O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






terça-feira, 31 de maio de 2011

Altano tinto 2008

Taí mais uma figurinha carimbada de bloggers em todo o Brasil. Bem falado e aclamado como um vinho de bom custo-benefício, enfim veio para a minha taça. Produzido no Douro (Portugal), berço dos grandes e famosos vinhos do Porto, à partir das castas Tinta Roriz (70%) e Touriga Franca (30%). É amadurecido 80% em barricas de carvalho francês e americano usados (não sei por quanto tempo). Não é tarefa fácil encontrar um bom vinho do Douro por um preço baixo, mas este vinho é uma excessão. O Altano Tinto é um vinho correto, sem maiores defeitos ou exageros; tudo está bem certinho, no lugar! Parece aquele rapazinho bonitinho, com roupas engomadinhas, cabelo cortadinho, bem comportadinho. É isso: este vinho é um "Mauricinho"! Coloração rubi com reflexos violáceos, bom brilho, lágrimas médias. Aromas de frutas maduras com especiarias suaves e toque floral, mais para a violeta. Sente-se a madeira muito bem integrada ao conjunto e o álcool é bastante comportado (13%). Na boca, tem bom corpo, acidez correta, taninos macios e final médio com retrogosto agradável. Qual a falha, então? Como todo Mauricinho, este vinho não empolga. É bem feito, difícil de se encontrar arestas, traz de forma fiel as características elegantes do Douro e não custa caro (R$ 39,90). Acho que não tem complexidade para enfrentar um jantar um pouco mais qualificado, sendo mais recomendado para o dia-a-dia, onde vai enfrentar a forte concorrência de vinhos de mesma qualidade com custo mais baixo. Também cabe num almoço com a família, no domingo, devido ser um vinho com boa vocação gastronômica e fácil de beber, tendo grandes chances de agradar à todos. Eu particularmente, gosto de vinhos com um "lado negro" mais extravagante, mas tenho que me render à este bom vinho do Douro. Nota: 88 pontos.

domingo, 29 de maio de 2011

Saint-Qvinis Fontlade Rosé 2009

Pouca gente sabe, mas o vinho francês nasceu na Provence, de onde vem este Rosé "de carteirinha". Trazido pelos gregos, o vinho da Provence já teve seu auge na Idade Média, quando era servido nas mesas de papas, reis e nobres. Depois, caiu em decadência pós-filoxera e agora retoma seu rumo. É induvitavelmente a terra do Rosé. Este vinho que comento é um protótipo do que deve ser um rosé, não só da Provence, como de todo o mundo. Corte de Cinsault e Grenache. A coloração é de rosé mesmo, ou seja, aquele salmão claro que chama o nariz e, principalmente a boca para a taça. O nariz não diz muito: pequenas frutas vermelhas bem frescas com levíssimo herbáceo. Na boca é que o vinho convençe: leve, acidez correta, não é adocicado ou enjoativo e é sobretudo, fresquíssimo, mesmo com 2 anos de vida. Pronto, é isto que o rosé tem que ser: fresco! Ótimo para entradas e canapés, bom também com queijos bem leves, como a muzzarela de búfula e perfeito na beira da piscina em um dia ensolarado. Só tem um defeito: poderia custar mais barato que seus R$ 58,00, caro para um rosé! Acho que por R$ 45,00 estaria ótimo, mas vale conhecer este belo exemplar de rosé e descobrir o potencial da Provence para este tipo de vinho. A nota que vou dar é quase o máximo para um vinho desta espécie e para a proposta que tem: 89 pontos. Aprovado!

sábado, 28 de maio de 2011

Vallontano Tannat Reserva 2007

Vinho brazuca mostrando suas armas: bom, correto e bem acessível. Gosto de Tannat e do Uruguai vem seus melhores exemplares, mas ultimamente o Brasil tem arregaçado as mangas e se esforçando bastante para produzir ótimos Tannat, como é o caso deste vinho. Bela coloração rubi, com reflexos violáceos. Aromas não tão complexos, mas bem definidos de frutas maduras com pouca especiaria e madeira muito bem integrada. A rusticidade da Tannat está muito bem domada, dando lugar à um vinho macio, redondo e até elegante, mas não deixando de lado a potência e a personalidade viril característica da cepa, tanto que enfrentou muito bem um churrasco de picanha e deixou saudades ao terminar a garrafa. Parabéns à vinícola Vallontano, por produzir um bom vinho com um custo relativamente baixo. Vale o quanto custa e é ótima opção para churrasco. Preço: R$ 37,00. Nota: 89 pontos.

Muga Rioja Reserva 2006

Verdadeiro clássico de Rioja, um legítimo representante da fúria espanhola. Corte de 70% Tempranillo, 20% Garnacha, 10% Mazuelo e Graciano, com 24 meses de estágio em barricas de carvalho. Incrível, apesar de ser relativamente jovem, é perfeitamente bebível, não é duro e pouco se percebe a madeira. Coloração rubi tendendo ao granada, halo aquoso discreto e lágrimas fortes. Aromas complexos de frutas secas, couro, tabaco, cravo e especiarias em geral. Boca extremamente agradável, boa maciez, taninos domados, acidez marcante. Final longo. Vinho muito agradável, escoltou perfeitamente um filet com batatas gratinadas. Belo exemplo, bom e típico, do que é um reserva de Rioja, sem exageros ou extravagâncias. Está por R$ 72,00 no Clube Wine, justíssimo pelo que oferece. Nota: 92 pontos.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Santa Carolina Barrica Selection Gran Reserva Cabernet sauvignon 2007

Calma aí! Não se enganem com o nome "Gran Reserva", porquê não existe nenhuma lei específica para isto no Chile, portanto os nomes Reserva e Gran Reserva escritos nos rótulos chilenos não são sinônimos de qualidade. Santa Carolina é uma das gigantes chilenas e é irmã da Viña Casablanca. Andres Caballero é o enólogo responsável por ambas e parece que a Santa Carolina, localizada no Vale do Colchagua, tem maior vocação comercial, embora se arrisque com vinhos mais caros, como este Gran Reserva. Este vinho custa em torno de R$ 60,00, mas consegui encontrá-lo em oferta no Carrefour por R$ 19,90 !!!!! Daí, dá para se ter uma idéia da margem absurda de lucro dos supermercados. Comprei duas garrafas e já bebi uma. O resultado foi empolgante para um vinho de R$ 19,90, mas frustrante para um vinho de R$ 60,00, entenderam? Vinho 100% Cabernet sauvignon, com uvas do Maipo e 12 meses de estágio em carvalho. Coloração vermelho rubi púrpura, com tons alaranjados. Nariz que demora para se mostrar, mas aos poucos vai denunciando frutas vermelhas maduras, cassis e no final, uma discreta evidência mentolada do Maipo. Boca melhor que o nariz, revelando um vinho bem balanceado, com madeira discreta e bem integrada, acidez presente, bom corpo e maciez. Não empolga, mas não faz feio. Com certeza, por R$ 19,90, ganhei na loteria! Na verdade, por R$ 60,00, não vale! Tem coisa bem melhor no mercado. Nota: 87 pontos.

Casillero del diablo Carmenere 2009

De novo, um Casillero na área! É difícil não gostar destes vinhos, mesmo sabendo de sua vocação comercial, mas é admirável como conseguem uma qualidade média muito boa em produções gigantescas. Este Carmenere talvez seja o mais comercial deles, mas não deixa de ser agradável. Tem coloração violácea bem forte, juventude à toda e lágrimas grossas. Aromas bem característicos da casta: frutos vermelhos maduras em compota, chocolate e pimentão. Na boca, revela-se quente e cheio, com acidez discreta. Final médio e retrogosto agradável. A madeira incomoda um pouco. Vinho mediano, bom para o dia-a-dia e uma boa entrada para o universo da uva carmenere. Nota: 87 pontos. Preço: R$ 27,00.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Don Pascual Roble Selecion del Enólogo 2005

Este vinho, eu trouxe de Montevideo (Uruguai) e não me lembro quanto paguei, mas tenho a certeza de que não foi caro. Ao entrar na loja de vinhos, solicitei ao vendedor que me apresentasse um "vinho de autor". Ele me mostrou alguns vinhos, mas falou especialmente bem deste vinho, o qual representaria um trabalho especial e que já estaria pronto para o consumo. Geralmente, os considerados "vinhos de autor", são vinhos feitos ao gosto do enólogo produtor, em pequenas produções e que não teria vocação comercial. Tudo bem, mas no rótulo deste vinho consta uma produção de 19383 garrafas, sendo que esta é a de número 6223, o que já não seria uma tão pequena produção. Outro problema: não consta no rótulo ou contra-rótulo, as castas utilizadas na produção deste vinho. Problemas à parte, vamos ao vinho: Ótimo! Logo ao colocar na taça, um vermelho rubi com reflexos e bordas alaranjadas denunciam um apogeu espetacular. Gira fácil na taça, deixando lágrimas que choram lentamente. Aromas viris de frutas vermelhas, tabaco, especiarias, herbáceo, côco e uma madeira perfeitamente integrada ao conjunto. Na boca, a fusão daquilo que esperamos em um bom vinho: elegância sem perder a força. Taninos redondos, quase aveludados, acidez correta. Vinho que tem grande vocação gastronômica, aguenta carnes vermelhas grelhadas e também massa com molhos vermelhos. Inegavelmente mais parecido com vinhos do Velho mundo, bem próximo à Barolos evoluídos. Não estou exagerando! Se alguém encontrar uma garrafa dando sopa, é tiro certo! Mas vejam bem: é vinho estilo Velho mundo! Com certeza, deve ter no corte a Tannat e a Cabernet Sauvignon e arrisco dizer que também a Merlot. Quem já bebeu o Montchenot argentino, vai perceber semelhanças. Gostei muito e este vinho é a prova de que, quando se coloca o capricho em primeiro plano e o comércio de vendas em segundo plano, o resultado é muito bom, mesmo em regiões não tão afamadas assim. Nota: 92 pontos.

domingo, 22 de maio de 2011

Le Borgogne Chanson Pinot Noir 2007

Todo Borgonha é bom? Todo Pinot Noir da Borgonha é bom? É claro que não! Agora, sacanagem são propagandas enganosas que utilizam o nome Borgonha para vender seus rótulos à preços injustos. Isto sempre existiu e sempre existirá e é para combater esta injustiça, que existem tantos blogs saudáveis, os quais não visam lucro, mas sim informação, talvez não sendo a mais competente, mas com certeza, a mais sincera! O vinho de hoje é um Pinot Noir da Borgonha, com preço em torno dos R$ 65,00. Coloração vermelho claro-pálido, quase róseo, lembrando um Gamay simples. Corpo de giro leve na taça, com discretas lágrimas e manchas. Aromas básicos de morangos silvestres, cerejas e ameixas frescas, com um pouquinho de terra molhada, bem sutil. Boca elegante, mas discreta. Vinho de pouco impacto, tem boa acidez, mas é pouco empolgante. Tem características de Pinot Noir, mas percebe-se que é de segunda linha, sendo um vinho "ralinho" e "sem sal". Bom apenas para entradas leves. Fica devendo, acompanhado de refeições mais sérias. Não é ruím, é apenas mediano e não vale o preço. Nota: 87 pontos.

Restaurantes: pagar rolha ou vinho? Resposta à um comentário feito, explicitamente aberta à quem quiser ler!

Meus amigos enófilos e blogueiros, hoje uso o meu blog, o qual é destinado ao comentário de vinhos, infelizmente pela segunda vez, ao manifesto de uma indignação. Moramos em um país onde se pratica uma república democrática, ou seja, o cidadão tem o direito de manifestar sua opinião ou crítica, desde que esta não seja imoral ou ofensiva. Em 18/02/2011, postei um comentário sobre o preço abusivo cobrado por vinhos em restaurante e recebi alguns comentários sobre o post, todos apoiando a idéia de baratear o custo do vinho, que já é alto, objetivando o aumento do consumo. Ou seja, lucro para o vendedor e para o consumidor. Em 20/05 2011, recebo o seguinte comentário, o qual vai ser descrito na íntegra, sem reveleção do nome de quem o publicou:
"Muito bom, bom mesmo. Sugiro mais: vamos levar a comida também! A gente cozinha em casa um prato bem melhor do que o que eles vendem, bota num marmitex, chega no restaurante, senta, pede pratos, talheres, guardanapos, etc e ainda pede pro garçom servir a gente. Ah, e se a comida esfriar, a gente pede pro chef dar uma esquentadinha. Vamos lançar essa campanha que vai ser jóia. Dane-se que eles tenham investido a fortuna que for, que paguem aluguel, salários, impostos, etc, etc, etc. O cliente tem sempre razão e deve ser tratado como convidado. Se os donos de restaurante não gostarem que fechem, mudem de ramo. Enquanto existir restaurantes nós vamos invadir e aproveitar. É isso aí. E pra quem não gosta de vinho, pode levar a cerveja também... "
Meus amigos, analisem o comentário e tirem suas conclusões. Isto seria uma ironia, escrita por um dono de restaurante? Não sei e não quero ser injusto! O quê vou dizer aqui, em poucas palavras, é o definitivo e quanto mais pedras me atirarem, mais forte estarei em defesa do enófilo consumidor! O vinho vendido em restaurante é um produto com pouquíssimas despesas: é praticamente imperecível (se o ignorante do dono do estabelecimento tiver o mínimo de noção de conservação), não tem prejuízo porquê sempre se cobra mais do que se paga, é mais lucrativo do que vender cerveja, é elegante e aumenta o status do retaurante, convoca um público que tem conhecimento e dinheiro para gastar (mas que também não é bobo!) e aumenta o próprio consumo da comida. O serviço do vinho (garçon) está incluso nos 10% que o restaurante cobra e não no salário dos garçons ( o qual é uma miséria), sendo que alguns estabelecimentos nem pagam estes 10% ao garçon. Dizer que gasta na taça, é piada! A maioria dos restaurantes nem têm taças decentes e quando têm, reclamam que podem quebrar! Para cada 20 taças lavadas, se quebrar uma, o lucro já foi coberto amplamente. Eu bebo vinho todo dia em casa e a média de se quebrar taças é de uma por ano! Portanto, quem não apoia a minha idéia só pode ter titica de galinha na cabeça. Agora, vou respeitar a liberdade de expressão de qualquer pessoa, assim como exijo que respeitem esta minha opinião! Estarei aguardando comentários contra ou à favor. Termino aqui, com vontade de escrever mais, mas me contendo para não rebaixar este blog, que prima pela clareza, sinceridade e elegância.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Casa Lapostolle Merlot 2009

Existem vinhos que chegam até nós, envoltos de uma enorme propaganda, principalmente das importadoras que comercializam estes vinhos. É claro que propaganda é a alma do negócio e ninguém vai falar mau do produto de venda, mas exagerar nos elogíos à ponto de querer transformar a Móoca em Manhattan é sim uma falta de respeito ao consumidor final. Aí, essas importadoras se blindam justificando seus comentários em notas (muitas vezes duvidosas) de críticos e revistas (Robert Parker é o campeão de audiência neste quesito). Então, ao comprarmos o vinho, somos tomados por uma grande expectativa, a qual nem sempre se confirma. É o caso deste Merlot chileno, da prestigiada Casa Lapostolle. Coloração violeta escuro e lágrimas finas que borram a taça criam uma boa expectativa, mas o nariz é descepcionante: pouca complexidade, diz apenas frutas vermelhas maduras com baunilha discreta. Na boca, o vinho cresce um pouco, com boa acidez e taninos agradáveis, mas o álcool atrapalha (14%). Final e retrogosto competentes, mas não empolgantes. Sim, por R$ 39,00 eu não poderia esperar um ícone, mas está longe de justificar os imensos elogios da Mistral, a qual o classifica como best buy e "maravilhoso em sua faixa de preço". Como comparação simples, o Carmen reserva, vendido na própria Mistral pelo mesmo valor, tem muito mais qualidade e bem menos badalação da crítica. O Casa Lapostole Merlot é um vinho mediano e não vale o que custa. Nota: 86 pontos. Só para terminar, acho que exemplares brasileiros, como o Salton Volpi Merlot ,o Miolo reserva Merlot e o Don Laurindo Merlot são melhores e custam menos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Allegrini Valpolicella 2008

Esqueça aqueles vinhos de supermercados, dispostos aos montes nas prateleiras, com a seguinte descrição no rótulo: Bolla Valpolicella! O quê vamos falar agora é de algo completamente diferente e infinitamente superior! Valpolicella não é um tipo de uva e nem marca de vinho; é um padrão de vinho produzido no Vêneto (Itália), à partir das castas Corvina, Rondinella e Molinara, que quando levado à sério, principalmente nas zonas clássicas, dá origem à um vinho muito aromático, de média estrutura e extremamente gastronômico. Os Valpolicellas não costumam ser caros, mas é impossível encontrar qualidade por menos de R$ 35,00, sendo que a maioria dos bons custam entre R$ 50,00 e R$ 80,00. Este, eu paguei algo em torno de R$ 45,00 e valeu cada centavo! Vinho de uma linda coloração rubi com belos reflexos rubi-violáceos, lágrimas versáteis, corpo quase licoroso. Aromas deliciosos de frutas vermelhas frescas, como cereja e framboesa, acrescentados de especiarias, mineral e leve herbáceo. Na boca, ótima acidez, álcool controlado, textura macia, taninos presentes e domesticados. Bom vinho, melhor ainda com comida. Compre, prove e verá que não estou exagerando, nem que seja para acabar de vez com o conceito daquelas porcarias de supermercado que deram má fama aos Valpolicellas. Nota: 90 pontos. É vinho para se ter em casa para uma bela macarronada de domingo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Casillero del diablo Malbec 2009

Eis aqui uma interessante anastomosse de dois campeões de audiência. De um lado, uma das marcas mais conhecidas do mundo: Casillero del diablo. Do outro lado, uma das castas de maior sucesso nos últimos anos: Malbec. Que o Chile já faz vinhos de Malbec, todo mundo sabe, mas em larga escala à ponto de concorrer e ameaçar a soberania da vizinha Argentina, é novidade! O quê não falta no Chile é espaço para plantar videiras e sobra variedade de terroir, parece que tudo dá certo no Chile quando se fala de vinho! Depois da "descoberta" de Casablanca, San Antonio, Limarí, Elqui e Bío-Bío, qualquer casta se adapta facilmente no Chile: sobram cabernet, merlot, syrah, carmenere, chardonnay, sauvignon blanc, pinot, carignan e agora eles vêm com riesling, gewus e até malbec? Caramba, só falta aparecer por lá as castas portuguesas e não duvidem que isso possa vir à acontecer! Este Casillero Malbec tem uma coloração violácea jovial bem característica da cepa, bom corpo e lágrimas densas. O nariz não diz muito, denotando ser um vinho simples, mas tem cheirinho de Malbec mesmo: frutas vermelhas maduras, groselha e uma discreta madeira. Na boca, novamente a marca da Malbec: vinho macio, sedoso, quase doce, taninos redondos, fácil de beber. Me impressionou muito como conseguiram manter a tipicidade da casta em território fora de Mendoza e produção em larga escala. Este vinho do Rapel é muito parecido com os Malbec argentinos do mesmo propósito, se diferenciando um pouco por ter mais acidez, o quê deixa o vinho bem menos enjoativo que os similares hermanos. Paguei R$ 26,90 por este vinho e garanto que, excluíndo o Álamos, não existe concorrente argentino à altura nesta faixa de preço. Que se cuidem os hermanos, porquê aí vem Concha & Toro e Cia. para incomodar. Salve, salve a livre concorrência! Quem ganha é o consumidor! Nota: 87 pontos.

sábado, 14 de maio de 2011

Quinta do Alqueve 2 worlds 2004

Que grata surpresa vindo do Tejo! Vinho moderno, que traz a união do que Portugal e França têm de melhor: Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon. Em um bom Terroir, com uma produção delicada e enólogos competentes, a Pinhal da Torre nos brinda com um vinho macio, sedoso, viril e fino! Tem rodos os predicados de um bom vinho de Touriga Nacional, acrescentado da complexidade aromática da Cabernet Sauvignon, mas jamais perde a característica do terroir português e é isto o que eu mais respeito: indepedente da uva, quem tem que mandar na parada é o Terroir! Ao abrir a garrafa, já se sente o forte aroma e ao colocar na taça, nota-se que é um vinho que desmente a idade: coloração violácea com reflexos rubi, ainda com jovialidade. Lágrimas médias, corpo denso que desenha e pinta a taça em giros furiosos. Aromas bastante condimentados (pimenta preta e cravo) com framboesa, amoras e cerejas; madeira presente com toque de baunilha, sente-se a tosta com grande agradabilidade. Na boca, taninos ainda pegajosos e uma acidez vivísssima dão longa vida para este vinho. Retrogosto persistente e final médio. A grande qualidade do vinho é que se percebe com relativa facilidade a presença distinta das duas uvas e a madeira é muito bem utilizada (12 meses de barrica). Vinho redondo, bom para beber agora e para daqui 4 anos. Ótimo! Nota: 91 pontos. Preço: R$ 80,00.

Miolo Reserva Merlot 2009

Figurinha carimbada de quase todo enófilo brasileiro, há quem o considere o nosso produto básico de propaganda e há quem simplesmente o ignore. Na verdade, Miolo é o nome brasileiro mais conhecido no exterior, quando o assunto é vinho. Miolo também é uma gigante com faturamento monstruoso, de dar inveja à muitos chilenos, argentinos, italianos e franceses. Então, este que é um dos vinhos de entrada da vinícola, não pode jamais causar má impressão. Já fui crítico enérgico da Miolo, porquê seus vinhos eram relativamente parecidos e sem personalidade, fundados mais no marketing do que na expressão do Terroir. Hoje, começo à mudar minha opinião. Os vinhos de alta gama, como o Lote 43, são ótimos! Os vinhos intermediários, como o Cuvée Giuseppe, são muito bons. Os vinhos de base, como os da linha Seleção melhoraram muito! E agora, os vinhos da linha base/intermediária (reserva), começam à mostrar suas armas. Este reserva Merlot 2009 traz uma importante mudança, que coloca o vinho em outro patamar: é produzido na Campanha Gaúcha. Enófilos do Brasil, além da crítica especializada, já falavam 4 ou 5 anos atrás que o grande terroir gaúcho para uvas tintas é a Campanha e não o Vale dos Vinhedos. Finalmente, as vinícolas estão deixando o orgulho de lado e passando à investir nesta região, que gera excelentes Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot. O Vale dos Vinhedos é mais propício para espulmantes, vinhos brancos e uvas de maturação mais precoce, além de ser também ambiente de castas portuguesas. Este vinho agrada pela honestidade e simplicidade correta! É bonito no visual vermelho violáceo, bom nos aromas de frutas vermelhas maduras com aquele toque de couro e café, balanceado na madeira, agradável na acidez e taninos. É ótimo para o dia-a-dia e não vai fazer feio se você tiver uma visita gringa informal em sua casa. Parabéns pela evolução, Adriano Miolo! Nota: 87 pontos. Preço: R$ 22,00.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Barão do Sul 2005

Vinho português, já bastante comentado em blogs de vinho. Produzido na região de Terras do Sado à partir das castas Cabernet Sauvignon, Castelão, Touriga Nacional e Syrah. Como se vê, é um mix de uvas típicas portuguesas com francesas, tendência forte em Portugal e que tem dado bons resultados, surpreendendo algumas vezes com custo acessível, como é o caso deste vinho. É claro que não é um mega-vinho e não chega à empolgar, mas é "gostozinho" e não faz feio, tendo boa versatilidade gastronômica. Coloração vermelho claro, com reflexos rubi, aromas de frutas vermelhas frescas com discreta especiaria, taninos redondinhos, boa acidez e corpo fluído. Como ponto positivo, o preço e a facilidade de beber. Como ponto negativo, a falta de corpo e personalidade. Devido ao preço (R$ 25,00), boa opção para o dia-a-dia ou para escoltar uma bacalhoada ou até mesmo um prato de massa, sem gastar muito no restaurante. É um vinho simples que cumpre seu papel, por isso não vou me estender muito. Nota: 86 pontos.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Trapiche Broquel Cabernet Sauvignon 2005

Algum tempo atrás, trouxe da Argentina, um Cabernet Sauvignon Trapiche de uma linha superior (Fond de Cave Gran Reserva), o qual me agradou muito, inclusive me motivando quanto ao potencial de guarda dos Cabernet Sauvignon da Argentina. Agora, me deparei com este 2005 de uma linha um pouco inferior e me interessei. A linha Broquel está acima da Roble e abaixo da Fond de Cave Reserva e tem recebido elogios, principalmente pela Bonarda. Este Cabernet Sauvignon não é um super vinho, não traz surpresas, nem novidades, mas tem poucos defeitos, é correto e honesto no preço (R$ 29,00). Visual com coloração rubi vivo, lágrimas grossas e bom corpo. Aromas de frutas vermelhas maduras, algo de cassis e madeira presente e bem integrada ao conjunto. Boca sedosa, pouca acidez, taninos presentes e redondos. Final com boa persistência e retrogosto agradável. Como eu disse, é o tipo do vinho correto, bom para o dia-a-dia, mas bastante previsível. Superior à maioria dos Cabernet argentinos na mesma faixa de preço o que o torna uma boa compra e confirma a minha idéia de que a Trapiche sabe produzir bons Cabernet Sauvignon. Compra segura para o preço. Nota: 87 pontos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Val de Flores 2005

Juro por Deus, fiz tudo certinho! Comprei o vinho na Argentina, trouxe debaixo dos braços, deixei descançando por quase 2 anos em adega climatizada, decantei por mais de uma hora e servi na temperatura correta e no momento correto. Mas, tenho que dizer a verdade: o Val de Flores 2005 é uma decepção! Uma autêntica bomba de 50000 megatons de fruta e potência. Enormemente concentrado, é um top de linha argentino, produzido por Michel Rolland, em Vista Flores. É um dos queridinhos da crítica "Parkeriana", recebendo notas altíssimas nos últimos anos, o que me empolgou bastante na sua compra e guarda. Guardei delicadamente e abri com enorme expectativa, mas o seu estilo não me agrada. Vamos ao vinho: coloração violeta quase negro, praticamente intransponível, bordas violáceas mais claras e discreto halo aquoso, denunciando uma jovialidade que contradiz com seus 6 anos de colheita. O vinho tem enorme concentração, percebido facilmente nas manchas que deixa na taça. Tem corpo denso, com giro lento e pesado. Aromas de ameixas pretas secas e geléia de amoras, com toque de bálsamo. Evolui para tabaco, couro, discreto chocolate amargo e no final, terra molhada. O leitor deve estar perguntando: com esta complexidade toda, ele achou o vinho ruím? Vejam bem, eu não disse que o vinho é ruím, apenas não correspondeu as minhas expectativas e não faz o meu estilo. A grande complexidade nos aromas, se perde na boca: o vinho é pesado demais, peca na falta de acidez e se torna um pouco enjoativo. Tem retrogosto persistente e final longo. Resumindo, é um vinho feito com bastante cuidado, mas segue uma tendência horrorosa do Novo Mundo: os excessos! É elogiável o trabalho de seleção das uvas, a maturação de 14 meses em carvalho francês e a vinificação, mas é abominável o marketing exagerado e as notas de Parker. Tentei, bebi várias taças, fui na beira da minha piscina (onde o ar é mais puro), bebi novamente, mas não adiantou; é um bom vinho, mas não traz nenhum ingrediente especial ou diferente para justificar seu alto preço. Peca muito na falta de elegância. Vou dar um voto de confiança: imagino que este vinho deva crescer perto de uma carne de cordeiro com molho forte de carne, acompanhado de risoto de funghi. É claramente um vinho de guarda, portanto, quem tiver um desses, aguarde uns 10 anos para abrí-lo e teremos boas surpresas. Mas, quem guarda um vinho por 10 anos??? Sei que vou desagradar muita gente com esta crítica e nota, mas o meu compromisso é com a sinceridade de opinião e que venham os experts dizendo que não tenho nariz para este vinho, porque não vou mudar minha opinião. Gosto não se discute e hoje, tenho tendência em me apoiar mais na elegância que na potência, o que não quer dizer que eu não goste de malbec e vinho argentino. Recentemente, elogiei bastante o Monte Cinco Oak Malbec, para mim, bem melhor que o Val de Flores. Pensei muito para dar a nota e decidi valorizar o seu potencial de envelhecimento. Nota: 90 pontos, com limiar tendendo para 89 pontos. É caro e acho que não vale o preço. Finito!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Algumas fotos e vinhos da Expovinis 2011

Como eu havia prometido, aqui vão algumas fotos e comentários da Expovinis 2011:
Este aí é um ótimo Cabernet Franc, da Viña Chocalán (Chile), com excelente corpo e estrutura, boas frutas vermelhas e o toque mentolado do Maipo. Tudo isso, por um preço razoável: R$ 56,00.


Ótimos vinhos da vinícola boutique Lagar de Bezana, sendo o mais apreciado este da esquerda: Syrah.


Innominabile lote 3: Grande vinho deste fantástico terroir catarinense.


Interessante Carmenere italiano, bastante diferente!


Maravilhoso e fresquíssimo espulmante rosé, que só podia ser francês.


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vinho do mês: Abril de 2011

Aqui o resumo do mês de abril de 2011:
Vinho do mês: Casa Marin Pinot Noir Lo Abarca Hills 2005. Emocionante e cativante. Um Borgonha Sul-americano. Talvez esteja entre os 3 melhores Pinot-Noir do Chile.
Surpresa do mês: Álamos Chardonnay 2009. Para mim foi surpresa, porquê eu não o conhecia e não sabia que um chardonnay tão barato da Argentina pudesse atingir esta qualidade.
Mico do Mês: Altera Merlot 2009 (França). Só pode ser brincadeira da Mistral!

Carmen Reserva Merlot 2009

Vinho agradabilíssimo da ótima Viña Carmen, uma das mais honestas que existem no quesito custo/benefício. Produzido com 90% Merlot (provenientes de Casablanca) com 10% Cabernet Sauvignon (provenientes do Maipo), amadurece 80% em barricas americanas e francesas por 9 meses. O resultado é um vinho super gostoso e balanceado, com poucos defeitos. Coloração vermelho rubi com boa transparência, mostrando não ser tão concentrado. Aromas de framboesa e cerejas explodem no nariz e se confirmam na boca. O toque mentolado discreto diz que o Maipo está presente. Belo frescor da Merlot de Casablanca com uma boa estrutura conferida pela Cabernet do Maipo. O vinho se propõe para o dia-a-dia e nisto ele é perfeito: não é enjoativo, é versátil e tem um ótimo preço (R$ 39,00). Mas, atenção: tem complexidade apenas para o dia-a-dia ou um almoço de sábado ou domingo. Falta complexidade para enfrentar grandes jantares e grandes pratos. O álcool está bem ajustado, os taninos estão redondos e a acidez é correta. Vai levar a nota máxima para um vinho desta pretenção: 89 pontos, o que é honestíssimo para o trabalho bem feito da Viña Carmen.

Bairrada Frei João Tinto 2003

Excelente opção de experimentar um vinho da Bairrada por um preço ótimo! Corte de Baga, Castelão e Trincadeira, já está evoluído e não envelhecido. Passa por madeira, mas não sei por quanto tempo. É um típico vinho português, com aromas e gosto de vinho português, com um "Q" a mais de complexidade. Lindo vermelho rubi, já com reflexos cor de tijolo, lágrimas lentas  e aspecto um pouco licoroso. Aromas de frutas vermelhas, especiarias e cedro. Boca com boa acidez, taninos super redondos e textura licorosa. Bom acompanhamento para pratos típicos portugueses, sem gastar muito. Preço: R$ 31,00. Nota: 88 pontos.