A importância de Robert Mondavi para o vinho do Novo Mundo é inquestionável, talvez sendo ele a figura mais importante do mundo do vinho fora do Velho continente. Consequentemente, ele cobra caro pelos seus vinhos, os quais têm muita qualidade, mas o que chega financeiramente acessível para nós, pobres mortais tupiniquins, é o basicão de sua brilhante criação, a qual alcançou o top com o magnífico e já mítico Opus One. Só que aqui, vamos rebaixar um "pouco" e falar sobre este pé-de-boi de Mondavi, o Zinfandel Private Selection. Não gosto muito de comentar rótulos, à não ser quando chamam demais a atenção e este é horrível, fazendo lembrar alguns vinhos de terceira categoria aqui no Brasil. Quanto ao vinho, este exibe uma coloração vermelho violáceo com reflexos granada e pouco brilho, não agradando muito. No nariz, um típico vinho americano, com muita concentração, se destacando ameixa preta seca, cravo em segundo plano e cedro. Na boca, tem bom corpo, acidez correta, taninos vigorosos, mas redondos e final médio. Chama a atenção o fato do álcool estar bem controlado, especialidade de Mondavi. É um vinho gostoso e fácil de beber, superior aos seus irmãos do sul da Itália, onde é chamado de Primitivo. Mas, não passa disso e por custar em torno de R$ 65,00, deveria oferecer muito mais. Bacaninha, mas caro pelo que oferece. Recomendável apenas para quem quer conhecer o estilo da Zinfandel americana e homenagear o saudoso Robert Mondavi. Nota: 88 pontos.
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
quinta-feira, 29 de março de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
Doña Paula Olives Road Syrah / Viogner 2006
A vinícola Doña Paula dispensa apresentações, pela boa qualidade de seus vinhos e pelo grande volume de produção, sendo uma das maiores da Argentina. Ganhou fama pelos bons e carnudos Malbecs e pelo bom custo-benefício de seu Pinot Noir básico. Este vinho é completamente diferente do estilo padrão argentino, remetendo à alguns bons vinhos de Côte Rôtie. O corte é de 97% Syrah e 3% Viogner, inspirado nos vinhos do Rhône norte. A coloração é rubi com reflexos alaranjados, denotando evolução. O vinho roda bem na taça e tem lágrimas delicadas. Os aromas também são delicados com predominância de frutas vermelhas maduras, agradável percepção floral exótica (contribuição da Viogner) e leve toque animal de evolução. A madeira, que foi utilizada de maneira racional (apenas 6 meses) está perfeitamente integrada ao conjunto. Como ponto negativo, sente-se o álcool sobrando um pouco. Na boca, é sedoso, tem taninos bem moldados, acidez correta e bom corpo, com o álcool incomodando menos. O final é médio e o retrogosto agradável. Sim, é um bom vinho e tem razoável complexidade, mas eu não consigo entender seu alto preço (em torno de R$ 105,00). Paguei R$ 55,00 em condições especiais na Grand Cru, valor honesto. Pelo seu valor integral, não aconselho a compra. Nota: 90 pontos.
terça-feira, 27 de março de 2012
Boas compras entre R$ 30,00 e R$ 40,00
Ontem, coloquei uma lista de alguns vinhos bem baratinhos para o consumo no dia-a-dia. Hoje, trago mais uma pequena lista de vinhos um pouquino mais caros, mas que também se encaixam no consumo do dia-a-dia, porquê têm preço máximo de R$ 40,00. É claro que toda lista tem suas controvérsias e não é unânime, assim como inúmeros outros rótulos poderiam fazer parte desta lista, mas o que posso garantir à vocês é que estes vinhos foram todos experimentados por mim mais de uma vez e fazem parte do meu dia-a-dia. porquê são vinhos gostosos e acessíveis.
-Bairrada Frei João Tinto: vibrante português por R$32,00
-Calyptra Vivendo Rosé: rosé chileno tipicamente de Provance por R$ 32,00
-Rapariga da Quinta: bom português por R$ 32,00
-Quinta do Alqueve Fernão Pires: ótima opção para bolinho de bacalhau por R$ 32,00
-Carmen Classic Cabernet sauvignon: o melhor Cabernet sauvignon nesta faixa de preço. R$33,00
-Álamos Malbec: imbatível custo-benefício. R$ 33,00
-Álamos Chardonnay: ótimo vinho branco para acompanhar peixes e frango. R$ 33,00
-Cefiro Sauvignon blanc: fresco vinho chileno para entradas. R$ 33,00
-Veo Grande Carmenere reserva: Carmenere elegante e com notas herbáceas por R$ 34,00
-Barbera D'Asti Villa Jolanda: talvez o maio achado da lista, belo vinho piemontês, elegante e com rara complexidade e aromaticidade para sua faixa de preço. R$ 35,00
-Tapada do Fidalgo Tinto: diferente e honesto português por R$ 36,00
-Florilegio: Bom e aromático toscanês. Eu achei por R$ 39,00
-Vallontano Tannat reserva: um exemplo de que nossos vinhos, quando querem não devem nada para ninguém. R$ 39,00
-Estampa Viogner / Chardonnay: Diferente branco chileno. R$ 39,00
-Quinta do Alqueve Tradicional: um dos melhores vinhos portugueses nesta faixa de preço. R$ 40,00
-Talenti Rosso Rispollo: um raro toscanês italiano com bom custo-benefício. R$ 40,00
É óbvio que tem muito mais, mas esta listinha é bem bacana e acessível. Espero que ajude.
Maycas de Limarí Chardonnay reserva 2009
Gosto muito dos Chardonnays do Limarí e quando consigo comprar um vinho deste nível por R$ 39,00, é uma festa. É claro que este preço foi promocional, mas aconselho à ninguém perder outra oportunidade igual. O visual amarelo claro com reflexos dourados exibe ótima limpidez e lágrimas abundantes. Os aromas predominantes de abacaxi e maracujá se misturam com aquele delicioso toque salino, típico dos vinhos do Limarí e é este toque salino associado à acidez correta em boca que deixam o vinho gostoso, fresco e diferente dos demais. E por falar em boca, o vinho se mostra com médio corpo, macio e sem amargor final. É um bom vinho e um digno representante do Limarí, Vale que também dá bons Syrah e Sauvignon blanc. Compra honesta por R$ 50,00 e pechincha por R$ 39,00. É versátil gastronomicamente, tanto que harmonizou com truta e coelho ao mesmo tempo. Vale a investida. Nota: 90 pontos.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Boas compras até R$ 30,00
Tudo bem, eu sei que muita gente já blogou isto, mas eu acho que jamais é enjoativo, até porquê é justamente o quê nós procuramos neste enorme universo de vinhos: compra boa e honesta! Então lá vai uma listinha legal de vinhos bem baratinhos para aquele dia-a-dia, gastando bem pouquinho:
- Porta da Ravessa: Campeão português neste preço, R$ 16,00
- Alfredo Roca Malbec: Campeão argentino neste preço, R$ 18,00
- Ventus (Del fin del mundo): Blend bem suave e correto por R$ 20,00
- Valmarino Espulmante Brut Rosé: impressionante por só R$ 20,00
- Dos Fincas Cabernet sauvignon / Malbec: carnudo e gostoso por apenas R$ 24,00
- Salton Volpi Merlot: o melhor Merlot barato nacional e um dos melhores do mundo por este preço, R$23,00
- Cono Sur bicicleta Riesling: fresco e gostoso. R$ 24,00
- Cono Sur bicicleta Pinot noir: honestíssimo e um dos raros pinot nesta faixa de preço. R$ 24,00
- Tamaya Chardonnay: gosto de maracujá e sal do Vale do Limarí. R$ 25,00
- Loios Tinto: português diferente por R$ 26,00
- Varanda do Conde Vinho Verde: um ótimo exemplo de vinho verde por R$ 26,00
- Trapiche Broquel Bonarda: potente Bonarda argentino, sem ser enjoativo. R$ 26,00
- Palo Alto reserva: mentol do Maule por R$ 28,00
- Clos de Toribas Tempranillo: elegante espanhol por R$ 29,00
- Casillero del diablo Syrah: um clássico! O melhor casillero, na minha opinião. R$ 29,00
Senhores, devemos lembrar que o valor teto utilizado foi bem modesto, então não é possível encontrarmos vinhos maravilhosos por este preço, mas todos os vinhos desta lista são agradáveis, transmitem boa sensação de prazer e o melhor, não arrebentam com nosso bolso. Há variações de valores, conforme o lugar onde você for comprar, mas todos este valores expostos foram encontrados por mim.
Montes Alpha Syrah 2007, será que é tudo isso?
Guardado há tempos em minha adega e esperando por uma ocasião especial, este famoso vinho do Colchagua chileno, enfim teve sua oportunidade e não foi em nenhum grande evento, mas sim em um jantar de sexta-feira, harmonizado com um filet-mignon ao molho de carne com pimenta verde. Já passei da época de esperar grande coisa de vinhos famosos e muito comentados, mas a reputação de Aurelio Montes ultrapassa qualquer opinião formada. Pois bem, abri o vinho e coloquei na taça: começou bem com uma bela coloração vermelho rubi com reflexos violáceos, bastante limpidez e brilho, lágrimas grossas e abundantes. No nariz, frutas vermelhas maduras, bastante especiaria e o típico mentol chileno, mas o álcool incomodava e muito. Na boca, taninos corretos, acidez correta, médio volume, sedosidade média e de novo, álcool sobrando. Retrogosto um pouco amargo, final com boa persistência e razoavelmente longo. É um vinho que tem seus encantos e virtudes, mas também tem arestas à serem cortadas, como o álcool que insistiu em permanecer até o final, o que tornou o vinho um pouco pesado e incômodo. O problema está no preço, em torno de de R$ 75,00, salgado para a qualidade do vinho, que apesar de bom, não oferece nenhuma novidade e não encanta em momento algum. Resumindo, é aquilo que você já encontrou em um Syrah encorpado, carnudo, doce e mentolado chileno. Não é crítica, mas encontramos vinhos de igual qualidade (ou melhor) com custo mais baixo. Só para citar, temos o Santa Ema reserva Syrah, Perez Cruz Syrah (este é de preço semelhante, mas muito mais vibrante) e Tamaya reserva Syrah. Apesar de ser bom, não vale o quanto custa! Comprar o Montes Alpha Syrah é como comprar uma roupa de grife (Lacoste, por exemplo), paga-se caro demais por um produto bom, mas não melhor do que outros bem mais em conta. Nota: 89 pontos.
sexta-feira, 23 de março de 2012
Tamari AR Malbec 2007
Comprei este vinho em promoção no Clube Wine e confesso que fiquei com um pé atrás. Vinho altamente pontuado por Parker (92 pontos) e ultimamente estou muito desconfiado com as notas de Mr. Parker, então abri o vinho sem muito esperar. Elaborado com 100% Malbec, este vinho argentino tinha tudo para ser um "leva porrada" do blog. Coloquei na taça e logo ví o visual violáceo escuro, tipicamente malbec, lágrimas grossas e manchas na taça. Cherei e ... aí vem outra bomba de malbec, humm... Dei um tempo e ... o álcool incomodava. Dei mais um tempo e ... bingo!!! Aromas puramentes malbecianos com violetas, géleia de amoras, frutas em compotas, frutos negros, madeira presente e sem incomodar, leve aroma selvagem de figo cristalizado, sim, é bem complexo! O vinho que suepreendeu no nariz, continuou bom na boca, revelando taninos fortes e vigorosos de sua cepa, acidez presente, bom corpo, ótimo final e retrogosto elegante. Ora, ora, vejam vocês, o vinho é muito bom! Não é daqueles malbecs que primam pela elegância, mas tem em sua concentração seu ponto forte. Mas é uma concentração que não é exagerada, não é enjoativa e pede uma comida bem temperada. Casou muito bem com molho de gorgonzola. Sou mais adepto dos vinhos raçudos e elegantes, mas tenho que me render à este vinho frutado e com alta concentração. Muito parecido com o Catena Malbec, também lembra em alguns momentos o Amalaya. Custa em tornpo de R$ 45,00 e vale a compra. Entra para o time dos Malbec de força, com bom custo-benefício. Desta vez Mr. Bob Parker acertou (com um pouco de exagero). Nota: 90 pontos.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Cusumano Syrah I.G.T 2010
A Syrah é uma uva bastante versátil, se dando bem tanto em clima frio ou clima quente, como é o caso da Sicília, terroir favorecido por bastante sol e calor. Os Syrah de clima quente mais conhecidos do mundo são os de Barrosa Valley (Austrália) e os ótimos Colchágua (Chile), locais onde transmitem ao vinho grande corpo, densidade, concentração, aromas frutados e maduros com toque de terra molhada. No caso deste Cusumano 100% Syrah, podem esquecer tudo isso: o vinho não tipicidade nenhuma de Syrah! Vamos começar pela garrafa, que possui um rótulo discreto e interessante e a rolha de vidro, algo raro para mim. Passado a curiosidade da rolha, vamos ao vinho na taça: coloração rubi com grande transparência e sem traços evolutivos, traduzindo um vinho de pouca concentração e sem ambições de guarda. Aromas prejudicados pelo álcool, aparente um pouco demais, mas após rápida volatização, surgem aromas simples bem frutados de frutas vermelhas frescas e doces, sem nenhum sinal de madeira, o quê me surpreendeu, porquê no site de vendas diz que o vinho passa 5 meses em barricas de carvalho. Muita fruta simples no nariz e também muita simplicidade na boca, com taninos mansos, acidez correta, corpo leve para médio e final curto, sendo que mais uma vez o álcool atrapalha. Não tenham dúvidas, é um vinho de uma região quente e bem simples, porém não tem nada que o caracteriza como sendo Syrah. é facilmente confundível com aqueles malbecs mais simples de supermercado, como o Benjamin Nieto Senetier. Já que é para comparar, então prefira o Alfredo Roca Malbec, de qualidade superior e bem mais barato (R$18,00). Enfim, é um vinho que vai agradar somente aos iniciantes, isto sem saber do preço (R$ 42,00). Esqueçam este vinho, procurem por algo melhor e mais típico. Nota: 85 pontos.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Miguel Torres Cordillera Special Edition Maule 2009
Vinho produzido no Maule, especialmente para o Clube Wine, à partir de 85% Cabernet sauvignon e 15% Merlot, com 9 meses de passagem por barricas de carvalho. No comentário do Clube Wine, diz ser um vinho feito para o gosto do brasileiro, só que esqueçeram de dizer que é para um público bem iniciante em vinho e que não tem noção de custo-benefício. Vou explicar: o vinho é agradável e tem muita tipicidade chilena e especificamente do Maule, mas custa muito mais que alguns exemplares do mesmo nível. A coloração é vermelho púrpura com reflexos violáceos, sem traços de evolução (nem precisa, porquê é feito para ser bebido jovem). Os aromas são simples mas agradáveis, remetendo à frutas vermelhas maduras com toque mentolado. Em boca, é balanceado, com médio corpo, taninos ainda um pouco ríspidos, acidez correta e final médio. Sim, é um vinho correto e agradável, então porquê criticá-lo? Eu repondo: compre o Palo Alto reserva Maule (em torno de R$ 26,00) e faça a comparação. Você chegará à conclusão de que estará bebendo o mesmo vinho! Claro que não, mas são muito parecidos! A diferença é o preço: este Cordillera custa R$ 63,75! Enfim, um vinho razoável, agradável e com poucas arestas, mas inviável pelo seu preço; não vale o quanto custa! Querem outro exemplo de vinho do mesmo nível e com tipicidade semelhante, custando R$ 30,00? : Casillero del diablo Syrah. Bola-fora da Wine. Não indico a compra. Nota: 87 pontos.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Federico de Alvear Espulmante Brut
Vinho espulmante produzido em Mendoza, à partir de Chardonnay, Chenin e Ugni Blanc, desembarcou no Brasil com a árdua tarefa de fazer frente aos nossos bons e baratos exemplares nacionais. Custa ao redor de R$ 25,00, valor similar à muitos de nossos brazucas. Coloração amarelo-palha, com reflexos verdeais, bo formação de espulma ao se colocar na taça. Perlage fina e em boa quantidade, mas com pouca persistência. Aromas florais e de frutas brancas leves. Médio corpo, assim como cremosidade discreta, mas tem boa acidez e não é "doce" como outros espulmantes argentinos. Tem um final de boca agradável e sem amargor. Ótima opção para um dia ensolarado à beira da piscina ou para entradas, gastando realmente pouco. É honesto no custo e nada deve para os tupiniquins de mesmo custo. Nota: 87 pontos.
sábado, 17 de março de 2012
Monte Cinco Reserva Malbec 2006
Já bebi e comentei aqui o ótimo Monte Cinco Oak Malbec, vinho sério e um dos melhores disponíveis no mercado argentino. Este é uma categoria abaixo, mas mantém um nível muito bom, principalmente porquê é Malbec sério, sem exageros de fruta ou madeira. Coloração violácea, com ótima limpidez, lágrimas grossas. Aromas tipicamente malbecianos, com predominância de frutas vermelhas maduras, quase compotas, madeira imperceptível, sedoso e macio. Em boca, taninos presentes e moldurados, acidez escassa, mas presente, bom corpo, ótimo final. Malbec típico, dos bons, sem exageros, ótimo para escoltar um BOM churrasco. Tem elegância e não é enjoativo. Ótima opção de compra, pena que é difícil de se encontrar no Brasil. Este exemplar, eu trouxe da Argentina. Nota: 90 pontos.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Ventus 2010
A Bodegas Del fin del mundo (Argentina) surpreende tanto de forma positiva, como de forma negativa, portanto, quando nos deparamos com um vinho de sua produção, não sabemos o que encontrar. Sabemos sim, que esta bodega é uma das que melhor usam o marketing para venda de seus vinhos. Já me encantei com seu Blend top, já me descepcionei com seu tão elogiado Merlot e já me surpreendi com seu honesto Pinot noir. Agora, é a vez de seu "pé de boi" Ventus, um corte de Merlot, Malbec e Cabernet sauvignon, elaborado na divina Patagônia argentina. Um vinho de menos de R$ 20,00, o quê esperar? Que seja palatável e acompanhe nossa comidinha de dia-a-dia. Pois é, estava lendo uma revista de vinhos estes dias e me deparei com um comentário de um profissional da área, o qual dizia que hoje em dia, é muito difícil encontrarmos vinhos ruíns, devido à alta tecnologia utilizada no processo de produção. Concordo integralmente com este comentário e é por isso que prefiro avaliar os vinhos de acordo com seu custo-benefício. Já que dificilmente encontraremos vinhos ruíns, salvem os excessos de madeira e álcool ou às baixíssimas concentrações, então devemos analizar se o vinho vale ou não o quanto custa e se ele cumpre sua missão. Este Ventus cumpre sua missão e vale o quanto custa, porém isto não o transforma em um grande vinho. É passível de elogios, porquê é honesto e agradável, mas não deixa de ser bem simples. Visual de coloração rubi, sem evolução. Aromas de cerejas bem frescas, com um toquinho de pimenta branca. Boca suave, médio corpo, taninos bem macios, acidez correta. Vinho bastante fresco e de aceitável concentração. Bastante correto, entra para o rol dos bons e baratos. Nota: 86 pontos.
terça-feira, 13 de março de 2012
Porta da Ravessa 2010
Existem grandes ícones que são reverenciados por sua arte, existem bons vinhos que são reconhecidos por sua grandeza, existem outros muitos que têm ótimo custo-benefício e existem também vinhos que são produzidos para o dia-a-dia. Estes, geralmente são vinhos baratos e elaborados aos "milhões" e que têm a finalidade única de escoltar o nosso"pão"de cada dia. Mas, a grande maioria falha nesta simplória finalidade, ou seja, nào cumprem seu objetivo básico e caem na mediocridade. Este vinho português, elaborado no Alentejo, à partir de castas tipicamente portuguesas, talvez seja o maior exemplo de como se fazer um vinho barato, bebível e que até transmite algumas senseções de prazer, qualidades que o credenciam ao nosso cálice sagrado de cada dia. Claro, não se trata de um "vinhão", mas tão pouco é ruím e chega à entusiasmar em alguns momentos. É bem feito, tem poucas arestas, álcool pouco aparente, taninos presentes e delicados. Tudo bem, é bastante simplório e não traz novidades, mas está longe de ser brega e cumpre sua função. Um vinho simples, para acompanhar o seu almoço, seu petisco ou seja lá o que for. Nota: 86 pontos. Qual o motivo desta festa toda? Custa em torno de R$ 16,00 !!! Desafio qualquer enófilo à achar algo melhor por este valor.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Santa Ema Reserva Syrah 2007
Grata surpresa este ótimo syrah produzido no Vale de Cachapoal (Chile). Um digno representante deste bom terroir e um belo exemplo de Syrah de clima quente, sem ser enjoativo e hipermaduro. Visual bonito, com um vermelho rubi-violáceo, poucos traços de evolução e lágrimas comportadas. Aromas que transbordam frutas vermelhas muito maduras, com destaque para ameixas e amoras, madeira muito bem integrada ao conjunto, álcool bem discreto e traz como bônus aquele mentol característico dos Andes. Na boca, é ainda melhor, com uma textura muito macia, taninos redondos, corpo médio e um frescor que deixa o vinho vivo e muito agradável. Retrogosto delicado e um final médio/longo completam o conjunto. Um ótimo vinho que mostra que é possível beber bem sem gastar muito. Aliás, vamos começar à dar um não para estes vinhos caros (acima de R$ 100,00) que não dizem à que vêm, pois existem inúmeras boas opções de vinhos entre R$ 40,00 e R$ 70,00, de grande qualidade. Exceções sejam feitas aos grandes ícones, que representam o trabalho e a arte dos enólogos e em função do minucioso trabalho oculto que é desenvolvido na elaboração destes vinhos, têm razão para o alto custo. Nota: 91 pontos. Preço: em torno de R$ 50,00.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Leopoldo Cabernet sauvignon / Merlot 2008
Já elogiei muito e acredito de forma consistente, que a Serra Catarinense tem vocação para produzir os melhores tintos tânicos do país (cabernet sauvignon, malbec, etc.), já bebi bons vinhos da serra catarinense e o que mais me impressionou foi a elegância de seus vinhos, além da consistente qualidade. Este corte de cabernet sauvignon e merlot, da vinícola Santo Emílio, apresenta esmero em sua produção: bela e pesada garrafa, muita qualidade na rotulagem e envasamento, 10 meses de estagiamento de carvalho francês. Tudo desenhado para um belo vinho, porém... A coloração violácea com média transparência não anima muito, mas não faz feio. As lágrimas são grossas e lentas, destoando um pouco da graduação alcoólica de 13,5% (vocês vão entender isto daqui à pouco). O nariz é o forte deste vinho, mostrando um predomínio de ameixas pretas secas, com toque de café torrado. Madeira imperceptível, mostrando o belo trabalho de amadurecimento do vinho, mas o álcool, hummm, o álcool... Atrapalha bastante a caracterização de outros aromas. Na boca, o vinho cai de forma melancólica, com o álcool consumindo quase tudo, além de taninos absurdamente verdes. Deixei o vinho aberto de um dia para o outro e ele até melhorou, mostrando um lado de frutas vermelhas que até então não havia sentido, mas o álcool continuou em evidência e os taninos, apesar de mais macios, ainda incomodaram. Tem um retrogosto gostoso e um final longo. No conjunto, percebe-se que é um vinho feito com muito cuidado, mas o que parece que atrapalhou foi a matéria-prima: as uvas utilizadas na produção deste vinho pareceram não corresponder a boa vontade do produtor. É com bastante tristeza que emito este comentário, porquê reconheço as dificuldades de se fazer vinhos no Brasil, mas tenho que considerar que este vinho foi uma decepção. Preço: em torno de R$ 50,00. Nota: 84 pontos.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Viña Amalia Dos Fincas Cabernet sauvignon / Malbec 2010
Vinho de dia-a-dia típico, produzido pela Viña Amalia, com uvas 60% Cabernet sauvignon e 40% Malbec, provenientes do Vale do Uco, Argentina. É um vinho mendozino característico, com alta maturidade de fruta e taninos, elaborado para fazer parte das mesas de almoço e jantar no nosso dia-a-dia e cumpre bem a sua missão. O visual é violáceo bem escuro, quase negro e intransponível, denso, lágrimas fortes e vigorosas. Os aromas remetem muito a Malbec, com forte presença de geléia de framboesa e amora. Na boca, possui taninos vigorosos e rígidos, corpo pesado e uma acidez que surpreende e não deixa o vinho enjoativo. Tem retrogosto um pouco amargo e final médio. É um vinho que tem pouca complexidade, mas surpreende pela sua boa concentração e volume em boca. Lembra muito aqueles bem notificados espanhóis parkerianos, porém sem a presença incomoda da madeira. Cresce bastante perto de uma carne gordurosa ou defumada. Vinho mediano, por preço honesto e boa opção de compra, mas cuidado, os amigos da elegância soberba podem não gostar. Por R$ 24,00, é difícil encontrar concorrente à altura. Nota: 86 pontos.
segunda-feira, 5 de março de 2012
Desafio Frescobaldi: Pomino Bianco x Albizzia Chardonnay
Neste fim-de-semana, tive a oportunidade de beber dois vinhos brancos produzidos pela ótima Frescobaldi, vinícola italiana das mais prestigiadas. Sábado, bebi o Pomino Bianco 2009, um corte de Chardonnay e Pinot Bianco, sem passagem por madeira e 12,5% de álcool. Domingo, foi a vez do Albizzia 2008, 100% Chardonnay toscanês, com 12% de álcool. Como se percebe, são vinhos com bastante semelhança em sua constituição, mas bastante diferentes na degustação. Enquanto o Pomino revela uma coloração amarelo-verdeal, o Albizzia mostra um amarelo dourado. No giro de taça, o pomino é mais leve e gira mais rápido, enquanto que o Albizzia é mais untuoso e lento. O Pomino tem aromas mais complexos que passam por frutas tropicais como o maracujá e o abacaxi, tendo um cítrico de fundo e notas minerais; já o Albizzia é mais simples, tendo como protagonista o mel e leve manteiga, trazendo também um discreto avelã. Na boca, o Pomino é mais selvagem e crocante, tendo boa acidez, mas deixando um amargor final, enquanto o Albizzia revela-se mais sedoso, com média acidez e final mais agradável e elegante. Enfim, no nariz, o Pomino leva enorme vantagem porquê é mais complexo, mas na boca a batalha é mais igual, tendo o Pomino mais frescor e acidez, enquanto que o Albizzia é mais macio e elegante. Na gastronomia, o Pomino enfrenta pratos de carne branca mais exóticos, deixando peixes leves para o Albizzia. Veredito final: o Pomino é mais vinho e também mais caro (R$89,00), o Albizzia é mais honesto (R$59,00), mas nenhum dois dois vale o preço, porquê encontramos vinhos igualmente bons e complexos com custo mais baixo. Pomino Bianco: 89 pontos. Albizzia Chardonnay: 88 pontos.
Planeta La Segreta Rosso IGT 2010
Já comentei aqui dois vinhos da vinícola siciliana Planeta: o bom Alastro bianco e o ótimo Cerasuolo di Vitoria. Trago hoje o La Segreta Rosso, um corte de Nero d'Avola(50%) Merlot(25%), Syrah(20%) e Cabernet Franc(5%). A garrafa até que tem um rótulo atraente e o assemblage é bem interessante, pena que fica só na aparência. O vinho é qualquer coisa que você quiser imaginar, mas em nenhum momento lembra qualquer uma das quatro uvas que o compõe. Na minha humilde opinião, lembra muito um daqueles vinhos mais levinhos de Pinot noir; vejam bem, estou me referindo à um Pinot menor, daqueles feitos fora da Borgonha e sem grandes ambições. O visual é aquele violáceo clarinho, bem transparente. Aromas de framboesa e morango são facilmente identificáveis e só! Na boca, corpo leve, quase ralo, acidez presente, poucos taninos e final curto. Juro para vocês, numa degustação às cegas, arriscaria um Pinot noir leve. O vinho não chega à ser ruím, mas deixa muito à desejar, inclusive na vocação gastronômica, onde se limita como acompanhamento de massas com leves molhos rosés ou vermelhos. Pelo clube wine, custa R$ 41,60, caro pelo que o vinho oferece. Se tem algo de elogiável, é o frescor e a facilidade de beber, mas existem outros vinhos simples com igual qualidade e um custo muito mais baixo. Definitivamente, é carta fora do meu baralho. Nota: 85 pontos.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Larentis reserva especial Merlot 2005
Vinho brazuca na área! Merlot, safra 2005, vinícola familiar, tudo para um belo vinho. Mas, na prática, não foi bem assim. O visual até empolga, com seu belo rubi brilhante e lágrimas gentis. Chamou a atenção o fato de se perceber pouca evolução visual, mesmo se tratando de safra 2005. Os aromas são tímidos no começo, muito dominado pelo álcool, mas após algum tempo, mostram frutos vermelhos (framboesa e cereja), pó de café discreto, algo tostado, um pouco de herbal e madeira bem integrada. Sim, tem boa complexidade e também tipicidade de terroir do Vale dos vinhedos, mas não chega à empolgar. Na boca, a acidez típica do terroir gaúcho, taninos ainda um pouco verdes, médio corpo e persistência média. Apesar de ser da ótima safra de 2005, me parece que as uvas não chegaram ao seu ponto máximo de amadurecimento. A boa notícia é que este vinho se mostrou bastante jovem para sua idade e pode evoluir mais em garrafa e alcançar uma longevidade antes inimaginável para vinhos brasileiros. É comprar algumas garrafas, guardar e abrir nos próximos anos para conferir. Hoje, leva uma nota 87 pontos, pouco para sua faixa de preço (R$ 45,00). Em termos de comparação, prefira o Don Laurindo reserva Merlot, um pouco melhor e mais barato.
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