Juro por Deus, fiz tudo certinho! Comprei o vinho na Argentina, trouxe debaixo dos braços, deixei descançando por quase 2 anos em adega climatizada, decantei por mais de uma hora e servi na temperatura correta e no momento correto. Mas, tenho que dizer a verdade: o Val de Flores 2005 é uma decepção! Uma autêntica bomba de 50000 megatons de fruta e potência. Enormemente concentrado, é um top de linha argentino, produzido por Michel Rolland, em Vista Flores. É um dos queridinhos da crítica "Parkeriana", recebendo notas altíssimas nos últimos anos, o que me empolgou bastante na sua compra e guarda. Guardei delicadamente e abri com enorme expectativa, mas o seu estilo não me agrada. Vamos ao vinho: coloração violeta quase negro, praticamente intransponível, bordas violáceas mais claras e discreto halo aquoso, denunciando uma jovialidade que contradiz com seus 6 anos de colheita. O vinho tem enorme concentração, percebido facilmente nas manchas que deixa na taça. Tem corpo denso, com giro lento e pesado. Aromas de ameixas pretas secas e geléia de amoras, com toque de bálsamo. Evolui para tabaco, couro, discreto chocolate amargo e no final, terra molhada. O leitor deve estar perguntando: com esta complexidade toda, ele achou o vinho ruím? Vejam bem, eu não disse que o vinho é ruím, apenas não correspondeu as minhas expectativas e não faz o meu estilo. A grande complexidade nos aromas, se perde na boca: o vinho é pesado demais, peca na falta de acidez e se torna um pouco enjoativo. Tem retrogosto persistente e final longo. Resumindo, é um vinho feito com bastante cuidado, mas segue uma tendência horrorosa do Novo Mundo: os excessos! É elogiável o trabalho de seleção das uvas, a maturação de 14 meses em carvalho francês e a vinificação, mas é abominável o marketing exagerado e as notas de Parker. Tentei, bebi várias taças, fui na beira da minha piscina (onde o ar é mais puro), bebi novamente, mas não adiantou; é um bom vinho, mas não traz nenhum ingrediente especial ou diferente para justificar seu alto preço. Peca muito na falta de elegância. Vou dar um voto de confiança: imagino que este vinho deva crescer perto de uma carne de cordeiro com molho forte de carne, acompanhado de risoto de funghi. É claramente um vinho de guarda, portanto, quem tiver um desses, aguarde uns 10 anos para abrí-lo e teremos boas surpresas. Mas, quem guarda um vinho por 10 anos??? Sei que vou desagradar muita gente com esta crítica e nota, mas o meu compromisso é com a sinceridade de opinião e que venham os experts dizendo que não tenho nariz para este vinho, porque não vou mudar minha opinião. Gosto não se discute e hoje, tenho tendência em me apoiar mais na elegância que na potência, o que não quer dizer que eu não goste de malbec e vinho argentino. Recentemente, elogiei bastante o Monte Cinco Oak Malbec, para mim, bem melhor que o Val de Flores. Pensei muito para dar a nota e decidi valorizar o seu potencial de envelhecimento. Nota: 90 pontos, com limiar tendendo para 89 pontos. É caro e acho que não vale o preço. Finito!
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
Eu comprei esse vinho na Argentina e adorei, mas tb nao sou nenhuma expert, nunca bebi um Romanée-Conti..rs
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