Quando se abre uma garrafa de Malbec, logo imaginamos aquele vinho com grande concentração de cor e fruta, violetas muito aparentes, taninos cavalgando a língua e... madeira, muita madeira. Sim, durante muito tempo, os hermanos "tostaram" sua melhor uva e nos ofereceram um vinho demasiadamente "bombado" em fruta e carvalho. Esta visão de Malbec andino só começou a mudar de 10 anos para cá, quando lentamente as bombas de Malbec foram sendo substituídas por vinhos mais florais e elegantes. Apesar desta nova tendência, ainda temos que aguentar a soberania Nicolás Catena Zapata, com seus vinhos doces e maduros. De quebra, temos os inúmeros familiares Catena e o ovacionado Alejandro Vigil (enólogo da Catena), com seus vinhos próprios, ou seja, impera uma mesmiçe no vinho argentino. As vinícolas que se propõe à fazer algo diferente se destacam entre os enófilos, como Achaval Ferrer, Lorca e Chacra. Mas, para obtermos esses caldos singulares, temos que colocar generosamente aa mãos no bolso. Este vinho que trago à vocês foge completamente à regra: é elegante, diferente, aromático e barato! Vejam bem, não se trata de um espetáculo de vinho, mas é muito, mas muuuito superior a enorme maioria de seus similares. A garrafa não é um exemplo de bom gosto, mas também é diferente, trazendo no rótulo, o desenho de uma parreira, com a denominação do produtor e a magnífica safra 2006, Luján de Cuyo. O visual é lindíssimo: vermelho rubi límpido, muito brilhante, lembrando alguns bons Bordeaux com algo de evolução. Derramam lágrimas generosas e o convite ao olfato é instantâneo. No nariz, a maior surpresa: onde está a madeira? Não sei se o vinho passou ou não por madeira, mas esta está imperceptível e muito bem integrada ao conjunto. Os aromas de fruta madura estão lá, mas sobrepujados por um ótimo floral e especiarias negras e elegantes. Há quem possa sentir algo de chocolate amargo, mas o quê importa é que o vinho não se esconde, tendo ótima aromaticidade. Na boca, o vinho tem seu ponto mais forte: sua textura é aveludada, parecendo um creme, englobando todos os cantos e deixando uma sensação macia após se dissipar. Os taninos estão presentes e são muito redondos. Existe acidez, embora discreta. O final é médio e o retrogosto muito agradável. Enfim, um vinho muito elegante e estruturado, que difere completamente dos demais Malbecs disponíveis no mercado. Sem dúvida, uma ótima opção de compra para quem, como eu, não gosta de bombas de madeira e aprecia caldos elegantes, estruturados e raçudos. Preço: R$ 54,00, honestíssimo pela qualidade do vinho. Nota: 91 pontos.
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
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Onde se compra?
ResponderExcluirEpifânio Galan
http://vinhosim.blogspot.com.br/
Epifânio, você encontra este vinho na loja virtual Vinhos e vinhas. Pena que só é comercializado em caixa com seis garrafas. Abraços! Mas é um Malbec bastante diferente do usual. Esqueça aquele Malbec com super-concentração de frutas e rusticidade. Este vinho é bastante elegante, tem muita aromaticidade e tem seu ponto forte na boca, onde é sedoso, quase cremoso. É um vinho que pode parecer pouco concentrado, mas é a característica deste vinho. Eugosto!
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