O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






domingo, 28 de novembro de 2010

Cameron Hugues Lot 169 Merlot 2007

Opa! Novidade no Blog! Vinho difícil de ser encontrado no Brasil, não sei se é vendido em alguma importadora. Este veio dos EUA e é um legítimo Napa Valley, da uva Merlot, tão massacrada no já clássico Sideways (filme obrigatório para enófilos, conhecido no Brasil com o triste nome de Entre umas e outras ). Vinho de coloração vermelho violeta com brilho intenso e lágrimas grossas. Aromas de frutas negras com tabaco nítido e madeira presente. Boca com textura de seda, corpo médio e final médio. Taninos presentes, mas domesticados. Preserva uma tipicidade de Merlot muito grande e nota-se claramente que é um vinho muito bem feito, desde a garrafa e rótulo até o produto final. Belo vinho, não chegando a ser grande, mas merece muitos elogios. Nota: 91 pontos. Preço: não faço a mínima idéia.

Robert Mondavi Private Selection Pinot Noir 2009

Um dos vinhos do mês do Clube Wine. Este é um Mondavi menor, uma linha (Private Selection) de entrada para o universo Mondavi, o grande responsável pela colocação, não só dos EUA, como de todo o Novo Mundo no mercado vinícola mundial, principalmente no Velho Mundo. Então, beber Mondavi é beber história, uma divisão de épocas, mesmo que seja uma de suas linhas mais simples. Sexta-feira fui ao cinema assistir Um parto de viagem e empolgado com o filme e a antológica cena do carro ao som de Hey you (Pink Floyd), resolvi fazer minha viagem também (sem Kanabis!). Coloquei CDs que há tempos não ouvia (Pink Floyd, Rush, Led Zepellin, etc.), abri este Pinot Noir (acompanhado de queijo de cabra, camarão e amendoím) e curti o lindo céu estrelado de uma noite quente. Vinho de coloração rubi com reflexos violáceos, aromas de cerejas maduras com boa presença de madeira e especiarias (cravo, pimenta e noz-moscada), evoluiu incrivelmente para violetas e orquídeas no final da garrafa. Boca fresca com bom corpo. É um pinot um pouco diferente, até porque leva em sua constituição 15% de Syrah e 5% de Petit syrah. Perde um pouco a tipicidade em função do blend, mas ganha em complexidade. Ponto forte: a evolução na taça. Ponto fraco: o álcool muito aparente e o preço um pouco elevado. Nota: 88 pontos. Ah! como foi a viagem? De ida e volta, com muita emoção!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Periquita 2006

Eu sei que muitos leitores devem estar se perguntando: Por quê falar deste vinho tão comum e barato? O quê há de especial neste vinho que se acha nas prateleiras de qualquer supermercado de esquina? O quê este cara encontrou de novo neste vinho tão manjado e já comentado à exaustão? A resposta é: nada! Só que neste caso, nada é um grande adjetivo, porque o que impressiona mais no Periquita é a constância de qualidade, ano após ano, safra após safra, com um custo imbatível no mercado. Poderá o consumidor procurar em todos os supermercados e importadoras do Brasil e não achará nenhum vinho desta qualidade por R$ 22,00. Aí está a grande virtude deste "clássico dos pobres", um vinho que se não é grande, jamais fará feio em qualquer festa ou jantar, jamais será enjoativo ou desonesto e numa degustação às cegas, sempre irá surpreender muita gente. E é por isto que falo hoje deste vinho, numa justa homenagem à um dos campeões de venda aqui no Brasil. Falar do Periquita é chover no molhado, graças à Deus, que continue assim! Vinho de coloração rubi brilhante, corpo médio, aromas frutados com especiarias leves, acidez e doçura controlados. Bem simples, é verdade, mas bem gostoso também. Não é um "oficial maior", mas é um bom "praça", bastante competente para o que se preza: o dia-a-dia. Não vou dar nota, porque sei que vou desagradar muita gente que estará lendo. Sim, é isto o que vocês leram: muita gente! A maior prova de que o Periquita é um blockbuster é a audiência que vai ter este post. Me despeço, meus companheiros virtuais, degustando os últimos goles deste meu velho amigo. Bye!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pablo Morandé Edición Limitada Carignan 2006

Pablo Morandé é um dos grandes nomes da vitivinicultura chilena e sulamericana. Enólogo da concha e Toro por muitos anos, decidiu ter vida independente e se consagrou para o mundo como o descobridor do Vale de Casablanca. Só que Pablo Morandé não para de surpreender; sua nova "descoberta" são antigas parreiras de Carignan em Loncomilla, no Vale do Maule. E não para por aí! Agora já existe o "clube do Carignan", restrito à poucos produtores que conseguem cumprir as exigências necessárias criadas para garantir a qualidade final do produto. Sou fã de Morandé, seja pela qualidade de seus vinhos, seja pela sua personalidade corajosa e inovadora. A Carignan é uma casta muito cultivada na Espanha, onde é chamada de Carineña, entrando no corte de diversos vinhos, para transmitir acidez e longevidade, além de rusticidade e aromas. Porém, é difícil encontrarmos vinhos varietais desta uva. No Chile, a Carignan se adaptou muito bem e parece que ganha em acidez e rusticidade comparado aos seus similares espanhóis. Permaneceu esquecida por muito tempo, talvez devido ao grande sucesso de outras castas, mas agora renasce com força total. Vinho rubi brilhante, lindo na taça, com lágrimas intensas, mas não pesadas, aroma vivo de frutas vermelhas, com algo de torrefação, corpo médio na boca, com acidez espetacular, que em momento algum queima a boca ou transmite sensação desagradável. Incrível como este vinho é intrigante! Deve ficar vivo por uns 10 anos! Para comprar 2 garrafas: uma para consumir em 2 anos (para matar saudade), outra para consumir em no mínimo 7 anos (para se chegar ao nirvana). Não é exagero! É um grande vinho! Aqui não existe meio termo: é 8 ou 80, ou você ama ou odeia; eu amei! Nota: 94 pontos. Preço: paguei iirisórios 10.000 pesos ( algo em torno de R$ 45,00 ), na própria Morandé, no Chile. Aqui no Brasil, não sei quanto custa, mas se custar R$ 120,00, vale a investida.

domingo, 21 de novembro de 2010

Afincado Malbec 2006

Vinho top da Vinícola Terrazas de los Andes, na Argentina, um clássico de Mendoza. Recebi este exemplar do free shoping, com preço em torno dos US$ 45,00. É "malbecão" mesmo e não nega a raça. Aromas de ameixas e amoras em compota, bem para geléia, com madeira presente, mas sem incomodar. Coloração violácea, sem traços de evolução, denotando ter longíssima vida pela frente e realmente tem! Na boca, é sedoso, mas não licoroso. Tem taninos presentes e já algo domesticados. Não tenho dúvidas de que é um ótimo vinho, um ótimo malbec. Mas, pelo preço que se paga aqui no Brasil (em torno de R$ 120,00), se torna inviável, porquê por menos do que isto (e bem menos), encontramos vinhos com igual qualidade. Este é o problema de alguns "top"argentinos: custam mais do que valem. É por isto que não vou me prolongar muito. Nota: 91 pontos. Obs: Vale a pena, quando estiver voltando de viagem, comprar uma garrafa no free shoping e guardar por 5 anos.

Cefiro sauvignon blanc 2009

Tenho tanta coisa para falar deste vinho que nem sei por onde começar. A casta sauvignon blanc talvez seja minha branca preferida, visto o frescor presente nos seus vinhos, combinando perfeitamente com nossos verões quentes. É interessante observar que a sauvignon blanc, assim como todas as outras castas, variam bastante em expressão conforme o terreno e o clima a que são submetidas e à partir daí temos exemplares que ultrapassam as possibilidades do simples varietal. A sauvignon blanc gosta de frio e influência marítima, daí os seus melhores vinhos virem de regiões frias como San Antonio, no Chile. Nestas regiões "extremas", nasce um vinho com alto frescor e acidez, ideal para acompanhar entradas com limão conflit e ostras. Porém, o que vamos falar hoje provém de uma região próxima à San Antonio, que apesar das comparações, produz vinhos com caráter diferente. Este vinho vem do Vale de Casablanca no Chile, entre o Maipo e a Costa do Pacífico, próximos à importantes pontos turísticos como Viña Del Mar e Valparaíso. O Vale de Casablanca está próximo ao mar, mas não está "grudado" no mar como San Antonio, portanto seus vinhos não têm tanta acidez, rusticidade e frescor comparados aos irmãos Antonienses. Este Cefiro é um vinho "menor" de Casablanca, produzido pela Viña Casablanca, responsável pelo já clássico Nimbus. Vinho com coloração amarelo palha com reflexos verdeais, aromas de pêra e maçã verde e algo de laranja lima. Não tem aquele "ataque" incisivo que corta a língua e faz salivar, como os melhores exemplares de San Antonio, mas é balanceado e fresco. Boca agradável, não sendo ríspido ou agressivo, final médio. Por ter uma característica mais quente, é bom acompanhamento para camarões grelhados e peixes leves como a truta. Bom vinho, boa opção. Nota: 89 pontos. Preço: R$ 35,00.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estampa Estate Cabernet sauvignon/Merlot 2008

Quando iniciei neste universo vinícola, várias vezes me encantei com vinhos maduros com alta concentração e banhados em carvalho. Porém, ao evoluírmos dentro da enologia, passamos à prestar atenção também na fruta por trás do vinho, na acidez e principalmente na elegância. Com a avolução já mais avançada, acabamos repuginando estas bombas de malbec, carmenere, etc... Mas, de vez em quando, voltamos as origens e dá aquela vontade de beber aquele "chocolate frutado", principalmente nos dias frios. E é por isso que tenho na minha adega alguns destes exemplares fortões do Novo Mundo. Vinhos de Mendoza e Colchágua são os mais fiéis representantes desta linha, mas não devemos generalizar, porque ambas as regiões produzem néctares de elegância e suavidade também. Este vinho é um corte de 75% Cabernet sauvignon e 25% Merlot, produzido pela Viña Estampa, no Vale do Colchágua, região quente, responsável pela produção de ótimos carmenére e syrah, uvas que adoram o calor. A Cabernet sauvignon acaba perdendo um pouco a acidez e ganhando muita maturidade no Colchágua, mas quando misturada a uvas de maior elegância, como a Merlot, acaba originando vinhos interessantes como este Estampa. Coloração violácea, lágrimas grossas, corpo forte. Aromas de ameixas pretas, chocolate e baunilha. Boca ampla, taninos nervosos, acidez média. Vinho "quente", mas não enjoativo. É bem gostoso, apesar de ser bem comum. Passa no teste de qualquer degustador, mas é mais caro que alguns similares de qualidade igual. Nota: 87 pontos. Preço: R$ 39,00.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Beryna 2007

Vinho raríssimo no Brasil. Procurei por artigos na internet e nada achei escrito por sites brasileiros. Também não encontrei este vinho à venda no Brasil. O único artigo que encontrei foi escrito em Portugal e me deu algumas informações. Este exemplar foi trazido dos EUA e não sei quanto custou. Em Portugal, custa 7 euros, ou seja, aqui deveria ser vendido à uns R$ 50,00. Blend de uvas (monastrell 60% e tinta roriz, cabernet sauvignon, syrah e merlot 40%), produzidas pela Bodegas Barnabé Navarro, em Alicante, sudeste da Espanha. Coloração violeta-pink, se é que isto existe. Corpo forte em taça e lágrimas generosas. Belo visual, chamando o nariz para a taça. Um suco concentrado de amoras com madeira bem integrada e leve aniz resumem os aromas deste vinho. Este belo conjunto visual/aroma cria uma grande perspectiva gustativa, mas aí ele descepciona um pouco. É macio, muito gostoso e sedoso, com taninos presentes e bem redondos, mas falta acidez, o quê não tira o brilho deste belo vinho espanhol, diferente e sedutor. Se perdeu um pouco na harmonização com um filet mignon ao molho de carne com pimenta verde acompanhado de risoto de alho-poró com pistache, talvez devido à pouca acidez. Procurei na mapa e encontrei a região de Alicante no sudeste da Espanha, ao sul de Valência, bem encostado no Mediterrâneo. Era de se esperar maior acidez por estar bem próximo ao mar, mas também se trata de uma região muito quente. Em suma, valeu o teste e indico este vinho, mesmo que seja por R$ 50,00, quando for vendido no Brasil. Aconselho desfrutá-lo sem acompanhamento gastronômico. Nota: 90 pontos.

domingo, 14 de novembro de 2010

Tamaya Chardonnay 2007

Sou suspeito para falar dos vinhos do Limarí, vale chileno 400 Km ao norte de Santiago. Seus vinhos têm uma característica única aqui na América do Sul: o toque salino que confere muita suavidade aos seus brancos e tintos. Não precisamos pagar caro nestes vinhos, para conseguirmos uma boa qualidade. Este chardonnay custou R$ 25,00 e cumpriu bem o papel de acompanhar uma caldeirada portuguesa. Coloração amarelo palha com reflexos dourados, lágrimas médias. Aromas de abacaxi e laranja madura com leva manteiga. Textura média com bom corpo e acidez agradável. Final curto e álcool aparente são os defeitos. Chardonnay acima da média para sua faixa de preço. Nota 87 pontos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Montado 2000

É isso mesmo: Montado 2000! Vinho regional alentejano do produtor José Maria da Fonseca, feito com as uvas Castelão, Aragonês e Trincadeira, safra 2000. Fui ao restaurante do Augusto, comer uma mini pizza e solicitei uma meia garrafa de vinho. Na falta de opções, empolgado com boas recentes experiências com vinhos portugueses de safras antigas (Periquita 2005, Quinta de São Cristóvão reserva 2004 e Luís Pato Baga 2005; todos em perfeitas condições), resolvi pegar esta garrafa da safra de 2000. Eu sabia que o risco de o vinho já ter ultrapassado seu auge e estar em estágio de decadência era grande, mas sempre se tem aquele fundinho de esperança, então fui em frente e arrisquei por curiosidade e amor à enologia... Poi bem, abri a garrafa e coloquei o vinho no copo e aí o quê rolou não foi decepção e sim constatação ao ver aquela cor castanho quase marrom. Não precisava nem cheirar ou beber o vinho, "eu já sabia", estava tão velhinho que já mostrava as rugas. Iniciei, agora tinha que continuar; aromas defumados de sei lá o quê, zero taninos, mas macio em boca. Não estava estragado, mas não estava agradável. Continuei minha experiência, esfriando mais o vinho, mas ele não melhorou. Tal como um ancião, não respondia mais as vãs tentativas de ressucitação. Dia perdido? Claro que não! São exatamente destas experiências que tiramos os maiores aprendizados e colocamos no ar perguntas intrigantes. Então, vamos aos fatos: este vinho regional alentejano não aguentou 10 anos de garrafa, mas será que se estive numa guarda ideal (imóvel, intocável, em temperatura de 16 graus, longe da luz, etc.), ele estaria vivo? Ou será que realmente se trata de um vinho muito simples, que não aguentaria de forma alguma? Mas o Periquita também é simples e chegou aos 5 anos em plena forma. Sim, mas 5 anos não são 10! Meus amigos, só há uma maneira de responder estas perguntas: comprando os vinhos ainda jovens, deixando-os em guarda ideal e experimentá-los no momento oportuno e aí é que esta a graça, aí que justifica o meu ato corajoso de comprar este vinho, mesmo tendo quase certeza de que estaria "passado". Poi bem, caros amigos enófilos, fiquei feliz com minha experiência e aprovei meu ato, devendo repeti-lo outras vezes, tudo em prol da ciência enofílica. Quanto ao vinho, custou R$ 30,00 e não vou dar nota porquê, em primeiro lugar não, se dá nota à velhos senhores e segundo, não se julga algo ou alguém que "morreu" prestando um grande benefício à ciência. Saúde!

Arrocal 2008 x Talenti Rosso Rispollo 2008


Este é o primeiro confronto que entra no blog adega para todos. Escolhi o espanhol Arrocal, 100% tempranillo, de Ribera del Duero e o italiano Talenti Rosso Rispollo, corte de 40% cabernet sauvignon, 30% merlot e 30% petit verdot, da região da Toscana. O Arrocal é um "puro sangue" espanhol, passa 6 meses em carvalho e custa R$ 55,00 em média. O Talenti é um corte bordalês da Toscana, digamos assim, um mini-supertoscano, que passa 10 meses em carvalho e custa R$ 40,00 em média. Arrocal: Coloração vermelho-violeta, tendendo ao claro, com reflexos rubi. Aromas de framboesas e amoras maduras com especiarias. O excesso de álcool atrapalhou um pouco a definição dos aromas. Na boca, acidez presente, taninos redondos, de novo o álcool atrapalhando. Tem de ser servido à uma temperatura mais baixa para reforçar o seu ponto forte: a acidez, com consequente vocação gastronômica. Nota: 87 pontos. Talenti: coloração violeta sem traços de evolução, lágrimas grossas que enchem a taça, aromas de ameixas pretas com cravo e madeira presente. Na boca, taninos aveludados, acidez marcante e boa textura.Sente-se o calor da Toscana neste vinho. O Arrocal é mais salivante e bonito, enquanto que o Talenti é mais complexo. Ambos são gastronômicos, porém o Talenti é mais versátil. Com notas parecidas, fico com o Talenti devido ao quesito preço.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Meia-garrafa.dia-a-dia.com

Sempre comento com minha esposa e com amigos sobre a necessidade de termos maior disponibilidade de meia-garrafas de vinhos para a compra no mercado. O vinho de meia-garrafa é charmoso, permite um número maior de experiências e tem a quantidade ideal para o dia-a-dia. O problema é que o arsenal de vendas à nossa disposição é bastante restrito e o que existe sempre é mais caro do que a garrafa tradicional de 750 ml, reservando a única exceção aos vinhos de Don Laurindo, os quais meia-garrafa custa exatamente a metade de uma garrafa inteira. Em se tratando de sauvignon blanc, vinho típico de entradas, a necessidade é maior ainda. Fica aqui uma dica aos produtores e vendedores: meia-garrafa de sauvignon blanc, com urgência! Hoje, vou comentar dois vinhos de meia-garrafa para o dia-a-dia: Cousino Macul Don Luís Cabernet sauvignon 2009 e Benjamin Nieto Senetier Malbec 2010. O Don Luís me surpreendeu positivamente já que a primeira experiência que eu tive com ele não foi agradável. Será que foi a safra? Ou pelo fato de estar em meia-garrafa, envelhecendo mais rapidamente? Ou ainda, por eu estar morrendo de vontade de beber Cabernet sauvignon? Bem, o fato é que o vinho é gostoso, tem tipicidade e por R$ 13,99, é barganha! Coloração vermelho violáceo, aromas de cassis com toque mentolado, textura macia, taninos presentes e álcool que incomoda um pouco. A meia-garrafinha foi embora rapidinho... Belíssima opção para o dia-a-dia. Nota 88 pontos. O Malbec argentino comprovou tudo o que eu já sabia; primeiro: coloração violeta, aromas de frutas vermelhas doces e pouca acidez, segundo: não é ruím, mas é monótono e sem complexidade, terceiro: os vinhos baratos argentinos são todos iguais, quarto: eta marzão de rótulos sem expressão dos nossos hermanos, quinto: já não coloco estes vinhos nem para o meu dia-a-dia, sexto: não consegui terminar esta mísera meia-garrafa! Preço: R$ 9,90 (honesto). Nota: 83 pontos.

domingo, 7 de novembro de 2010

Planeta Cerasuolo Di Vittoria 2008

Um dos vinhos do mês do Clube Wine, elaborado com uvas Nero d'Avola (60%) e Frappato (40%), na quente ilha da Sicília, sul da Itália. Não passa por madeira e nem precisa! Não vou falar das castas porque simplesmente não tenho a mínima experiência nelas, o que gerou grande curiosidade neste vinho. Não houve decepção, o vinho é ótimo! Linda cor rubi com reflexos rubi que brilham como holofotes, talvez denotem um vinho pouco concentrado. Nada disto! Aromas de ameixas frescas, muito floral e algo de especiarias, com toque mineral. O álcool atrapalha um pouco no início, mas depois o vinho se abre revelando aromas de cerejas. Na boca, acidez deliciosa, pouco tânico, bastante seco, nada enjoativo. É o tipo de vinho que cresce muito com comida e nem se sente bebê-lo por completo. Corpo médio e final médio. Grande opção gastronômica, acompanha bem massas e carnes em geral. Encontrei um post de blog em que o blogger não elogia tanto o vinho, dando preferência à vinhos com maior concentração de cor e aromas, mais característicos do Novo Mundo. Respeito a opinião deste blogger e um dos grandes baratos do vinho é justamente esta diversidade de opiniões, porque gosto não se discute e o meu gosto é bem diversificado, pois aceito bem a elegância do Velho Mundo e a concentração e modernidade do Novo Mundo. Tenho especial carinho por vinhos gastronômicos, devido minha paixão pela gastronomia, por isto elogio tanto estes vinhos "feitos para comida". Independente de gosto, não tem como negar que este vinho é muito bem feito. Parabéns ao Clube Wine por nos trazer vinhos bons e diferentes por preços muito convidativos. Paguei R$ 45,00 neste vinho. Valeu cada centavo de seus 91 pontos.

Colinas de São Lourenço 2005

Venho tentando aprender e entender mais sobre as características das diversas cepas portuguesas e seus inúmeros terroirs. Em parte fui motivado pelo bom nível médio dos vinhos, associado ao preço honesto. Resumindo, é difícil comprar vinho português ruím e pagar caro por isso. Iniciei com os intermináveis vinhos regionais alentejanos, passei pela modernidade do Douro e pela tradição do Dão, chegando agora aos bons exemplares da Bairrada, região onde impera a casta Baga e o seu rei é Luís Pato. Claro, já provei o Luís Pato Baga, vinho mais simples da vinícola e gostei bastante. Empolgado com esta boa experiência, me aventurei agora neste Colinas de São Lourenço safra 2005, talvez a melhor da década em Portugal. Multi-corte de Touriga Nacional, Aragonês, Merlot, Baga (é claro) e Syrah, este vinho envelheceu 12 meses em barricas de carvalho. O resultado é um vinho vermelho intenso brilhante, extremamente aromático, redondo e com pegada na boca, com média complexidade. Gostoso de beber, está bem acima da média dos vinhos regionais alentejanos. Honesto no preço ( R$49,00 ), foge um pouco da faixa de preço para o dia-a-dia, mas é excelente opção para fins de semana e jantares descompromissados. Por ter boa acidez, é bem gastronômico, mas pode ser desfrutado sozinho e bem devagar devido ao seu aroma muito agradável. Vale a experiência de prová-lo. Nota: 89 pontos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Castillo de Montearagon 2003

Achei este vinho ( e só tinha ele; uma única unidade) nas prateleiras do Pão de Açucar, perdido, quietinho, empoeirado, mas... de pé! Pela Santa Madre, porque será que os supermercados não começam à guardar direito os vinhos, afinal de contas, já não somos mais meros coadjuvantes consumidores do terceiro mundo, desprezados pelos ricos europeus, porque "nunca antes na história deste país", comemos e bebemos tão bem e entendemos tanto de boas coisas da vida, que merecíamos o mínimo de tratamento correto daqueles que lucram com o aumento do nosso poder aquisitivo, repito o termo: aquisitivo, que vem de aquisição, ou seja, comprar! Me deu um frio na barriga ao comprar este vinho: será que estaria vivo? Será que 7 anos em garrafa, provavelmente a maior parte do tempo de pé, teriam sepultado este vinho? Bom, se estivesse estragado, eu não perderia tanto, afinal paguei incríveis R$ 29,00, isto mesmo, apenas R$ 29,00 em um reserva espanhol! Corte de tempranillo, grenache e carignan. Na taça, mostrou coloração vermelho púrpura com reflexos alaranjados, tendendo ao tijolo. Nariz de frutas vermelhas maduras, com muitas especiarias e toque animal. Na boca, acidez ainda viva, graças provavelmente a presença da carignan. Fluido, madeira bem presente, pouca complexidade, mas correto. Não sei se aguenta mais um ano em garrafa, porque já está em um ponto em que os toques animais e de envelhecimento estão tomando conta do vinho. Beba logo! Vale a experiência. Nota: 87 pontos.