O mundo em uma taças

Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que


viajarei pelo mundo através de seus goles.






quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Etna Rosso di Verzella 2005

 
                                        
Vida de enófilo que mora no interior e não é munido de grana é assim: você espera uma promoção e agarra com unhas e dentes, pois esta é a única maneira de experimentarmos vinhos diferentes e desconhecidos por um preço que não afete o orçamento doméstico. Este vinho foi comprado no bota-fora da World Wine por R$ 26,70, mas seu preço habitual é R$ 89,00. Sempre ouvi falar dos vinhos vulcânicos elaborados à partir de videiras cultivadas aos pés do vulcão Etna, um dos poucos ainda ativos no Velho continente. Vamos ao vinho: elaborado à partir de um corte de Nerello Mascalese. Nerello Cappuccio, com curto estágio em barricas de carvalho, apresenta coloração vermelho granada com reflexos cor de tijolo e bordas alaranjadas, aparência licorosa e lágrimas densas; lindo aspecto, no ponto máximo de evolução visual. Aromas de frutas vermelhas, lembrando mais a cereja e framboesa, com muita especiaria, toque herbáceo e mineralidade nítida. Em boca, oferece taninos ainda nervosos, muita acidez e boa persistência. O vinho está no limite de consumo e se mostra ainda agradável no pálato. É nítida sua vocação gastronômica e sua constituição vulcânica. Não tem grande complexidade, mas cativa pela curiosidade. Não o compraria pelo seu preço real, mas na promoção foi uma barganha. Nota: 89 pontos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Puzzle 2008


                                                
Um vinho varietal é aquele composto por apenas uma casta ou a casta predominante tem quase a totalidade da composição. Um blend ou corte é aquele vinho composto por duas ou mais castas divididas de forma harmônica com o objetivo de dar maior complexidade ao vinho, usufruindo do melhor de cada casta. Agora, imaginem um vinho que é um blend de 15 castas! Sim, você não leu errado, são 15 castas mesmo! Pois bem, parece que o Uruguai tem vocação para elaborar "coisas estranhas" ou, ao mínimo, curiosas. Relembre um espulmante de vinho tinto descrito aqui, tempos atrás. Este multi-varietal é composto por Tannat, Chenin, Cabernert Franc, Marselán, Chardonnay, Pinot Noir, Petit Verdot, Sauvignon Blanc, Arinarnoa, Cabernet Sauvignon, Viognier, Merlot, Syrah, Alicante Bouchet e Pinot Meunier. Eu pergunto ao leitor: "Tem como individualizar as castas em uma degustação ou caracterizar o vinho?". Já vou logo respondendo: "Não!". Pessoal, em uma degustação às cegas, é humanamente impossível descrever se este vinho tem características desta ou daquela cepa. Então, assim como o vinho. a sua descrição organoléptica tende à ser genérica. Visual com coloração vermelho-rubi com evolução para o granada e leves toques alaranjados com bordas laranja-claro de evolução. Transparência média e boas lágrimas são outras virtudes visuais. Aromas com média complexidade, tendo predomínio de frutas vermelhas frescas, pimenta branca, floral suave e discreto toque de madeira. Em boca, mantém boa acidez, taninos redondos e médio corpo. É um vinho gostoso e elegante, tem boa vocação gastronômica e está no ponto certo de consumo. Apesar de não ter nenhuma predominância varietal, posso dizer que é um vinho bem uruguaio e bem semelhante à alguns vinhos brasileiros. No mínimo, é um vinho diferente e interessante. Vale ressaltar o rótulo, que trás um quebra-cabeça com exatamente 15 peças, fazendo analogia com o nome e a quantidade de castas que compõe o vinho. Nota: 89 pontos. Preço: em torno de R$ 60,00. Avaliação custo-benefício ***.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Desafio: Venturini Reserva Merlot 2011 x Sabor Real Viñas centenárias 2007

     

Qual o motivo deste desafio? Mostrar mais uma vez ao leitor que os vinhos brasileiros melhoraram! Desta vez, peguei uma figurinha carimbada que exemplifica muito bem o enorme marketing de vendas (Sabor Real) e confrontei com um "modesto" exemplar brasileiro ainda pouco conhecido do público. O Sabor Real foi um dos primeiros vinhos à desembarcar no Brasil com uma propaganda muito grande baseada em generosas pontuações de Parker e com custo acessível. Óbvio, com todo este marketing, a chuva espanhola arrastou quarteirões e cativou até críticos famosos, como pude comprovar em textos de revistas especializadas. Com 91 pontos de Parker e custando hoje, cerca de R$ 55,00, será que é melhor que seu adversário brazuca? Vamos ao desafio:
Sabor Real Vinãs Centenárias 2007Sabor Real Viñas centenárias 2007: Toro (Espanha), 100% Tempranillo, 10 meses de barrica. Coloração violácea com densas lágrimas, boa concentração. Aromas de frutas maduras em compota e leve especiaria. Taninos sedosos, acidez correta, bom equilíbrio. Apesar de 7 anos de colheita, está jovem mas não irá evoluir.
Venturini Reserva Merlot 2011: Flores da Cunha (Brasil), 100% Merlot, 4 meses de barrica. Coloração rubi púrpura com reflexos violáceos, com muito brilho e vivacidade. Aromas de frutas vermelhas maduras e floral, com toque de baunilha. Redondo, com taninos macios e acidez cativante. Não se esconde, é mais aromático e tem melhor acidez que o Sabor Real.
Em suma, os dois vinhos agradam, sendo que o Venturini é mais encantador, apesar de que os dois vinhos são bastante corretos. São vinhos fáceis de beber, mas o Venturini tem um potencial gastronômico maior. Fico com o Venturini Merlot 2011, com qualidade um pouco superior. Se Parker deu 91 pontos para o Sabor Real, teria que dar 92 pontos ao Venturini. É claro que a pontuação foi exagerada, mas o interessante neste desafio foi perceber que um vinho brasileiro de menos de R$ 30,00 se saiu melhor que um aclamado espanhol de R$ 55,00. E agora, críticos e especialistas de plantão? Quem anda criticando demasiadamente vinhos nacionais, é porquê não anda bebendo vinhos nacionais. Prestem atenção! Tem muita coisa boa aqui dentro que custa mais barato que afamados lá de fora. Sabor Real viñas centenárias 2007 (88 pontos). Venturini Merlot reserva 2011 (89 pontos).

Barbera D'Alba Sorito Mosconi 2006

                                   

Vinho ainda remanescente de uma ótima promoção da interfood em abril de 2012. Este é um 100% Barbera, com 18 meses de estágio em carvalho e mais 8 meses de afinamento em garrafa. Para minha surpresa, o vinho não se parece com um Barbera do Piemonte. Com coloração violácea e poucos traços evolutivos, apesar da idade, o vinho mostra que tem muitos anos de vida pela frente. Aromas de frutos negros mais para uma compota, agrega ainda toques herbáceos com nuances de tostado, proveniente do longo estágio em barricas. Tem acidez controlada e bom volume em boca. Os taninos não são agressivos, mas estão presentes e o final é agradável .Vinho muito correto e com um toque de violetas, lembrando muito um bom vinho português do Douro. Como ponto positivo, temos uma complexidade média, uma boa maciez, aromas que não se escondem e uma longa vida em garrafa. Como pontos negativos, temos a falta de tipicidade da casta e do terroir (o vinho lembra mais o Douro que o Piemonte) e o alto preço praticado. No seu valor normal (R$ 169,00), é derrubada! Nota: 89 pontos. Avaliação custo-benefício **.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Quinta da figueira Miramar 2011



Uvas de Monte Agudo (Santa Catarina) com elaboração do vinho em Florianópolis. Corte de 40% de sangiovese (sem passagem por madeira) com 30% de Merlot e 30% de cabernet sauvignon (com 12 meses de passagem por barricas novas de carvalho americano). Um clássico toscanês, certo? Não! Está longe disso! Boa vontade até sobra para o enólogo responsável, mas ainda tem muito chão para percorrer. Muito bonito no visual e muito aromático, de novo Rogério Gomes esbarra no quesito gustativo: apesar da boa acidez, falta volume e suavidade em boca e o amargor é muito aparente. Os aromas de frutas vermelhas frescas e especiarias intensas, associados com um bom potencial gastronômico até que dão conta do recado, mas o preço é desistimulante. Reconheço o esforço de Rogério, mas este vinho não consegue competir com vinhos de R$ 40,00. Segundo vinho provado da vinícola Quinta da Figueira, segunda descepção. Nota: 86 pontos. Preço: R$ 74,90. Avaliação custo-benefício **.


Chatons du Cèdre 2008 Malbec

                                                
Falamos em malbec, falamos em Argentina, certo? Não, também temos malbec no Chile e Brasil, yes? Aí que tá! Pouca gente se lembra da França quando falamos de malbec, mas esta cepa tem seu berço em Cahors, sul da França e já figurou com mais brilhantísmo nos cortes bordaleses. Este vinho que trago é um 100% malbec de... Cahors! Messieurs, une grande élégance! Quem pensar assim, acho que vai se arrepender, pois os vinhos elaborados com malbec em Cahors caracterizam-se pela RUSTICIDADE! Sim, rusticidade! Com nenhuma ou pouca passagem por madeira, até prefiro que seja assim, caso contrário poderia se tornar imbebível, a rusticidade não está tão aparente assim neste vinho, o qual até mostra certos toques de elegância ao esbanjar certos aromas minerais e florais, entre eles, a tão conhecida violeta, costumeira da malbec. Sem traços evolutivos, sem defeitos aberrantes, com bastante simplicidade e boa acidez, este vinho é uma ótima opção para o dia-a-dia, não fosse o seu custo (alto para o consumo diário). Comprei-o em promoção, com um preço abaixo do real e mesmo assim, descarto este vinho por perder para outros similares do mesmo nível e com custo mais baixo. Como ponto interessante, este vinho vem de uma região que tem como prato típico o famoso cassoulet e não é que ele combinou bem com um feijão com arroz básico? Exatamente, simplicidade combina com simplicidade e rusticidade combina com rusticidade. Em suma, apesar deste vinho não fazer feio, prefira os malbecs argentinos. Dá-lhe hermanos! Nota: 86 pontos. Preço: em torno de R$ 53,00. Avaliação custo-benefício **.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Vallontano cabernet sauvignon reserva 2005: um clássico brazuca!

Hoje, escrevo em defesa dos vinhos brasileiros. Que não me venham críticos de plantão lançando palavras pouco nobres sobre a produção vinícola tupiniquim. Estas pessoas que só criticam negativamente os vinhos brasileiros e que dizem que o Brasil não tem solo e clima para produção de bons vinhos, só podem ter desconhecimento do que dizem. Trago este cabernet sauvignon da magistral safra de 2005 elaborado pela Vallontano com tiragem de menos de 6000 garrafas. Pronto, bastou um grande ano e paciência para esperar o vinho evoluir e temos um senhor vinho! Aliás, quem teve um mínimo de cuidado com a safra de 2005, não teve como errar! Lógico, estamos ainda atrás de nossos vizinhos chilenos e argentinos e muito atrás dos países do Velho continente, mas já podemos dizer que produzimos vinhos bons, muito bons, ótimos! O problema é que ainda dependemos da generosidade da mãe-natureza para termos grandes vinhos, ao passo que os nossos rivais conseguem uma estabilidade de safra muito maior, em função de um terroir mais privilegiado. Mas, desafio qualquer enófilo à conduzir uma degustação às cegas com este vinho e outros similares de mesmo preço para ver o resultado final. Tenho certeza que vai ser surpreendente. Coloração vermelho rubi com bordas levemente alaranjadas e reflexos tijolo, lágrimas densas e textura visual algo licorosa, evolução notável em taça. Aromas misturando frutas e evolução, com cassis evidente, especiarias, violetas, tabaco, couro e leve balsâmico. Na boca, acidez presente, taninos redondos, belíssimo corpo, retrogosto pra lá de agradável e final médio. Um vinho praticamente sem defeitos, com complexidade média e muito bem evoluído. Sim, estes bons vinhos gaúchos da safra de 2005 estão ótimos para serem bebidos agora ou nos próximos 2 anos. Um digno representante da Serra gaúcha por R$ 54,00. É difícil encontrar um vinho com este grau de complexidade e evolução por este preço. Para quem gosta de bombas argentinas ou explosões mentoladas chilenas, não recomendo este vinho. Nota: 92 pontos. Avaliação custo-benefício ****.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Mastroeni Notable Malbec 2008

Semprei enfatizei que este negócio de safra não é mera propaganda, mas realmente faz diferença! Já havia experimentado o Notable malbec 2006 e rasgado elogios, mas este 2008 não chega aos seus pés. Continua sendo um bom vinho, mas não traz a delicadeza e a complexidade, nem a boca sedosa do seu antecessor da magnífica safra mendozina de 2006. O representante de 2008 é um malbec gostoso, carnudo e cativante, mas não tem o brilhantísmo do 2006. É mais um bom Malbec argentino, que por R$ 54,00, extrapola o que vale. Vamos esperar a próxima safra. Nota: 88 pontos. Avaliação custo-benefício **.

Quinta da Figueira Garapuvu Chardonnay 2010

                                                          
Não se deixe enganar pelo nome: este vinho não é português e sim brasileiro! Elaborado em Florianópolis, isso mesmo, você não leu errado, é Florianópolis mesmo, com uvas provenientes de Monte Agudo (serra catarinense). É um blend de dois vinhos, sendo que o primeiro foi fermentado em baixa temperatura sem as cascas e o segundo foi fermentado em alta temperatura com as cascas. Após a mistura, o vinho estagiou em barricas novas de carvalho americano por 3 meses. Bem, como se vê, atrativos não faltam para comprar o vinho, mas será que o resultado final foi bom? O enólogo responsável pela produção é Rogério Gomes, que produz os vinhos na garagem de seu pai e como não poderia deixar de ser, em pequena escala. Este projeto vinícola é, até onde tenho conhecimento, o mais original e arrojado do Brasil. Quem mais se atreveria à fazer vinho em Florianópolis? Mas, o compromisso da Adega para todos é com a sinceridade e não posso deixar que admiração ou amizade interfiram na análise dos vinhos, mesmo sendo meramente uma opinião pessoal. Na coloração, o vinho começa bem, demonstrando um belo amarelo dourado muito brilhante, pouco comum aos chardonnays. O nariz é muito interessante, com notas de maracujá, damasco, pêssegos amarelos e um pouco de querosene. Na boca, o vinho descepciona: não consegue ter maciez e nem corpo, também carecendo de frescor e harmonia. Com um amargor que incomoda muito, peca pelo desequilíbrio, apesar de que melhora muito com a comida. Não sei qual foi a intenção do Rogério Gomes ao fazer este vinho, mas não me agradou. O ponto positivo é que este vinho é verdadeiramente um vinho de autor: pequena produção (apenas 260 garrafas) e materialização da idéia do seu enólogo criador, sem interferências de terceiros. Isto acarreta em divisão de mercado: uns irão gostar e outros não. Foi o primeiro vinho do Rogério que eu provei e ainda tenho mais cinco para experimentar. Pelo que andei lendo, os tintos são bastante elogiáveis. Só não entendo porquê os nossos amigos enoblogs evitam comentários negativos. Ora, críticas são extremamente construtivas, desde que não sejam ofensivas. Não gostei deste vinho e não compraria outra garrafa. Nota: 84 pontos. Preço: R$ 34,90. Avaliação custo-benefício **.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Gran Báculo Cabernet sauvignon 2005: um vinho para refletir!

                                            
Senhores, peço que leiam com atenção este post. Quando estive em Flores da Cunha, no início de dezembro de 2012, conheci a vinícola Salvador e seus proprietários. Fiquei encantado com a estrutura física da vinícola e a enorme recepção dada pela família proprietária da empresa. Degustei alguns bons rótulos e levei para casa o conhecido e já cult Gran Báculo cabernet sauvignon 2005, um  vinho varietal que não passa por madeira. Utlizando um excelente IPT (índice de polifenóis totais), o Sr. Antonio Salvador compra (e paga caro) uvas quase perfeitas e com baixíssimo rendimento, para elaborar um vinho com extremo cuidado, desde sua vinificação até o seu armazenamento. O resultado é sensacional: posso dizer sem medo de cometer heresia, que é o melhor varietal de cabernet sauvignon, produzido em terras brasileiras, que já bebi. Um vinho potente, complexo e com estrutura ímpar, pronto para consumir agora ou para guardar por 10 anos. Engarrafado em garrafas importadas, com belo rótulo, já chama a atenção antes de ser aberto. Visual com coloração vermelho rubi escuro, chegando quase à negro, com bordas levemente alaranjadas. Aromas complexos de frutas negras, ameixas pretas, quase secas, licor de cassis, café, tabaco e um fundo de especiaria (pimenta preta). Na boca, mostra taninos ainda raivosos e uma acidez de rachar a língua, ítens que garantem longa guarda à este vinho. O álcool não atrapalha em nenhum momento. Tem um retrogosto sensacional e um final muito longo. Tem boa vocação gastronômica, devido sua forte acidez. Claro, tem alguns defeitos, por exemplo, poderia ser mais macio em boca e ter mais volume, mas isso não tira o brilho deste grande vinho de Flores da Cunha. Assim como considero o Valmarino cabernet franc X 2005 o melhor varietal de cabernet franc brasileiro, elejo hoje o Báculo 2005 como o melhor varietal cabernet sauvignon brasileiro. Parabéns Sr. Antonio Salvador. Aos críticos de plantão, que atirem a primeira pedra! Nota: 91 pontos+. Preço: em torno de R$ 50,00. Avaliação custo-benefício ****. Vale comprar umas 3 garrafas deste vinho e ver a evoluçãp nos próximos 10 anos. Quem fizer isso, garanto que não vai se arrepender.



quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Lídio Carraro Elos Cabernet sauvignon/malbec 2009

                   
Vinho de uma linha um patamar acima do Dádivas. Sem passagem por madeira, como manda a filosofia da vinícola, este corte de cabernet sauvignon com malbec esbanja potência e elegância. Não confunda este vinho com os pesados e bombásticos malbec argentinos, pois este vinho é muito superior à média argentina. Coloração rubi com reflexos violáceos e sem traços evolutivos. Aromas complexos de pequenos frutos negros, tabaco, ervas e especiarias. Não encontrei a característica violeta do malbec argentino. Na boca, o vinho cresce: potência, elegância e estrutura convivem harmoniozamente e trazem um conjunto agradável com taninos ainda por domesticar e acidez acima da média, que trazem longevidade e potencial gastronômico. Tem capacidade para seguir vivo por muito tempo, mas já está em um bom ponto de consumo. Nota: 91 pontos. Preço: em torno de R$ 60,00. Avaliação custo-benefício ***.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cordilheira de Santana Cabernet sauvignon 2004

Um bom cabernet sauvignon brasileiro da ótima safra de 2004. Sim, sempre elogiamos muito a safra brasileira de 2005, mas esquecemos que isto vale para o Vale dos Vinhedos e este vinho que trago hoje foi elaborado com uvas de Santana do Livramento, na divisa com o Uruguai, isto mesmo, URUGUAI! Para os não-viajantes, a safra de 2004 foi a melhor da década para o Uruguai, então podemos considerar que este vinho vem de uma ótima safra. E somente uma grande safra poderia manter vivo este vinho até hoje. O vinho está redondo e macio, apesar de não ter grande complexidade. É um típico caso de vinho relativamente simples, oriundo de uma grande safra, que evoluiu bem ao longo dos anos e hoje, goza de uma plenitude sadia. Visual bem característico de evolução, com um vermelho granada com leves reflexos alaranjados, porém sem ser magnífico na sua coloração. Aromas de frutas negras em evolução, com algo de compota e toques balsâmicos. Terra e café também são encontrados durante a evolução na taça. Na boca, está muito macio, com taninos redondos, acidez controlada e final médio. Não é um grande vinho, mas é um bom exemplo de como uma grande safra pode trazer grandes benefícios durante sua evolução. Nota: 88 pontos. Preço: em torno de R$ 50,00. Avaliação custo-benefício ***.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tradição Moscato Giallo

                               
Na viagem ao sul do país, experimentei este vinho em uma loja na beira da estrada, próxima ao Parque do Caracol, em Canela. Estava um dia muito quente e este vinho entrou refrescando tudo em minha garganta. Obviamente, comprei uma garrafa por R$ 20,00 e decidi abrir neste fim-de-semana, perante um calor escaldante. Novamente, o vinho surpreendeu! Coloração amarelo-palha com leves reflexos verdeais, muita limpidez e brilho. Aromas de maçãs verdes, pêras e cítrico. Levíssimo em boca, macio e muito refrescante. Sem aquele amargor final, o vinho acaba rapidinho! Tem apenas 11,5% de graduação alcoólica, o que faz dele um grande substituto da cerveja em dias quentes. Produzido pela Vinícola Tradição, de Caxias do Sul, este vinho é uma enorme revelação nacional e já faturou alguns prêmios. Tem o nariz de um sauvignon blanc e a boca de um Soave. Experimente, vale muito à pena. Por R$ 20,00 ou menos, é muito difícil achar algo melhor no mercado. Infelizmente, joguei a garrafa fora, antes de conferir a safra. Nota: 88 pontos. Preço: menos de R$ 20,00. Avaliação custo-benefício *****.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Caminhos de Pedra e Pinto Bandeira: muito interessante!

Quem for à Bento Gonçalves, não pode deixar de visitar Pinto Bandeira e o turístico Caminhos de Pedra. Reserve um dia para desfrutar esta curta viagem por uma pequena estradinha asfaltada e conhecer casarões antigos que contam um pouco da história dos imigrantes italianos que trazem atrações interessantes como a Casa das massas, a Casa do Tomate, a Casa das ovelhas (com demonstração de ovelhas treinadas), etc. Experimente diversos tipos de salame, queijos, vinhos e chimarrão. Visite a casa onde foi filmado "O Quatrilho". Aprenda como é a produção do chimarrão na Casa da erva-mate e guarde um tempinho para conhecer a vinícola Salvatti. Com vinhedos próprios e produção à moda antiga, guarda um tesouro nacional: vinhos elaborados com a uva Peverella. Como o nome diz, Peverella significa pimenta, porquê o vinho deixa uma sensação picante na língua. Com aromas pouco expressivos, o vinho se assemelha na boca à um Vinho Verde. Na Salvatti, ainda encontramos um vinho bastante interessante elaborado com a uva Barbera do Piemonte. Almoçe em im restaurante no local e volte para Bento Gonçalves, mas desvie à direita em direção à Pinto Bandeira. Visitei duas vinícolas:
Don Giovanni: propriedade familiar, com bom atendimento. Agregado à uma pousada, possue um varejo, onde podemos degustar alguns bons vinhos. Possui ótimos e premiados espulmantes, tintos razoáveis e um belo chardonnay. Vale a visitação.
Cave Geisse: Referência nacional, quando se fala em espulmantes de qualidade. Grande oportunidade para conhecer sem restrições todo o método de produção desta bebida borbulhante. Há degustação de bons rótulos. Me encantou o Nature terroir rosé. Há também um interessante Pinot noir. Sem dúvida, de visitação obrigatória.

Auguste Bessac Côtes du Rhône 2010

Foi um dos vinhos da seleção clube wine do mês de junho de 2012. A minha descepção com o Lirac do mesmo produtor foi tamanha, que até me esqueci deste vinho na minha adega. Como não estava muito empolgado com o vinho, abri para o consumo do dia-a-dia. Beleza, funcionou muito bem para um prato simples do almoço, mas só! É um vinho gostozinho e fácil, muito fácil de beber, lembrando muito alguns chilenos, argentinos e portugueses mais simples. E é isso que este vinho consegue ser: simples e gostozinho. Então, deveria ter um preço muito melhor que os seus R$ 50,00! Corte de Syrah, Grenache e Mourvèdre, com 8 meses de passagem em barricas de carvalho francês e americano. Visual violáceo sem traços evolutivos, bastante brilhante e límpido. Aromas de frutas vermelhas maduras, ora em compotas, com leve toque floral. Não dá para filosofar muito neste vinho, porquê ele não é feito para isso, mas o preço... Na boca, é sedoso, tem taninos redondos, bom volume e final médio. É um vinho muito correto, que carrega fruta madura sem excessos. Tem o álcool um pouco aparente, mas que não atrapalha o conjunto. É um vinho ao estilo Novo Mundo e fácil de agradar, mas tem pouquíssima complexidade e não vale o valor investido. Nota: 86 pontos. Avaliação custo-benefício **.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Lídio Carraro Dádivas Chardonnay 2012

O ano de 2012 parece mesmo que vai ficar marcado dentro da enologia brasileira. Experimentei alguns vinhos desta safra, todos jovens e com pouca complexidade, mas com grande concentração de fruta, devido ao ideal ponto de maturação em que as uvas conseguiram chegar. Este chardonnay elaborado pela Lídio Carraro não passa por madeira, mas numa degustação às cegas enganaria 50% dos participantes, tamanho é sua doçura e concentração. Não, não é um vinho cremoso e leitoso! Muito pelo contrário, tem corpo leve e bastante frescor, mas tem uma sedosidade que agrada todos os paladares. Com média complexidade, este vinho tem aromas que até podem remeter à uma leve barrica de carvalho, mas na boca mostra seu frescor e sutileza. Mais um belo trabalho da Lídio Carraro. Um ótimo vinho à preço honesto! Nota: 90 pontos. Preço: em torno de R$ 39,00. Avaliação custo benefício ***.

Don Giovanni espulmante nature champenoise

Um belíssimo espulmante nacional elaborado pelo método champenoise com uvas chardonnay e pinot noir de Pinto Bandeira, sem adição de açucar no chamado licor de expedição. O resultado é um vinho leve e com grande frescor, ideal para entradas e pratos leves de carne branca. O visual é bonito, amarelo bem claro com um perlage fino e intenso, apresentando boa formação de espulma. Aromas de frutas brancas, bastante mineral com toques tostados e de brioche. Na boca, é bastante seco, tem bom volume e não é enjoativo. Os 24 meses meses de maturação associados com o nature deixaram o vinho leve, mas com boa complexidade. Bola dentro da Don Giovanni. Um espulmante dentro de um estilo que eu gosto muito. Nota: 91 pontos. Preço: em torno de R$ 54,00. Avaliação custo-benefício ***.

Lídio Carraro Dádivas Pinot noir 2012

Há 10 anos, se falássemos em Pinot noir de boa qualidade elaborado no Brasil, provavelmente seríamos motivo de risos, mas atualmente a realidade é outra. Sim, podemos dizer sem medo de errar que produzimos bons pinot noir e com preço competitivo. Um dos melhores exemplos é este pinot noir da ótima Lídio Carraro, uma vinícola que parece não produzir vinhos ruíns. Como todo vinho da Lídio, este pinot noir também não passa por barricas de carvalho. Com uvas de Encruzilhada do Sul, Lído conseguiu fazer um pinot noir bem típico e fácil de beber. Coloração rubi com bastante brilho e limpidez, sem traços evolutivos. Aromas de frutas vermelhas frescas, como o morango, framboesa e cereja. Boca com bom volume, acidez correta, taninos bem suaves e álcool imperceptível, apesar dos 14%. É um vinho muito gostoso e fácil de beber, apesar de ter pouca complexidade. Muito correto e sem arestas, é um verdadeiro coringa na gastronomia, aceitando desde pratos à base de carnes brancas até cortes mais suaves de carne vermelha. Peixes gordos são uma boa pedida para o acompanhamento. Nota: 89 pontos. Preço: em torno de R$ 39,00. Avaliação custo-benefício ***.