O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

De Martino Legado Cabernet sauvignon 2007

Velho conhecido meu e facilmente encontrado em free-shop. Vinho tipicamente chileno, produzido no Vale do Maipo, com 100% Cabernet sauvignon. Em outras épocas, eu costumava elogiar este vinho, mas agora não vejo tantos motivos para festejar, à não ser seu ótimo preço no free-shop (em torno de US$ 15,00). Aqui no Brasil, chega à custar absurdos R$ 60,00, muito caro para a proposta deste vinho. Coloração violácea com poucos traços de evolução, aromas predominantes de frutas vermelhas maduras, cassis e um discreto mentol. Boca com taninos macios, acidez correta, mas um álcool que incomoda demasiadamente. Tem no churrasco seu par perfeito e acaba sobrando um pouco em pratos mais nobres. Para mim, é vinho para o dia-a-dia (fator qualidade), mas tem preço de vinho de fim de semana. Mesmo nesta proposta, perde feio para outros similares mais baratos, como o antiguas reserva, o Santa Rita reserva, o Carmen reserva e o Equus. Numa batalha com o casillero, ganha por pouco. Nota: 88 pontos.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Xabec 2008

Critiquei muitos vinhos espanhóis demasiadamente valorizados em notas absurdas, mas quando eu meu deparo com um produto de qualidade, tenho que manter o compromisso com a honestidade. Este Xabec é um vinho de qualidade superior e que nada tem à ver com robustos exemplares amadeirados espanhóis. Proveniente da região de Monsant (se situa ao redor do Priorat), tem uma força e elegância que o coloca em um patamar superior. Visual com coloração violácea, sem traços de evolução (nem precisa, o vinho está ótimo). Aromas bastante complexos para essa faixa de preço: cravo, pimenta, canela, menta, hortelã, frutas vermelhas, ardózia (típico do Priorat), terra molhada e muito mais. É uma ciranda de vai-e-vem, com o vinho evoluindo na taça à todo momento. Na boca, é cativante, tem força e acidez, estrutura e elegância. Não sobra no álcool, mas tem uma madeira ainda para integrar, porém sem incomodar. Tem 14% de graduação alcoólica imperceptíveis e 14 meses de barricas francesas. Custa R$ 49,00 e por este preço é uma pechincha. Mr. Bob Parker deu 92 pontos para este vinho e desta vez eu concordo. Nota: 91 pontos. Vinho muito bom, compra garantida!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Herdade de Mingorra Alfaraz Reserva 2005

É interessante como nestes bota-foras, existem alguns vinhos não muito aclamados pelo público, que tem uma qualidade muito acima da média e são vendidos por metade do preço e mesmo assim, as importadoras têm dificuldade de esgotar o estoque. Talvez isto se deva ao fato destes vinhos não serem tão badalados ou receberem altas notas da crítica. Ora, já comentei aqui e essumo o posto de crítico ferronho destes "formadores de opinião", que muitas vezes enaltecem vinhos medíocres e desencorajam a compra de ótimos vinhos, através de suas notas avassaladoras. Este Alfaraz reserva 2005 está uma delícia: elegante, raçudo, evoluído e honesto! Um vinho de personalidade, que nada lembra outros exemplares regionais alentejanos vendidos aos montes em redes de supermercado. Elaborado à partir de Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Trincadeira, passa 12 meses em barricas de carvalho. Coloração rubi, tendendo ao granada, com bordas levemente alaranjadas, médio halo aquoso, muita limpidez e lágrimas bem comportadas. Aromas predominantes de especiarias, sobretudo a pimenta preta. Muita fruta vermelha bem suave no nariz e uma madeira perfeitamente encorpada ao conjunto. Na boca, uma acidez cativante com taninos ainda para amaçiar, enchem o pálato e terminam com um agradável final. Vinho muito bom e em grande momento. Acho que aguenta mais 2 anos em garrafa, portanto pode aproveitar a promoção e comprar duas garrafas. Custa R$ 110,00, mas no bota-fora da Grand-Cru, paguei R$ 55,00, justíssimo pela qualidade do vinho. Tem grande apelo gastronômico e vai agradar em cheio aos gourmets. Nota: 91 pontos. Vale o relato do belo rótulo, um dos mais bonitos que já ví.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Quinta do Alqueve Fernão Pires 2009

Que tal um vinho simples, fácil de entender e barato para acompanhar bolinho de bacalhau? Este é o cara! Por pouco mais de R$ 30,00, desfrute de um vinho que nasceu para isto: bolinho de bacalhau. Este vinho sozinho, talvez não agrade a maioria, mas quando tem seu par perfeito, se transforma em uma delícia. E é isto que um vinho desta monta se deve: acompanhar um prato simples e engrandecê-lo. Coloração amarelo-palha com reflexos dourados, límpido. Aromas de pêssegos, cítrico, folha de laranjeira. Boca levemente ácida, bom corpo, discreto amargor final. Vinho básico, mas bem feito e custa pouco. Experimentem com bolinho de bacalhau. Acreditem, dá certo! Nota: 88 pontos.

Crasto Superior Douro D.O.C. 2008

O Quinta do Crasto é um dos melhores vinhos custo-benefício de Portugal e o vinho que trago aqui não é um patamar acima deste. O termo Superior foi colocado para designar o vinho que é produzido na porção superior do rio Douro. Elaborado à partir de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Sousão, é um vinho tipicamente português. Estagiou 12 meses em barricas de carvalho francês e tem 14% de graduação alcoólica. Visual com coloração bem violácea, com reflexos rubi. Aromas bem portugueses de frutas vermelhas maduras, floral, especiarias e uma boa contribuição de madeira. Boca com boa textura, taninos bem moldados, acidez correta e final médio. Um vinho correto, com poucas arestas, mas não passa disso. É de nível igual ao Crasto simples, o qual é mais barato e versátil gastronomicamente. Vai agradar muita gente, pois é fácil de beber, mas custa mais do que vale. Neste preço, prefira o Esporão reserva. Nota: 89 pontos. Preço: em torno dos R$ 70,00.

Riglos Gran Corte 2007

Este é o vinho top da Bodegas Riglos, elaborado por um corte de Malbec, Cabernet sauvignon e Cabernet franc, estagia absurdos 22 meses em barricas novas de carvalho francês e tem incríveis 15,1% de graduação alcoólica. É claro, que com todo este aparato, não poderia custar barato, mas será que vale o quanto custa? Já bebi duas garrafas do Riglos Gran Malbec, seu irmão mais pobre; a primeira garrafa me impressionou muito pela elegância e pelos aromas florais, já a segunda garrafa me pareceu meio cansativa. Guardei este Riglos Gran Corte por dois anos em adega climatizada, após adquirí-lo em Buenos Aires. Quis bebê-lo no carnaval, porquê julgo ser uma data festiva, que mereçe bons vinhos em comemoração. Vou confessar que fiquei descepcionado: o vinho não foi o quê eu esperava. A coloração rubi-violácea e as lágrimas densas, combinadas com poucos traços de evolução já denunciavam o que estava por vir: um vinho ainda muito jovem! Os aromas ainda estão doces, com amplo predomínio da Malbec, o que denota que a Cabernet sauvignon veio com o objetivo principal de dar longevidade ao vinho e a Cabernet franc ficou obscuro na sua aromaticidade perto das duas bombas que a acompanhavam. Tudo o que se encontra na Malbec, tem neste vinho: frutas vermelhas excessivamente maduras, violetas, madeira ainda bem impactante, etc. Na boca, percebe-se taninos ainda para serem moldados, acidez até que ideal, final longo. O vinho é bom sim, também pudera né, por R$ 180,00 como poderá ser ruím? Mas, está longe de ser um vinhaço e quem tiver uma garrafa desta em casa, aconselho à guardar até 2017, aí sim terás um belo vinho. Dei mancada, abri o vinho cedo demais, pois este é um produto de longuíssima data. Vou dar a nota ao vinho pelo o que ele é hoje: 90 pontos. Por este preço, achamos vinhos bem melhores, mas se você for para a Argentina, irá pagar não mais que R$ 90,00, mas guarde-o por uns 7 ou 8 anos.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cuidado Clube Wine !!!!!

Sou fã confesso do Clube Wine. Acho que a proposta de trazer bons vinhos por preços realmente mais honestos é ótima. A escolha dos vinhos pode não agradar à 100% dos sócios, mas temos que admitir que raramente, o Clube W comete erros. Os vinhos têm uma média muito aceitável de qualidade e o respeito que eles têm com o cliente é digno de elogios. Mas este mês, o Clube W deslizou um pouco: enviou um vinho produzido em associação com a Torres chilena, ou seja, um vinho feito somente para distribuição do Clube W, para sócios deste. Tenho muito receio destes vinhos feitos em "equipe", porquê isto cheira demais à marketing. É claro, que no mundo onde vivemos, o marketing faz parte de nossas vidas, mas quando é desempenhado de forma exagerada, ganha ares de perigo. Os vinhos são o Cordillera Special Edition Maule e Cordillera Special Edition Maipo. Porquê não trazer o Cordillera original, o qual tem ótima qualidade e custa em torno de R$ 80,00? Ora, a Wine já trouxe vinhos mais caros do que este! Qual o motivo de trazer um Cordillera genérico? O Cordillera Maipo tem 85% de Merlot e 15% de Syrah, onde está a Cabernet sauvignon, rainha das uvas do Maipo? O Cordillera Maule tem 85% Cabernet sauvignon, vale lembrar que o Maule é a maior região vinícola do Chile e até mato vira uva se plantado nesta região. Será que fizeram um vinho com boas sobras de uvas e enviaram para nós, brasileiros que aceitam tudo? Não quero julgar os vinhos antecipadamente, devo prová-los futuramente e colocarei no blog. Firmo o compromisso de analisá-los sem preconceito e interferências emocionais. Tomara que eu queime a língua e os vinhos sejam agradáveis. Vale informar que o Clube W não  obriga ninguém à comprar os vinhos do mês, portanto a responsabilidade da compra é exclusivamente minha. Mas, cuidado com as gafs, Wine!

Dorna Velha 2007

Vinho do Douro elaborado com mistura de uvas portuguesas pela Quinta do Silval. Já declarei aqui no blog que, para comprar um vinho do Douro que arranque suspiros, temos que desembolsar uma generosa quantia de "dim-dim". Por preços acessíveis, temos uma infinidade de vinhos medianos, que não passam da utilidade do dia-a-dia. Este Dorna Velha não foge à regra. Tem as suas qualidades: razoavelmente aromático, certa elegância e boa tipicidade, mas tem defeitos evidentes: amargor final que incomoda, baixa complexidade e preço acima do que vale. Coloração rubi com discretos reflexos violáceos, demonstra no visual que tem longa vida pela frente. Nos aromas, mostra-se Douro dos pés à cabeça: fruta vermelha fresca, especiaria evidente, toque floral (lavanda, alfazema) nítidos, madeira discreta e (agora vou inovar) um aroma que me lembra chiclete ping-pong de tuti-fruti. Na boca, cai bastante: acidez controlada, taninos presentes, mas brandos, final médio, mas um amargor que realmente incomoda. Tem razoável vocação gastronômica. É um vinho que empata nas qualidades e nos defeitos e serve para o dia-a-dia, mas não deixa muitas saudades. Nota: 87 pontos. Custa R$ 59,00, irreal pela qualidade do vinho. Paguei R$ 34,00 em condições especiais, ainda um pouco acima do que vale.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Glen Carlou 2006 Cabernet sauvignon

Não entendo muito de vinhos sul-africanos, porquê pouco bebi. Seja devido aos altos valores médios, o que os deixam fora da concorrência com os portugueses, argentinos e chilenos, seja por falta de interesse mesmo. No bota-fora da Grand-Cru, tive a oportunidade de comprar este Glen Carlou, que ganhou fama devido ao seu muito elogiado Syrah. Só que este é um 100% cabernet sauvignon e segundo o vendedor da loja, mantém o mesmo nível do seu irmão syrah. Não bebi o syrah, mas posso dizer que se tiver o mesmo nível deste cabernet sauvignon, é um vinho muito bom. Coloração rubi com reflexos violáceos, pouca evolução em borda, lágrimas grossas e lentas. Aromas predominantes de ameixa preta seca, terra vermelha molhada e baunilha, resultante do contato de 18 meses com carvalho. Na boca, é muito macio e fácil de beber. Taninos bem redondos, acidez preservada, bom corpo, álcool pouco notado, final médio. Um vinho muito agradável, que chega à lembrar alguns bons cabernet sauvignons de Mendoza, só que com mais complexidade. Custa R$ 65,00, mas está por R$ 39,00 no bota-fora. Corra, porquê vale muito à pena. Nota: 90 pontos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Villa Antinori 2007

Eu pergunto: algum de vocês já bebeu um Antinori ruím? Eu, não! E este vinho, degustado lentamente no restaurante Terra da Luz (Maringá, MG), ao som de Marcos Ariel (ao vivo, para uma platéia intimista de não mais que 15 pessoas), foi um deleite. Não chega à complexidade aromática de um supertoscano, nem tem a força de um chianti reserva, mas tem muita classe e personalidade e honra às tradições deste ótimo produtor. Um corte que mescla a obrigatória toscanesa sangiovese (55%), com as francesas cabernet sauvignon (25%), merlot (15%) e syrah (5%). Traz a tipicidade local da sangiovese misturada com a complexidade aromática das francesas. Aromas de média complexidade que remetem à terra molhada, funghi, figos secos, frutas negras e especiarias. Boca gulosa e pálato delicado, ou seja, enche e é elegante. Boa persistência, final longo, tanicidade viva e algo rústica, acidez perfeita. Vinho que teve "punch" para enfrentar um bife de chorizo. Um bom exemplo de ótimo vinho toscanês, sem pagar uma fortuna. Muito bom custo-benefício. Preço: em torno dos R$ 85,00. Nota: 91 pontos.

Tuttobene Angelini Toscana IGT 2006

Corte toscanês de 30% sangiovese, 30% canaiolo e 40% Merlot, sem passagens por barricas de carvalho. Dá para chamar de um mini-supertoscano? Ou, pelo menos, toscaninho? Difícil responder à esta questão, porquê em alguns momentos, até lembra aquele aroma de terra molhada, funghi e herbáceo, tão presentes nos grande toscanos, mas na maior parte do tempo é um vinho simples bem frutado, com aromas francos de cerejas, amoras e framboesas, com acidez discreta e tanicidade moderada. Se move bem na boca e tem versatilidade gastronômica. Álcool de 13%, às vezes notado e pouca persistência em boca são alguns dos defeitos, além da falta de complexidade. É vinho para o dia-a-dia, não fosse o alto preço (em torno dos R$ 45,00) para este fim. Vale, no máximo, R$ 30,00 ! Nota: 86 pontos.