O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Château Mas Neuf Paradox Blanc 2009

Apostei neste branco do Rhône, porquê gostei muito de um belo exemplar que degustei certa vez em uma feira de vinhos e que tinha características semelhantes. O corte é bastante diferente para nós, sul-americanos acostumados com chardonnay, sauvignon blanc, torrontés e viogner. Trata-se de uma composição de 65% grenache blanc com 35% roussanne. Não passa por madeira, o que é facilmente perceptível durante a degustação. Coloração amarelo claro com reflexos verdeais. Aromas muito tímidos que me lembram muito mais mineral do que fruta. Dá para perceber aquele aroma bem discreto de pedra de isqueiro, algo de gasolina e muito pouca fruta branca. Na boca, tem corpo leve para médio, boa acidez, amargor que incomoda no final e álcool um pouco evidente. Melhora bastante com comida e tem certa versatilidade gastronômica. Olha, é bem parecido com aqueles Torrontés de médio porte. Custa em torno de R$50,00 e definitivamente não vale a compra. É apenas mediano no patamar inferior, perdendo feio para outros vinhos brancos na mesma faixa de preço. Nota: 85 pontos.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Del fin del Mundo Reserva Malbec 2008

É realmente muito interessante o que ocorre com o mundo do vinho. Vejam bem, até alguns anos atrás, a Patagônia era totalmente desconhecida como zona produtora de vinhos, até que alguns corajosos empreendedores decidiram plantar uvas ou "ressucitar" velhas e largadas parreiras, apostando tudo neste novo terroir. À princípio, a uva que se destacou foi a Pinot noir, renegada por muitos em Mendoza e que enfim encontrava seu ambiente ideal na fria Patagônia (será?). Mas olha só como o mundo dá voltas; por mais que se tente cultivar Pinot noir na Patagônia, estes (com exceção do Chacra) ainda não conseguiram alcançar o grau de qualidade esperado e a uva que mostra melhores resultados na Patagônia é ...a Malbec! Coincidência ou não, após o "boom" de Pinot noir na Patagônia, começaram à surgir alguns bons Pinot em Mendoza!!! Deus salve a concorrência! A verdade é que hoje, já temos bons Pinot em Mendoza e que os melhores vinhos da Patagônia são de Malbec ou tem Malbec no blend. Este Del fin del mundo reserva malbec é um vinho que tem um apelo comercial muuuito grande e usa a "marca" Patagônia como ninguém, mas o vinho é bom? Na minha opinião, é apenas mediano. A coloração é típica de malbec jovem: violáceo escuro com grossas manchas e lágrimas. Os aromas são bem simples, de frutos vermelhos maduros e groselha, com uma boa contribuição da madeira. Na boca, se comporta bem apesar do álcool um pouco evidente. Tem boa acidez, corpo médio, taninos presentes e adequados e final médio. Como se percebe, é um vinho correto, com poucas arestas, mas não empolga em nenhum momento. A pouca complexidade o torna um "vinho chato", mas não chega à ser cansativo. Comparo este vinho ao nosso Salton Volpi Merlot, sendo que este último ainda está um degrauzinho acima. Acho que não vale o preço que se paga por ele (em trono dos R$ 50,00). Nota: 86 pontos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Missiones del Rengo Cuveé Carmenere 2007

A Missiones del Rengo ganhou fama no Chile por seus vinhos bastante comerciais e acessíveis, resultando num estrondo de vendas. E, para falar a verdade, seus vinhos mais simples são realmente agradáveis e tem um excelente custo. O problema se inicia quando estas vinícolas populares se metem à fazer vinhos de uma gama um pouco mais alta e consequentemente de custo mais alto. Estes vinhos mais criteriosamente produzidos são realmente melhores que seus primos mais pobres, mas a diferença que se paga por eles me parece irreal. Resumindo, prefira a linha mais básica, que tem custo-benefício melhor. Enfim, vamos ao vinho: coloração violácea, lágrimas grossas, bom corpo, álcool um pouco aparente, aromas de frutas vermelhas maduras, chocolate, pimentão e madeira bastante nítida. Um clássico carmenére chick de "povão". Acidez miúda bem discreta, que perde feio para o lado doce do vinho. É um vinho que não desagrada, mas também não empolga. Típico vinho mediano, bom para pratos mais encorpados. Acho um pouco estranho a alta nota dada pela Wine Entusiast (91 pontos) para este vinho. Eu não concordo, minha nota é 87 pontos. Preço: em torno dos R$ 60,00, caro para o que este vinho oferece.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Arturo Cabernet sauvignon 2008

A foto ao lado foi a única que encontrei !
Este vinho NÃO é aquele Don Arturo, o qual está à venda na Expand. Trata-se de um vinho nacional, produzido em Encruzilhada do Sul e engarrafado pela Lídio Carraro. Procurei por referências deste vinho na internet e a única coisa que encontrei é que ele é produzido especialmente para a importadora Cone Leste de Campos do Jordão. Bem, este eu experimentei no restaurante Paestum, em Guaratinguetá e esta meia-garrafa me custou R$27,00. Vou ser sincero, devido à escassez de opções em meia-garrafa (defeito comum nos restaurantes), optei por este vinho, por ser novidade e estar apresentado numa bela e delicada garrafa (quem disse que a apresentação não interfere na escolha do vinho?). A coloração é violácea escuro quase negro, as manchas na taça são generosas. Os aromas são fortes em ameixas pretas, tabaco e algo animal. Evolui na taça para café e muita fruta. A textura é rústica, os taninos são pesados e o álcool está um pouco aparente no princípio. É um cabernet sauvignon puro-sangue e cheio de potência tânica. Olha, numa degustação às cegas, eu diria que estaria bebendo um vinho mendozino, devido à marcante presença de fruta madura e o toque animal. Parece que o vinho não passa por madeira, mas tem um grande corpo e a acidez do terroir gaúcho vai manter vivo este vinho por mais 3 ou 4 anos. Grata surpresa, pena que é dificílimo de se encontrar. Quanto ao preço, vejamos: se eu paguei R$27,00 nesta meia-garrafa em restaurante (o qual pratica uma boa margem de lucro), deve custar uns R$30,00 a garrafa inteira na importadora. Por este preço, é uma bela compra. Nota: 87 pontos.

sábado, 24 de setembro de 2011

Calyptra Gran Reserva Chardonnay 2007

Impressionante chardonnay chileno! Não por ser parecidíssimo com um Chablis ou Mersault, mas justamente pelo contrário, ou seja, este vinho tem personalidade! Mas não aquela personalidade que caracteriza vinhos esquizitos e intragáveis. É uma personalidade que promete revolucionar os vinhos da américa do Sul. Por quê? Este vinho 100% Chardonnay é produzido no Alto Cachapoal, literalmente aos pés da Cordilheira dos Andes, com amplitudes térmicas alucinantes e passa incríveis 24 meses em barricas de carvalho. O resultado: um vinho branco extremamente fresco, saboroso, guloso, denso, gastronômico e que mostra um tostado muito agradável, proveniente do seu estágio no carvalho. É incrível como conseguiram deixar o vinho 24 meses em barrica e istõ ser imperceptível no nariz e na boca! Coloração amarelo dourado com muito brilho e limpidez. Grande corpo, enche a boca, mas não chega à ser lácteo. Tem ótima acidez, muito frescor e muita aromaticidade. Abacaxi e maracujá se destacam, com um delicioso tostado da madeira. Não tem aquela avelã ou amêndoas dos ótimos Chablis. Nem de longe se sente aquela manteiga pesada de outros chardonnays barricados. Belo retrogosto e final longo, para um vinho branco. O dono do empreendimento é o Dr. José Zarih e o enólogo responsável é o toneleiro Francois Massoc. Sim, é ele mesmo (Massoc) quem faz as próprias barricas onde descassam estas jóias do Novo Mundo. Por quê este vinho tem personalidade? Porquê Zarih e Massoc apostaram em algo novo: dois extremos que se unem (o frescor da Cordilheira e o maduro do carvalho). É isso meus amigos, eles conseguiram o que parecia impossível: colocar um chardonnay longo tempo em barrica e ainda assim deixá-lo com frescor, além da boa complexidade. É por isso que este vinho é literalmente uma "mosca branca", pois é único aqui na Ámérica do Sul. Bem provavelmente não seja o melhor chardonnay da américa do Sul, mas é sem dúvida o mais original e o que tem mais personalidade. Um belo vinho que foge às regras. Vale cada centavo de seus R$76,50. Aliás, nesta faixa de preço, só me recordo do Amayna para fazer frente, porque o resto é mais caro. Nota: 92 pontos.

C de BY 2008

Aqui está um vinho 100% Gamay proveniente de sua terra natal, Borgonha. Eu poderia resumir todo o comentário nesta primeira frase. Por quê?  Sim, porquê este vinho é justamente o que se espera de um Gamay simples da Borgonha: bonito visual vermelho-róseo, aromas discretos de frutas vermelhas bem frescas com levíssimo herbáceo, muito frescor no nariz e na boca, acidez presente, levíssimos taninos, bastante frescor, final curto. É isso! Simples? Sim, mas quem disse que um Gamay menor poderia ter complexidade? Não, este vinho não foi feito para ser complexo; foi feito simplesmente para ser agradável e é! Mas não empolga. Foi bom companheiro para um Congrio rosa grelhado com camarões. É gastronômico e bastante correto, com arestas imperceptíveis. Pena o alto preço que se paga por este vinho: R$69,00. Neste valor, encontramos vinhos bem mais atraentes no mercado. Talvez, estejamos pagando pela fama de um Borgonha. Nota: 87 pontos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quinta Don Bonifácio Tannat Reserva 2007

Interessante saber que a Serra Gaúcha não se restringe apenas à Bento Gonçalves e às pequenas cidades ao seu redor. Este vinho vem de Caxias do Sul, importante cidade do Rio Grande do Sul, que foge um pouco do centro turístico enológico da Serra Gaúcha. Por ser proveniente de um local um pouquinho diferente, achei que ia encontrar também características diferentes neste vinho, mas a prática da degustação mostrou que o terroir genérico do Vale dos Vinhedos falou mais alto: é um autêntico vinho brasileiro da Serra Gaúcha: coloração vermelho escuro com reflexos violáceos, denso, bastante denso, aromas de amoras maduras, ameixas maduras, tostado e aquele café típico, acidez bem presente, rusticidade tânica e final longo. Já viu este filme? É claro, é mais um vinho mediano da Serra Gaúcha, que vai agradar alguns e desagradar muitos. Enfim, é aquele velho defeito deste terroir gaúcho: a uva (neste caso, a Tannat) NÃO amadurece direito perante aos constantes holocaustos da natureza daquele lugar e aí, dá-lhe madeira (neste caso, 16 meses de carvalho francês) para disfarçar os defeitos. Resultado: bomba de madeira! Mas vejam bem, caros leitores, percebe-se também os intensos esforços dos produtores na tentativa de conseguir um bom produto, tanto que considero o vinho bastante razoável, mas não ao ponto de custar mais caro que o Don Laurindo. Apesar dos esforços dos produtores, a natureza é impiedosa! Então neste caso, que o vinho custe no máximo R$ 30,00. Para terminar, acho que o melhor terroir brasileiro para a Tannat é a região da Campanha Gaúcha. Nota: 86 pontos. Preço: em torno de R$40,00.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Tenuta Sant' Antonio Monti Garbi Ripasso 2008

A primeira vez que bebi um vinho de ripasso, eu simplesmente não sabia o que estava bebendo, mas gostei daquele "docinho na boca". Após esta experiência na infância da minha aventura enológica, nunca mais bebi um vinho de ripasso. Hoje, já com um conhecimento bem mais elevado do mundo vinícola, me dou este prazer, e que prazer. O vinho de ripasso é produzido na região do Vêneto, com as mesmas uvas do Valpolicella, só que durante o processo de vinificação, ele passa um período em contato com as borras do Amarone, o qual é um vinho produzido à partir de uvas passificadas. Daí seu gosto docinho, daí ser um vinho fácil de beber. Mas não se engane, tem 14% de graduação alcoólica, imperceptível na boca (perigooooso...). Belíssima coloração rubi claro bem brilhante, muito parecido com aquelas bolinhas de árvore de natal (foi isso que veio à minha cabeça). O visual alegre chama o nariz para a taça: framboesa e amoras, canela, especiarias, nada muito complicado, mas com muita aromaticidade. Na boca, vem o "docinho", taninos muito bem polidos, maciez e uma acidez que o torna bem gastronômico. Final curto que não atrapalha. Nada enjoativo, é muito fácil de matar a garrafa inteira! Vinho que me traz boas lembranças, desta vez me trouxe muitos prazeres e deixará também muitas saudades. Vale a investida, está no clube w deste mês. Nota: 90 pontos.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Importadoras que utilizam o dólar como base de preços: é justo?


Companheiros enófilos, escrevo este post numa data em que temos uma disparada do dólar como há bom tempo não se via e como consequência disto, houve uma disparada no preço dos vinhos vendidos pelas importadoras que se baseiam no dólar. Ora, mas será que essa política do uso do dólar é honesta? Vamos à alguns pontos:
1) Vinho no Brasil não é barato (há quem culpe os impostos, mas a margem de lucro praticada pelas importadoras também é grande).
2) Nuuuuuuunca vi dólar cair! O que aconteceu nos últimos meses foi algo inédito neste país e talvez nunca mais volte à acontecer porquê na menor ameaça, vem o governo aumentando impostos, criando tarifas, etc,etc,etc; tudo para "favorecer o mercado interno". Ora, não seria mais fácil diminuir os impostos para produtos nacionais???? Pôxa, afinal de contas quem vai pagar o pato desta palhaçada toda somos nós!!! Tudo isto para dizer: Apostar no dólar como referência sempre foi e sempre vai ser um bom negócio!
3) Mesmo com o dólar caindo, o quê as importadoras fizeram com seus campeões de vendas (Álamos, Alto las hormigas,etc.)? Simples, subiram o valor do vinho aumentando o valor em dólar (Ex: um vinho que custava US$16,00 passou à custar US$ 18,00). Legal, né?
4) E agora que o dólar subiu? O preço do vinho em dólar vai cair? KKK, vocês acham que isso vai acontecer?
Pessoal, vamos usar a nossa massa cinzenta cerebral para comprar nosso líquido adorável. Como a margem de lucro da maioria das importadoras é muito grande, vamos comprar promoções, pechinchar (entenda negociar) e dar atenção àquelas importadoras que estão ao nosso lado (ou mais próxima de nós). NÃO ACEITE PREÇOS ABSURDOS ! Tem muita gente querendo entrar neste negócio e tem muito produtor lá fora querendo entrar aqui no Brasil (conforme foi presenciado por mim na Expovinis 2011), portanto não precisamos ter medo, porquê não vai faltar vinho bom à preço justo! Não estou sugerindo boicote em massa à estas importadoras, apenas estou pedindo responsabilidade na hora da compra!
Me despeço em tom de tristeza com uma melancólica lembrança: "como estava bom beber um bom vinho no dia-a-dia por menos de R$30,00". E agora José?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Valmarino Cabernet Franc X 2005

Tremendo vinho brasileiro! Ouvi muitos comentários positivos à respeito deste vinho, mas não imaginava que a qualidade deste 100% Cabernet Franc de Pinto Bandeira, fosse tão grande. Aliás, acho que o brasileiro tem que descobrir os vinhos desta vinícola familiar, que tem boa qualidade média e preços ótimos. Vamos ao vinho: a garrafa é a básica de um estilo bordeaux e o rótulo é um exemplo de simplicidade e bom gosto. O visual é belo: vermelho rubi-granada com bordas levemente alaranjadas e muita limpidez. As lágrimas escorrem grossas e mancham pesadamente a taça. Os aromas são deliciosos e evolutivos: ameixas pretas, especiarias (em vinho nacional, pode acreditar!), alcaçuz, tabaco, café. Sente-se até o herbáceo característico da cepa. É uma ciranda que vai e vêm, mudando de estilo em diversos momentos. Na boca, taninos macios, arredondados, acidez ótima e final longo. Um belo vinho em um grande momento, mas pode comprar e guardar que ainda tem no mínimo, 3 anos de vida (ou mais). Este vinho é para calar a boca de quem critcica vinho nacional e diz que é cheio de excessos, ou ainda, para quem diz que o Vale dos Vinhedos está ultrapassado para uvas tintas. Numa garrafa de Bordeaux, este vinho custaria R$ 300,00, mas por aqui, você pode comprá-lo por cerca de R$ 50,00! Um dos melhores vinhos brasileiros que eu já bebi, se não for o melhor. Muito bom! Nota: 91 pontos. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Beronia Tempranillo elaboracion especial 2009

A Espanha é o terceiro maior produtor mundial de vinho, estão passando por uma crise econômica com alto nível de desemprego e o dólar está baixo. Resultado deste contexto: uma enxurrada de bons vinhos espanhóis desembarcando no Brasil por preços jamais vistos. Nesta onda espanhola, é interessante notar que a maioria dos vinhos que estão vindo têm uma qualidade média muito boa, o quê nos deixa confortáveis na hora da compra. É o que ocorre com este 100% Tempranillo, produzido nos moldes e padrões do Novo Mundo, com 9 meses de passagem em carvalho americano. Resultado: uma bomba de carvalho no nariz e na boca! Mas, é ruím? Não. Apesar do meu gosto mais voltado à elegância e harmonia, tenho que considerar que o vinho é interessante. Coloração vermelho púrpura com halo e reflexos violáceos, denunciando sua jovialidade. Aromas muito marcados pelo tostado da madeira (côco queimado), generosas frutas maduras em compota (geléia de framboesa) e leve herbáceo. Na boca, nota-se boa acidez, textura aveludada e taninos comportados. Sim, o vinho tem mais equilíbrio na boca do que no nariz. O retrogosto é agradável e o final é bem longo. Como deu para ver, o vinho tem certa complexidade à ponto de fazer pensar, portanto tem suas qualidades, mas está longe de ser um grande vinho. Prepare um prato intenso para acompanhá-lo, senão... Vale a experiência deste Tempranillo espanhol meio Novo Mundo, mas poderia custar mais barato que seus médios R$ 75,00. Nota: 88 pontos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crios Rosé de Malbec 2008

E devido ao forte calor e ao clima seco que se instalou em São Paulo, eis que temos mais um rosé no blog. É fácil de explicar: nada refresca mais que um rosé geladinho e como a função do rosé é refrescar o dia, então vamos aos comentários, sem firula. Coloração salmão vermelhinho com reflexos alaranjados, confesso que foi surpreendente para mim. Aromas que pouco dizem, como é comum nos rosés: pequenas frutas vermelhas, com discreta groselha e flores sutis. Todo rosé se revela na boca e ... surpresa! Um frescor e acidez inimaginável para um lugar tão quente como Mendoza. Cumpriu sua função com louvor! Parabéns para Suzana Balbo, pois ela consegue tirar água de pedra. Rosé acima da média, que vai agradar a maioria. Preço: R$35,00. Nota: 86 pontos.

Emilio Moro D.O 2006

Ribeira del Duero deixou de ser novidade há muito tempo e hoje disputa com Rioja, a liderança espanhola de vinhos, no que se refere a qualidade. Compra-se com relativa segurança um vinho de Ribera del Duero, mas também paga-se caro pela fama, então quando nos deparamos com um vinho bem pontuado (92 RP, 91 WS) por um preço que não é absurdo (R$ 79,69 no clube w), partimos logo para a compra. Mas, se levarmos em consideração a benevolência de Robert Parker e Jay Miller com os vinhos espanhóis ultimamente (vários vinhos com preço até R$ 50,00 com 90 ou 91 pontos), talvez fosse mais prudente não esperarmos tanto. Este vinho se inicia bem na garrafa simples com um rótulo simples, sem frescura. Continua muito bem no visual, com um lindo vermelho-rubi irradiante e bordas dicretamente alaranjadas; belo visual! Os aromas se iniciam com fruta pesada dominando a cena e um cravo bem evidente. Evoluem, após algum tempo em taça, para tabaco, couro e alcatrão. Na boca, uma acidez que rasga a língua e taninos rústicos de fazer inveja à qualquer banana verde, fazem a história da primeira metade da garrafa. Assim que o vinho decanta, os taninos se arredondam e o vinho fica mais domesticado, sente-se a textura mais sedosa e o vinho fica mais fácil de beber. Mas, querem saber de uma coisa? Prefiro o vinho rústico e pesadão da primeira metade da garrafa, porquê é mais encantador. O que me incomodou neste vinho é como a madeira ganha muito destaque na segunda metade da garrafa, ocupando quase toda a cena. Sim, exageraram um pouco no carvalho e isto torna o vinho um pouco cansativo no final. No geral, taí um peso-pesado espanhol,100% tempranillo, que passa 12 meses em contato com barricas de carvalho e que tem no mínimo mais 5 anos de vida pela frente. Nota: 91 pontos.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Moulin de Gassac Figaro Rosé 2010

A terra dos vinhos rosé é a Provence (França), mas não podemos nos esquecer que em outras regiões da França também tem vinho rosé, como é o caso deste Fígaro da região de Languedoc Roussillon, sul da França. Aliás, esta região vem mostrando uma versatilidade muito grande, produzindo vinhos de diversas categorias e preços, quase sempre muito honestos. Corte de 60% Cinsault, 15% Carignan, 10% Grenache, 8% Syrah e 7% Chenin, este vinho mostra uma cor salmão meio casca de cebola que o aproxima um pouco dos rosés da Provence. Como em quase todo rosé mais básico, aromas tímidos remetendo à pequenos frutos vermelhos e algo floral. A boca é o grande teste do rosé e este não descepciona: fresco, com acidez à tona, leve e fácil de beber. Pronto, isto é um rosé de caráter refrescante, muito convidativo para canapés. Está um pouco acima da média dos rosés do mercado e o preço é convidativo (R$35,00). Boa opção para iniciar o programa. Nota: 86 pontos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Perez Cruz Syrah 2008

A Perez Cruz está localizada em uma das melhores regiões do Alto Maipo e seus vinhos não desmentem a origem. Independente da uva, o que mais se percebe ao beber os vinhos da Perez Cruz, é que eles são do Maipo. E a forma como o terroir fala através dos vinhos é muito bonito e emocionante. Coloração rubi violácea com lágrimas lentas e pesadas denunciam a jovialidade e o alto teor alcoólico (14,5%), imperceptível na boca. Os aromas mostram uma tipicidade muito grande da cepa: frutos vermelhos bem maduros, leve bauninlha e um mentol que encanta do primeiro ao último momento. Na boca, o ponto mais forte deste vinho: textura sedosa, volumoso, carnudo e viril; tudo isso com uma incrível refrescância dada pelo mentol. É como se tivesse chupando Halls, uma delícia! Taninos redondos e final longo completam este ótimo vinho que deixa saudades após o último gole. É verdade que tem alguns excessos de madeira e fruta super-madura, mas isto não tira o brilho deste vinho que aposta no grande corpo que tem. Um vinho guloso e apetitoso. Preço: R$ 78,00. Nota: 92 pontos.

domingo, 4 de setembro de 2011

Seral Corvina Veronese IGT 2004

Literalmente perdido dentro da minha adega, é assim que estava este vinho. Mas é legal isto acontecer de vez em quando, pois assim temos a chance de beber um vinho mais evoluído e admirarmos notas de degustação não presentes em vinhos jovens. Produzido no Vêneto, é um varietal de Corvina veronese que passa por madeira no mínimo 6 meses. Vinho vermelho granada com halo alaranjado de evolução. Lágrimas lentas e giro ágil na taça. Aromas com boa complexidade: especiarias, figo seco, terroso e leve cedro. A acidez mantém este vinho vivo e equilibra os já perceptíveis toques de torrefação. Taninos polidos e final longo aumentam o prazer em beber o vinho. Como de rotina em vinhos italianos, cresce muito com a comida e foi ótimo companheiro de uma lazanha à bolonhesa. Beba logo porquê está no limite. Preço: R$ 57,00. Nota: 88 pontos.

Carmen Classic cabernet sauvignon 2008

Vinho conhecidíssimo de uma das vinícolas mais honestas da América do Sul. Estou falando da Viña Carmen, uma das grandes potências do Alto Maipo chileno. Como curiosidade, vale dizer que foi a Carmen quem "descobriu" a carmenére perdida no meio da Merlot. Digo que é uma vinícola honesta, porquê mantém sempre um compromisso com a qualidade, mesmo nos vinhos mais simples e não cobra caro pelo que oferece. Particularmente, acho que os melhores custo-benefício da Carmen estão nos seus vinhos reserva. Dentro desta linha mais simples, a Classic, gosto do chardonnay e deste cabernet sauvignon. Vinho de cloração rubi com reflexos violáceos, lágrimas médias e ágeis. Aromas bem definidos de frutas vermelhas com toque de cassis e leve herbáceo. Bastante fresco e com acidez ideal, taninos bem polidos e final médio. Vinho dentro daquilo que se espera dele, boa opção para o dia-a-dia. Bebi este vinho em um Bar-restaurante no Clube dos 500, em Guaratinguetá. E aí vai minha reclamação: além da carta de vinhos ser extremamente reduzida, se pratica a velha lei dos 100%; o vinho custa em torno dos R$ 31,00 na Mistral, mas no bar cobra-se R$ 62,00. Valeu? Sim, estava frio (não me imaginava bebendo cerveja),o vinho estava na temperatura correta, as taças eram agradáveis assim como o ambiente e o serviço foi bem feito, mas não precisam exagerar! Nota: 87 pontos.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vinho do mês: agosto de 2011

Vinho do mês: Quinta de São João 2004. Vinho português elegante e de primeira linha, sem gastar uma fortuna. Evoluído e gracioso, de manual!
Surpresa do mês: Varanda do Conde Vinho Verde 2009. Acidez e frescor alucinantes dentro de uma limpidez incrível. Corretíssimo e barato. Para comprar de caixa!

MONTEPULCIANO D'ABRUZZO KASAURA 2009

É realmente interessante esta política de preços do nosso país. Como pode um vinho custar R$ 45,00 na importadora de origem (Ravin) e R$ 29,90 no supermercado (Spani)? Coisas de Terra Brasilis! Mas esta questão do preço foi fundamental para a definição e enquadramento deste vinho. Vou explicar: por R$ 29,90 é honesto, por R$ 45,00 é "roubo". Vinho com bela coloração rubi brilhante e reflexos rubi, com lágrimas finas. Aromas bem marcantes de morangos maduros e cerejas em compota, com fundo terroso e algo esfumaçado. Na boca, poucos taninos e boa acidez, textura sedosa e corpo leve para médio, mas o álcool atrapalha e muito. Tentei servir em uma temperatura mais baixa; melhorou, mas continuou incomodando. Veio à melhorar bastante no dia seguinte, mas o pulo do gato foi dar comida ao vinho. Isso mesmo, o vinho cresce muito com a comida, justamente porque o álcool bem aparente serve para limpar a boca, principalmente após boas doses de gordura. É acompanhamento perfeito para uma massa com molho vermelho à bolonhesa. Não há muito mais à falar deste vinho e podem acreditar em mim; se alguém achá-lo por R$ 30,00, comprem; se custar R$ 45,00, corram. Nota: 86 pontos.

Costa do Pombal Tinto 2008

Palatável. Eta palavra que está na moda dos enófilos, blogueiros e profissionais do universo vinícola. Então, já que está na moda, vou utilizá-la hoje no meu blog. Sim, porquê nenhuma outra definição se aplica tão bem à este vinho do que "palatável"! Não é bonitinho nem feinho, apenas discreto. Não é exagerado nem comedido, apenas sem graça. Não é estupendo nem horroroso, apenas passável. Enfim, não é bom nem ruím, apenas palatável. Vinho português bem básico, de mistura de uvas portuguesas, sem passagem por madeira (assim eu entendi), feito para consumo rápido e dia-a-dia, para consumidores menos exigentes. Sem muito o que falar sobre este simplérrimo vinho, vou descrever em rápidas linhas o que seria palatável, visto que sou médico e entendedor do assunto. O pálato é uma estrutura anatômica que constitui o chamado "céu da boca". É dividido em pálato duro (porção anterior) e pálato mole (porção posterior). Enquanto que o palato duro serve para oferecer uma certa resistência à língua durante a mastigação e a deglutição, o palato mole encarrega-se de bloquear a passagem dos alimentos para as fossas nasais no momento de os engolir. Apesar de o pálato mole conter terminações nervosas e certas glândulas gustativas, não é responsável pelas sensações gustativas de nossa boca, mas sente o liquido de forma tátil, portanto participa na definição da sensação tátil do vinho (seda, veludo,etc.). Resumindo, na "tioria", quando dizemos que um vinho é palatável, estamos dizendo que o vinho não agride tatilmente ao pálato, mas na "definição enofílica" significa que o vinho é passável e dá para beber. Preço: R$ 19,90. Nota: 84 pontos.