de hoje, está bom), é difícil encontrar algo melhor.



Um parabéns à Antoninho Calza e seus ótimos vinhos!

 

Ainda acho que tem muita gente procurando qualidade com vinhos estrangeiros e esquecendo os nacionais. Trago aqui, dois vinhos de um mesmo produtor, muito menos badalado que seus concorrentes gaúchos, mas com qualidade em todos os seus produtos. Antoninho Calza é o enólogo e proprietário da Calza Júnior, locada em Monte Belo do Sul, Vale dos Vinhedos. Por sair somente um pouquinho do trajeto habitual do turistão, acaba sendo desconhecida da maioria. Ahhhh Antoninho, se soubessem de sua existência... A ida à sua vinícola vale, por si só, da beleza e tranquilidade do lugar, mas se completa com a simpatia dos proprietários e a qualidade dos seus vinhos. Seus espumantes não fogem à regra da boa qualidade do Vale dos Vinhedos, com destaque para seu espumante rosé.


Este aqui é um belo espumante tradicional com bom perlage, aromas de fermentação e propício à alguma evolução.


 
Seus tintos são modernos e fáceis de beber, sem explosão de frutas ou excesso de madeira. Aliás, Antoninho utiliza carvalho francês, americano e esloveno, se diverte como poucos na mistura deles. Isso, ninguém me contou ou lí, eu ví e experimentei direto da barrica e em cortes feitos na hora. Olhem a coloração deste Tannat! E tem gente procurando milagre por preço baixo no Uruguai... Essa cadelinha aí é a Pimenta. Grande Antoninho!



Donatella Cinelli Colombini Rosso del Colle


 Vinho de entrada da vinícola da Toscana, famosa por propagar que seus vinhos só passam por mãos femininas, do plantio ao engarrafamento. O quê dizer dele? Em primeiro plano, a foto de cima traz o que tem de melhor: sua linda coloração rubi brilhante! Sim, também é bem aromatico, dando ênfase à frutas vermelhas frescas e tem notável acidez gastronômica, mas pelo preço que custa, acho que a mulherada que fez este vinho vai ter que rever seus conceitos de venda. É bom, mas tem vinho muito melhor por este preço.



terça-feira, 24 de maio de 2016

Goulart The Marshall Malbec reserva 2011

 

Muito oportuna esta postagem. Acabei de postar um grande malbec argentino e agora trago um convencional malbec argentino. Calma, não é ruím. É bom, mas é tudo aquilo que você leitor já conhece: fruta madura, equilíbrio com a madeira, sedosidade em boca e final agradável. Bom vinho, mas não entrega novidade alguma. Bem feito, sem defeitos aberrantes, cumpre seu papel. Pena que o abri após um outro malbec argentino excepcional (Vallisto), talvez tenha sido prejudicado em função disso. Acho que poderia custar um pouco mais barato.




Vallisto malbec 2010

 
Excepcional vinho! Esqueçam aquela definição clássica de malbec argentino, como um vinho frutado, carnudo, amadeirado, violáceo, blá, blá,blá... Foge totalmente da regra. Aqui, estamos diante de um vinho aromático, elegante e complexo. Vejam a coloração bela! Aromas intrigantes e cheios de vida com um toque de evolução no ponto! O defumado não pesa e chama o vinho à boca, onde se mostra de rara elegância para um malbec argentino. Tenho gostado muito mais dos malbecs argentinos provenientes de outras regiões, que não sejam de Mendoza, justamente para sair da mesmiçe. Valle de Cafayate, em altas altitudes tem rendido boas experiências. Arrebentou com uma picanha na grelha! Vinho para grandes momentos. Para mim, um churrasco de sábado com minha esposa e filhas é um grande momento!



sexta-feira, 20 de maio de 2016

Wals Pilsen

 

O blog abre espaço para cerveja! A cervejaria Wals está locada em Belo Horizonte e nos presenteia com algumas das melhores cervejas do país. Essa aí é uma pilsen no estilo bohemia. Tem mais cor, mais corpo e é mais amarga. Mais lupulada, até pode ser confundida com uma IPA mais leve. Boa de briga, pede aperitivo e refresca bem. Para sair da rotina dessas porcarias de supermercado, suba seu nível!



Farizoa 3 castas tinto 2014

 
Vinho que veio do clube wine, o qual anda enviando só japonês (tudo igual). Mas, este vinho foi uma grata surpresa! Elaborado no Alentejo (que novidade...) com as uvas aragonez, Alicante bouchet e syrah e breve estágio em barricas (sabe-se lá de que uso foi), cumpriu muito bem seu papel de ser um vinho de dia-a-dia com algo mais. Bonito na taça, muito aromático e bom de boca, é leve sem perder o corpo, tem boa acidez e álcool na medida. Sem defeitos para seu preço. Poderia ser mais vezes assim, né Wine?



terça-feira, 17 de maio de 2016

Alma Penada by Eduardo Zenker

 
Eduardo Zenker dispensa apresentações aos enófilos mais experientes, mas aos que ainda não o conhecem, trata-se de uma dessas figuras diferentes, criativas e muito carismáticas que temos o prazer de conhecer em nossa vida. Zenker é um produtor de garagem (literalmente) locado em Garibaldi e que produz vinhos naturebas ou com grande base natureba, com uvas de vinhedos próprios ou compradas de produtores locais. É um diferentão fácil de gostar, um cara bacana e dedicado. O vinho que trago é o Alma Penada 2013, elaborado com 100% ancellotta. O nome se deve porquê os vinhedos que deram origem à este vinho foram dizimados do mapa. Em protesto à destruição de um vinhedo capaz de produzir uvas magníficas que originaram este belo vinho, Zenker o batizou como Alma Penada, ou seja, não teremos jamais uma outra versão ou safra deste vinho.


Com coloração violácea quase que intransponível, o vinho traz aromas de natureba mesmo, lembrando aquele mato com esterco no fundo, mas com predominância clara de tutti-frutti, igual aqueles mini chicletes de nossa infância.


Na boca, confirma-se a tendência natureba do vinho, sendo mais leve e com um toque de agulhada na língua, também com herbáceo evidente. Leve no sentido de ser um vinho solto, mas tem boa estrutura, bom volume e ótimo final. Muito agradável, mas para enófilos que procuram algo diferente. Se você é um daqueles que se apaixonam por bombas argentinas e chilenas, não comprem este vinho. Belo trabalho, Zenker!



segunda-feira, 16 de maio de 2016

Feteasca neagra Private reserve Cramele Halewood 2013






Belo vinho romeno, elaborado por uma uva diferente, a feteasca neagra, com 12 meses de passage por barricas. Visual bonito, leve e brilhante. Nariz bem aromatico e uma boca redonda preservando acidez fazem deste exemplar um honestíssimo negócio. Bebe-se fácil uma garrafa e deixa saudades. Sem defeitos, briga com vinhos que custam o dobro. Cabe fácil num bom almoço ou jantar de fim-de-semana, por ser gastronômico e um pouco intrigante.





sexta-feira, 13 de maio de 2016

Johann Maximilian Pinot noir 2005




Pois é, dê de cara com uma promoção, encontre algo diferente do que você está acostumado, saia do seu "porto seguro", arrisque e no fim, apenas terás duas conclusões: "fiz merda!" ou "sou um gênio". Não, nem um, nem outro. Experiências sem certeza do resultado é o que existe de mais intrigante dentro da enologia e se nem sempre o resultado for satisfatório, garanto que em 100% das vezes será de profundo aprendizado. Mas, na maioria das aventuras, dá certo! Foi o caso desse pinot noir alemão já bem velhinho e divinamente sedutor. Visual impactante de muita evolução, aromas bem definidos de um médio pinot que virou um velho sábio e boca corretíssima que lambe os beiços. Não sei como era na juventude, mas este senhor mostra muito bem suas virtudes. Um vinho diferenciado pela sua idade e por um preço aquém do seu real valor. Por enquanto, deliciem-se com seu lindo visual.



segunda-feira, 9 de maio de 2016

Que tal simplificarmos um pouco?



Trabalho, família, trabalho, família, vinhos, trabalho, basquete, família, corrida, trabalho, família, viajem, clubes, trabalho, família, ufa!!! Sim, é a enésima vez que fico ausente do blog e retorno. Mas, agora é para valer! Gosto disso e atualmente, estou com mais tempo para me dedicar à este prazer. Digo mais, à cada pausa, ganho mais experiência enologica e de vida, sabendo mais o que escrever, de forma simples e direta! E para reiniciar, que tal simplificarmos um pouco essa história de dividir o vinho em categorias? Sim, este sempre foi um tema que me intrigou, simplesmente porque não há um consenso, também não quero criar uma nova linha de pensamento, mas aqui vai minha idéia, após 10 anos degustando vinhos:

Categoria vinhos ruins: é qualquer vinho que tenha um defeito aberrante (alta acidez, excesso de madeira, pouco ou quase nenhum corpo, ausência de aromas, etc.) ou esteja estragado, tornando-o intragável ou impossível de beber. Nesta categoria, não tem sub-divisões, coloque tudo no mesmo saco e jogue fora. Você não deve bebê-los!

Categoria vinhos bons: aqui se encaixam a imensa maioria dos vinhoa bebidos nos dias de hoje, visto que a qualidade media da produção das vinícolas melhorou muuuuuuito nos últimos anos e, cada vez mais, os vinhos são perfeitamente palatáveis. Nesta categoria estão incluídos os seguintes vinhos:
Vinhos para o dia-a-dia: vinhos simples, porém prazerosos, podem acompanhar um bate-papo informal, uma pizza, esfihas e comidinhas simples como hamburges, kibes, lanches em geral ou simplesmente tornar mais agradável seu final de noite.
Vinhos superiores: vinhos mais complexos, que se diferenciam dos anteriores por um simples motive: te fazem pensar, utilizer sua massa cinzenta para descobrir seus aromas. Ótimos para acompanhar jantares e almoços de fim-de-semana ou para beber junto com um amigo enófilo.
Vinhos particulares: coloque aqui os vinhos elaborados por métodos diferentes do tradicional e que trazem características únicas. São os naturebas, biodinâmicos, de autor, laranjas, etc.
Categoria vinhos diferenciados: o próprio nome já diz! São vinhos, que por uma característica ou outra, te emocionam! São os grandes ícones de vinícola, os vinhos bem envelhecidos e raridades de minúsculas produções. Podem ser caros, muito caros ou caríssimos, mas baratos não são!


É isso! Escrevi este post para ajudar o leitor à entender melhor minhas postagens daqui para frente. Abraços!