O Vale do Limarí ficou muito conhecido nos últimos anos devido à boa qualidade média de seus vinhos feitos com chardonnay, sauvignon blanc e syrah. O que antigamente era um território destinado ao cultivo de uvas para produção de pisco, hoje virou o nirvana de todo enólogo chileno, graças as ótimas condições climáticas do local (quase não chove, com médias pluviométricas baixíssimas) e à um solo rico em calcáreo, que transfere um gosto e aroma salinos ao vinho. Poi bem, este vinho vem do Vale do Elqui, vizinho ao Vale do Limarí e que possue basicamente as mesmas características de clima e solo. O Vale do Elqui pode ser o próximo super-star chileno, mas enfrenta a concorrência de outros vales emergentes, pricipalmente ao sul do Chile (Itata, Bío-Bío, etc.). O vinho que apresento hoje é o "pé de boi" ou se preferir, o vinho de entrada da vinícola Falernia, a debutante neste vale. Escolhi a Syrah, porquê é a uva que melhor se adaptou nestes vales. Vinho de coloração rubi-violeta com reflexos violáceos e lágrimas médias. Aromas de geléia de frutos vermelhos, mais evidenciado a amora. Tem uma madeira muito pronunciada tanto no aroma quanto no paladar, apesar de ter passado apenas 5 meses em contato com barricas. Será o temido uso de chips de madeira? Boca volumosa com taninos bem presentes e acidez correta. Tem aquele ligeiro toque salino, não tão intenso quanto seus irmãos do Limarí. O que atrapalha um pouco neste aceitável vinho básico são os exageros de madeira e bomba de frutas, o que o torna um pouco cansativo e pouco gastronômico. Custa R$ 33,00 para sócios do clube wine, o que o torna um tanto quanto inviável devido à forte concorrência de outros bons vinhos mais baratos, mas vale a experiência de conhecer um pouquinho deste novo terroir chileno. Pode tentar, porque descepcionante não é! Nota: 86 pontos.
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
quinta-feira, 31 de março de 2011
domingo, 27 de março de 2011
Série vinhos para o dia-a-dia: Villa Spinosa Valpolicella Clássico 2008
Verona, a terra de Romeu e Julieta, fica no caração do Vêneto e nas suas redondezas nascem alguns dos mais famosos vinhos do mundo: Amarones, Soaves, Prossecos, Recciotos, Bardolinos e Valpolicellas. Os melhores representantes vêm das chamadas zonas clássicas e saber isto é muito importante para a compra, porquê com o passar dos anos, estes vinhos foram replicados até a exaustão, surgindo no mercado um enorme contingente de verdadeiras aberrações que inundaram as prateleiras dos supermercados, deixando uma péssima impressão destes verdadeiros "clássicos" do Vêneto. Então, saber que um vinho vem de uma zona clássica nos dá uma certa tranquilidade em relação à qualidade, embora não nos garanta isto! O problema é que, com a discriminação de clássico, veio também o inflacionamento do produto, o que levou estes vinhos "clássicos" à preços elevados. Este Villa Spinosa é um raro exemplar de Valpolicella Clássico à um preço bem acessível ( R$ 38,25 para membros do clube wine ), visto que a esmagadora maioria custa mais de R$ 60,00. Mas, será que ele é bom? Meu primeiro contato com ele diz que é um vinho bem abordável, honesto e prazeiroso. Coloração rubi claro com reflexos rubi, sem traços de evolução e discreta borda aquosa, com lágrimas também discretas. Aromas de framboesas e cerejas frescas se misturam com notas de especiarias, sem nenhuma sensação de madeira, embora o site da wine diga que há curta passagem por madeira. Na boca, uma acidez contagiante produz uma salivação intensa que clama por comida! Corpo médio para leve e retrogosto persistente concluem a análise deste vinho. Tudo bem, poderá o leitor dizer que falta complexidade ou que a acidez é um pouco exagerada, mas o vinho é um "Mister Gastronômico" e isto é muito importante para mim, porquê entra naquela faixa de preço dos vinhos para o dia-a-dia, os quais têm que ter como qualidade principal a vocação gastronômica. Pode não ser aquele Valpolicella sedoso e cativante, nem o melhor exemplo do gênero, mas está acima daqueles genéricos aguados de supermercado e por um preço acessível. Nota: 87 pontos.
Canepa Finíssimo Sauvignon Blanc 2010
Não existe sauvignon blanc ruím em Casablanca ou San Antonio no Chile! Todos os que eu bebi são no mínimo bons! Mas, após inúmeras experiências, já tenho uma posição definida sobre estes ótimos vinhos: os sauvignon blancs de San Antonio (entenda Leyda, Lo Abarca e El Rosário) são mais ácidos, minerais, incisivos e picantes que seus irmãos de Casablanca, os quais são mais neutros e harmônicos, ou seja, são menos bombásticos. Eu, particularmente, prefiro os de San Antonio porquê casam melhor com entradas, principalmente quando saboreados em um dia quente. Aqui neste Canepa, produzido em Casablanca, a harmonia e suavidade o aproximam mais de um similar do Loire que da Nova Zelândia. É um sauvignon blanc bem típico: coloração amarelo palha com reflexos verdeais com muito brilho. Aromas de pêras e maça verde com leve laranja lima. Não é "cheguei", mas é bem suave e na boca não denota acidez exagerada e nem final amargo. Vai agradar bastante os enófilos mais tradicionais. Custa cerca de R$ 60,00, o que eu acho muito, apesar de ser um bom vinho. Continuo com a opinião de que os melhores sauvignon blancs que tomei são o Ventolera e o Matetic EQ Coastal, ambos de San Antonio. Preciso experimentar os sauvignon blancs da Casa Marin, principalmente o Cipreses, para fechar o "trio de ouro". Nota: 90 pontos.
Las Perdices Malbec 2009
Mais um Malbec argentino, mais um bom produto dos hermanos. Este Las Perdices foi adquirido pelo clube wine e custou R$ 40,00, honesto pela qualidade do vinho, mas seu preço regular é mais alto, como informa o site da wine. Coloração violácea bem jovem, sem traços de evolução. Tem um aspecto límpido e bonito, bem característico da Malbec. Aromas de geléia de amoras com leve toque de madeira. Vinho bem doce e sedoso, fácil de beber e agradar. Boca suave e "melosa", taninos bem redondos e pouquíssima acidez. É um vinho do nível do Álamos Malbec, porém tem mais equilíbrio e é mais elegante, me lembrando neste aspecto o Fabre Montmayou reserva Malbec. Produzido em Lujan de Cuyo, é um bom exemplar de Malbec moderno e sem exageros, mas o que o inviabiliza para o dia-a-dia é a concorrência com outros de igual qualidade e mais baratos, como o próprio Álamos. Nota: 88 pontos.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Aliança Bairrada reserva tinto 2007
Se você for no Pão de Açucar, vai encontrar vários rótulos portugueses das mais diversas regiões vinícolas deste país, com o nome de Aliança. Este rótulo vem da Bairrada e é produzido em sua maior parte da casta Baga, é claro! É só o que tem de informação no rótulo e contra - rótulo! De cara, então, dá para perceber que se trata de um vinho simples, sem maiores ambições. Mas ele não descepciona! É o que se espera da Baga: força, vibração e rusticidade. Não podemos comparar com os bons vinhos de Luís Pato, o rei da Bairrada, o homem que conseguiu domesticar a Baga. Os vinhos de Luís Pato tem a força da Baga, só que com elegância e complexidade. Este Aliança é uma boa opção para o dia-a-dia, porque seu custo é muito baixo: menos de R$ 20,00 e tem vocação gastronômica. Coloração rubi escuro, lágrimas médias, bom corpo. Aromas simples de frutas quase negras com especiarias. Pega o álcool na boca, mas tem taninos e rusticidade para disfarçar. Como eu disse, é simples e poderá desagradar alguns, mas pelo preço vale o conhecimento. Nota: 86 pontos.
terça-feira, 22 de março de 2011
Série vinhos para o dia-a-dia: Club des Sommeliers Cabernet sauvignon 2010
O grupo Pão de Açucar teve uma ótima idéia: engarrafar vinhos de qualidade aceitável, de diversas partes do mundo e rotulá-los em uma marca própria (Club des Sommeliers) à um preço relativamente baixo. Este cabernet sauvignon é um vinho produzido no Chile, no Vale do Maule, pela vinícola Carta Vieja (vide contra - rótulo do vinho). Tem coloração violácea sem nenhum sinal de evolução, traduzindo sua joavilidade. Aromas de frutas vermelhas e um pouco de cassis com o característico herbáceo ou mentol chileno. Na boca, maciez e acidez corretas, taninos agradáveis e bom volume fazem dele um vinho agradável. Boa opção para o dia-a-adia, em função de ser realmente bem aceitável e ter um custo muito bom, em torno dos R$ 16,00. Nota 86 pontos.
sábado, 19 de março de 2011
Colomé Torrontes 2010
É interessante como que alguns vinhos são bastante familiares à nós sem nunca termos provado. Este Torrontes da Bodega Colomé é um exemplo disto. Vinho muito elogiado pela crítica e pelos consumidores, mas que até então, não tinha chegado em minhas mãos. A Bodega Colomé está situada em Salta, norte da Argentina, há 2000 metros de altitude, onde são conhecidos os Vales Calchaquies. A Torrontes é uma cepa branca quase que emblemática da Argentina, mas difícil de dar bons resultados. Vinho de coloração amarelo-palha bem claro, com reflexos verdeais bem suaves. É um belo visual! Aromas de pêras com toque floral discreto. Em temperatura mais alta, lembra um pouco de lixia. Na boca, ataque refrescante, como se tivesse chupando Halls, textura macia e acidez clicante, com toque mineral. Final longo com retrogosto imponente. Os 13,5% de álcool não se fazem sentir. O vinho é muito agradável e harmoniza muito bem com entradas ou peixes leves ao molho de limão, como o linguado ou Saint Peter. Acho que os hermanos devem esquecer a sauvignon blanc e investir na Torrontes de altitude, Chardonnay em algumas regiões de Mendoza e a Viogner (tem dado bons resultados). De longe, o melhor Torrontes que já provei. Bola dentro. Nota: 90 pontos.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Série vinhos para o dia-a-dia: Calantica Tinto 2008.
Não vou me estender porque este vinho não merece. Coloração rubi clara, com lágrimas claras e escassas. Aromas de cerejas e amoras e mais nada. Boca com acidez que incomoda um pouco e poucos taninos. Final curto. É um vinho regional alentejano feito à partir de Aragonês, Alfrocheiro, Trincadeira, Cabernet sauvignon e Touriga Franca. É beeeeeem simples mesmo e visa o consumo em massa. Não é um suco de uvas com álcool, nem uma bomba de cervalho, mas serve apenas para servi-lo para quem não entende nada de vinho (este vai achá-lo muito bom!) ou para acompanhar um prato bem rústico, como uma feijoada. Tá aí! É jóia para uma feijoada! Custa R$28,00 na Vinci e pode parecer repetição, mas eu insisto, gaste R$ 23,00 e compre um Periquita. Nota 84 pontos. Este, eu não compro mais.
Desafio italiano: Norico 2008 x Tegole Trento 2004 x Barbera D'Asti Villa Jolanda 2003
Três vinhos italianos da Vinci Vinhos, com preço entre R$30,00 e R$40,00. Qual é o melhor? Servem para o dia-a-dia? Têm algo mais? São melhores que o Talenti Rosso Rispolo, campeão de custo-benefício italiano com custo abaixo de R$40,00 ? Norico 2008: Trento (Itália), corte de Teroltego, Lagrein e Merlot, 12,5% de álcool. Seis meses em barrica de carvalho. Coloração violácea, com pouca borda aquosa e lágrimas médias. Aromas de ameixas pretas e cravo. Bom na boca, com boa acidez, taninos leves e textura macia. Bem aromático, gastronômico, bom para o dia-a-dia. Tegole Toscano 2004: Toscana, 100% Sangiovese, não passa por madeira, 13,5%. Coloração rubi com tons alaranjados de envelhecimento. Aromas de cerejas frescas com toques de torrefação de evolução, algo floral. Mais ágil em boca, mais leve, menos concentrado. Acidez mais marcante, menos taninos. Vinho mais simples. Barbera D'Asti Villa Jolanda 2003: Piemonte, 100% Barbera, não passa por carvalho, 13%. Aromas vibrantes de frutas vermelhas com floral agradável, panetra bem gostoso no nariz. Boca com duas características que eu adoro: acidez agulhante e textura quase licorosa. Final persistente, bem gastronômico, no ponto para beber. Muito bem, perante estes comentários, aqui vai o meu veredito: O Tegole é o mais simples dos três, não se tratando de um vinho ruím, mas é realmente bem simples. Apesar de ser o mais barato dos três (R$31,37), não comprarei mais, porque por este valor encontro vinhos melhores no mercado. Nota 85 pontos. O Norico é um vinho com já certa complexidade e um pouco mais envolvente, podendo ser boa opção para carnes vermelhas. Poderia custar um pouco mais barato que seus R$ 35,69, mas deve ser experimentado. Nota 87 pontos. O Barbera é um ótimo vinho, talvez porque esteja em seu melhor momento. Tem bela cor, agradáveis aromas, boa textura e acidez marcante. É o mais gastronômico dos três e por R$ 33,00, é Best Buy! Vence o desafio com sobras. Nota 88 pontos. Mas, se quiser comprar, beba logo, pois talvez não aguente mais um ano. Em comparação com o Talenti Rosso, o Barbera fica em empate técnico.
domingo, 13 de março de 2011
Desierto Pampa Blend 2006
O vinho que comento hoje, é um ilustre desconhecido da maioria dos brasileiros e acredito que também dos argentinos. Produzido no desconhecido (por nós) Alto Vale do Rio Colorado, foi comprado na Lo de Joaquin Alberdi, em Buenos Aires e a vendedora me garantiu que não era Terroir patagônico. Fui pesquisar nos livros, mapas e internet e descobri que este vinho é sim pertencente à Patagônia, mas foge um pouco das características do Vale do Rio Negro, por estar situado um pouco mais ao norte, ou seja, com temperaturas mais altas, favorecendo a maturação da uva e o cultivo de cepas de maturação longa, como a cabernet sauvignon. Este vinho é um corte tipicamente bordalês e leva na sua constituição 47% cabernet sauvignon, 37% merlot e 16% cabernet franc, estagia por notáveis 20 meses em barricas de carvalho americano e francês e tem a consultoria de ninguém mais, ninguém menos que Paul Hobbs. Os argentinos estão tentando descobrir o Terroir para a cabernet sauvignon, visto que Mendoza é um enorme deserto quente e a cabernet ainda não atingiu resultados incríveis como a malbec. Pois bem, à se considerar por este vinho, acho que eles estão chegando lá! Coloração rubi com reflexos violáceos, lágrimas grossas, revelando seus estupendos 14,6% de álcool. É o vinho com maior graduação alcoólica que bebi até hoje, tirando os Amarones e os vinhos fortificados (Porto,etc.); só os hermanos conseguem isto. Aromas de geléia de amoras com nítida presença da madeira (também pudera, né!). Boca forte, muita potência, bem no estilo americano de Hobbs. Sente-se a fruta madura, típico de vinhos argentinos. É impressionante como este vinho invade a boca e cria uma sensação de potência, raramente sentida por mim, porém o pecado é o exagero da madeira, o que o deixa um pouca pesado e enjoativo no final. Acho que não vai evoluir e aquela história de que a madeira vai se fundir ao vinho não cabe aqui. É um vinho moderno e portanto, feito para se consumir logo. Vinho de raça, marcante e que vale ser conhecido porquê mostra o potencial deste corte bordalês neste novo terroir argentino. Nota: 90 pontos. Preço: Infelizmente não tem a venda no Brasil.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Duas Quintas Tinto 2006
Vinho produzido por Adriano Ramos Pinto, na região do Douro, à partir das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz. Coloração rubi com reflexos rubi, lágrimas comportadas. Aromas de frutos vermelhos vivos com um levíssimo toque de madeira. Corpo médio, acidez correta, taninos bem comportados. Aliás, esta é a marca do vinho: bem comportado, tudo certinho, no lugar! Não encanta, nem emociona, mas é agradável e fácil de beber. Boa opção de compra para quem passar pelo Free Shop, onde custa US$ 19,50. Nota: 89 pontos.
terça-feira, 8 de março de 2011
Série vinhos para o dia-a-dia: Loios 2009
Muito li e ouvi falar sobre este vinho e quando quase todos os comentários falam positivamente, é difícil errar. Exato! Este vinho é realmente muito agradável e chega à ser um "Best Buy", visto o seu preço (comprei este exemplar no Pão de Açucar por R$ 28,00). Vinho produzido por João Portugal Ramos, no Alentejo, à partir das castas Aragonês, Trincadeira e Castelão. Coloração violácea clara, transparente, sem nenhum halo de evolução. Aromas de framboesa e amoras frescas, também de morangos maduros, com toque floral, talvez violetas. Boca traduzindo um vinho jovem de poucos taninos e acidez presente. Corpo médio e amargor que incomoda um pouco. É um vinho para ser bebido jovem e harmoniza bem com carnes leves. Bem aromático, tem no nariz o seu ponto forte. Honesto e vivaz. Nota: 87 pontos. Entra desta forma para o time dos vinhos para o dia-a-dia.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Série "Em busca do vinho perdido": Evel Grande Escolha 2000"
De vez em quando, nós encontramos verdadeiras raridades por preços honestíssimos em certos supermercados, como foi o caso deste Evel Grande Escolha 2000, comprado no Pão de Açucar. Estava literalmente perdido no meio de tantas garrafas, bastante empoeirado e com o rótulo em degradação: perfeito!!! Elaborado na região do Douro, à partir das castas Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Tinta Cão, passa 18 meses em contato com barricas de carvalho e representa o top de linha da Real Companhia Velha. Realmente é um vinho de respeito, muito parecido estruturalmente com um Barolo. Coloração sensacional de vermelho-tijolo, com razoável halo aquoso, generosas bordas alaranjadas e lágrimas fluidas, manchando a taça. Aromas de ameixas pretas com cedro, cravo, canela e pimenta preta. Tem incrível acidez, apesar de mais de 10 anos de vida e taninos vivos que não incomodam. Não enche a boca como um encorpado Malbec, mas tem muita estrutura. É o típico vinho vigoroso com finesse, por isso a semelhança com o Barolo. Combina muito bem com carnes grelhadas e queijos potentes. Tem longíssimo final e retrogosto persistente. Não é magistral, mas é um belo vinho, merecendo 91 pontos do nosso blog. Quanto ao preço, não vou falar porquê perderia a graça. Só ressalto que é o típico vinho que deve ser bebido, porquê além do prazer, bebe-se parte da história e isto é impagável!
domingo, 6 de março de 2011
Série vinhos para o dia-a-dia: La Posta Cocina Blend Malbec 2008
Ensaiei bastante para comprar este vinho, porquê sou meio avesso à muita propaganda e ultimamente estou torcendo o nariz para vinhos argentinos com altas notas de Robert Parker. É um vinho com a produção de Laura Catena, com uvas de Mendoza. Corte de 60% Malbec, 20% Bonarda e 20% Syrah, tem como característica básica a potência. É um protótipo da tal falada "bomba de Malbec", tão adorada por Parker e inúmeros consumidores pelo mundo, principalmente os iniciantes no mundo do vinho. Calma, não estou dizendo que o vinho é ruím ou serve apenas para iniciantes, apenas digo que tem um estilo bastante popular. Os amantes da madeira e da baunilha irão adorar! Coloração violácea com halo aquoso imperceptível e lágrimas médias; aromas de ameixas pretas e baunilha, que evoluem para geléia de amoras com toque de cravo. Na boca, é quente e encorpado, tem acidez acima da média para um vinho Mendozino e taninos presentes. É um pouco duro e desequilibrado, deixando o álcool aparecer demais. Não vai evoluir porquê é um vinho feito para se beber logo, portanto não vai amaciar. É uma boa opção para dias frios ou para acompanhar queijos holandeses fortes e encorpados. Robert Parker só podia estar maluco quando concedeu 90 pontos para este vinho ou ... deixa prá lá! A Wine Spectator concedeu 87 pontos, o que eu acho exatamente o que vale este vinho. Dá para ser colocado para o dia-a-dia, porém é inferior ao Álamos Malbec e tem difícil harmonização com pratos leves e massas. Custa R$ 33,00 na Vinci Vinhos.
sábado, 5 de março de 2011
Mauricio Lorca Poético Malbec 2005
Mais um belo vinho da terra dos hermanos e mais uma vez da ótima uva Malbec, uma verdadeira pop-star do continente sul-americano. Pode ser considerado um vinho varietal, mas a real constituição é 90% Malbec, 7% Cabernet sauvignon e 3% Syrah. Pode acreditar no que vou falar: o vinho é tão bem feito que dá para distinguir a Malbec (óbvio), a Cabernet e os minúsculos 3% de Syrah. Produzido por Mauricio Lorca, badalado enólogo que dá consultoria e produz vinhos para importantes vinícolas argentinas, este é um projeto pessoal, onde o vinho poético é um oficial intermediário, mas que tem muito do que podemos considerar "um vinho de autor". Aqui, Lorca abandona exigências de produtores e mercado para fazer um vinho próximo de sua identidade, goste ou não o público final. E o vinho é realmente isto! Com certeza, vai agradar muita gente, mas desagradar outros. Coloração rubi-violácea, com pouca borda aquosa. Lágrimas grossas, que mancham intensamente a taça demonstrando seus INACREDITÁVEIS 14,5% de álcool, deliciosos de beber. Aromas complexos de uma explosão de frutas negras, chocolate amargo, tabaco e rastros de grafite. Ótima persistência em boca, é envolvente e poderoso. Apesar de ser 2005, tem pelo menos mais 5 anos de vida pela frente. Não seria justo eu dizer que o vinho está um pouco duro ou rústico; seria mais elegante dizer que o vinho tem muita potência. É como se fosse um garotão todo malhado de 20 anos precisando desenvolver sua massa cinzenta cerebral, mas para isto acontecer leva tempo e o produto natural tem de ser bom. É um ótimo vinho, bom para ser bebido hoje, mas magistral daqui uns 5 anos. Paguei 70 pesos na Winery, em Buenos Aires. Nota: 91+ pontos.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Ribeira da Canadas 2005
Comprei este vinho na Enoteca Fasano po cerca de R$ 25,00, numa promoção de fim de ano.Seu preço normal à venda no site é de R$ 49,00. Achei este mesmo vinho à venda em um site português por 7,50 euros. Não vou me estender muito neste vinho porquê simplesmente não há novidades nele. É produzido na região do Douro à partir de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Franca. Foi concebido para ser um vinho simples e é! Coloração, aromas e gosto de ... vinho português!!! É a síntese deste vinho! Se fizermos uma degustação às cegas, passa-se por Periquita (JMF), o que não seria nenhum desmérito se não custasse o dobro do preço. Não estou me remoendo de raiva porquê paguei R$ 25,00, que é quase o mesmo preço do Periquita. Não caia nesta! Se você quer um portuguesinho legal para o dia-a-dia, vai de Periquita! Nota: 85 pontos.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Série Vinhos para o dia-a-dia: Montepulciano D'Abruzzo Montevento 2008
Vinhos ditos para o dia-a-dia são aqueles vinhos que, apesar de mais simples, têm que preencher certos requisitos: serem gastronômicos, oferecerem um mínimo de qualidade e prazer gustativo e principalmente serem BARATOS ! Mas, o quanto seria este BARATO ? Estipulei um valor máximo de R$ 40,00. Explico: acima deste valor, torna-se inviável para mortais, como eu, consumir vinhos diariamente e se o valor máximo fosse de R$30,00, o nosso leque de opções dimnuiria bastante, visto a grande quantidade de bons vinhos entre R$ 30,00 e R$ 40,00. De cara, já colocarei uma listinha de bons vinhos para o dia-a-dia, os quais fazem presença constante em minha adega: Periquita (R$23,00), Álamos Malbec (R$30,00), Casillero Syrah (R$ 28,00), Palo Alto (R28,00), Clos de Toribas Tempranillo (R$ 29,00), Urban Merlot/CS/Carignan (R$37,00), Porta da Ravessa (R$ 20,00) e outros que não me lembro. O vinho de hoje é um italiano trazido pela minha cunhada do Free Shop de Washington. O leitor deve estar perguntando: porquê então dia-a-dia? Porquê custou US$ 7,00 !!! Vinho simples, mas bastante gostoso e gastronômico, tem coloração rubi bem jovial, lágrimas médias (13%), aromas de morango e framboesa, lembrando em alguns momentos um Pinot Noir menor. Refrescante, carimbado por uma gostosa acidez, é fácil de beber e encara várias opções de pratos, desde sopas até carnes grelhadas, passando pela tradicional pasta ao molho vermelho. Vinho para ser bebido jovem e sem firula. Entra para a galeria dos vinhos para o dia-a-dia, se é que vai se encontratr este vinho aqui no Brasil! Nota: 86 pontos.
terça-feira, 1 de março de 2011
Série "Em busca dos vinhos perdidos": Cabernet Sauvignon Pablo Neruda 2004
Hoje, faço a primeira postagem de uma sessão especial dedicada exclusivamente ao comentário de vinhos que encontramos perdidos em supermercados, adegas, importadoras, etc. Geralmente são vinhos esquecidos pelo público, devido à pouca divulgação e fama. Caracterizam-se por ser de safras antigas e usualmente estar em promoção ou até mesmo com preço desatualizado. Pode acontecer também de estar literalmente perdidos no meio de outras garrafas pouco acionadas. Já fiz algumas postagens aqui, de algumas destas garrafas e o que sempre me motivou a compra foi a curiosidade de saber como se comportam estes vinhos (muitos deles bem simples) com o desgaste do tempo. Para recordar: Castillo de Montearagon 2003, Artero Merlot 2001, Alfredo Roca Cabernet sauvignon 2004, Luis Cañas Crianza 2003, Leblon 1997 e o épico Montado 2000. Vale relatar outros vinhos que eu não postei: Cordillera 2001 (maravilhoso) e Quinta de São Cristóvão 2004. Inicio a série com um vinho no mínimo curioso: Pablo Neruda Cabernet Sauvignon 2004, da Viña Sutil (Chile). Foi uma série especial de vinhos criados para homenagiar poetas. Achei esta garrafa perdida no Supermercado Vilela, em Guaratinguetá. A garrafa estava de pé e empoierada (que medo!). Apostei nela devido ao bom potencial de guarda do Cabernet sauvignon e da alta graduação alcoólica (14%), a qual ajuda na conservação do vinho, mesmo não estando adequadamente armazenado. Só tinha esta garrafa! Coloração vermelho-tijolo com bordas alaranjadas traziam um visual maravilhoso. Aromas de cedro e pouco cassis com ameixas pretas deixavam o vinho agradável. Na boca, a maciez esperada de um vinho mais velho e também aquele paninho molhado que incomoda um pouco, mas que trás charme ao vinho. No conjunto, valeu muito, até porque paguei apenas R$ 24,00. É muito legal desfrutar destes vinhos na companhia de mais um ou dois amigos, porque ele vai se tornando um pouco enjoativo e o pouco contato com o ar já o deixa mais para lá do que para cá. Nota: 87 pontos. Bola dentro!
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