Ocorrem determinados momentos em nossas vidas em que somos atraídos pela curiosidade e com os vinhos, não é diferente. Numa de minhas idas ao supermercado, deu-me uma vontade de experimentar um "bocado" de vinhos baratos e não deixei por menos, comprei uns 8 ou 9, não me lembro. Vagarosamente, tenho bebido estes vinhos e trazido até vocês comentários sobre estas experiências, algumas agradáveis, outras não. Este simples cabernet sauvignon chileno é um campeão de vendas em sua terra natal, onde disputa com o Gato Negro, o título de o mais popular. Realmente, é notória a vocação popular deste vinho: macio, aromático, leve e bastante madeira. Apesar deste apelo, o vinho é realmente agradável, não incomodando em nenhum momento. Tem o seus relances rebeldes, mas no geral segura firme o bastão e não o deixa cair. Coloração rubi escuro com reflexos violáceos, transparência média, lágrimas corretas. Aromas simples de frutas vermelhas, baunilha, leve herbáceo e discreto cassis. Boca suave, taninos treinados e domesticados, acidez tranquila. Retrogosto agradável e final médio. É isso! Vinho sem surpresas, que agrada pela simplicidade e correção. Somente para o dia-a-dia, é uma bela opção de vinho com custo abaixo de R$ 20,00. Nota: 86 pontos.
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Nieto Senetiner reserva Malbec / Petit Verdot 2008
O quê esperar de duas "bombas" reunidas dentro da mesma garrafa? Foi esta pergunta que eu me fiz quando comprei este interessante corte por um preço prá lá de convidativo (R$ 30,00). A bombástica Malbec junta com a "porreta" Petit Verdot amadurecendo 12 meses em carvalho, só pode dar origem à um vinho super-potente, mas será que é bebível à curto prazo? Vou logo dizendo: empolgante coloração tipicamente malbec, com um violeta que ganha tópicos escuros devido à Petit Verdot. Lágrimas grossas escorrem lentamene pela taça, a qual é inundada grossamente ao giro da taça, denunciando o que viria pela frente: aromas de frutas vermelhas e pretas em compota, com claríssima presença da madeira, denotada numa baunilha que entra sem incomodar no nariz. Ataque duro e ríspido na boca, caracterizando um vinho tânico com acidez presente e álcool um pouco acima da medida. Tem sedosidade razoável e um peso muito evidente. Retrogosto persistente e final longo. É um vinho com claras intenções de agradar pelo peso e força, tem certa vocação comercial pela presença notória da madeira, mas também ofereçe bastante fruta e uma certa complexidade. O carvalho utilizado é o francês e as uvas provêm de 1000m de altitude, portanto tem certo frescor presente no vinho. Se não é um grande vinho, entra muito bem no time dos perfeitamente aceitáveis. Ótimo para ser bebido em dias mais frios, principalmente acompanhando uma carne churrasqueada. Gostei! Nota: 87 pontos.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Filipa Pato Ensaios Tinto 2008
Quando comprei este vinho, fiquei imaginando algo semelhante aos ótimos vinhos de Luís Pato, o "rei da Bairrada", o homem que domesticou a Baga. Afinal de contas, estamos falando de ninguém menos que a herdeira do trono, sua filha e atual princesa da Bairrada, Filipa Pato. Filho de peixe, peixinho é! Correto? Nem sempre! Temos evidências recentes de que a genética não faz milagres, como o caso de Nelson Piquet e o filho Nelsinho, o qual não é mau piloto, mas está longe da genialidade do pai. Pois, após analisar unicamente um vinho de Filipa Pato, creio que seja o mesmo caso. Filipa tem claramente sua competência, mas jamais atingirá o nível que seu pai Luís atingiu! Luís Pato é um grande enólogo, uma ótima pessoa e um grande comunicador. Filipa pode até superar seu pai em simpatia e comunicação, mas não tem o brilhantísmo nato dos diferenciados. Este vinho é um corte de Baga (35%), Alfrocheiro Preto (35%) e Touriga Nacional (30%), provenientes da Bairrada e de Beiras. Quem espera que este vinho traga a força rústica, a pegada tânica e o brilho do rubi da Baga, vai se enganar. A coloração é vermelho escuro quase violáceo, com lágrimas e corpo médio. Aromas de frutas vermelhas maduras, com nítida madeira e floral violeta aparente. Na boca, taninos bem discretos e quase nenhuma acidez. É macio, quase aveludado, mas tem álcool um pouco aparente. Se eu degustasse às cegas, diria que era um vinho alentejano, devido suas características terrosas e quentes. É um vinho mediano, fácil de beber e até que agrada em alguns momentos, mas existem vários vinhos com essa mesma qualidade e mais baratos. Também atrapalha o fato de gerarmos uma expectativa maior devido ao sobrenome Pato. Mas o que mais marcou negativamente, foi que o vinho não lembra nem de longe, os vinhos mais simples da casta Baga de Luís Pato. Preço: R$ 39,00. Obs.: cheguei à encontrar este vinho em algumas lojas até por R$ 55,00. Nota: 86 pontos.
domingo, 26 de junho de 2011
Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2006
Vinho brasileiro é sempre difícil de comentar: se falamos bem, estamos "puxando o saco", se falamos mau, estamos "metendo o pau" no que é nosso. Na verdade, o correto é a sinceridade! Este vinho é de qualidade relativamente boa, tem bons adjetivos, é comportado, tem poucas arestas, mas... Estamos realmente longe dos nossos vizinhos chilenos e argentinos, quando se fala em vinhos "médios". Nos "top", atingimos uma rara adequação; nos básicos, conseguimos entrar na briga da Merlot e chardonnays, mas nos médios estamos devendo. Este Cabernet sauvignon é gostoso, mas quando comparado à vinhos "vizinhos de igual valor" (R$ 50,00), ficamos à deriva. Vinho bem evoluído, taninos controlados, acidez presente, tipicidade conservada, bom de churrasco! Mas, é só! Não impressiona, não emociona, não seduz! É gostoso e, só! Se você quiser um vinho um pouco mais complexo e quiser impressionar pelo rótulo e nome, manda ver! Mas, se for para um acompanhamento de refeições ou para uma degustação mais séria, há opções melhores. Nota: 87 pontos.
Nieto Senetiner reserva Pinot Noir 2010
Bem, vejamos... O objetivo do blog é de tentar transmitir informações úteis e honestas sobre vinhos degustados, mas é claro que o gosto pessoal interfere, e muito! Sou adorador de Pinot Noir e isto tem um lado bom e outro ruím. Se me agrada facilmente, também me repele facilmente. Este simples Pinot me surpreendeu positivamente, pelo baixo custo e por ser proveniente de uma região menos badalada para esta casta. Argentino de natureza, francês por merecimento! Sim, pelos R$ 30,00 que se paga, estamos no lucro! Desafio qualquer enófilo de encontrar Pinot Noir com igual qualidade por este preço! Se não é nenhuma maravilha, está longe de descepcionar. Coloração vermelho-róseo, com reflexos violeta-claro. Aromas com boa tipicidade de Pinot simples: framboesas e amoras silvestres, flores delicadas. Boca com sedosidade delicada e acidez presente, mas discreta. Taninos bem suaves e álcool imperceptível. É Pinot! E isso me deixa muito feliz: temos um Pinot honesto! Bom para beira de piscina ou final de tarde quente descompromissado. Não encara refeições requintadas, mas não faz feio frente à um salmão grelhado. Nota: 87 pontos.
Pionero Maccerato Albariño 2009
Um bom vinho de Rías Baixas (Espanha), produzido com 100% Albariño. Fresco e leve, mas sem perder estrutura e complexidade, ótimo representante desta casta que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil. Coloração amarelo-palha com reflexos verdeais, lágrimas grossas e lentas, corpo com giro veloz pela taça. Aromas de frutas brancas como pêra e maçã verde, algo cítrico e floral com leve herbáceo. Em boca, cativa pela boa acidez e corpo quase cremoso. Não irrita em nenhum momento e nem de longe lembra os 13% de álcool. Retrogosto com amargor controlado e persistência média. Ótimo acompanhante de entradas mais elaboradas como bolinhos de bacalhau. Tem um custo um pouco mais elevado que a média, mas vale a pena (R$ 70,00). Nota: 90 pontos.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Camigliano Chianti Colli Senesi 2008
Este é um chianti de uma região não clássica, por isso o preço relativamente baixo (R$ 40,00). Estes vinhos, produzidos com base em sangiovese, este especificamente tem 100% de sangiovese, são extremamente gastronômicos e crescem muito perante uma macarronada à bolonhesa. Boa opção de um vinho razoável à um preço razoável, ou seja, é honesto! Coloração rubi granada sem novidades. Aromas frescos de cerejas, ameixas e amoras, com especiarias bem nítidas e madeira bem colocada. Boca com acidez pedindo comida, como era de se esperar em um chianti; taninos educados, retrogosto e persistência discretos. É vinho para a família curtir num domingão e pronto. Nota: 87 pontos.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Don Melchor 2004 - A garrafa toda!
Senhores leitores, este é um momento especial no blog Adega para todos. Não porque estamos perante um vinho divino ou a oitava maravilha do mundo, mas porque estamos fazendo parte da história. Sim, porque beber uma garrafa inteira de Don Melchor, é beber parte de uma luta, uma obcessão, uma vitória, algo indescritível em se tratando de enologia sul-americana. Tudo o que é hoje o vinho sul-americano, teve como origem e mola-mestra o Don Melchor. Este clássico cabernet sauvignon do Maipo é um dos maiores vinhos do mundo, talvez seja o melhor cabernet varietal do mundo e ajudou a mudar a história do vinho no Novo mundo. Somente o fato de ter uma garrafa destas nas mãos já emociona, provar é um êxtase, beber uma garrafa inteira é chegar ao nirvana! Que história, que emoção, que vinho... Linda coloração vermelho bordeaux, brilhante, límpido, lágrimas delicadas e lentas, manchas poderosas na taça. Aromas extremamente complexos, se destacando frutas vermelhas muito maduras e doces, tabaco, couro, côco, tostado, herbáceo, cravo e discreto chocolate. Madeira muito bem integrada. Boca fantástica com taninos aveludados, acidez discreta, corpo denso, enche e satisfaz. Retrogosto persistente e agradável, final incrivelmente longo. Em nenhum momento se percebe os 14,5% de álcool. É vinho de gente grande, que começa bem e vai crescendo na taça e na garrafa. Harmonizou muito bem com um tornedor ao molho de funghi. O vinho é caro, mas é obrigatório para qualquer enófilo. Custa em torno de R$ 320,00, mas este exemplar foi trazido dos USA, por US$ 84,00. Vejo algumas vezes em promoção; compre! Este vinho tem pelo menos 15 anos de vida pela frente. Nota: 94+ pontos.
Crémant Cuvée Sylvain Domaine du Rins du Bois
Nós temos a impressão errônea de que só existem bons espulmantes franceses na região de Champagne. Isto está errado! Já provei belos espulmantes da Borgonha e do Loire. Este que vos apresento, é um ótimo espulmante do Vale do Loire, produzido com 50% Chardonnay e 50% Chenin Blanc, pelo método tradicional (segunda fermentação em garrafa). Ao colocar na taça, surpreende com muita espulma e um perlage bastante fino e denso, com média persistência. Bastante alegre, exibe uma coloração amarelo palha tendendo ao branco. Aromas bastante frescos e delicados de frutas brancas e flores brancas. Na boca, repete-se o sucesso, com acidez agradável, corpo cremoso e amargor discreto. É bem verdade que falta corpo, densidade e complexidade para escoltar pratos finos ou jantares luxuosos, por isso fica reservado à uma bela entrada, acompanhado ou não de canapés. Disponível na Cave Jado, é boa opção para se conhecer um espulmante vibrante francês. Tudo bem, eu sei que por este preço ( R$ 75,00), temos espulmantes nacionais muito competitivos e até melhores, mas vale a investida. Nota: 90 pontos.
Grão Vasco Dão 2009
Corte português do Dão, utilizando uma combinação clássica: Jaen, Touriga nacional e Tinta Roriz. Vinho bem simples, mas que agrada por ser muito correto, com poucas arestas. Traz, mesmo com simplicidade, as características do terroir do Dão. Coloração violácea, aromas de frutas vermelhas maduras, toque terroso, floral e especiarias discretas. Não é enjoativo e tem vocação gastronômica. O rótulo é horroroso e assusta na hora da compra, mas o vinho é agradável e vale o preço pago: R$ 22,00. Bom para se ter em casa, para refeições um pouco mais condimentadas e descontração ao final do dia. Nota: 85 pontos.
Cousino Macul Don Luís Cabernet sauvignon 2010
Verdadeiro "clássico dos pobres", este vinho prima por ser correto e barato. Sem nenhuma novidade (graças à Deus), é aposto certa e segura nesta faixa de preço. Não é ruím, dificilmente desagrada e é par perfeito para almoços simples com carne vermelha. Visual vermelho violáceo com transparência nítida, lágrimas e corpo médio. Aromas simples, mas agradáveis de frutas vermelhas maduras, sem exagero de maturidade ou carvalho. Também não é ralo. Forçando a barra, sente-se um pouco de cassis e discreto herbáceo. Boca correta, suave, álcool na medida certa e acidez presente. Muito legal para se ter em casa, principalmente em meia-garrafa, para se tomar no almoço ou descontraidamente no final do dia, com alguns canapés e patês. Preço: R$ 12,00 (meia-garrafa). Nota: 86 pontos.
Miolo seleção chardonnay / viognier 2010
A linha seleção da Miolo melhorou muito de 3 anos para cá e agora vem estampado nos seus rótulos que estes vinhos são produzidos na região da Campanha gaúcha. Verdade ou não, o fato é que estes vinhos se tornaram ótima opção para o dia-a-dia, devido à um custo bem acessível, razoável qualidade média e disponibilidade de meia-garrafa. Este gostozinho vinho branco serviu muito bem como acompanhamento para um foundie no final do dia, sem honerar o bolso. Visual correto com coloração amarelo dourado claro e boa limpidez. Aromas de frutas tropicais, entre alas o abacaxi, laranja e maracujá. Acidez correta, corpo delicado e sedosidade agradável. Tem pouca persistência e retrogosto um pouco ríspido, mas não prejudica o resultado final. É isso aí! Bola dentro da terra brasilis, que vem surpreendendo com bons e baratos vinhos. E nos vinhos brancos, a qualidade está ótima. Preço: R$ 9,80 (meia-garrafa). Nota: 86 pontos.
Rocca Montepulciano d'Abruzzo 2008
Taí um vinho simples, que cumpre sua função para o dia-a-dia: barato, razoável qualidade mínima e gastronômico. Facilmente encontrado em muitos supermercados, é daqueles vinhos que geram descrença ao comprar, devido seu preço excessivamente barato (R$ 16,00) e ao rótulo extremamente de mau gosto. Mas funciona muito bem como acompanhamento de almoço de dia-a-dia, devido sua enorme vocação gastronômica ditada principalmente por sua acidez. Visual bonito, com vermelho rubi ao laranja. Aromas simples de cereja e amoras. Boca sedosa com acidez ótima, que dissolve a gordura e facilita a digestão. Percam o preconceito e experimentem este agradável vinho italiano. Somente para refeições simples. Nota: 86 pontos.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Terras D'el Rei Tinto 2009
Não dá para acreditar que a vinícola Carmim produziu uma porcaria desta. Que vinho ruím! Excessivamente alcoólico (14%), simples demais, rústico e pesado! É claro que por R$ 13,00, não dava para esperar muito, mas que desgraça! Produzido no Alentejo, é daqueles vinhos que descepcionam da garrafa até o retrogosto. Meeeeu Deus! Não vou gastar massa cinzenta e nem ponta de dedo neste vinho. Nota: 81 pontos.
Chateau du Donjon Grande Tradition 2008
Novidade da Cave Jado, muito bem comentada e elogiada pela crítica especializada, chegando à receber 90 pontos de uma importante revista do ramo gastronômico. Produzido no Languedoc, sul da França, à partir das castas Syrah, Grenache e Carignan, tem poderosos 14,5% de álcool e é obrigatório para os amantes da Carignan. O visual é muito bonito, com um rubi que brilha como jóia, lágrimas densas e corpo robusto que mancha intensamente a taça. Nos aromas, um "tapa na cara" de especiarias, mais intensamente a pimenta branca. Após o tapa, aparecem as ameixas frescas, seguidos de toque terroso e côco, com mineralidade presente. Na boca, taninos bem domesticados, corpo médio, álcool controlado e uma "porrada" de acidez, deixando a língua anestesiada. Se distingue as três uvas, na força e músculo da syrah, na aromaticidade da grenache e na rusticidade e acidez da carignan. Aliás, para quem gosta de carignan, este vinho é um bom exemplar de custo acessível e que tem looooooonga vida pela frente. É bom que os cardíacos se preparem para enfrentar a acidez deste vinho e os que não gostam disto, nem cheguem perto! Não há muitos vinhos como este no mercado e sugiro que o experimentem, pela qualidade relativamente boa, pelo bom preço e principalmente, pela distinção e originalidade. Preço: R$ 55,00. Nota: 89 pontos.
EA branco 2008
EA são as iniciais de Eugênio de Almeida, produtor português do Alentejo. Não provei ainda o tinto homônimo, mas à julgar pelo branco, não deverei chegar perto! Eu sei que gosto não se discute e tem muita gente que gosta deste vinho, mas à mim não agradou. Não vou detalhar o vinho, vou apenas comentá-lo. Coloração amarelo-palha com reflexos verdeais, denotando jovialidade e "ataque". Aromas simples de frutas cítricas, um pouco escondido e tímido. Boca com acidez pungente, pegajosa e alcoólica. O vinho se remexe muito para diversos pontos e não se descide! Ora traz para o ácido, ora leva para o maduro, mas em nenhum momento mostra suas intenções, deixando o degustador confuso. Bebi este vinho acompanhado de bolinhos de bacalhau e posteriormente de um bacalhau assado com batatas crocantes. Harmonizou medianamente. É fraco sim! Deve estar custando em torno de R$ 35,00 e acho que não vale. Nota: 83 pontos.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Los Boldos Momentos Cabernet sauvignon 2009
Há momentos marcantes em nossa vida, como por exemplo o dia do nosso casamento, o dia da nossa formatura, o dia do nascimento do filho, etc. Mas há "momentos" que devemos esquecer totalmente, como é o caso deste Los Boldos Momentos Cabernet sauvignon 2009. Não quero ser injusto e talvez tenha aberto esta garrafa em um momento errado... ou talvez, não! O fato é: o vinho é prá lá de ruím! A garrafa até que agrada no rótulo e apresentação. O visual do vinho também não faz feio: vermelho rubi com reflexos violáceos. Mas, ao cheirar: hummm... só álcool e mais nada! Nunca bebi um vinho com o álcool atrapalhando tanto assim, sendo soberano nos aromas, não deixando quase nenhuma sensação olfativa se liberar. Na boca, repete-se a trajédia, com uma nítida sensação de que está se bebendo cachaça. Não dá nem para sentir os taninos ou a acidez, pois o álcool até anestesia a boca. Pessoal, não estou exagerando! Comprem uma garrafa e entenderão o que estou dizendo; não perderão dinheiro, pois vai servir como material didático. Pode até ser que, devido ao álcool muito aparente, este vinho tenha longa vida e esteja melhor em 3 ou 4 anos, ou não! O interessante é que a graduação alcoólica estampada no rótulo é de 14 % ou seja, normal para os padrões sul-americanos. Isto mostra que o erro ocorreu nos cuidados de fabricação do vinho, mas será que uma empresa tão renomada assim iria cometer tamanho descuido? Está tudo muito esquisito, mas a verdade é que o vinho não está estragado; é ruím mesmo! Mas tem sua utilidade como material didático ou para fazer vinho quente na festa junina. Nota: 81 pontos. Preço: se alguém encontrar por R$ 5,00, serve para vinho quente!
domingo, 5 de junho de 2011
Desafio: Catena Malbec 2008 x Álamos Malbec 2009
Alguns irão dizer: "Que desafio covarde!", outros pensarão: "Assim não vale!". Mas, qual seria o intuito de comparar dois vinhos do mesmo produtor, da mesma uva e de graus hierárquicos assumidamente distintos? Ora... afinal já se sabe quem vai ganhar! O objetivo é analisar o desempenho dos vinhos perante sua proposta e custo e definir quem cumpre melhor sua função. O Álamos foi provado por mim no sábado à noite e o Catena foi provado no almoço de domingo, portanto vale a comparação neste curto espaço de tempo. O Álamos é um vinho com base na fruta, baixa acidez e pouca presença de madeira. O Catena é um vinho também com fruta poderosa (framboesa e ameixas pretas bem maduras), mas com complexidade maior, revelando também especiarias (pimenta preta e canela) e uma madeira mais presente (tostado e baunilha). Percebe-se nitidamente que o Catena é um vinho com uma proposta superior, mas o Álamos é mais descontraído e fácil de beber. Ataca-se e mata-se uma garrafa de Álamos brincando, mas não se faz o mesmo com uma garrafa de Catena. Um ponto interessante na comparação dos dois vinhos é a acidez: de praticamente inexistente no Álamos à pungente no Catena. Os taninos são bem redondos no Álamos e adistringentes no Catena, sugerindo uma guarda bem maior, se bem que na minha opinião, não vai ganhar muito com a guarda. Outra diferença é que o Catena evolui na taça, enquanto que o Álamos permanece estático do início ao fim. Para mim, vejo o Álamos como uma bela opção para o dia-a-dia e um bate-papo informal numa reunião de amigos, mas também se preza para um jantar menos pretencioso. Já o Catena entra bem em um jantar um pouco mais sofisticado ou acompanhado apropriados aperitivos junto à um amigo enófilo. Eu sei que ninguém gosta de opiniões em cima do muro, portanto vou partir para o ataque e dar a minha opinião unilateral. O Catena é um belo vinho e cumpre bem sua missão, mas existem muitos outros vinhos com grau de qualidade semelhante ou até superior na sua faixa de preço. Já o Álamos reina quase que soberano na faixa dos R$ 29,00 e é mais versátil, então vence a batalha!
Álamos Malbec 2009 e Mamma Mia !
Falar de Álamos Malbec é chover no molhado: bom vinho, honestíssimo no preço e fácil de encontrar. Falta um pouco de acidez, mas sobra doçura e maciez. Não é enjoativo: bebe-se a garrafa inteira e repete-se várias vezes ao ano. Então, abro espaço no meu blog para falar um pouco de teatro. Este sábado, fui à São Paulo para assistir ao musical Mamma Mia, baseado em hits do grupo ABBA. Tecnicamente, é inferior às outras grandes produções recentemente apresentadas em solo brasileiro (Cats, A Bela e a Fera, O Fantasma da Ópera, A Noviça Rebelde, etc.), tem uma produção menos luxuosa, menos glamour, enfim é menos espetáculo. Mas tem mais animação e mostra o potencial dos maiores atores do teatro musical brasileiro atualmente. Nomes consagrados como o de Kiara Sasso, Saulo Vasconcelos e Andessa Massei, juntam-se com grandes promessas como Pati Amoroso e Cleto Baccic (este já uma realidade desde Cats). É um flashback sensacional dos anos 70, com canções maravilhosamente interpretadas por grandes artistas. Apesar da história já conhecida, a peça se conduz de forma leve e solta, chegando a ter seus momentos de comédia e drama. O fato de não se revelar em nenhum momento qual o verdadeiro pai de Sophie é uma ótima saída para um desfecho feliz. No final, todo o elenco nos brinda com um show de interpretação de 2 músicas do ABBA, na versão original em inglês e com os protagonistas devidamente trajados. Altamente recomendado para pessoas de todas as idades, tendo vivido ou não os "anos ABBA". Diversão garantida. Quanto ao Álamos Malbec: nota 88 pontos, também altamente recomendável.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Vinhos do mês: Maio de 2011
Vinho do mês: Muga Reserva Rioja 2006. Um puro-sangue espanhol, legítimo herdeiro do trono riojano. Traduz muito bem o quê é um reserva de Rioja, sem firula ou complicações. Honesto no preço, o que ajuda muito!
Surpresa do mês: Don Pascual Roble Selecion del enólogo 2005. Um vinho uruguaio ao estilo Velho Mundo, potente e classudo! Sem exageros, lembra alguns bons Barolos. Também com preço honesto.
Mico do mês: Casa Lapostolle Merlot 2009. Este vinho não é ruím, mas está muito longe de justificar a propaganda exagerada da Mistral e as altas notas da crítica especializada. Isto me faz pensar: será que os críticos internacionais não conhecem a Merlot tupiniquim ou a nossa propaganda está baixa lá fora? Gerou uma boa expectativa e frustrou! Não vale o preço, apesar de não ser alto.
Rocca Primitivo de Salento 2011
Hoje, vamos comentar um vinho de supermercado. Como vocês sabem, este blog, como o próprio nome diz (Adega para todos) é destinado à todos que gostam de vinho, iniciantes ou experts, amadores ou profissionais, bem remunerados ou não. Tenho como objetivo principal transmitir informações úteis sobre vinhos degustados, procurando na medida do possível, orientar quem quiser experimentar um rótulo já provado por mim. Não sou profissional no assunto, mas já bebi muita "coisa boa e ruím" e tento passar isto de uma maneira simples e honesta, sem ser influenciado por importadoras, lojas ou vendedores. Portanto, considero que minha opinião, por pior que seja, é sempre respeitosa e sincera. Isto é a marca registrada do meu blog! Então, fazendo jus ao nome (Adega para todos), hoje trago um vinho bem barato e relativamente fácil de se encontrar em prateleiras de supermercado: Rocca Primitivo de Salento. Toda vez que expomos um vinho tão barato assim (R$ 19,00) e comprado em supermercado, o enófilo mais conservador torçe o nariz, hummm... Algumas considerações antes de comentar o vinho: 1) É um vinho italiano e por pior que seja sempre vai ter vocação gastronômica, 2) É produzido em grande escala, para consumo rápido e para o dia-a-dia, 3) É barato, então vamos dar um desconto! A uva Primitivo brilha na Puglia (o salto da bota) e dá origem à vinhos bons e ruíns, como todas as outras uvas. É muito confundida com a Zinfandel, mas não é exatamente igual, pois seu DNA tem pouquíssimas diferenças. Tem origem na Croácia, onde é conhecida com o nome de Crljenak (impronunciável!). É um vinho com coloração rubi com lágrimas grossas e lentas. Aromas de ameixas maduras, cravo, côco e um marcante toque terroso. Bastante imponente nos aromas, repete-se na boca, sendo viril e marcante. Tem acidez acentuada e taninos imponentes. Retrogosto e final de média persistência. É claro que é um vinho com muitas limitações e alguns defeitos, mas por ser produzido em larga escala e pelo preço que se paga, é honestíssimo! Aqui em minha casa, bebemos vinhos diariamente e temos sim que levar sempre em consideração o custo-benefício. Portanto, tenho a opinião de que é um vinho simples, mas que tem personalidade e cumpre o seu papel para o dia-a-dia. Nota: 86 pontos. Obs.: Já bebi Morelino de Scansano, com custo de R$ 70,00, que nada difere deste vinho!
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