Vinho de porte médio da Bodegas Nieto Senetier. Adquiri este exemplar no Free Shop do aeroporto de Buenos Aires por US$ 11,50, isto mesmo, não escrevi errado! Este vinho chega à ser vendido aqui no Brasil, por R$ 67,00! Pobre de nós... Vamos ao vinho: coloração bem violácea, halo aquoso quase inexistente, lágrimas grossas. Aromas pertubados pelo álcool em excesso, mas que denunciam frutas negras, baunilha e algo de chocolate. Vinho ainda bem fechado, de difícil descrição. Na boca, está duro e ríspido, taninos pesados e acidez moderada. Tudo isto vem confirmar aquilo que eu sempre digo: Cabernet Sauvignon argentino, de porte médio para cima, é vinho para média guarda! Não adianta querer abrir a garrafa com 3 ou 4 anos de vida, porquê vai estar muito jovem. O ideal é esperar pelo menos 6 ou 7 anos para que o vinho amacie e fique redondo. Mesmo assim, não será um grande vinho, porquê Cabernet Sauvignon em sua apresentação varietal NÃO é o forte da Argentina! O ideal é a CS entrar em cortes com Malbec, para conferir mais estrutura e longevidade ao vinho. Tenho que admitir, foi aberto na hora errada e tenho que dar a nota do momento, sem olhar para seu potencial de futuro. Mesmo assim, é um vinho com boa estrutura, mas que precisa de carne pesada para harmonizar. Nota: 86 pontos.
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Postagem número 100: Os 10 mais!
Olá amigos! Eu sei que estive um pouco afastado nos últimos dias, mas foi devido à agitação e correria relacionados aos aniversários de minha esposa e filha. Hoje, escrevo com muito orgulho minha centésima postagem e para comemorar esta data, resolvi fazer um resumo de tudo escolhendo, sem "nove horas" os 10 melhores vinhos por mim degustados nestas 100 postagens. Então, sem embramação, lá vai:
10 - Chateau Jany Sauternes 2006 : Um Sauternes menor, mas é um Sauternes. Gostoso e viável. 92 pontos
9 - Viña Real Viura 2006: Uma casta interessante que combina bem com carvalho. Delícia. 92 pontos.
8 - Siesta Ernesto Catena Cabernet Sauvignon 2003: Elegantérrimo! No ponto! 92 pontos.
7 - Champagne LVMH Montandon Reserve: Não preciso comentar; é Champagne! 92 pontos.
6 - Monte Cinco Oak Malbec 2003: Malbec de ponta, muita classe e elegância, sem perder o torque. 92.
5 - Chablis Vaulorent 2005: Chardonnay como deve ser: fresco, suave, aromático e macio. 92 pontos.
4 - Montchenot 2000: Que belo vinho! 92 pontos
3 - Barolo Beni di Batasiolo 2005: Força e finesse representando o Piemonte. 93 pontos.
2 - Matetic EQ Coastal Sauvignon Blanc 2009: Delícia, refrescância e preço baixo encantam no primeiro gole! 93 pontos.
1 - Pablo Morande Edicion Limitada Carignan 2006: Um grande vinho, que tem uma década pela frente. Um ícone com preço de apenas um ótimo vinho. Belíssimo! 94 pontos.
Pois bem companheiros, como toda lista, esta também desagradará muita gente, mas foram para mim, o que de melhor bebi nestas 100 postagens. Saúde!
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Salton Volpi Merlot 2006
Os enófilos irão dizer: pôxa vida! Já estou cansado deste! Mas, eu não resisti e resolvi postar este "best buy" brasileiro. Não devemos ter medo de opinar, se quisermos evoluir no assunto e a minha opinião é de que este vinho é bom! Um Merlot brasuca protótipo, que respeita a forte tradição do Vale dos Vinhedos nesta uva que é símbolo do Brasil. Daí, eu dizer sempre que devemos investir na Merlot, utilizando a Cabernet Sauvignon apenas em cortes e sempre em menores proporções. Coloração rubi com relflexos violáceos, lágrimas médias, halo aquoso sutil. Aromas de frutas vermelhas frescas, notas pequenas de especiarias e aquele cafezinho de fundo típico do Terroir brasileiro. Em boca, é macio (raro em vinhos nacionais) e não tem aquela acidez pegajosa de outros exemplares nacionais. Não é um baita vinho, tão menos um ícone, mas respeita a casta e o Terroir, sendo um vinho básico bem interessante, melhor que o Valduga Premium ou o Merlot Reserva, ambos na mesma faixa de preço. Perfeito para o dia-a-dia. Garanto, não é um suco de uva ou groselha. É verdade que tem pouca complexidade, mas cumpre seu papel. Nota: 87 pontos. Porquê "Best Buy"? Respondo: o seu preço é de R$ 21,00. Façam uma degustação às cegas com este vinho ou então ofereçam para colegas em uma garrafa disfarçada e eu tenho certeza que irá render boas risadas.
Luis Canas Rioja Crianza 2003
Qualquer vinho Crianza de Rioja já dá para fazer barulho, se for de safra antiga, mais ainda. Este vinho é um 95% Tempranillo e 5% Garnacha, produzido em Rioja Alavessa. Passa 12 meses em carvalho francês e americano e pelo menos mais 9 meses em garrafa antes de chegar ao mercado. Tem coloração vermelho-tijolo, evidenciando sua idade. Halo aquoso bem nítido, bordas alaranjadas e lágrimas comportadas. No visual, é o must! Aromas que se perdem um pouco devido ao longo tempo de espera, mas denotam pequenas frutas negras, cedro e leve cravo. Na boca, mostra a pouca tanicidade da Tempranillo e uma acidez que é bem leve. Já se sente aquele cheirinho de antiguidade. Se você tiver uma garrafa desta perdida em sua adega, beba logo porquê este vinho não vai evoluir mais. Acho até que já passou seu apogeu, devido ao pouco frescor encontrado. É um vinho gostoso que diverte, mas não é coisa de outro mundo. Entre este Rioja Crianza e o Merlot Reserva de La Mancha que provei outro dia, fico com o Merlot. Esquisito, não? Pois é, são estas surpresas que tornam esta brincadeira de degustar vinhos, bastante interessante! Um Merlot (não é o forte dos espanhóis) de La Mancha melhor que um Tempranillo Crianza de Rioja! Coisa de Loco! Nota: 88 pontos. À venda na Decanter.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Artero Reserva Merlot 2001
Um 100% Merlot de safra antiga, produzido em La Mancha (Espanha). La Mancha é uma região que fica bem no centro da Espanha e faz limite ao sul com uma região mais conhecida: Valdepeñas ( Pata Negra, facilmente encontrado em supermercados). Por estar bem ao centro da Espanha, recebe pouca influência marítima e seus vinhos tendem à ter menos acidez, o quê é comprovado em boca. É o primeiro vinho de La Mancha que bebo e o primeiro 100% Merlot espanhol, sendo que por lá, esta cepa é mais comum de entrar em cortes com a Tempranillo e a Grenache. Também é raro encontrar um vinho tão antigo assim em restaurantes. Pois bem, no Baccos Restaurante em Cunha (estrada Guará-Parati, Km 45), você encontra estas e outras preciosidades, sempre muito bem conservadas numa bela adega construída pelo seu proprietário (Marcos), por um preço muito justo, ou seja, é possível vender vinhos de qualidade com um ótimo serviço e por um preço que não assusta o consumidor. O vinho começa à encantar na coloração evoluída, vermelho-tijolo. Continua sua boa performance nos aromas de cedro associado com frutas negras. Termina com uma ótima maciez em boca, taninos macios e pouca acidez. Para quem duvidava que um Merlot pudesse atingir 10 anos de longevidade, está aí este Artero para provar o contrário, graças à uma bela conservação em temperatura estável e longe da luz e umidade. Vale à pena investir nisso meus amigos, porquê somente com uma conservação desta, conseguimos aproveitar todo o potencial que um vinho pode oferecer. Acho que este vinho está em seu apogeu e deverá começar à declinar em 1 ano. Acho que é quase impossível alguém encontrar outra garrafa da safra 2001, mas se tiverem a aportunidade de beber um 2005, vale muito a curiosidade de provar um Merlot espanhol. Nota: 90 pontos. Explico: apesar da ótima agradabilidade do vinho, ele não é um ícone e é produzido com uma cepa que não tem grandes resultados em território espanhol, por isso acho que 90 pontos é o máximo que um vinho desta categoria pode chegar. Valeu! Visitem o Baccos Restaurante, quando passarem por Cunha e bebam um vinho. Não se arrependerão!
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Chablis Vaulorent Premier Cru 2005
Borgonha é Borgonha, o resto é vinho! Esta frase se aplica perfeitamente à este belo Chablis, vendido na Maison du Vin por incríveis R$ 58,00 (chore junto comigo caro leitor, porquê esta promoção já acabou!). A classificação Premier Cru, em Chablis, é a segunda em ordem de importância, perdendo apenas para o Grand Cru. Este vinho honra a classificação: tudo no lugar, sem exageros ou estravagâncias. Harmonioso do começo ao fim. Coloração amarelo palha, com leves reflexos dourados, roda tranquilo na taça deixando lágrimas que descem suavemente como uma delicada serenata composta de violinos bem afinados. Aromas suaves que intrigam deixando alguma sensação de maçãs, abacaxi fresco e amêndoas. Na boca, preserva um frescor razoável, com acidez excelente e maciez adequada. Este Chablis é um Chardonnay como todos deveriam ser: macio, elegante, suave e nada enjoativo. Não tem nada à ver com a maioria dos amanteigados e baunilhados exemplares do Novo Mundo. Harmonizou perfeitamente com uma truta grelhada com molho de amêndoas (Restaurante Cadoro, em Lorena. Rolha: R$ 15,00) Nota: 92 pontos. Pena que não tem mais para comprar por este preço.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Restaurantes: pagar rolha ou vinho? Campanha "Rolha por R$ 15,00"
Um assunto que já foi por diversas vezes comentado nos blogs em geral, mas que sempre gera uma saudável discussão em cima da ética profissional e do respeito praticado pelos restaurantes em relação aos clientes. Já é sabido o abuso de muitos estabelecimentos em relação à cobrança exagerada no preço dos vinhos, com a velha e ridícula justificativa de gastos com toalhas, lenços, taças, etc. Ridículo, porquê sabemos que todos os lenços e toalhas são perfeitamente laváveis e que o vinho não mancha ou degrada mais o tecido que o molho de tomate ou o molho de carne ou ainda, um rabisco de caneta daquela criança mau orientada. Sabemos também que na maioria dos restaurantes que praticam margens absurdas de lucro, as taças servidas não são de cristal ou são imitações, não ultrapassando R$ 10,00 ou R$ 15,00 de custo. Também nos deparamos com casas de renome com garçons que não praticam corretamente o serviço do vinho. Ora, até quando vamos aguentar estes absurdos? Vou dar nome à alguns bois: moro em Guaratinguetá ( Vale do Paraíba, interior de São Paulo ), onde frequqnto alguns restaurantes próximos, por exemplo, o quê vocês acham de pagar R$ 99,00 em um Carmen Reserve Cabernet Sauvignon no Restaurante La Gallia em Campos do Jordão ( R$ 50,00 na Mistral) ou R$ 80,00 num simples Sangiovese di Romana no Festival de la Pasta em Campos do Jordão ou ainda R$ 95,00 no Catena Malbec na Restaurante Toscana de Taubaté? E ainda por cima, pagar mais 10%? E olha que os restaurantes geralmente fecham com uma única importadora com fins de pagar mais barato no vinho. Chega disto!!!! Chega da lei dos 100% na venda!!!! E a rolha? Dá para acreditar que tem restaurante que cobra até R$ 40,00 no preço da rolha? Tem restaurante que acha pouco R$ 15,00, mas vamos destrinchar estes números detalhadamente: se não quisermos beber vinho no restaurante, provavelmente pediremos duas cervejas e dois sucos de laranja, os quais dão juntos R$ 8,00 de lucro para o dono do restaurante, repito: R$ 8,00!!!! Portanto, pagarmos R$ 15,00 na rolha é honestíssimo e bom para os dois lados (melhor ainda para o dono, porque vai ter um lucro maior do que se não tivesse rolha). Portanto meus amigos, levem o vinho de casa para o restaurante e combinem previamente o preço da rolha, não se intimidando em oferecer R$ 15,00, o quê é mais do que justo! Se caso o dono do estabelecimento não aceitar, procure outros restaurantes até encontrar um que tenha boa comida, ambiente agradável, bom serviço e aceite a rolha por R$ 15,00!!!! Eles que precisam da gente e não nós que precisamos deles! Então, vamos iniciar juntos, à partir de agora, a campanha "Rolha por R$ 15,00", porquê só assim viraremos a mesa; literalmente!
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Cuvée F 2007 Chateau Frédignac 2007
Vinho 100% Merlot produzido em Bordeaux (não sei a localização específica) e comercializado no Brasil pela La Cave Jado. Coloração púrpura, transparente, com refexos rubi e halo aquoso presente. Lágrimas não tão abundantes (graduação alcoólica de 13%), mas que descem lentamente pela taça. Aromas agradáveis de amoras, framboesas e ameixas frescas, com um gostoso toque mineral. Evoluem após algum tempo para pequenas frutas negras e algo de especiarias (muito pouco). Na boca, tem corpo médio, acidez gostosa (o que o torna um bom vinho gastronômico) e taninos bem suaves. Retrogosto suave e final médio. É um vinho sem arestas e traduz muito bem o ótimo terroir de Bordeaux para a uva Merlot. Muito balanceado, vai ser difícil desagradar alguém, até porquê o seu preço é bom (R$ 47,00). Resumo da ópera: Bom Merlot de Bordeaux com preço justo! Ótimo para acompanhar refeições em casa ou no restaurante, vai ser presença constante em minha adega. Nota: 89 pontos.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Mythos Cabernet Sauvignon 2003
Nesta minha última passagem por Buenos Aires, em vista às vinotecas, procurei comprar apenas vinhos desconhecidos, de pequenos produtores, os chamados vinhos de autor, ou qualquer coisa que se aproximasse disto. Fiz compras em 3 lojas e posso garantir à todos, que para não perder tempo, vão direto à Lo de Joaquin Alberdi. Já postei aqui o ótimo Montchenot, degustado no restaurante La Cabrera e o excelente Cinco Montes Oak Malbec, vinho de gente grande. Este vinho que agora comento foi vendido como sendo um vinho de autor, no caso, Adriana Martinez. É um 100% Cabernet Sauvignon da safra de 2003, produzido com uvas de vinhedos de Luján de Cuyo, à 980m de altitude. Portanto, com base em todos estes predicados, criei uma expectativa grande em cima deste vinho. Sua coloração vermelho violeta denota que ainda tem bons anos de vida pela frente, apesar de ter um halo aquoso bem aparente. As lágrimas não são tão intensas, contrapondo seu alto teor alcoólico. Aromas de ameixas pretas, que evoluem para um pouco de chocolate não refletem um cabernet típico. A madeira está bem integrada ao conjunto, mas o álcoolo atrapalha um pouco os aromas. Em boca, taninos vivos, mas atenuados pelo tempo. Acidez na medida certa, demonstrando que a altitude faz bem aos vinhos de Mendoza. Faltou um pouco de complexidade para o vinho deslanchar e o álcool realmente incomoda. Apesar destas arestas, é um bom vinho, com bom corpo e alguns atrativos, mas não empolga em nenhum momento, ou seja, é um vinho redondinho, apenas bom. Por estas razões, acabou descepcionando um pouco. Pensei muito para dar a nota e acho que 88 pontos é bem justo pelo que oferece. Paguei cerca de 72 pesos na Tonel Privado, em Buenos Aires, preço justo pelo que é. Porém, aqui no Brasil, se e que existe à venda, deve custar uns R$ 55,00, caro pelo que oferece. Valeu mais pela curiosidade que pela qualidade.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Fleur du Cap Cabernet sauvignon 2008
Vinho conhecídíssimo e facilmente encontrado em supermercados, principalmente no Pão de Açucar. Proveniente da África do Sul, tem preço médio de R$ 37,00, o quê é honestíssimo pelo que oferece. Traduz com bastante tipicidade o Terroir sul-africano, mesmo sendo um vinho simples, feito para o dia-a-dia. Coloração vinhosa para violeta, lágrimas não tão intensas. Aromas de cassis, frutas negras e toque de terra. Sente-se o carvalho, mas sem prejudicar o conjunto. Na boca, tem taninos suaves, acidez baixa, doçura correta e corpo médio para denso. Vinho que casa muito bem com churrasco e enfrenta um filet ao molho forte. Ótima opção também para o dia-a-dia ou noites frias. Tem 14% de graduação alcoólica, o qual não é sentido em boca. Nota: 88 pontos.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
DESAFIO ROSÉ: AR flor de a10 Anta Bandeiras 2009 x Estampa Cabernet Sauvignon / Syrah 2008
Vinhos comprados na promoção de verão (ainda vigente), na Maison du Vin (antiga Terroir). Desafio interessante, porquê coloca frente à frente um vinho do velho contra um vinho do novo mundo. O Rosé Anta Bandeiras é um vinho que trás um apelo comercial muito grande, porquê se trata de uma vinícola que tem como sócio ninguém mais, ninguém menos que Antonio Bandeiras (ele mesmo!), portanto "coisa ruím" não pode ser! E realmente não é! Vinho com uma bela coloração "salmão", aromas de morangos e cerjas bem frescas, boca com bom corpo, acidez correta e refrescante. O Estampa é um vinho do Vale da Colchágua (Chile), de uma vinícola que se especializou em assemblages. Coloração rosa claro, aromas leves de pequenas frutas vermelhas e toque mineral, boca bem refrescante, com acidez correta e nada agressivo; é um vinho mais aguado. Ambos os vinhos são bons rosés e cumprem sua função principal: refrescar um dia quenta à beira da piscina. O Anta Bandeiras é mais carnudo, enquanto que o Estampa é mais refrescante. Se quiser um vinho com mais corpo para acompanhar um prato, a opção é o Anta. Se quiser algo descompromissado, que dê refrescância, opte pelo Estampa. Mas, aqui não vamos ficar em cima do muro: Anta (87 pontos), Estampa (86 pontos). O desafio é vencido pelo Estampa, porquê é mais "verão" e custa bem mais barato.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
La Loubière Costières de Nîmes 2008
Vinho adquirido naquela conturbada compra na Enoteca Fasano. Independente das reclamações, o nosso dever é de analisar o vinho sem interferências positivas ou negativas, zelando sempre pela honestidade de comentários. Então, a verdade é: o vinho é bom! Feito no Rhône, sem especificação se é no Norte ou no Sul, é elaborado à partir de 50% Grenache, 45% Syrah e 5% Carignan. Coloração bonita, com aquele vermelho-cobre (isso mesmo) que caracteriza o Rhône. O nariz é o ponto forte do vinho: bastante complexo para sua faixa de preço. Aromas que se iniciam com ameixas pretas secas e pimenta preta e depois evoluem para uma fruta mais intensa com cravo, chegando em alguns momentos à lembrar alcatrão e chocolate. Na boca, o vinho cai! O excesso de álcool é nítido e atrapalha a degustação, embora os taninos e a acidez sejam corretos, mas o vinho é demasiado quente e se torna de difícil avaliação em boca. Em uma temperatura um pouco mais baixa, melhora-se a degustação, mas perde-se um pouco dos aromas. No conjunto, agrada e tem preço honesto: R$ 51,00. Nota: 89 pontos.
Chianti Clássico Rocca delle Macie 2008
Mais um dos vinhos que trouxe do Cruzeiro Costa Fortuna, onde paguei inofensívos US$ 12,00 por esta meia-garrafa. Este Chianti vem da zona clássica para Chianti, na Toscana e oferece um ótimo custo-benefício. Elaborado com 95% Sangiovese e 5% Merlot, passa de 6 à 10 meses em contato com a madeira. Coloração entre o púrpura e o rubi, brilhante, sem traços de evolução. Aromas predominantes de especiarias e frutas bem vermelhas. Acidez bem denotada na boca, como deve ser um Chianti. Taninos presentes, mas não agressivos. Boa persistência, retrogosto revelando a madeira e aromas mais complexos de frutas mais maduras. É um bom vinho, sem ser surpreendente. Vai estar melhor em dois anos, mas já dá para beber. Nota: 88 pontos.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Naoussa OPAP 2006 (Boutari)
Vinho grego está na moda, em funçào da curiosidade (por ser novidade) e da boa qualidade de alguns exemplares. Por esta razão, as importadoras têm abusado do direito de aumentar a margem de lucro nestes produtos, mas será que vale a pena? A resposta é um tanto que vaselina: depende! A qualidade sempre justifica o preço, mas nem sempre o preço justifica a qualidade. Neste nosso caso senhores, o resultado final é um desastre! Vinho de coloração vermelho bem claro, transparente, com corpo leve e lágrimas imperceptíveis. Aromas de frutas vermelhas frescas com pimenta branca e só! Não adianta ficar cafungando em busca de novos e diferentes aromas, que você não vai encontrar. Boca revelando corpo leve, textura ainda dura e acidez boa (o ponto forte). É vinho de segundo time mesmo: não tem corpo, aromas ou estrutura. Vinho fraquinho que não vale R$ 25,00, quanto mais os R$ 46,50 que eu paguei. Robert Parker só poderia estar maluco quando deu 88 pontos para este vinho. Pessoal, vai por mim, se tiver que comprar algo do gênero, escolha o Miolo Seleção tinto, que é a mesma coisa (juro para vocês!) e custa R$ 15,00. Fujam do MICO! Não se deixem enganar! Não comprem este vinho, porquê ele não justifica o preço! Nota: 84 pontos.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Alfredo Roca Cabernet Sauvignon 2004
Próximo ao final do dia de serviço, recebi uma ligação de minha filha solicitando que eu fosse ao supermercado com fins de comprar Yakult. Como pedido de filho é ordem, cumpri minha missão de pai, mas dei uma pequena desviada no percurso em direção à pobre sessão de vinhos do supermercado e encontrei perdida, no meio de tantas porcarias, uma garrafa de Alfredo Roca Cabernet Sauvignon 2004, com o rótulo envelhecido e a garrafa manchada de branco. Tive boas experiências com cabernet e malbec argentinos de longa data, que se mostravam vivos no momento da degustação, mas nenhum deles tão simples como este humilde vinho de base de Alfredo Roca. Já elogiei neste blog o simples e agradável Afredo Roca Malbec e também a boa longevidade dos Cabernet Sauvignon argentinos, portanto, justificativa eu tive para apostar neste 2004. Ao abrir a garrafa, surpresa: coloração de vinho ainda jovem! Será o Benedito? Como pode um vinho simples, sem pretenções, exposto anos numa prateleira de supermercado, de pé e em condições climáticas não favoráveis, com constante manipulação, sobreviver e se manter jovem? Sim, e muito vivo! Aromas de cassis, frutas vermelhas, especiarias, tudo o que já se conhece de um simples cabernet sauvignon, mas com uma pequena evolução que amacia um pouco o vinho e o deixa, nem que seja no sub-consciente, diferente daquela "mesmiçe". Deixei meia-garrafa para o dia seguinte e estava... melhor!!! Caramba, certos dias, a gente ganha na loteria. Poxa! Poucas vezes um vinho de R$ 19,00 me deu tamanha felicidade! Valeu a experiência e através dela, comprovei que os cabernet da Argentina, quando têm um mínimo de seriedade, sabem evoluir, ou pelo menos, se manter vivos em garrafa por longo período. Nota: 87 pontos. Tá bom por menos de R$ 20,00.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Finca Sobreño Tinto 2007
Vinho de base da Vinícola Finca Sobreño, localizada na região de Toro, na Espanha. Toro fica na região de Castela-Leão, da qual também faz parte Ribera del Duero. Aliás, Toro fica à leste de Ribera del Duero, perto da divisa com Portugal e é irrigado pelo rio Douro. Portanto, como se vê, predicados positivos não faltam à esta região. A principal cepa tinta do Toro é a Tempranillo (que surpresa...), que também é conhecida na região como Tinta de Toro. Pois bem, este vinho é um 100% Tempranillo, que passa 4 meses em barricas novas de carvalho americano e mais 4 meses em garrafa antes de ser comercializado. Seria equivalente à um jovem de Rioja. Os vinhos jovens da Espanha, que pouco ou nenhum contato tem com a madeira, são mais simples e têm pouca complexidade, mas são os que melhor expressam a fruta e a região, justamente pela pouca interferência do carvalho. Este vinho é bem agradável e tem um grau de complexidade acima da média para a sua proposta, o que denota bastante cuidado no seu preparo. Coloração violácea, jovem, com lágrimas suaves. Aromas frescos de frutas vermelhas, mais intensamente a cereja e amora, com pouca ou nenhuma especiaria. Tem um "que" a mais, um toque floral, mais pronunciado à violetas. Boca macia, corpo médio, taninos presentes, mas suaves, acidez mediano. Vinho que não é uma maravilha, nem encanta, mas é muito bem balanceado, sem arestas e tem um toque diferente, razão pelo qual merece 89 pontos, o que faz juz ao preço (R$ 45,00, na Vinci). Vinho honesto, que merece ser provado. O próximo desta Vinícola que vou provar é o Crianza, o qual estagia por mais tempo em carvalho e em garrafa, tendo um custo R$ 10,00 mais caro.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Monte Cinco Oak Malbec 2003
Um momento aqui... Este vinho é coisa séria! Para quem acha que Malbec é sempre uma bomba de fruta com carvalho ou para se degustar um bom Malbec tem que se gastar muito, este vinho prova o contrário. Malbec com estrutura de Malbec, força, raça e suculência de Malbec, mas com elegância ímpar. Vinho muito balanceado, talvez pelo processo de produção ou pelo bom tempo de garrafa (ou os dois). Coloração vinhosa com levíssimo halo alaranjado de evolução (algo raro em Malbec), límpido, fluído, roda fácil na taça. Empolgante no visual, se estende nos aromas: frutas vermelhas maduras com sutileza de olfato, especiarias vivas, álcool pouquíssimo notado, madeira presente, mas muito bem integrada. Na boca, revela-se sedoso, macio, gosto de quero mais. Este vinho tem vida pela frente e talvez não melhore mais, porquê já está ótimo, trazendo quase todo o potencial que esta cepa pode dar. Costumo dizer que notas acima de 95 pontos são raríssimas, sendo reservadas à vinhos excepcionais de grandes safras, ou seja, ícones em estado de graça. Talvez, o máximo que um Malbec possa alcançar seja 94 pontos e este vinho merece 92 pontos. Talvez falte apenas um pouco mais de complexidade aromática, mas por outro lado, revela a verdadeira característica da cepa, muito bem tratada. Pode ser encontrado na Boutique do Vinho por R$ 95,00. Não vou discutir preço, porquê é um vinho que merece ser provado, independente do preço.
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