O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sexta-feira, 6 de maio de 2011

Val de Flores 2005

Juro por Deus, fiz tudo certinho! Comprei o vinho na Argentina, trouxe debaixo dos braços, deixei descançando por quase 2 anos em adega climatizada, decantei por mais de uma hora e servi na temperatura correta e no momento correto. Mas, tenho que dizer a verdade: o Val de Flores 2005 é uma decepção! Uma autêntica bomba de 50000 megatons de fruta e potência. Enormemente concentrado, é um top de linha argentino, produzido por Michel Rolland, em Vista Flores. É um dos queridinhos da crítica "Parkeriana", recebendo notas altíssimas nos últimos anos, o que me empolgou bastante na sua compra e guarda. Guardei delicadamente e abri com enorme expectativa, mas o seu estilo não me agrada. Vamos ao vinho: coloração violeta quase negro, praticamente intransponível, bordas violáceas mais claras e discreto halo aquoso, denunciando uma jovialidade que contradiz com seus 6 anos de colheita. O vinho tem enorme concentração, percebido facilmente nas manchas que deixa na taça. Tem corpo denso, com giro lento e pesado. Aromas de ameixas pretas secas e geléia de amoras, com toque de bálsamo. Evolui para tabaco, couro, discreto chocolate amargo e no final, terra molhada. O leitor deve estar perguntando: com esta complexidade toda, ele achou o vinho ruím? Vejam bem, eu não disse que o vinho é ruím, apenas não correspondeu as minhas expectativas e não faz o meu estilo. A grande complexidade nos aromas, se perde na boca: o vinho é pesado demais, peca na falta de acidez e se torna um pouco enjoativo. Tem retrogosto persistente e final longo. Resumindo, é um vinho feito com bastante cuidado, mas segue uma tendência horrorosa do Novo Mundo: os excessos! É elogiável o trabalho de seleção das uvas, a maturação de 14 meses em carvalho francês e a vinificação, mas é abominável o marketing exagerado e as notas de Parker. Tentei, bebi várias taças, fui na beira da minha piscina (onde o ar é mais puro), bebi novamente, mas não adiantou; é um bom vinho, mas não traz nenhum ingrediente especial ou diferente para justificar seu alto preço. Peca muito na falta de elegância. Vou dar um voto de confiança: imagino que este vinho deva crescer perto de uma carne de cordeiro com molho forte de carne, acompanhado de risoto de funghi. É claramente um vinho de guarda, portanto, quem tiver um desses, aguarde uns 10 anos para abrí-lo e teremos boas surpresas. Mas, quem guarda um vinho por 10 anos??? Sei que vou desagradar muita gente com esta crítica e nota, mas o meu compromisso é com a sinceridade de opinião e que venham os experts dizendo que não tenho nariz para este vinho, porque não vou mudar minha opinião. Gosto não se discute e hoje, tenho tendência em me apoiar mais na elegância que na potência, o que não quer dizer que eu não goste de malbec e vinho argentino. Recentemente, elogiei bastante o Monte Cinco Oak Malbec, para mim, bem melhor que o Val de Flores. Pensei muito para dar a nota e decidi valorizar o seu potencial de envelhecimento. Nota: 90 pontos, com limiar tendendo para 89 pontos. É caro e acho que não vale o preço. Finito!

Um comentário:

  1. Eu comprei esse vinho na Argentina e adorei, mas tb nao sou nenhuma expert, nunca bebi um Romanée-Conti..rs

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