O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Herdade de Pinheiro reserva 2002

Como já disse aqui, em outros posts, uma das alegrias do enófilio é descobrir vinhos baratos com grande qualidade. Não sei se agrada à todos, mas outra "tara"que tenho é provar vinhos antigos, esquecidos em prateleiras de bares e supermercados. É claro que já quebrei a cara diversas vezes com essa inquietude, mas por outro lado, já tive experiências encantadoras. Não me canso disso e sou bastante curioso, desde que o prejuízo não seja grande. Por essa garrafa de Herdade de Pinheiro reserva 2002, paguei irrisórios R$ 23,00, então resolvi arriscar. Vinho elaborado com o corte de uvas tradicionais portuguesas no Alentejo e apenas 12,5% de álcool, com 9 meses de envelhecimento em barricas novas de carvelho francês. A garrafa se mostrou bem conservada, sem manchas. Na abertura, adivinhem? Claro, quebrou a rolha (seca igual uma taquara seca). Sem problemas, empurrei a rolha (ou o que sobrou dela) para dentro e coloquei o misterioso líquido na taça: nem prá lá, nem prá cá, o aspecto era de evolução, mas longe de ser encantador. Coloração rubi granada com intensa borda alaranjada e reflexos tijolo, mas já com tons amarronzados. Ao nariz, evoca claramente toques animais, pêlo de gato, chocolate, madeira de cedro, frutas negras e notas balsâmicas. Na boca, acidez presente mas em decadência, taninos aveludados, bastante maciez, final loooooongo. Não tenham dúvidas de que este vinho já ultrapassou o seu apogeu, mas ainda tem vida e transmite prazer, principalmente para aqueles que gostam de experiência; chike, não? Em suma, é um bom vinho que já ultrapassou seu melhor ponto, mas que ainda dá para beber, principalmente se alguém encontrar por R$ 23,00. Nota: não há como pontuar um ancião e sim agradeçer por sua força e vontade de viver, mesmo que em condições impróprias. Até a próxima!

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