Vinoteca de Buenos Aires já bastante comentada na internet, porém ainda pouco explorada pelos brasileiros. Uma pena, porquê é tudo (ou quase tudo) aquilo que o verdadeiro enófilo gosta. Começa pela localização; situada em Pallermo, o bairro mais cool de Buenos Aires, foge daquela "muvuca" do centro e da rua Florida. A frente já denota um visual retrô, o que se comprova ao entrar na loja. Os atendentes são simpáticos e ENTENDEM de vinho. A vendedora principal, a qual não me lembro o nome é um show à parte: totalmente estabanada, esbanja simpatia e conhecimento sobre os diversos terroir da Argentina. Chegamos na loja pouco após o almoço e deu para perceber que atrapalhamos um pouco o momento de descanço dos funcionários, mas mesmo assim, o atendimento foi ótimo. Deu para perceber também que os vendedores estavam um pouco "chapinhas", principalmente a "crazy girl" (carinhosamente assim chamada pelo seu companheiro de trabalho). Aproveitamos que tinha uma garrafa de Del fin del Mundo Gran Reserva aberta e resolvemos fazer parte da festa: curtição total! Fui comprar vinhos nesta vinoteca, porquê estava à procura de vinhos de autor e vinhos pouco divulgados no Brasil, consequentemente pouco ou nada conhecidos por mim. E não é que a vendedora me apresentou uma dúzia de bons e baratos vinhos totalmente fora do comércio, não só brasileiro, como também argentino. Vou apresentar estes vinhos no meu blog conforme for degustando-os. Ao final da compra, os vinhos foram bem condicionados para viagem, sem nenhum acréscimo de custo. Também foi me concedido um desconto na venda. Já comprei vinhos em vária vinotecas de Buenos Aires e posso afirmar que só tive tratamento igual na Grand Cru. Eu sei que é mais cômodo para os brasileiros, comprar vinhos na Tonel Privado (shoping Galerias) ou numa das diversas lojas da Ligier ou Winery, mas se você procura por produtos diferentes e com qualidade, indicados com segurança por quem entende do assunto, pegue um taxi e vá para Pallermo e desça em frente à loja (Jorge Luis Borges, 1772). Próximo à loja, temos a Plaza Cortazar, diversos bares, cafés e lojas. Andando 400m, você almoça no La Cabrera. Imperdível.
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
Santa Rita Reserva Cabernet Sauvignon 2007
Este vinho é puro Vale do Maipo! Sem encrencas, frescuras ou complicações, este vinho traduz perfeitamente o terroir do Maipo chileno. Coloração vermelho- vinhoso, quase violeta, sem nenhum traço de evolução. Aromas de cassis com aquele eucalipto típico do Maipo, que entra carinhosamente no nariz e pede mais e mais. Boca também típica, macia, taninos presentes e redondos, acidez correta. Acompanhamento perfeito para carne de churrasco. Tem complexidade média, o que lhe faz também um vinho para se pensar. Se alguém deseja conhecer o que é um cabernet sauvignon puro-sangue chileno, sem gastar muito, experimentem este vinho, o qual é um velho conhecido meu e faz parte assiduamente da minha adega e sábados de churrasco. Nota: 90 pontos. Tem preço variável no mercado, mas é mais barato em free-shop. Vale R$ 40,00, mas se você comprar por R$ 30,00, é pechincha!
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Beuujolais-Villages Georges Duboeuf 2009
Comprei esta meia-garrafa no Costa Fortuna e me arrependo tremendamente de não ter trazido outras seis! O Beaujolais é um dos vinhos mais conhecidos do mundo, porém vem sofrendo nos últimos tempos com enorme quantidade e pouca qualidade. Produzido pelo método de maceração carbônica utilizando a cepa Gamay, este vinho sofre atualmente uma crise de identidade, devido em grande parte à baixa qualidade dos Beujolais Nouveau. Este vinho que eu comento é um Beaujolais-Villages, um degrau acima na escala hierárquica. Coloração violeta claro, quase róseo. Aromas de cerejas em compota e framboesas, lembrando em alguns momentos o morango. Tem passagem por madeira, o que é perceptível na degustação. Na boca, é sedoso e não agride em nenhum momento. Poucos taninos, acidez gostosa, muito refrescante! Vinho para o verão. Também acompanha bem queijos leves e carnes pouco temperadas. É muito sutil e delicado, merecendo ser provado à uma temperatura um pouco mais baixa ( 13 graus). Não sei se tem à venda no Brasil, mas se tiver, uma garrafa inteira vale uns R$ 50,00. Nota: 90 pontos.
Poggiano Chianti 2007
Vinho comprado por mim naquele pacote macabro da Enoteca Fasano (vide crítica), mas isto já é coisa do passado! Devo fazer comentários honestos e livre de influências positivas ou negativas. O vinho não vem descrito como um chianti clássico, gerando assim, um ponto negativo. Porém, durante a degustação e harmonização, surpreendeu positivamente. Coloração rubi claro, bem transparente, sem traços de evolução, denunciando ser mesmo um vinho jovem. Aromas simples de frutas bem vermelhas com especiarias. Boca com aquela acidez característica dos Chianti, com madeira presente, tudo sem incomodar. Vinho simples, mas com boa harmonia na sua constituição. Com poucos defeitos, cumpre bem a tarefa de acompanhar massas simples (de domingo), com molho vermelho ou à bolonhesa. Sem frescura, fácil de beber e de agradar. Por cerca de R$ 30,00, vale a compra. Acima disto, tem opções melhores no mercado. Nota: 87 pontos.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
La Cave Jado: show de profissionalismo
Postei recentemente sobre o vinho Saint Qvinis Tinto Domaine de Fontlade 2006 e lancei críticas à La Cave Jado por terem me mandado uma safra diferente da qual eu comprei. Pois bem, sem eu solicitar, prontamente me pediram desculpas e me mandaram uma nova garrafa, desta vez, da safra anteriormente solicitada. Isto é profissionalismo acima de qualquer suspeita! A La Cave Jado mostrou preocupação com a satisfação do cliente, corrigiu o engano e transformou uma queixa num enorme elogio: Parabéns à La Cave Jado, uma empresa pequena em tamanho, mas enorme em competência e honestidade. Precisamos de exemplos como este para vivermos em uma sociedade justa e fraterna. Futuramente irei comentar o Saint Qvinis 2004, com honestidade e sem influência do ocorrido. Se alguém não conhece a La Cave Jado, entre no site. Recomendo particularmente dois vinhos do seu portifólio: Chateau Lamblin Thomas (tinto poderoso e de longa guarda, com incrível caráter mineral) e Cuvee Graviers Cabernet Franc (delicadíssimo cabernet franc do Loire).
Soave Pasqua 2009
Um dos vinhos degustados no Costa Fortuna. Trouxe algumas meia-garrafas para degustar em casa nos dias quentes. O Soave é um estilo de vinho branco produzido no Vêneto (Itália), sendo que os melhores estão ao redor das comunas de Monteforte d'Alpone e Soave, a cerca de 250m de altitude, em encostas pouco íngremes com rico solo vermelho de origem vulcânica. O Soave genérico, produzido nas planícies, tem qualidade nitidamente inferior. Não sei de qual região do Vêneto vem este exemplar, nem de qual casta ele se origina, apesar de saber que a Garganega é a principal cepa branca do Vêneto. Vinho de coloração amarelo-palha bem translúcido. Aromas de pêssegos brancos, bem floral (margaridas?). Textura macia, acidez presente, bem refrescante, corpo médio. Vinho para se degustar com uma entrada leve de frutos do mar ou com queijos suaves e levemente adoçicados como o Maasdam. Paguei US$ 10,00 nesta meia-garrafa e sei que este valor não é real. Nota: 88 pontos, por ser agradável e cumprir o seu papel.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Restaurante La Corte (Montevideo) e RPF Pisano Tannat 2007
É, meus amigos; é infeliz admitir isto, mas é verdade: o Uruguai está numa pindaíba danada! Este simpático país no sul da América do Sul, produtor de alguns bons vinhos, oferece boa qualidade de vida e tranquilidade, mas está à beira da falência. Percebe-se isto nitidamente num simples caminhar por suas ruas do centro. Lojas fechadas, desespero em acolher os turistas e exploração de preços, os quais para nós são normais, mas para padrões uruguaios são abusívos. Por exemplo: sorvete de doce de leite tentação casquinha do Fredo (uma delícia), por R$ 6,00! Vai me desculpar caro leitor, mas compro sorvete em São Paulo por metade do preço. Entrei no Restaurante La Corte, rua Sarandí, centro de Montevideo, lugar tradissionalíssimo! O ambiente é muito bom, entrada imponente, interior aconchegante, três andares. Os melhores lugares para ficar são no andar térreo e na adega inferior, porém estão sempre reservados. Será mesmo? Fiquei no andar superior, bom mas não tão aconchegante. Sentei numa mesa simples e tive um serviço de mesa bem amador. Tudo isso me pareceu explorativo de turista, com privilégio para locais, algo bem parecido com algumas cidades do nordeste brasileiro. Ou seja, eles não estão interessados na preservação do cliente e sim em tirar o máximo daquela passagem naquele momento. Puro amadorismo e desespero de quem está numa decadência tão grande, que já se percebe o desespero em seus olhos. Mais uma vez me desculpe leitor, pois foi isto o que senti no La Corte. Vamos à comida: entecorte de carne macio, mas com tanta gordura que reduz a carne pela metade, filet mignon simples com acompanhamento de papas fritas. Comida simples, bem feitinha, mas sem empolgar. A entrada foi o melhor: presunto cru gostoso e em abundância. O vinho: RPF Pisano Tannat 2007, bom e com preço honesto (R$ 52,00). Ainda jovem, deve estar melhor em 2 ou 3 anos, mas está bom para beber. Coloração vinhosa, sem evolução. Aromas de frutas maduras, carvalho e leve couro. Boca cheia e pesada, como deve ser um Tannat. Taninos vigorosos, que devem arredondar com o tempo. Final longo. Bom vinho, com boa perspectiva de guarda. Nota: 89 pontos. Quanto ao restaurante, se alguém for à Montevideo, prefiram o Mercado do Porto, de preço igual, com mais tipicidade e qualidade.
Quinta do corujão 2002
Este vinho me chamou muito a atenção por dois motivos: o nome inusitado (corujão) e a safra (2002). Comprei na Vinci vinhos, por R$ 42,00 e não vale o preço. Apesar de ser de uma safra mais antiga, permanece vivo, com acidez ainda perceptível. Coloração vinhosa, algo acastanhada, denunciando certo envelhecimento. Aromas de frutas vermelhas ainda vivas, com aquele floral que me agrada, mas denunciou torrefação no dia seguinte. Boca com pouco corpo, mas taninos notáveis. Pega banana seca na boca, mesmo após 2 dias de aberto. Vinho português simples, com envelhecimento tranquilo. Eu comparo este vinho à um senhor de 60 anos que envelheceu com saúde, mas sem muito à oferecer para a sociedade. Agradável, porém não encanta em nenhum momento e não se preservou nos dias seguintes, mesmo com a bomba de vácuo. Por esse motivo leva 86 pontos, nota baixa pelo seu preço. Procurem e acharão coisa melhor no mercado. Querem exemplos: Flor d'englora (R$50,00), Urban Blend (R$37,00), Casa Marín Pinot Noir (R$37,00), Casillero Syrah (R$29,00), etc.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Restaurante La Cabrera (Buenos Aires) com Montchenot 2000
O restaurante La Cabrera de Buenos Aires , já postado várias vezes em blogs na internet, dispensa apresentações. Fui almoçar no La Cabrera Norte, o qual fica 100m de distância do tradicionalíssimo La Cabrera, este estava fechado para o almoço. Ambos os restaurantes ficam em Pallermo, distante 25 pesos de táxi do Porto de Buenos Aires (Atenção: não peguem o táxi em frente ao porto! Basta atravessar a rua, contornar a esquina e andar 100m para pegar um táxi por metade do preço!). Cheguei ao retaurante por volta das 14:30h e incríííível: estava lotado! Tive que esperar uns 30 minutos do lado de fora. Mas, quando se entra no restaurante, todo o esforço compensa: o ambiente é tudo aquilo que você não possa imaginar; uma mistura de novo com velho, tradicional com moderno, tendo direito à maquetes de aviões e panelas pendurados no teto, sem falar na carne à mostra, dentro de um refrigerador, bem no meio do restaurante, sendo que de hora em hora, vai um cozinheiro pegar um pedaço. A carta de vinhos é inusitada: em papel de jornal enrolado como um pergaminho, tendo uma grande variedade de vinhos, dos quais não tive dúvidas do que escolher: Montchenot 2000. Para quem não conhece, trata-se de um vinho feito nos moldes antigos, com muito tempo de passagem em enormes barricas de carvalho e muito tempo descansando em garrafa, para permitir que seja um vinho acima de tudo, elegante. Mas, é elegante sem perder a fruta e a potência. Tem linda cor rubi com toques cor de tijolo e halo alaranjado. Nariz delicioso, que evoca frutas vermelhas e especiarias, com madeira perfeitamente integrada. Boca super sedosa, corpo valioso, álcool imperceptível. Longo final. Vinho de categoria superior por preço de pé-de-boi. Acreditem: R$ 50,00 no restaurante!!! Talvez, o único defeito seja uma pequena falta de complexidade, mas o vinho é tão balanceado, que nada deve à alguns grandes Bordeaux de preço 5 ou 10 vezes maior. Solicitei um bige de chorizo (que originalidade...) para acompanhar. Tudo estava ótimo e o preço, se não é uma barganha, também não assusta. A carne é muito macia e vem escoltada por várias pequenas guarnições (molhos, purês, etc.). Indico sem medo de errar. Vinho nota 92 pontos. Obs: O Montchenot da foto não é o 2000.
Cruzeiro Costa Fortuna: A-DO-RÁ-VEL !!!
Olá, amigos! Depois de 10 dias de ausência, para quem achava que tinha se livrado de mim, eis uma descepção; mas eu estava morrendo de saudades de postar, principalmente quando é destinado à um público especial: o amante do vinho! Este meu intervalo longe do blog foi por um bom motivo: estive à bordo do Costa Fortuna, um navio maravilhoooso, no qual tive a oportunidade de desfrutar suas piscinas, saunas, academias, bares, restaurantes e seus ótimos vinhos! O navio saiu de Santos no dia 14/01/11, com destino à Buenos Aires e após isto, retornou para o Brasil, com escalas em Montevideo e Porto Belo (SC). Salvo pequenos incidentes, que não convém comentários, tudo foi muito gostoso e vou comentar em vários posts, detalhadamente. Inicio hoje, pelo geral do navio: luxuoso, alegre, eficiente e prático. Cabines cômodas, ambiente limpo, serviço de quarto bom, infra-estrutura de lazer ótima, atividades de animação perfeitos e muita organização. Como pontos fortes: jantar à francesa de ótima qualidade, saunas e academia de altíssimo padrão, área de piscina muito boa, artistas ótimos e bares maravilhosos, sendo que o meu preferido foi (claro), o Wine Bar Conte Rosso (ponte 5). É um bar sem defeitos: boa comodidade, bom atendimento, piano e violino e o principal: bons vinhos à preços honestos, o que nos faz rir ( me dei bem!) e chorar ( infelizmente não é a realidade brasileira). É isto mesmo! Por aqui, em São Paulo, pagaríamos uma fortuna para sentarmos num bar destes e bebermos vinhos de igual qualidade! Amarone, Ripasso, Brunello, Rhone, Beaujolais, Mondavi e Don Perignon estão entre as delícias degustadas à preço justo, num ambiente formidável e digno de receber estas pérolas. Basta dizer que bebi dentro do bar, um Ripasso de Valpolicella por US$ 32,00, um Brunello de Montalcino por US$ 65,00 e um Amarone por US$ 60,00! Isto, sem falar de vinhos de Friuli, Sardenha, Piemonte e Sicília por US$ 26,00 à US$ 30,00. E o quê você acha de um Chinti Clássico por US$ 23,00? Ou um Soave, do Vêneto, por US$ 20,00? Não gostou? Então, para fechar, um Prosseco de primeira por US$ 25,00? Derrube lágrimas meus amigos, porquê isto em terras brasileiras, NÃO EXISTE!!! Para finalizar, o melhor do navio: as figuras lendárias e carismáticas que conhecemos! Vale relatar ,com todos os votos de justiça, pessoas que tornaram mais gostosa nossa viagem, como o garçon filipino Aldrin, o camareiro hondurenho Danilo e meu grande companheiro na viagem, uma amizade que espero que perdure muito tempo: o dentista Saul, grande conhecedor de vinhos italianos, principalmente do norte da Itália. Saul foi mais que um personagem significativo, foi um divisor de águas nesta viagem à um mundo de fantasia: o Costa Fortuna. Altamente recomendável! Nota do cruzeiro: 97 pontos!
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Joffre e Hijas Grand Merlot 2004
Fiquei curioso quando encontrei este vinho à venda, por dois motivos. Primeiro, por se tratar de Merlot, cepa não tão difundida na Argentina e segundo, por ser de 2004, ou seja, não é tão novinho assim. Então, caros amigos, ou eu me daria bem ou tomaria chumbo! E chumbo dobrado, porquê comprei duas garrafas!!!
A Malbec se deu muito bem na Argentina e carrega o status de cepa emblemática deste país. A Cabernet Sauvignon tem dado grandes vinhos, a Syrah se encontrou ao norte de Mendoza, a Pinot Noir começa à mostrar a cara na Patagônia e a Torrontés está quase se definindo como uva argentina típica, graças aos exelentes resultados nos Vales Calchaquies. Mas, e a Merlot? Estão fazendo tentativas na Patagônia, de onde experimentei alguns merlot e sinceramente posso dizer que estão bem longe dos nossos melhores brazucas. Este vinho é um Merlot do Vale do Uco, passa bom período por carvalho e posso dizer que passou no teste. Coloração violácea com traços de evolução em garrafa, lágrimas grossas. Aromas de ameixas pretas, chocolate e tabaco. Boca sedosa, álcool comportado e taninos redondos. A madeira está presente, mas não incomoda ou deixa o vinho enjoativo. Numa degustação às cegas, seria facilmente confundido com um bom Carmenere chileno, devido ao toque achocolatado. Este vinho é uma prova de que se a uva for tratada com cuidado e tivermos paciência para esperar o seu melhor momento, bons resultados aparecerão. Bom vinho e bom exemplar de Merlot argentino. Falta um algo mais para encantar, mas é gostoso e não fará feio com um belo filet ou picanha. Nota: 89 pontos. Paguei R$ 45,00. Po este preço, está justo!
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Kretikos Boutari 2008
Algo que ninguém pode dizer é que eu não seja corajoso para comprar vinho! Caso contrário, o que me levaria à comprar um vinho feito com 60% Kotsifali e 40% Mandilaria ??? É isso mesmo que vocês leram! E não me perguntem, porquê nem imagino o quê são estas castas! Sei que o vinho é produzido em Creta, na Grécia e foi isto o que me levou à comprá-lo, pois tive uma grata surpresa com um vinho grego tempos atrás. Vamos ao vinho: coloração rubi bem transparente, bem parecido com alguns pinot noir do novo mundo ou Beaujolais. No rodar da taça, se percebe um vinho denso, com bom corpo, algo oleoso, fator que me agrada. Aromas francos de cerejas e amoras frescas, sem muita complexidade, denunciando ser um vinho bastante simples, feito para o dia-a-dia. O álcool atrapalha um pouco o olfato e o paladar, então provei o vinho numa temperatura mais baixa e bingo! Deu certo, o gelinho realçou as qualidades principais do vinho: a acidez e o frescor. Na boca, é bem ácido e dá agulhadas na língua, o transformando no par ideal para pratos picantes e massas com molho vermelho. Pois é, no visual é parecido com pinot noir, no aroma, com um Beujolais e no paladar, com um Chianti. É claro que não é tudo isto, apenas estou tentando definir este curioso vinho. É um vinho bem diferente e sua compra vale pela curiosidade e não pela qualidade, porquê pelos R$ 38,00 que paguei por ele, temos muitas melhores opções no mercado. Repito, vale a compra, também pelo fato de conhecermos algo diferente. Nota: 86 pontos.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Champagne Irroy Brut
Este é um dos Champagne que vieram na promoção de fim de ano do clube Wine. Produzido à partir de 35% Pinot Noir, 30% Chardonnay e 25% Pinot Meunier é mais um exemplar elegante que honra as tradições locais. Imagino que não devem existir espulmantes ruíns em Champagne, até mesmo porquê com esta história de o vinho não ser safrado, dá liberdade ao enólogo de misturar diferentes safras com fins de se obter uma regularidade maior nos seus produtos. Coloração amarelo palha, perlage fina e abundante, espulma boa, mas não persistente. Aromas de pêssegos brancos, castanhas, algo tostado e flores brancas. Boca com acidez correta, cremosidade média e um leve amargor final que incomoda um pouco. Persitente, vivo e gostoso. Na minha opinião é inferior ao Mountadon, o qual é mais harmônico e cremoso. Paguei R$ 75,00 e valeu cada centavo. Ótimo vinho espulmante. Nota: 90 pontos. Que bom que hoje podemos apreciar estas delícias em terras tupiniquins, sem desembolsar uma fortuna, mas antes que alguém diga que "nunca antes na história deste país",é bom lembrar que o dólar tende à subir nos próximos meses, então corra e compre vinhos de verdade antes que seja tarde!
sábado, 8 de janeiro de 2011
Amalaya Colomé Malbec 2007
Gosto muito deste vinho! É um vinho antagônico: rude e elegante, forte e fresco, ótimo e barato! A Bodegas Colomé está situada nos Vales Calchaquies, à 2000 metros de altitude e é o melhor representante do que se chama vinhos de altitude argentinos. Produz obras primas, torrontés elegantes e tintos de base típicos e gostosos. Amalaya é um blend de Malbec (maioria), cabernet sauvignon, syrah e tanat. Muito bem feito, tem coloração violácea, corpo ágil na taça, aromas bombando geléia de amora e ameixa, com madeira presente e muito bem integrada ao conjunto. Tem um toque selvagem que o distingue dos outros vinhos e talvez seja o segredo do seu sucesso. Tem frescor garantido e na boca é macio, com acidez correta, harmonioso e elegante. Vinho com qualidades bem acima do seu preço e é sem dúvida, um best buy. Como disse em uma postagem anterior, gosto não se descute e fico muito confortável para lhe dar 90 pontos. Preço: R$ 45,00. Harmoniza muito bem com um filet mignon ao molho quatro queijos. Compra certa e segura para qualquer ocasião. Ninguém se arrempederá!
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Saint Qvinis tinto 2006 Domaine de Fontlade
A primeira descepção com um vinho da La Cave Jado. Inicia-se com a safra: comprei um 2004 e veio um 2006. Continua com as informações: no site da La Cave Jado encontra-se que o vinho é constituído de 60% Syrah e 40% Grenache, mas no contra-rótulo do próprio vinho encontra-se Syrah, Grenache e Cabernet, sem descrição sobre as proporções de cada casta. Termina na própria degustação: bem inferior ao preço que se paga e em relação aos outros vinhos degustados da La Cave Jado. Vinho produzido na AOC Côteaux Varois, na Provence (vale lembrar que a Provence é famosa pelos vinhos rosés). Coloração vemelho rubi com reflexos rubi, lágrimas sutis, bom corpo. As lágrimas bem finas denunciavam um vinho com pouca graduação alcoólica, mas no nariz o álcool roubou a cena não deixando para ninguém. Consegui sentir apenas framboesas e cerejas frescas, com leve especiaria e toque da madeira, apesar de não saber se passou por madeira, pois não consta no site, nem no contra-rótulo. Na boca, o álcool pegou de novo e atrapalhou a degustação, mas percebe-se uma forte acidez e um bom corpo, talvez o forte deste vinho. No site, diz-se que este vinho é harmonioso, o qeu discordo totalmente, pois foi justamente a falta de harmonia que me desagradou. Tentei decantar o vinho para ver se melhorava, mas não deu certo. Fechei a garrafa com vacuvin e bebi no dia seguinte (alguns vinhos melhoram com esta técnica), mas não adiantou. Pensei então que, talvez em 2 ou 3 anos, o vinho estaria melhor, aí me lembrei de que me enviaram a safra errada e por fim, desisti do vinho. Não se trata de um vinho ruím, mas é apenas razoável, servindo para o dia-a-dia, mas custa R$ 58,00, bem acima da proposta do dia-a-dia e bem próximo da realidade brasileira dos vinhos franceses. Mas, tudo isto não tira o brilho da La Cave Jado, pois foi o primeiro tiro errado de 5 tiros realizados. Nota: 85 pontos.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Sobre pontuações e críticas: uma breve pincelada.
Escrevo este artigo depois de ter sido interrogado por colegas sobre critérios e veracidade de pontuações. Mas, o quanto vale estas pontuações? O que tem de marketing atrás disto? São confiáveis? A resposta que dou, meus amigos, é a mais verdadeira e menos trambiqueira possível: depende do ponto de vista, do nível de conhecimento e do paladar de cada um. É inegável que os grandes críticos mundiais têm enorme competência técnica para avaliar e julgar um vinho, assim como também têm de ter um mínimo de ética à ponto de não colocar em risco suas valorizadas opiniões. Maaaaasss, também é certo, mas não declarado publicamente (ninguém é bobo!) que rola uma graninha por trás dos bastidores, com fins de hiper-valorizar um determinado produto. Seria o equivalente a "mala branca" do futebol, ou seja, dar um "incentivo" para o time ganhar. Se não existisse a "mala branca", como então justificar 98 pontos para o Cobos Malbec? 90 pontos para o Álamos Malbec? 96 pontos para o Almaviva? 100 pontos em diversas safras para o Pétrus? Será que existe um vinho perfeito? Se existir, então nunca mais provarei nada melhor em minha vida terrestre? Após estas colocações, gostaria de fazer alguns comentários. Considero muito importante o papel destes cultuados críticos de vinho, porquê acho que são formadores de opinião e ditam positivamente o caminho à seguir. Também considero que suas avaliações são uma bela ferramenta de orientação na hora da compra. Mas, acho que tudo deve ser dosado e que não existe opinião que corresponda à uma verdade absoluta. Cada crítico avalia um vinho de acordo com seu próprio paladar e está provado cientificamente que cada pessoa tem percepções diferentes de um mesmo produto. Portanto, isto justifica certas diferenças de notas entre um crítico e outro. Por exemplo: Robert Parker tem uma tendência à valorizar vinhos com fruta e maturidade maiores, Jancis Robinson vai mais pelo lado da elegância, Patrício Tapia gosta de acidez marcante nos vinhos, Wine Spectator puxa a sardinha para os vinhos americanos e australianos e por aí vai... Então senhores, a minha dica é: procure qual crítico se encaixa no seu gosto e siga suas opiniões, ao invés de você ter que abdicar do seu paladar para seguir críticas e não correr o risco de sofrer de Parkerização*. A melhor forma de termos opinião própria é estudando, bebendo e tecendo comentários sem medo de reprovações. Se você acha que aquele vinho tem cheiro de xixi de gato e merece 92 pontos, então diga que sim! Em relação às notas dos críticos, acho que o mais confiável é aquele vinho que é avaliado por diversos críticos e recebe pontuações semelhantes entre eles. Por exemplo: 92, 90, 90, 89 e 91 pontos. Ou: 91 em 100 pontos, 4 em 5 estrelas, 17 em 20 pontos. Considero o sistema Parker de pontuação, se não o melhor, mas o mais universal, por isso é o que adoto em meu blog. Não sou dono da razão, mas algo tenho para oferecer aso leitores: sinceridade e honestidade. Ah! Também estou aberto à críticas e sugestões. Até a próxima!
* Parkerização: Doença grave e progressiva, sem perspectivas de cura, que vai consumindo o enófilo à ponto deste só comprar e consumir vinhos com altas notas de Robert Parker, deixando os vinhos de baixa nota estancados nas prateleiras dos supermercados e importadoras, perdendo assim, uma grande oprtunidade de prazer pessoal.
domingo, 2 de janeiro de 2011
Viña Real Viura 2006
Este vinho é algo inusitado que deu certo. Tenho pouca experiência em vinhos brancos espanhóis, mas este chamou a atenção pelo preço, rótulo e casta. Se pouco sei de vinhos brancos espanhóis, menos ainda desta casta Viura, então recorri à artigos de internet que dizem que se trata de uma casta muito difundida na Espanha, principalmente para produção de Cava. Também chamada de Macabeu, deve ser bebida jovem devido seu carácter refrescante. Pois bem, no caso deste vinho, ela é fermentada em carvalho e se trata de uma safra 2006, contrariando o que li nos artigos de internet. Mas, o resultado é muito bom! Coloração amarelo palha com reflexos dourados, lágrimas grossas que descem lentamente pela taça. Maracujá doce, mel, manteiga suave e castanhas constituem o agradável aroma. Na boca, o ponto forte: untuoso sem perder a leveza, macio e suave sem perder a acidez, longo e balanceado sem ser enjoativo. Não quero saber de notas de grandes críticos e nem de opiniões de terceiros dizendo que vinhos brancos têm que ser bem suaves e refrescantes. Se eu quiser refrescância, busco um sauvignon blanc ou espulmante, mas também não dá para beber manteiga de garrafa vendida como vinho. Este vinho é o meio termo de tudo isto. Dá banho em muito chardonnay repultado que tem por aí.. Por exemplo, no Grand Tasting da Grand Cru de 2010, provei o Cobos Chardonnay e posso afirmar para vocês que não é em nenhum momento melhor, ou se quer igual ao Viña Real, sem contar que custa 3x mais. Na minha modesta opinião, o Viña Real Viura 2006 é um belo vinho, harmonioso, balanceado e bem gostoso, combinando muito bem com carnes brancas à base de molho branco. Preço: R$ 65,00. Nota: 92 pontos.
sábado, 1 de janeiro de 2011
Escudo Rojo 2008
O nome Rotschild é consagrado no mundo dos vinhos e portanto, confiável na hora da compra. Este vinho é facilmente encontrado no Free Shop, com um preço bem abaixo do mercado nacional, o que o torna bastante viável comercialmente. Já o adorei quando era amante da madeira e já o odiei quando passei à valorizar a elegância, porém em nenhum momento o menosprezei. Hoje, com um conhecimento técnico e prático bem maior, acho que este vinho é correto, tem um estilo bem definido (que busca a maturidade) e agrada bastante. Coloração vinhosa, com alta concentração; lágrimas médias, corpo intenso. A boca denuncia o excesso de álcool e madeira, mas tem o toque herbáceo do Maipo. Preço: US$ 17,00. Nota: 89 pontos.
Salton reserva ouro
Espulmante básico, apesar do nome "ouro", da prestigiada vinícola Salton, uma das gigantes nacionais, principalmente no ramo de espulmantes. Assemblage de chardonnay, pinot noir e riesling, com bom resultado prático. Coloração amarelo palha com reflexos dourados, aromas simples de frutas cítricas, castanhas e pão tostado, perlage não intenso, mas persistente, bastante espulmante. Boca levemente doce, mas acidez presente, agradável. Vinho pouco complexo, mas cumpre sua função para a faixa de preço. Vale para uma festa ou como descontração de fim de noite. Preço: R$ 24,00. Nota: 86 pontos.
Espulmante Moscatel, do tipo Asti, com baixa graduação alcoólica (7,5%), ideal para acompanhar panetones e doces leves, bom para finalizar jantares, sendo uma alternativa mais barata aos Sauternes ou Late Harvest, até mesmo o Porto. Coloração amarelo palha sem novidades, bom perlage, aromas cítricos de frutas cristalizadas, boca gostosa, com um doce não enjoativo. Não empolga, mas também cumpre sua função. Preço: R$ 18,00. Nota: 85 pontos.
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