É chover no molhado, mas tenho que comentar sobre isto: como é bom beber um vinho no seu apogeu! Nos dias atuais, somos invadidos e persuadidos por uma onda de imediatismo, a qual se mistura com a "necessidade" do consumismo, o qual vai rapidamente degradando a sociedade capitalista, até resultar em crises inevitáveis. Com o vinho, pode-se pensar da mesma maneira, pois cada vez mais chegam ao consumidor final, produtos prontos para o consumo, ou seja, acelerados em sua maturação para agradar mais rapidamente o cliente. Esta tendência do mundo moderno é de certa forma inevitável, mas se tivermos o mínimo de paciência, ou de esperteza, aguardamos um pouco, e ao melhor momento, desfrutamos algo profundamente superior. Esta semana, tive o prazer de confirmar isto na prática, bebendo dois vinhos em seu apogeu: Joffré e Hijas Gran Merlot 2004 e Il Grigio da San Felice Chianti Clássico Riserva 2004. O primeiro é um 100% Merlot, produzido no Vale do Uco (Argentina), passa 10 meses em contato com barricas de carvalho francês e é um verdadeiro "cala a boca" para quem diz que não tem Merlot bom em Mendoza. Vinho com grande estrutura e corpo, coloração vermelho escuro quase negro, com traços alaranjados. Aromas intensos de frutas negras maduras em compota, com notas de café, tostado e torrefação. Madeira perfeitamente integrada, taninos domesticados, acidez ainda presente e retrogosto intenso com final longo formam um conjunto agradabilíssimo, que gera prazer do início ao fim da garrafa. É o tipo de vinho que com certeza, não deveria estar tão agradável 3 anos atrás, mas a paciência permitiu uma evolução para um nível raramente visto em Merlot varietais na Argentina. Nota: 91 pontos. O segundo vinho é um Chianti Clássico reserva 100% Sangiovese e à partir daí, não se precisa dizer mais nada, basta ter paciência para bebê-lo na hora certa. E que hora! Potência e elegância se misturam neste belo vinho da Toscana, o qual aguardou 7 anos para ver a luz do dia, mas quando o fez, primou pela maestria. Incrível coloração vermelho-tijolo, com nítida distinção entre olho e borda, a qual se encontra num deslumbrante alaranjado brilhante. Aromas muito complexos de ameixas, cerejas e outros frutos vermelhos maduros com especiarias intensas de cravo e pimenta preta, associados à um cedro que cala a boca. Taninos presentes e maduros, acidez já dissipada, corpo voluptoso, textura sedosa, belo vinho! Nota: 92 pontos. Amigos, se vocês tiverem paciência, "escondam" algumas boas garrafas e abram daqui uns 3 ou 4 anos e entenderão o que estou dizendo. Até a próxima!
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário