O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sábado, 28 de abril de 2012

Rocche dei Manzoni La Cresta Barbera D´alba 2005

Impressionante vinho italiano elaborado no Piemonte, à partir de 100% Barbera, casta outrora desprezada pelos enólogos, os quais davam mais valor à magnífica Nebiollo. Esta injustiça está acabando e este vinho é prova inconteste do que estou falando. Grande, austero, elegante e vivaz são alguns dos inúmeros elogíos que este vinho merece. Ora faz lembrar um Barolo, ora remete à um bom toscanês, versátil e encantador, é vinho para um público superior. Com certeza, não vai agradar a maioria, porquê traça um estilo muito bem definido, em que privilegia o fanático por vinho e não quem apenas está iniciando. Seu visual apresenta um rubi límpido e bem brilhante, lágrimas grossas e textura aveludada. Aromas complexos com predomínio de pequenas frutas negras, funghi seco, terra vermelha molhada, lembranças de tabaco e algo de trufas. Na boca, tem ataque nervoso, mostrando taninos ríspidos, acidez incontrolável e médio corpo. Raçudo, gastronômico,versátil, tem longa vida pela frente. O álcool incomoda um pouco, mas não tira o brilho deste ótimo vinho, o qual vai estar um néctar em 4 ou 5 anos. É vinho para quem gosta de vinho e não para curioso, não digam que não avisei! Preço: em torno de R$ 150,00. Nota: 92 pontos.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Protos Roble 2008

Vinho de entrada da Bodega Protos, 100% Tempranillo, com 4 meses de passagem por carvalho americano. É um vinho bastante frutado, com notas claras de frutas vermelhas e bastante fácil de beber. Tem um belo visual vermelho rubi e exibe muito brilho e limpidez. Jovem no visual, repete-se na boca, onde tem uma proposta de ser um vinho bastante correto, com acidez, álcool e taninos na medida certa. Não é elaborado para durar muito tempo em garrafa, mas até que tem uma boa capacidade de envelhecimento, o qual não vai conferir maior complexidade à este vinho, o qual como disse, é feito para agradar à maioria e ser acessível à todos. Só esqueceram de tornar seu preço também acessível à todos. É um vinho bem gostosinho de se beber, mas é só! Tem médio corpo e complexidade idem. Acompanha agradavelmente pratos mais leves, como risotos e carnes de frango ou salmão, mas não passa disso. É um vinho de Ribera del Duero e talvez estejam cobrando muito caro pela fama. É similar à um tinto joven de Rioja (apenas 4 meses de barrica) e custa o dobro. Com o recente desembarque de uma chuva de vinhos espanhóis com ótimo custo-benefício, fica impensável gastar R$ 77,00 na compra deste vinho. É um vinho razoável à preço de ótimo vinho. Procure e sem se cansar, você encontrará vinhos bem mais acessíveis. Nota: 87 pontos.

Expovinis 2012: impressão geral.

Bom dia, colegas enófilos! É com prazer que escrevo breves comentários sobre o primeiro dia da expovinis. Em relação ao espaço físico e distribuição de estandes, acho que manteve o bom padrão de qualidade do ano passado. O acesso e a saída também estavam fáceis e o atendimento foi realizado com grande profissionalismo. Como todo ano, uma explosão de vinicultores clamando por importadores, o que mostra que o Brasil realmente é um destino muito visado dentro do mundo vitivinícola e continua sendo um mercado em franca expansão; pena que o salva-guardas do vinho nacional pode estragar tudo isso. Da mesma forma que entramos em êxtase com vinhos maravilhosamente degustados, caímos em plena frustração ao sabermos que estes mesmos vinhos custam cerca de três vezes menos nos seus mercados de origem, fato comprovado dentro da feira, onde os próprios produtores ficam indignados com as altas taxações do governo brasileiro. Prolongando um pouco este assunto, um representante de uma vinícola portuguesa disse que entrar  com seus espulmantes portugueses no Brasil não é difícil, mas sim impossível! Uma pena, porquê assim perdemos a oportunidade de desfrutar novas experiências, como um espulmante de alvarinho (vinho verde), bastante original! Como novidades, alguns bons vinhos brancos portugueses da região de Beiras, com uvas autócnes, ainda pouco difundidas no mercado nacional. Ainda em Portugal, ótimos espulmantes, mas com preços de Champagne. Vale o registro do ótimo azeite de oliva Quinta da Malhadinha 0,2%, ainda sem distribuição na Brasil e outras novidades chegando com bom custo-benefício. Da Itália, os sempre seguros Barolos e Barbarescos, além de um magnífico Amarone com vinhas de 50 anos e assombrosos 17% de graduação alcoólica, um vinho para se beber de joelhos (me desculpem, mas no meio da confusão, esqueci de anotar o produtor). Acreditem, este maravilhoso vinho custa 30 euros na Itália! Do Chile, vale o registro dos grandes vinhos produzidos pela Ribeira del lago, projeto pessoal do enólogo Rafael Tirado, o qual estava presente divulgando suas pérolas: um sauvignon blanc de tirar o chapéu e um pinot noir com uma tipicidade até então inimaginável no vale de Maule. Aliás, gente fina este Rafael Tirado, atendendo muito bem à todos e esbanjando    carisma. Este vinhos ganham o nome de Laberinto. Do Brasil, menciono a inesquecível degustação do já clássico Ice Wine da vinícola Pericó, não pela qualidade estupenda do vinho, o qual é bom, mas não se estende além disso, mas por estar se bebendo parte da história da vitivinicultura brasileira. Da França, Espanha e Argentina, não identifiquei nenhuma grande novidade, mas sim a comprovação de qualidade destes países e uma grata surpresa de que os vinhos da França estão chegando com qualidade e preços muito convidativos, como evidenciaram alguns exemplares de cabernet franc do Loire. Pra finalizar, relato a degustação de dois vinhos do Porto, com 30 e 40 anos de envelhecimento, verdadeiros néctares de coloração âmbar e sabores de damasco e compota de pêssegos, vinhos que podem ser definidos como a verdadeira bebida dos Deuses!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Achaval Ferrer Malbec 2009

Muito se comenta sobre esta vinícola de Mendoza. Que seus vinhos possuem particularidades que os diferem dos demais vinhos argentinos, que sua produtividade se estende ao no máximo, 1 garrafa por planta, que seus vinhedos têm podas especiais e são muito bem tratados, enfim, tudo o que se lê sobre Achaval Ferrer é bom. Já bebi o Quimera duas vezes (a garrafa toda!) e posso afirmar que é um ótimo vinho, mas como sempre digo, pelo valor que se cobra, é obrigação ser ótimo! Mas,  e o seu vinho de entrada, o Achaval Ferrer Malbec? Será que mantém a qualidade? Segundo revistas especializadas e opiniões de colunistas, sim! O preço está em torno de R$ 65,00, será que vale? Bebi  a garrafa toda e posso afirmar que vale sim! Porém, não espere um caldo dos deuzes, pois é apenas um vinho muito bom, quase ótimo. E este papo que é um Malbec diferente também não existe, pois o vinho é Malbec argentino dos começo ao fim, mas é dos bons! Coloração violácea com lágrimas grossas e boa densidade. Aromas complexos para sua faixa de preço, remetendo à frutas negras em compota, violetas, côco, chocolate amargo, só que tudo bem balanceado, sem exagero de um ou de outro. A madeira é muito bem integrada ao conjunto e percebe-se o álcool só no começo, pois do meio ao fim da garrafa, o vinho evolui muito e fica mais macio. Na boca, tem bom corpo, estrutura própria de Malbec, boa acidez, taninos redondos e um toque selvagem que não o deixa enjoativo. Tem final longo e deixa saudades ao final da garrafa. De certa forma, esta vinícola se tornou a queridinha dos críticos e os proprietários se aproveitam disto, colocando os preços de seus tops (Finca Altamira e Finca Bella Vista) nas alturas (algo em torno de R$ 400,00). Então, o jeito é degustarmos este bom vinho de entrada ou, se quiser algo mais complexo, o Quimera. Vinícola séria, bom vinho. Nota: 90 pontos.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Santa Augusta Chardonnay 2011

De Santa Catarina, vem esta jóia enológica brasileira: o primeiro vinho verdadeiramente biodinâmico produzido em terras tupiniquins. E o melhor: o vinho é bom! O raro líquido confinado em uma garrafa que pareçe ser de azeite é agradabilíssimo. De visual amarelo-claro com reflexos dourados, lágrimas densas e giro fácil na taça. Aromas facilmente identificáveis de abacaxi, maracujá, leve mel e manteiga. Na boca, boa textura, muita maciez, acidez correta, bom corpo, final duradouro e sem amargor. Um vinho que se bebe fácil e agrada à todos. Falta um pouco de complexidade aromática e elegância, mas é bem superoir à média dos chardonnays nacionais. Este vinho veio pela Vinos clube de vinhos e custou cerca de R$ 49,00, justo pelo que oferece. Vale a investida, seja pela qualidade do vinho, como por conhecer um pouco mais do resultado da viticultura biodinâmica. Nota: 90 pontos.

Esporão Branco 2 castas 2009

A Herdade do Esporão dispensa apresentações, mas é sempre interessante ver como se comporta um vinho branco em Portugal, visto que ultimamente este país tem produzido uma enorme quantidade de bons e acessíveis vinhos brancos. Este vinho é um corte de Verdelho e Viosinho, elaborado no Alentejo. Coloração amarelo-palha com muito brilho e lágrimas generosas. Aromas bem tropicais, remetendo à abacaxi, pêssegos amarelos e flores brancas. Tem bastante delicadeza em boca, boa maciez e acidez de moderada para baixa. O frescor não é o seu ponto forte, mas o equilíbrio compensa e qualifica o bom conjunto. Bastante indicado para peixes e bolinho de bacalhau. Tem final agradável, sem amargor. Me surpreendeu positivamente e se alguém encontrar por menos de R$ 45,00, é boa compra. Nota: 89 pontos.

Antonio Dias Rosé 2011

Algo difícil de encontrar é um bom vinho rosé fora do velho continente e mais difícil ainda é encontrar um bom vinho rosé no Brasil. E não é que existe? Sim, este Antonio Dias rosé surprendeu pela boa qualidade. Elaborado à partir de 70% Merlot e 30% Pinot noir, na região de Alto Uruguai, distrito de Três Palmeiras-RS, com baixo rendimento (1,3 garrafas por planta) e minúscula produção (menos de 700 garrafas). Sempre digo que um vinho rosé, antes de tudo, tem que ter frescor e não deve parecer um suco de groselha ralinho. Este vinho apresenta uma coloração salmão claro, bastante limpidez e brilho. Os aromas não se escondem e mostram pequenas frutas vermelhas frescas com leve toque de ervas. Na boca, que é a verdadeira prova do rosé, se mostra fresco e vivo, tendo boa acidez e agradável final. Este vinho só tem um problema: o preço (R$ 42,90). Nesta faixa, enfrenta fortes concorrentes, até mesmo da Provence. Mas, fica um voto de parabéns para esta boa vinícola, pela coragem de fazer algo não muito habitual no Brasil e por obter bom resultado. Está indicado, apesar do preço. Nota: 89 pontos.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Além Mar 2008

Vinho produzido em Santa Catarina pela boa vinícola Villaggio Grando, à partir das castas Cabernet franc, Malbec e Merlot. Quem participa da elaboração deste vinho é o enólogo português Antonio Saramago. O rótulo é feio, muito rebuscado e com referências à navegação. Vinho de coloração rubi, com discretos reflexos granada e pouco brilho, característica que tenho observado com frequência nos vinhos catarinenses. Tudo bem, os pontos altos de um vinho são o olfato e o paladar, mas quando um vinho é bonito, seduz o nariz e aumenta o desejo de beber aquele vinho. Os aromas têm predominência herbal (cabernet franc), com pó de café (terroir brasileiro), sobrando um pouco de espaço para uma cereja fresca. O álcool incomoda um pouco o nariz e se repete na boca, contrariando seus 12,8% estampados no rótulo. Na boca, apresenta corpo médio, acidez exagerada (eta Brasil!), taninos ainda ríspidos, final longo e retrogosto que deixa um armargor que incomoda. Impossível não comparar este vinho com o Inominabile, belo vinho feito pela própria Villaggio Grando. Graças ao ótimo nível de qualidade apresentado pelo Inominabile, seria de se esperar um ótimo Além Mar, mas o resultado ficou aquém do esperado (Além, aquém... deu para perceber, né? ). Não gostei do vinho, achei desequilibrado, excessivamente ácido e desinteressante. Muito pouco pelo o que custa (em torno de R$ 55,00) e pelo marketing. Enfim, entendo que enólogo português deve realmente fazer aquilo que melhor sabe fazer: mistura de uvas portuguesas. Nota: 85 pontos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Mastroeni Cabernet sauvignon 2007

Recentemente comentei e elogiei muito o ótimo Mastroeni Notable Malbec 2006. Desta vez, trago o vinho que está um degrau abaixo na hierarquia da vinícola. Muda também a uva (cabernet sauvignon) e a safra (2007). Realmente, é um degrau abaixo que o Notable, demonstrando bem menos complexidade, álcool um pouco evidente e uma boca menos sedosa, mas é um vinho honesto no custo-benefício. Digo isto, porquê o comparo à outros vinhos similares do mercado, como o La Linda (Luigi Bosca) e o Álamos (Catena). Não é demérito, muito pelo contrário, se equiparar à campeões de audiência tendo o mesmo custo é uma façanha. Coloração rubi com reflexos violáceos, bastante transparência e limpidez, o que não quer dizer falta de concentração. Muita fruta madura no nariz, o qual também tem especiarias e cassis. Não se esconde, é aromático. Como ponto negativo, o álcool incomoda em alguns momentos. Sedoso em boca, mas com médio corpo, acidez fraca (lembrem, é Mendoza), taninos presentes e polidos, final médio. Boa opção para o dia-a-dia, se levarmos em consideração o preço (R$ 34,00). Tem doçura no ponto certo e não é enjoativo, mas falta complexidade para ter maiores ambições. Como eu disse, é honesto no preço, mas tem fortes concorrentes em sua categoria. É consideravelmente mais simples que o Notable, seja pela vinificação, uva ou safra. Nota: 87 pontos.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Frescobaldi Chianti Nipozzano Riserva 2005

Vinho já conhecido da maioria do público apaixonado por vinhos, até porquê se encontra com facilidade nas lojas do Free shop, onde custa cerca de US$ 26,00. Já bebi este vinho várias vezes, mas nenhuma como esta. O motivo parece ser simples: de todos, foi o que mais tempo evoluiu em garrafa. Sim, quando damos sorte de não comprar um vinho "meia-boca", que ficou muito tempo mau armazenado e guardamos este vinho de forma conveniente, o resultado é extremamente prazeroso. Coloração rubi com reflexos ligeiramente alaranjados, brilhante e com média transparência. Aromas condimentados, algo de terroso e frutas vermelhas mescladas com uma madeira perfeitamente incorporada ao conjunto. Acidez correta em boca, onde também demonstra taninos redondos e excelente corpo. O final é generoso, com longa persistência e retrogosto agradável. Com boa vocação gastronômica, é bom companheiro de carnes refinadas com molhos encorpados. Os dois anos de passagem por madeira deram complexidade e resistência à este 90% sangiovese e 10% merlot, cabernet sauvignon, colorino e malvasia nera. Um vinho bem próximo de seu apogeu e uma das melhores compras do Free shop, tendo paciência de esperar uns dois anos. Nota: 91 pontos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mastroeni Notable Malbec 2006, totalmente diferente!

Quando se abre uma garrafa de Malbec, logo imaginamos aquele vinho com grande concentração de cor e fruta, violetas muito aparentes, taninos cavalgando a língua e... madeira, muita madeira. Sim, durante muito tempo, os hermanos "tostaram" sua melhor uva e nos ofereceram um vinho demasiadamente "bombado" em fruta e carvalho. Esta visão de Malbec andino só começou a mudar de 10 anos para cá, quando lentamente as bombas de Malbec foram sendo substituídas por vinhos mais florais e elegantes. Apesar desta nova tendência, ainda temos que aguentar a soberania Nicolás Catena Zapata, com seus vinhos doces e maduros. De quebra, temos os inúmeros familiares Catena e o ovacionado Alejandro Vigil (enólogo da Catena), com seus vinhos próprios, ou seja, impera uma mesmiçe no vinho argentino. As vinícolas que se propõe à fazer algo diferente se destacam entre os enófilos, como Achaval Ferrer, Lorca e Chacra. Mas, para obtermos esses caldos singulares, temos que colocar generosamente aa mãos no bolso. Este vinho que trago à vocês foge completamente à regra: é elegante, diferente, aromático e barato! Vejam bem, não se trata de um espetáculo de vinho, mas é muito, mas muuuito superior a enorme maioria de seus similares. A garrafa não é um exemplo de bom gosto, mas também é diferente, trazendo no rótulo, o desenho de uma parreira, com a denominação do produtor e a magnífica safra 2006, Luján de Cuyo. O visual é lindíssimo: vermelho rubi límpido, muito brilhante, lembrando alguns bons Bordeaux com algo de evolução. Derramam lágrimas generosas e o convite ao olfato é instantâneo. No nariz, a maior surpresa: onde está a madeira? Não sei se o vinho passou ou não por madeira, mas esta está imperceptível e muito bem integrada ao conjunto. Os aromas de fruta madura estão lá, mas sobrepujados por um ótimo floral e especiarias negras e elegantes. Há quem possa sentir algo de chocolate amargo, mas o quê importa é que o vinho não se esconde, tendo ótima aromaticidade. Na boca, o vinho tem seu ponto mais forte: sua textura é aveludada, parecendo um creme, englobando todos os cantos e deixando uma sensação macia após se dissipar. Os taninos estão presentes e são muito redondos. Existe acidez, embora discreta. O final é médio e o retrogosto muito agradável. Enfim, um vinho muito elegante e estruturado, que difere completamente dos demais Malbecs disponíveis no mercado. Sem dúvida, uma ótima opção de compra para quem, como eu, não gosta de bombas de madeira e aprecia caldos elegantes, estruturados e raçudos. Preço: R$ 54,00, honestíssimo pela qualidade do vinho. Nota: 91 pontos.

Calyptra Vivendo Sauvignon blanc 2008

Mais um vinho da Calyptra em nosso blog. Deu para perceber que eu gostei dos vinhos desta ótima vinícola do Cachapoal, não é? Mas este vinho branco não correspondeu as expectativas e o que deu para perceber é que na viticultura não existem  milagres, sendo o terroir sempre o manda-chuva na elaboração de bons vinhos. Como diz Alex Atala: a qualidade da matéria-prima é responsável por 70% do resultado final do prato, ou seja, se não tivermos uma boa matéria-prima, não conseguiremos fazer um prato satisfatório. É o que se percebe neste sauvignon blanc: uma vinícola excelente, mas as uvas utilizadas não correponderam. Vamos explicar pormenorizando o vinho. Coloração bonita, amarelo-palha bem transparente quase branco-papel, bastante límpido. Aromas típicos de sauvignon blanc, remetendo à frutas cristalizadas, laranja lima, leve limão siciliano e um pouquinho de aspargo. Na boca, mostra-se de bom corpo, densidade acima da média para um sauvignon blanc e uma acidez tímida, deixando pouco frescor e foi isso o que incomodou. Na minha concepção de sauvignon blanc, este tem que rachar a língua e deixar a boca salivando, como se estivesse chupando Halls. Com excessão aos grandes Saucerre e Poully-Fumé, vinhos de grande estrutura, os sauvignon blancs são vinhos feitos para serem arrematados com entradas frias e impactantes, além da combinação clássica com queijo de cabra. Então, meus amigos, o terroir chileno para essas jóias acidificantes é mesmo San Antonio e algumas sub-regiões de Casablanca, onde o vinho ganha notas de suco de limão, aspargo e grama cortada, além de uma mineralidade pouco comum aos sul-americanos. Vale lembrar que este sauvignon blanc mais encorpado e menos fresco feito pela Calyptra, combina bem com pratos quentes e leves de frutos do mar, como um camarão rosa grelhado em azeite. Também vale dizer que a Calyptra produz um ótimo sauvignon blanc barricado e feito para aguentar tempo em garrafa. Para finalizar, acho que seria interessante experimentar um Vivendo sauvignon blanc mais novo (safra 2010 ou 2011), talvez mais fresco e clicante. Preço R$ 35,00. Nota: 87 pontos.