Mais um espulmante brazuca do Vale dos vinhedos, mais um espulmante que agrada e comprova a grande vocação desta região para a produção de vinhos espulmantes. Elaborado à partir de 70% Chardonnay e 30% Pinot noir, pelo método tradicional e com produção de apenas 3000 garrafas. Visual amarelo dourado, demonstrando certa evolução, perlage bastante intensa e fina, mas com persistência média. Surpreende no nariz, onde foge um pouco do padrão Vale dos vinhedos de espulmantes, exibindo uma explosão de frutas tropicais no nariz (abacaxi, melão, maracujá), mel e notas tostadas. Cai de nível na boca, trazendo a acidez marcante da região, mas com um amargor final que incomoda. Tem boa concentração de espulma, mas pouca persistência. Boa cremosidade na boca, onde também é bastante seco. Muito gastronômico, deve ser harmonizado com canapés ou pratos requintados. No conjunto, está aprovado! Nota: 89 pontos.
Um blog de um enófilo apaixonado pelo vinho, onde não existe relacionamento comercial com NENHUMA importadora, distribuidora ou qualquer empresa que comercializa vinhos, portanto totalmente livre para opinar, criticar positiva ou negativamente. Não tenho curso ou qualquer documento que demonstre minha técnica, apenas meus sentidos e minha honestidade. "Sigam-me os bons!"
O mundo em uma taças
Dê-me uma taça com um pouco de vinho, que
viajarei pelo mundo através de seus goles.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Vale o quanto custa? Vivendo Cabernet sauvignon rosé 2009
Vamos dividir os vinhos rosés em dois grandes grupos: o primeiro grupo é o daqueles vinhos com coloração "rosa pink" bem cheguei, aromas de groselha e bem adoçicados em boca, lembrando às vezes um suco de groselha com álcool; o segundo grupo é o daqueles rosés tradicionais com coloração casca de cebola, tendendo algumas vezes para o salmão claro, com aromas de frutas vermelhas frescas e toque herbáceo ou mineral, com muito frescor e acidez. A imensa maioria dos vinhos produzidos fora da Provance (terra do vinho rosé) pertence ao primeiro grupo. Pois bem, este vinho do Alto Cachapoal (Chile), produzido pela ótima Viña Calyptra pertence ao segundo grupo, ou seja, é uma "mosca branca" no meio de uma infinidade de porcarias despejadas no mercado. Feito à partir de uvas Cabernet sauvignon, esbanja frescor e elegância, mesmo tendo passado 24 meses em barricas de carvalho, isso mesmo, acreditem se quiser ou paguem para conferir! O visual é puro rosé da Provence, os aromas não dizem muito, mas percebe-se a delicadeza e o frescor e na boca, o vinho mostra o quê é um rosé: puro frescor! Paguei R$ 32,00 na Wine e posso garantir que vale muito o quanto custou. Nota: 90 pontos. Para comprar de caixa e bebericar neste verão à beira da piscina.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Vale o quanto custa? La Galiniere Carignan 2009
Com o objetivo de facilitar a vida dos leitores e expressar uma opinião honesta de um leigo, inicio hoje um novo formato em meus comentários de vinho. Vou fazer o comentário decritivo do vinho e no final, vou emitir minha opinião direta sobre o que mais interessa para o enófilo de pequeno e médio porte: se vale a compra daquele vinho, analisando critérios como qualidade, preço, história e curiosidade. Hoje, trago um vinho do sul da França, 100% Carignan, importado e distribuído pela La Cave Jado, pelo preço médio de R$ 55,00. Particularmente, gosto muito da uva Carignan, especialmente dos exemplares oriundos do Maule (Chile), onde a Carignan ganha contornos mais rústicos e carrega uma acidez cardíaca. Este La Galiniere é produzido em Languedoc e se assemelha mais aos vinhos espanhóis feitos com a Carignan: são ricos em fruta madura, potentes e concentrados, mas tem sempre a tradicional elegância francesa, mesmo que não tão evidente em comparação ao resto da França. A coloração é violácea bem viva, com discreto halo aquoso e nenhum traço de evolução. Os reflexos também são violáceos e apesar de não gostar muito desta cor, concordo que o visual é atraente. Os aromas tem complexidade média, remetendo à amoras e ameixas bem maduras, especiarias, pouco café e algo de hortelã (muito discreto). Na boca, cai um pouco de nível, mas continua agradando: tem acidez de média para baixa, os taninos se mostram claramente, o corpo é médio e o final é de médio para longo. Sim, o vinho é bom e gostoso, tem alguma complexidade e agrada, mas por R$ 55,00 encontramos vinhos melhores. Nota: 89 pontos, raspando em 88 pontos. Fico na dúvida para emitir o comentário final, mas vamos lá:
1) Por R$ 30,00 seria best-buy;
2) Por R$ 40,00 seria uma ótima compra;
3) Por R$ 45,00 seria bem honesto;
4) Por R$ 55,00 não vale a compra!
O vinho é bom e gostoso, mas infelizmente o preço não ajuda, mas isso não é culpa da Cave Jado, porquê sabemos dos altos impostos e do alto custo de um bom vinho francês. Sabemos que a Cave Jado garimpa bons vinhos e os trazem à um custo inferior à média das outras importadoras, mas milagres ninguém faz!
sábado, 10 de dezembro de 2011
CARO 2007
Vinho muito badalado, união de duas potências: Catena Zapata e Lafite Rothschild. Lí muitas críticas positivas sobre este vinho e muitas delas falam de um vinho com elegância superior, bem próxima do Velho Mundo. É um blend de Malbec e Cabernet sauvignon, com vinhedos de boa altitude e bons enólogos na produção. Recebeu altas pontuações do Descorchados e se valorizou muito no exterior. Porém, o vinho não é tudo isso! É um bom vinho, mas está longe de ser uma estrela. Coloração rubi-violácea, com lágrimas grossas e densas. Aromas bem mais perceptíveis de malbec ( fruta vermelha madura e violeta ). Especiarias bem discretas, complexidade média e razoável persistência em boca. O álcool atrapalha um pouco, mas o vinho cresce muito com a comida. É bom vinho, mas inviável em sua faixa de preço. Já tomei malbecs mais elegantes e muito melhores por quase a metade do preço. Nota: 89 pontos.
Querem algo diferente? Aqui está: Pisano Espulmante Brut tinto Tannat 2006
Isto é, no mínimo, inusitado ! Estive no Uruguai em janeiro de 2011 e em uma loja de vinho, fui apresentado à esta verdadeira aberração enológica, um espulmante de vinho tinto! Sem nem querer saber da qualidade, fui impulsionado pela curiosidade e comprei uma garrafa, a qual permaneceu descansando em minha adega por quase 1 ano. Resolvi abrir esta semana e encarar esta "mosca branca". Meus amigos, que mosca branca! Este espulmante é diferente de tudo o que eu já bebi até hoje, desde coca-cola até puro-malte. O exame visual revela um vinho tinto de coloração violácea, bem parecida com suco de uva concentrado, boa formação de espulma, porém pouco persistente e o perlage, bem, o perlage... ver o quê, se o vinho é tinto? Esqueçam o perlage, porquê este é impossível de se identificar. Aromas bem discretos, mas às cegas fazem confundir com espulmante branco normal, com um toque de cerejas e amoras frescas no final. Na boca, tem bom volume, acidez cativante, taninos de vinho tinto e um amargor desnecessário. Vinho dificílimo de harmonizar com qualquer comida, algo enjoativo e estranho. Resumindo, vale a degustação deste vinho pela curiosidade da experiência enológica, mas por qualidade, prefiro não indicar. Não vou dar nota à este vinho em respeito à ousadia da vinícola Pisano em produzir algo diferente do convencional e isto deve ser valorizado, porém é apenas para aventurar-se.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Pieza el Caidero Aragon 2008: Que coisa horrível !
Chega! Não dá mais para permanecer politicamente correto perante às aberrações de Parker e Jay Miller. Este vinho foi o fundo do poço! Uma verdadeira bomba de madeira! Se assemelha à um suco de uva bem concentrado com generosas infusões de chips de carvalho. Hiperconcentrado, abaunilhado ao extremo, pesado, desbalanceado, enjoativo. 91 pontos de Parker ??????? O cara pirou! Ou então... Este vinho é exatamente igual o já comentado Pieza el Coll Aragon, só que mais exagerado ainda. Não vou mais gastar tempo com este vinho. Querem uma sugestão? Utilizem para fazer sagu! Pelo amor de Deus, Sr. Parker! Para não dizer: Vai à merda!!!!
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Rapariga da Quinta 2008
Vinho comprado em promoção na Wine, por aproximadamente R$ 32,00, justo pelo que oferece. É um vinho regional alentejano e não nega a origem: aromas bem compactados de frutas vermelhas maduras, especiarias discretas, mas presentes e aquele toque terroso com madeira ainda aparente (6 meses de barrica). Na taça, exibe coloração violaçea sem traços de evolução e nem precisa, porquê é um vinho feito para ser bebido logo. Tem boa acidez, corpo médio, taninos brandos e final médio. É agradável e se torna uma boa opção para o dia-a-dia, se for comprado por este preço. Não difere muito dos outros cortes alentejanos tipicamente portugueses, mas tem poucas arestas e vale a compra. Nota: 87 pontos.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Barbaresco Coste Rubín Fontanafredda 2006
Estavam com saudades de um grande vinho? Eu, também! Este Barbaresco foi comprado durante um cruzeiro marítimo, por menos de US$ 50,00. O Barbaresco é um irmão do Barolo e junto com o Brunello forma o conjunto dos "3 bes" italianos: vinhos potentes e grandiosos. Feito à partir de uvas Nebiollo, bem próximo à região do Barolo, no Piemonte, este vinho esbanja classe e potência. Visual rubi vibrante,com belíssimos reflexos rubi e uma bela borda alaranjada de evolução. Textura licorosa, visível ao girar o vinho na taça, deixa lágrimas grossas e lentas, mas não mancha a taça. Aromas marcantes de especiarias, ervas, licor de frutas vermelhas e madeira muito bem integrada. Na boca, taninos marcantes, acidez vibrante e álcool apenas um pouco aparente. Enche a boca com sua textura aveludada e pede comida todo momento. O Barbaresco é uma opção piemontesa de nebiollo mais acessível financeiramente e à um prazo mais curto, visto que alguns Barolos precisam de 10 ou 15 anos para se mostrar. Já este Barbaresco, com 5 anos já demonstra seu potencial. Ótimo vinho, muito recomendado! Nota: 92 pontos.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Larentis Ancellotta Reserva especial 2008
Vou dizer agora o quê muitos já sabem, o vinho brasileiro melhorou muito! Os nossos espulmantes são imbatíveis no quesito qualidade-preço, o Lote 43 já é um vinho consagrado (pena que é muito caro), o Valmarino Cabernet franc X 2005 é uma explosão de aromas, o Vallontano Tannat reserva não perde para nenhum Tannat uruguaio da mesma faixa de preço, o Iniminabille é um bordalês brasuca, o Chardonnay da Vila Francioni parece um Chablis, o Salton Volpi Merlot talvez seja um dos melhores Merlot do mundo abaixo de R$ 25,00 e por aí vaí. É claro que há as descepções: os Salton Talento e Desejo não fazem juz às premiações recebidas, o Miolo Terroir Merlot é caro para o quê oferece e o bem falado RAR colezzione Pinot noir está longe de ser Pinot noir. Mas vamos falar desta "mosca branca" aqui: o Larentis Ancellotta 2008. Proveniente do Vale dos Vinhedos, safra magistral de 2008, tem um rótulo muito fino e bonito. Coloração rubi-violácea, bem jovem, com pouco halo aquoso e nenhum traço de evolução. Aromas de amoras maduras, toque herbal e um intrigante meio desconhecido que eu prefiro arriscar em figos frescos, isso mesmo, figos frescos! Vinho muito fresco nos aromas, enche muito bem a boca, onde é seco e tânico e tem uma acidez que não é recomendada para cardíacos, mas que eu adoro! Longo e persistente, este vinho surpreende por ser diferente. É realmente um bom vinho, mas poderá não agradar à todos, devido sua forte tanicidade e acidez. Os aficcionados pela madeira e hipermaduridade de caramelo não devem beber este vinho, mas quem gosta de vinho deve experimentá-lo. Há, já ía me esquecendo, o vinho também não nega a origem, trazendo aquele toque de café e torrefação do terroir gaúcho. Devido à sua boa concentração, pode ser difícil bebê-lo sozinho, mas experimente harmonizando com uma pizza de muzzarela, napolitana ou margerita. Repito, tem alta acidez! É vinho de longa guarda e resistirá tranquilo mais 4 ou 5 anos. Provem e façam os comentários em meu blog. Nota: 90 pontos. Preço: em torno dos R$ 45,00.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Don Pascual Roble Tannat 2008
Os uruguaios estudaram e produziram tanto a Tannat, que chegaram quase ao ponto máximo do que esta uva pode oferecer. Os grandes ícones uruguaios à base de Tannat são vinhos de primeira linha e os básicos são bastante honestos. Vejam só, existe até espulmante tinto de Tannat! Tenho um em minha casa e vou degustá-lo assim que tiver oportunidade. Vamos falar um pouco deste vinho, o qual é um 100% Tannat, produzido em Juanicó, com 13% de graduação alcoólica e 6 à 9 meses de envelhecimento em barricas. A safra é a 2008 e se considerarmos que o Uruguai faz divisa com o Rio Grande do Sul, tem características climáticas semelhantes e portanto, deve ter tido uma grande safra em 2008. É um vinho um degrau acima dos chamados vinhos de base, mas não se compara ao já elogiado Selecion del enólogo, já comentado aqui. Coloração violácea com leve transparência, tem aromas simples de frutos vermelhos maduros, discreta especiaria e leve tostado. É bem macio em boca, mas seus taninos não negam a origem Tannat. Tem boa acidez e é fácil de beber. Com poucas arestas, é um vinho correto e fácil de entender. Apesar de ser novo, está pronto para o consumo, pois é feito para isso: rápido consumo. Mas, se alguém tiver paciência, este vinho tem algum potencial de envelhecimento e vai estar muito elegante em 2 anos. Paguei R$ 36,00 neste vinho, um pouco acima do que vale, mas não deixa de ser honesto. Por este valor, encontramos alguns exemplares argentinos, chilenos, portugueses e até brasileiros um pouco melhores. Nota: 87 pontos.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Quinta da Pedra Alta Tinto Douro DOC 2007
O Douro é considerado por muitos, a principal região vinícola portuguesa, quando se trata de vinhos de qualidade. Concordo com esta colocação se considerarmos os grandes ícones do Douro, mas quando o assunto é vinhos médios, acho que podemos encontrar melhor custo-benefício em outras regiões como Alentejo, Lisboa, Dão e Tejo. Este vinho é um exemplo do que estou dizendo. Corte de 30% Touriga Nacional, 20% Touriga Franca, 30% Tinta Roriz e 20% Tinta Barroca, com 13% de graduação alcoólica e envelhecimento de 6 meses em carvalho. Coloração rubi-violácea, aromas predominantes de ameixas maduras, toque floral bem interessante parecido com lavanda e violetas, madeira bem integrada, final médio e razoável persistência em boca. O álcool incomoda em alguns momentos. Paguei, em condições especiais, R$37,00 neste vinho, mas seu preço real é de R$54,00. Pelo valor menor, é honesto, mas por mais de 50 paus, vira uma furada. Reafirmo o quê disse, encontramos vinhos portugueses melhores de outras regiões pelo mesmo preço. O Douro é a terra do vinho do Porto e de grandes vinhos tintos secos, mas quando se fala em custo-benefício, perde para outras regiões portuguesas. Nota: 87 pontos.
sábado, 26 de novembro de 2011
Flor D'englora 2009 e Champagne Irroy Brut
Dois vinhos já velhos conhecidos meus e que retorno à comentá-los. O Champagne Irroy Brut foi adquirido há 1 ano naquela promoção da Wine, por R$ 75,00. Não sei quanto custa este vinho na França, mas se tratando de Champagne, este custo é inédito, o que não garante a qualidade. A primeira vez que bebi este vinho fiquei contagiado pelo marketing e super-valorizei o produto. Agora, degustando-o com a razão e deixando a emoção em segundo plano, percebo que não é tudo isso. Continua sendo um bom espulmante, com aromas razoavelmente complexos, bom corpo e acidez cativante, mas percebe-se que o vinho começa à ter sinais de envelhecimento: a espulma não é persistente e o final de boca é amargo. Comparando-o com produtos nacionais, é claro que leva vantagem, mas é pouco para uma rotulagem (Champagne) tão expressiva assim. No pau-a-pau, perde para alguns espulmantes nacionais de mesmo custo, o que comprova duas tendências: nossos espulmantes são realmente bons e nem todo espulmante de Champagne é maravilhoso. Vale a compra para o conhecimento da região. Já o Flor D'englora, da região de Monsant (Espanha), anda na contra-mão destes "best buy" espanhóis que desembarcaram no Brasil recentemente. É elegante, tem concentração média, madeira na medida certa, boa complexidade e preço honesto. Os aromas predominantes são de frutas vermelhas com flores vivas, muita mineralidade e pedra. Muito frescor em boca e uma acidez corretíssima. É vinho para quem gosta de vinho. Equilibrado, gastronômico e versátil. Não está na moda porquê não é pesado e concentrado. Compra segura! Preço: em torno de R$ 52,00.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
A vida continua: volto com tudo, doa à quem doer! Chuva espanhola!
Alguns dias atrás, desgastado com a falta de tempo e com outros "enoproblemas", decidi abondonar as postagens do blog, mas recebi mensagens de motivação e carinho, o que me levou à tomar uma decisão: não vou parar! Pela satisfação pessoal, pelos fiéis seguidores e para desafiar os "politicamente corretos", vou continuar na ativa e volto com muito mais força, disposto à enfrentar comentários e opiniões de quem quer que seja. Firmo aqui a obrigação moral de sempre manter a ética nos comentários, mas jamais ficarei em cima do muro e doa à quem doer, o comentário vai ser ruím se assim for merecido. Volto à dizer que não sou profissional em enologia, mas experimento bastante vinho, tenho boa vivência no assunto, tenho a visão da maior parte do consumidor final e não tenho vínculo com nenhum produtor ou importadora, portanto, minhas opiniões são leigas, mas sinceras e de bom gosto! Daqui à pouco, vai ter gente me chamando de "o Cajuru do vinho", analogia feito com o comentarista esportivo. E volto chutando o pau da barraca: que tal falarmos um pouco destes muitos vinhos espanhóis altamente pontuados e com preços baixos que chegaram recentemente ao mercado brasileiro? Bebi recentemente 3 destes vinhos e como sempre, a garrafa toda:
1) Embocadero 2008: 100% Tempranillo, 91 RP, Ribera del Duero. Bom vinho, frutas maduras, madeira evidente, longo e persistente. Peca um pouco nos excessos. Preço: R$ 45,00. Nota: 89 pontos. Compra honesta.
2) Sabor Real Viñas Centenárias 2007: Tempranillo, 91 RP, Toro. Um pouco mais complexo e macio que seu irmão mais jovem (Sabor Real Jovem). Igualmente feio no rótulo, também privilegia a fruta madura e o peso da madeira. Um pouco aquém do Embocadero, mas também leva 89 pontos. Preço: R$ 49,00. Como se percebe, prefiram o Embocadero, um pouco melhor e mais barato.
3) Pieza el coll Aragon 2008: Aragon, Cariñena e Provechon, 90 RP, Calatayud. Robert Parker e Jay Miller não estavam muito bem "concentrados" quando avaliaram este vinho ou já deveriam ter bebido tanto vinho, que as papilas gustativas não respondiam mais. Dar 90 pontos para este vinho é piada de mau gosto!!! Excessivamente mergulhado em carvalho, excessivamente maduro, álcool aparente, enjoativo, meu Deus! Tem como ponto forte a boa concentração e o final longo e persistente, mas... Só quem gosta de chupar cana-de-açucar com mel vai gostar deste vinho. Uma mentira e uma descepção. Preço: R$ 39,00. Não vale R$ 25,00. Nota: 85 pontos.
Estes três vinhos somados à outros espanhóis que bebi me deixam à vontade para uma opinião: estes vinhos "bons e baratos" oriundos da Espanha têm uma característica em comum, são bastante maduros e bombásticos em madeira, características que vão agradar alguns. Fico com o Casajus Splendore (mais elegante) e o Real de Aragon (grau de complexidade maior). Vale a menção do Menut, um vinho do Priorato, que não está neste meio, mas vale tranquilamente a investida. Até a próxima!
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Postagem final do blog
Queridos leitores, é com grande tristeza que faço hoje o meu último post. Como vocês devem ter percebido, há 15 dias que nada escrevo. O grande motivo para isto ter ocorrido é a velha e conhecida falta de tempo, devido à carga de trabalho bastante intensa. É necessário tempo para escrever postagens interessantes e saudáveis para o leitor e na falta deste tempo, acabamos por declinar o nível dos comentários. Outro motivo pelo qual encerro (momentaneamente) minhas postagens é de que criei o blog para um relato de experiências enológicas vividas por mim e que pudessem ser úteis para o leitor. Mas, quando a diversão vira obrigação, a satisfação vai embora. Durante este período de postagens, passei também à acompanhar mais de perto tudo o que "rola" no "universo enoblog" e me descepcionei demasiadamente com muito o que lí e conhecí. O meu blog é 100% amador, eu sou um enófilo 100% amador e quero deixar bem claro à todos que 100% das minhas postagens não tiveram nenhuma interferência de produtor, importadora ou vendedor de vinhos! Portanto, minhas opiniões foram 100% minhas, segundo meu gosto pessoal e JAMAIS fiquei encima do muro, colocando muitas vezes minha cara à tapa. Gostei do que fiz e de tudo o que escrevi e lamento que existam blogs que evitam determinados comentários para não desagradar seus patrocinadores. Ou seja, quando a diversão vira comércio, perde-se totalmente a confiança. Tudo isso sem falar da "enopanela" que domina o enoblogs. Me despeço com muita gratidão aos que me seguiram e me acompanharam durante este período em que estive na ativa. Até logo!
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Bogle Petite Syrah 2008
Nós brasileiros, consumimos e conhecemos muito pouco dos vinhos produzidos nos Estados Unidos. Talvez seja porquê os argentinos, chilenos, portugueses e agora também os espanhóis cheguem a nós com um custo-benefício muito maior. Mas, para a formação de um enófilo, é importante que este experimente de tudo, nem que seja para passar raiva algumas vezes. Não é o caso deste Bogle, feito com uvas Syrah provenientes da Califórnia. É um vinho feito ao gosto dos americanos: muita maturidade de fruta e um banho generoso de carvalho. O vinho tem tanta madeira aparente, que demora bastante para mostrar seus aromas de fruta, mas quando esta aparece, vem de forma bastante agradável. Podem acreditar no que eu estou dizendo, o vinho ficou melhor no dia seguinte, o que leva à considerar que a decantação é obrigatória! Da madeira exaustiva do começo, o vinho se abre para uma deliciosa compota de frutas vermelhas, mais evidente a geléia de amoras e guarda bem a tipicidade da casta, com toda sua força e músculo. Tem bastante persistência e um final longo. Realmente, peca no excesso de madeira, mas se tivermos paciência e esperarmos uns 3 anos, acho que a madeira vai se unir à fruta e melhorar o conjunto, pois qualidade este vinho tem. Voltando ao assunto custo-benefício, este vinho custa R$ 85,00, fora da realidade para a sua qualidade. Vale pela curiosidade de se provar algo um pouco diferente. Nota: 88 pontos.
domingo, 6 de novembro de 2011
Desafio Enate Cabernet sauvignon / Merlot 2006 x Sabor Real Viñas Centenárias 2007
O objetivo de fazer este desafio foi de colocar frente à frente dois vinhos espanhóis completamente distintos: o Enate é um vinho com padrão mais clássico, no estilo velho mundo, mas feito com uvas francesas e o Sabor Real é um vinho no estilo novo mundo e feito com 100% Tempranillo. O Enate é um corte de uvas francesas (Cabernet sauvignon e Merlot) produzido em Samontano, safra 2006. O vinho é um belo assemblage que preserva a tipicidade das castas e prima por elegância. O visual é belo, com um rubi intenso com boa transparência. Aromas de frutas vermelhas, especiarias, elegante madeira e um toque floral garantem qualidade. Na boca, sente-se os taninos moldados, a madeira bem integrada e a acidez bem discreta, mas presente. É bom resaltar que o tempo fez bem à este vinho, deixando-o muito redondo sem perder seu toque selvagem. O Sabor Real é um vinho 100% tempranillo safra 2007, região Toro, que passa quase um ano em barricas de carvalho, o que se percebe nitidamente na boca. É um vinho bem no estilo Parker (91 pontos RP), com clara predominância de madeira e fruta madura. Lembra mais uma compota de frutas com uma infusão de cravalho. É macio em boca, tem pouca acidez, taninos bem redondos e rustcidade à tona. Já vou logo dizer: muito extranho a absurda nota de 91 pontos de Parker para este vinho. Perde feio para o Enate, o qual é mais equilibrado, elegante e original. Preço: Enate (R$ 55,00), Sabor Real (R$49,00). Nota: Enate: 90 pontos, Sabor Real: 88 pontos.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Vinho do mês: Outubro de 2011
Vinho do mês: Menut 2006. Um Priorato menor, mas um Priorato. Se este vinho é o quê existe de mais simples no Priorato, mesmo sem ter experimentado nenhum outro vinho desta região, posso dizer que aí está a Borgonha espanhola. Por R$ 59,00, se torna obrigatório!
Surpresa do mês: Quinta da Covela Escolha Tinto 2005. Rústico e delicado, forte e sauve. Bela amostra de um ótimo vinho orgânico português.
Mico do mês: Domaine de Pégau Plan Pégau Rouge 2007. Um vinho que faz juz à má fama de que vinho francês barato é uma porcaria!
Frescobaldi Remolé Toscana 2008
Um dos vinhos de base de Frescobaldi, produzido na Toscana à partir de Sangiovese e uma pequena quantidade de Cabernet sauvignon. É um típico vinho italiano bem feito e com grande vocação gastronômica. Coloração rubi brilhante com delicadas lágrimas. Aromas de frutas vermelhas frescas, algo de pinho e muito frescor. Na boca, exibe uma acidez muito gastronômica, tem corpo leve para médio, taninos muito bem educados e boa maciez. Final curto, mas muito agradável. Excelente para acompanhar massas à bolonhesa ou ao sugo. Não é enjoativo e tem o álcool bem comportado. Comprei este vinho numa promoção e paguei R$ 27,00, mas este preço não é real. O valor correto de mercado é em torno dos R$ 55,00. O vinho é agradável, mas por menos de R$ 50,00, encontramos outras opções com igual qualidade. Nota: 89 pontos.
Valmarino Tannat 2008
Vinho de base da vinícola Valmarino. Um Tannat simples que carrega toda a expressão do terroir gaúcho, com suas qualidades e defeitos. Baixo custo (R$ 20,00), boa acidez, boa concentração e tipicidade preservada de cepa são as qualidades. Simplicidade, rusticidade e alta concentração de taninos são seus defeitos. Coloração violeta bem escuro com pouca transparência, lágrimas médias e boa densidade. Aromas de frutas vermelhas em compota, café e tostado. Acidez e taninos bem presentes. Um pouco amargo no final. Bom vinho para acompanhar um prato bem rústico, como uma feijoada de dia-a-dia. Honesto no preço, mas não acrescenta muita coisa. Nota: 85 pontos.
domingo, 30 de outubro de 2011
Calyptra Gran reserva Assemblage 2007
Já comentamos aqui, um chardonnay da Calyptra. Agora é a vez de um assemblage tinto (Cabernet sauvignon e Merlot), com notáveis 24 meses de amadurecimento em barricas de carvalho. A coloração é vermelho rubi com boa transparência e lágrimas comportadas. No nariz, traz o eucalipto bem sutil, deixando a fruta vermelha extremamente aromática em primeiro plano. Vinho muito redondo que adquire incrível grandeza na boca, o seu ponto forte. Sedoso e com taninos muito bem polidos, traz uma acidez agradabilíssima e um frescor nada comum ao vinho chileno. É este frescor que sustenta a grandiosidade deste vinho, não o deixando enjoativo. Um ótimo vinho, que em nenhum momento se percebe o longo período de estágio em barricas e que tem um grande equilíbrio com um toque de excentricidade. Preço: em torno dos R$ 60,00. Nota: 91 pontos.
Menut 2006
Estamos vivendo uma onda espanhola de vinhos sem precedentes no Brasil e como todo modismo, experimentamos produtos bons e também ruins. Este vinho que hoje comento provem de uma região também da moda, o Priorato. Tão da moda, que seus vinhos estão cotados à preço de ouro no mercado internacional. Assim sendo, quando encontramos algo acessível financeiramente, partimos logo para a experiência. Que grata experiência! O Menut é realmente um vinho amável! Tudo balanceado, nada fora do lugar, encanta nos aromas e também na boca, deixando saudades. Coloração rubi escuro, lagrimas comportadas, giro fácil na taça. Aromas delicados de pequenos frutos vermelhos do bosque, Madeira delicada e um incrível toque de pedra, chamando a atenção para a ardósia. Corretissimo na boca, possui taninos maduros, balanceados e trabalhados. A acidez e discreta, mas o suficiente para não deixar o vinho enjoativo. Bom final de boca e bela vocação gastronômica. custa R$ 59,00 e vale cada centavo deste valor. Ótima compra! Nota: 92 pontos.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Lagarde Guarda 2009
Fiquei um certo tempo meio avesso aos vinhos argentinos, injustamente. Acho que foi por uma overdose hermana que durou uns dois anos. Passado o período de seca, retorno em bom estilo com um vinho argentino que foge um pouco da onda malbec. Este é um corte contendo 40% Malbec, 30% Cabernet sauvignon, 20% Merlot e 10 % Syrah, provenientes de Luján de Cuyo. É meus amigos, os argentinos são muito bons na arte do assemblage e nos deram um vinho balanceado, elegante e raçudo. A coloração é rubi-violácea com boa transparência e ótima limpidez. Lágrimas grossas percorrem a taça e denunciam o que há por vir. Aromas que fogem daquele malbec típico, devido à presença de outras uvas. Remetem à frutas vermelhas bem maduras, especiarias, algo de chocolate e flores. Muito elegante nos aromas, repete-se na boca: macio, sedoso, levemente tânico e com pouca acidez. Está ótimo para ser tomado agora, mas vai evoluir nos próximos anos, ganhando mais elegância e complexidade. O mais incrível neste vinho: não se sente os incríveis 15% de álcool. Boa compra, preço justo: em torno de R$ 56,00. Nota: 90 pontos.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Atrium Cabernet sauvignon 2007
Miguel Torres realmente é sabido em vinhos e comércio de vinhos, fabrica vinhos em várias regiões da Espanha e do mundo, utiliza várias cepas e dificilmente faz vinhos ruíns. Este Cabernet sauvignon produzido na região de Penédes (Espanha) exemplifica muito bem tudo isso: uva francesa predominante (não muito habitual na Espanha), região produtora menos afamada, vinho redondo e agradável. Coloração vermelho rubi com nuances e reflexos violáceos. Aromas descomplicados de frutas vermelhas bem maduras, discreto cassis e um toque especiado muito marcante. Os taninos estão bem presentes, justificando a Cabernet sauvignon, o corpo é de bom volume, o retrogosto é agradável e o final é médio. Atrapalha neste vinho, a falta de acidez e o álcool um pouco aparente. Em alguns momentos, lembra um pouco certos malbecs argentinos torrados ao sol. É inevitável a comparação com o Atrium Merlot (já descrito aqui) e não vou ficar em cima do muro: acho que os dois estão no mesmo nível, mas escolheria o Merlot por ser mais fresco e balanceado. Acho que este vinho é uma boa experiência, mas nesta faixa de preço perde feio para os Cabernet sauvignon chilenos. Preço: em torno dos R$ 60,00. Nota: 88 pontos.
domingo, 23 de outubro de 2011
Real de Aragon Garnacha Centenária 2007
Continuando o giro pela fúria espanhola, trago hoje o elogiadíssimo Real de Aragon, produzido em Calatayud, à partir de 95 % Garnacha e 5% Miguel de Arco (não me perguntem que uva é essa!). Este vinho recebeu 90 pontos de Parker e também foi muito bem recebido pelos críticos brasileiros. Ao colocar na taça, o prenúncio do que estava por vir: coloração violáceo escuro quase intransponível, sem nenhum traço de evolução ou seja, jovialidade à flor da pele. Aromas facilmente reconhecíveis de geléia de amoras com um toque de cravo. A menta se faz sentir por todos os lados. Sim, é um vinho bem complexo para sua faixa de preço, mas na boca perde um pouco o encanto. A hipermaturidade da fruta aliada à hiperexposição ao carvalho trazem aquilo que chamamos de "bomba de frutas maduras", muito comum nos malbecs argentinos. Vinho de grande corpo, taninos ainda um pouco selvagens e acidez bastante discreta descrevem com bastante honestidade o estilo Parker. O final é médio e paira uma certa dúvida no ar: quanto tempo este vinho aguentaria em garrafa? Será que pode evoluir com o tempo? No momento, digo que é um vinho honesto, mas longe de ser aquela maravilha descrita em blogs. É o que eu sempre digo, amigos leitores: uma coisa é degustar apenas meia-taça de vinho, outra bem diferente é beber a garrafa inteira e depois analisar, como faço em meu blog. Todos os vinhos aqui comentados foram bebidos na íntegra e não tenho vínculo com nenhuma importadora ou restaurante, portanto me sinto muito à vontade para opinar de forma honesta, mesmo não sendo profissional da área. Preço: R$45,00. Nota: 89 pontos.
sábado, 22 de outubro de 2011
Kings Ridge Pinot noir 2008
Diz a lenda que a Pinot noir só traz bons resultados quando produzida em sua terra natal, a Borgonha. Esta "lenda" tem suas verdades e mentiras. O ponto verdade é que os melhores vinhos de Pinot noir são realmente da Borgonha! As mentiras são:
1) Todo Pinot noir da Borgonha é bom. Mentira! Já tomei muita porcaria de pinot rotulada desta região.
2) Não tem Pinot noir bom fora da Borgonha. Mentira! Tem muito vinho bom feito no Chile, USA, Nova Zelândia e Africa do Sul.
3) Pinot fora da Borgonha não é Pinot. Mentira! Tem ótimos vinhos que mantém a tipicidade fora da Borgonha.
É neste contexto que venho falar deste bom Pinot noir de Oregon (USA), uma região que está entre as melhores para o plantio desta uva. Coloração típica de Pinot, rubi claro brilhante, lágrimas comportadas. Aromas de amoras, morangos e framboesas frescas, nada muito complexo, mas tudo bem típico. Acidez e frescor presentes, taninos bem discretos, corpo leve, final curto com retrogosto agradável. Sim, é isto: um vinho agradável e fácil de beber. Seco na boca, preserva ótima tipicidade da casta e tem carisma. Não sei quanto custou este vinho, pois foi trazido pela minha sogra dos USA. Parece não ter à venda no Brasil, mas fica aqui o comentário de que no Oregon se produz ótimos Pinot. Para quem quer sair um pouco da monotonia, está aí um palpite. Nota: 89 pontos.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Quinta da Covela Escolha Tinto 2005
Aqui jaz a Quinta da Covela. Esta triste notícia se tornou real nos últimos anos devido à desastrada articulação econômica portuguesa, em que uma das vítimas foi a ótima Quinta da Covela, vinícola de pequenas produções orgânicas e sempre de ótima qualidade. Nós consumidores, somos muito afetados nesta história, porquê perdemos a chance de desfrutar destes belos e honestos vinhos da região do Minho, uma sub-região de Vinho Verde, que tem até o direito de engarrafar seus produtos sob a denominação de Vinho Regional do Minho. Este vinho é um corte de Toriga Nacional (majoritária), Cabernet Franc, Merlot e Syrah. Tem muita elegância e é muito bem produzido. Coloração rubi-violáceo com belos reflexos rubi. Discreto halo aquoso e fortes lágrimas. Aromas um pouco fechados no início, mas que após um tempo na taça denotam predominância de especiarias, principalmente o cravo. Bastante floral, também reserva espaço para uma fruta negra muito elegante. Na boca, uma acidez pungente que clama por comida. Taninos fortes, típicos da Touriga Nacional, corpo médio, longa persistência e retrogosto sensacional. Um vinho regional diferenciado! Tem potência e elegância. O álcool é imperceptível (13,5%). Apesar de ser da safra 2005, tem tranquilamente mais 5 anos de vida pela frente, porquê seus taninos e sua acidez ainda estão à tona. Comprei este vinho no sold da Grand Cru e paguei R$ 47,00, honestíssimo. Se eu soubesse da qualidade e da longevidade deste vinho, teria comprado outras 3 garrafas, ainda mais agora, sabendo da extinção desta vinícola. Uma pena! Nota: 90 pontos.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Polkura 2006
Vinho produzido com uvas Syrah, da região do Marchigue (parte ocidental do Colchagua - Chile), pelo enólogo Sven Bruchfeld, em um projeto pessoal. É quase um vinho de autor, até pela limitada produção de pouco menos de 10000 garrafas. Costumo dizer que os vinhos do Colchagua estão um pouco ultrapassados, porquê exageram na madeira e concentração. Talvez, seja por apelo popular ou mesmo pelo demasiado calor do Colchagua, mas acredito que cada vez mais, enólogos de personalidade estão se empenhando para mudar este conceito de vinhos hiper-maduros deste vale. É o caso deste Polkura, o qual se revela com uma elegância acima do normal em comparação com os seus conterrâneos e de quebra, traz o tão invejado mentol chileno. Coloração rubi com reflexos violáceos. Aromas bem evidentes de frutas vermelhas e miúdas pretas bem maduras com um destacado mentol. Madeira imperceptível e álcool bem comportado. Sedoso e denso na boca, tem taninos bem moldados e acidez presente, mas discreta. Final agradável e médio. É um vinho que está em seu apogeu, trazendo elegância sem perder o toque selvagem e a raça. Belo vinho, vale o investimento (em torno dos R$ 70,00). Casou muito bem com carré de cordeiro e purê de mandioquinha. Nota: 91 pontos.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Valmarino espulmante brut champenoise
Outro espulmante brasuca em nosso blog e outro campeão de custo-benefício. O terroir de Pinto Bandeira - RS é realmente muito bom para a produção de vinhos espulmantes. É realmente um exagero falarmos que temos o segundo melhor terroir do mundo para espulmantes, ficando atrás apenas de Champagne. Vale lembrar que ótimos espulmantes também são produzidos em Franciacorta (Itália), Espanha, Portugal e outras regiões da França ( Loire e Borgonha). Mas em um quesito, os espulmantes brasileiros são imbatíveis: o custo-benefício. Digam-me senhores, onde poderemos encontrar um espulmante com a qualidade e complexidade deste Valmarino, por R$ 25,00 ! Isso mesmo: R$ 25,00 ! Bela garrafa e rótulo, coloração amarelo-palha, muita espulma na taça, perlage fino e de boa persistência. Aromas de castanhas, discreta manteiga, leve mel e flores brancas. Após certo tempo, evolui para frutas brancas frescas. Enche bem a boca, tem boa cremosidade, acidez perfeita. Erra um pouco no final meio-amargo. Tem corpo e estrutura para acompanhar pratos refinados e não ser servido de entrada. Senhores, na hora de comprar espulmantes, levem em consideração essas humildes palavras deste enófilo que vos escreve e valorizem nosso produto nacional porquê é muito bom! Nota: 88 pontos.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Casajus Splendore Tempranillo 2007
A fúria espanhola começou à invadir o blog e aqui temos mais um exemplar desta "chuva" de vinhos espanhóis que dasabou em terras tupiniquins desde o meio do ano. Se o Sabor Real Jovem descepcionou um pouco pela simplicidade, este Casajus Splendore faz jus à boa fama conquistada. Proveniente de Ribera del Duero, com 100% Tempranillo, este vinho exibe uma tipicidade muito grande e uma ótima personalidade, além de ter uma madeira muito bem integrada ao conjunto (24 meses de barrica). Como conseguiram isto à um preço tão convidativo (R$ 43,00), eu não sei. Será a crise espanhola? A verdade é que a Espanha tem produzido tanto vinho que já está prestes à ocupar o segundo lugar em volume de garrafas exportadas, hoje pertencente à França ( vale lembrar que a Itália é a maior exportadora mundial de vinhos em volume, sendo que a França é a primeira colocada quando se fala em valores financeiros). Tanta produção assim acaba por baixar os preços e quem desfruta desta boa onda somos nós, acostumados com tantas porcarias caras. Este vinho exibe uma coloração rubi com reflexos violáceos, com uma boa transparência. Os aromas predominantes são de especiarias e menta, sobrando espaço para uma boa fruta vermelha. A madeira é imperceptível no nariz e o frescor dado pela menta é notório. Na boca, revela-se um vinho com um corpo um pouco descepcionante, mas o ataque de acidez e frescor vale o gole. Traços de violeta também estão presentes neste vinho. É o tipo de vinho "perigoso"de beber, porquê é bastante acessível e fresco, que não se percebe a garrafa terminando. Brincadeiras à parte, concordo com as boas notas deste vinho. Compra segura. Preço: R$ 43,00. Nota: 90 pontos.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Domaine de Pégau Plan Pégau Rouge 2007
Dias atrás, em conversa com um amigo, eis que o mesmo me disse: "nunca bebi vinho francês bom!" É claro que este meu amigo também não encarou vinhos de um custo maior, se restringindo apenas aos péssimos exemplares da faixa limite de R$50,00. Mas aí é que se encontra o maior problema dos vinhos franceses: para se beber algo bom da terra gaulesa, tem que se tirar bastante dinheiro do bolso. Salvo os exemplares garimpados à dedo pela Cave Jado e algumas raridades de outras importadoras, o quê encontramos abaixo de R$ 100,00 são apenas vinhos medianos. Então, tenho que dar razão ao meu amigo! Falei tudo isso porquê não vou ter muito o que falar (ou não quero ter o desgosto de falar) sobre este simples e fraco vinho do Rhône. Corte de Grenache, Cinsault e Syrah, com 6 meses de contato com barrica. Coloração rubi fosco, bem transparente. Aromas bem discretos de amoras e cerejas frescas, também tem algo de morango e um mineral bem evidente. A madeira é imperceptível (será que tem madeira mesmo?), o corpo é leve, acidez correta, baixa concentração, taninos bem suaves, retrogosto um pouco amargo e final curto. Parece sobra de uvas e deve realmente ser! Vinho bem "ralo", não deixou saudades e custa muito caro para o que oferece (R$68,00). Comprei este vinho em uma condição especial e paguei R$35,00 e mesmo assim estou muito arrependido, porquê além de fraco, não acrescentou nada à minha cultura enológica. Nota: 83 pontos.
Sponsà IGT Veronese 2009 (Tenuta Sant Antonio)
Vinho da região do Vêneto, produzido pela Tenuta Sant Antonio, com uvas Corvina 50%, Rondinella 20% e Cabernet sauvignon 30%. O diferencial neste vinho é que as uvas Cabernet sauvignon sofrem um processo de desitratação, perdendo 20 % de seu volume antes da vinificação, o que traz mais concentração e aromas ao vinho. Funcionou! O vinho é agradável, tem certa complexidade e tem vocação gastronômica. Coloração vermelho rubi brilhante bem vivo. Faço um pequeno intervalo aqui para dizer: isto é cor de vinho! Aromas dominantes de especiarias, com boa presença de frutas vermelhas maduras, mas sem exagero. Percebe-se um toque floral e uma madeira muito bem integrada ao conjunto (6 meses de barrica). Bom corpo, enche a boca e tem boa acidez e sedosidade. Taninos presentes e não agressivos. Final médio. Vinho realmente muito agradável e que encarou com naturalidade uma massa de grano duro ao molho de queijo e bacon. Aliás, devo dizer que o vinho é extemamente fácil de beber e que cumpre à risca seu papel. Não precisa mais do que isso para escoltar um prato de massa. Honesto no preço, vale a compra. Preço: R$55,00 (membros do clube W). Nota: 90 pontos.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Sabor real Jovem Tempranillo 2008
Aqui está o badalado super "best buy", que ganhou nada menos que 90 pontos de Robert Parker. Oriundo da região de Toro (Espanha), 100% Tempranillo com videiras de 70 anos de idade. Este vinho causou um estardalhaço aqui no Brasil, devido sua alta pontuação e seu preço baixo (R$35,00), gerando muita curiosidade dos profissionais e curiosos do mundo do vinho. Mas, será que é isso tudo? Minha opinião é não! É um vinho gostoso e muito fácil de beber, mas está longe de merecer 90 pontos, porquê não tem complexidade! Também não é um best buy, porquê encontramos vinhos do mesmo nível ou até melhores e mais complexos, pagando menos. Vamos ao vinho: Coloração rubi violácea sem nenhum traço de evolução. Aromas muito frutados, caracterizados por fruta muito madura, quase em compota e traços de lavanda e violeta. Não encontrei descrição de passagem por madeira, mas percebe-se uma leve baunilha no conjunto. Na boca, textura sedosa, taninos comportados, discretíssima acidez e álcool imperceptível, apesar de seus 14,5%. Final médio e retrogosto discreto. Como se vê, é um vinho com algumas boas qualidades, mas com defeitos evidentes. O ponto forte é a facilidade de beber e o ponto fraco é a falta de acidez e complexidade. Lembra muuuuuuuito o Álamos Malbec, daí talvez a boa vontade um pouco exagerada de Parker, amante da super-maturidade da fruta. Como curiosidade, vale comentar um pouco o rótulo horrível, com desenho de um touro, certamente um sério candidato à um dos mais feios de todos os tempos. Parece um daqueles vinhos vagabundos de supermercado (tipo São Tomé). Que horror! Duvido que este vinho custe mais que 4 euros na Espanha! Todo caso, aqui no Brasil (altos impostos e alta margem de lucro das importadoras) o valor agora reajustado para R$39,00 me parece justo para o que o vinho oferece. Vale a experiência, mas não espere um vinhaço! Nota: 88 pontos.
sábado, 8 de outubro de 2011
Montes Cherub syrah rosé 2009
Eis aqui o aclamado (pelo menos pela Mistral) rosé premium da Viña Montes, feito com uvas 100% Syrah do Vale do Colchagua. É, realmente é difícil acreditar que existe frescor em algo produzido no Colchagua, mas quando a obra vem de Aurélio Montes, vale a investida. A coloração é aquele rosa "pink" (aja pleonasmo...) que encanta aos leigos, mas apavora os "enochatos". No nariz, apresenta muito mais do que um simples rosé de piscina: notas de amoras, morangos e framboesas frescas invadem o nariz com facilidade. Na boca, o seu diferencial: corpo bem mais denso que os rosés tradicionais, sem perder acidez, o transformando assim num vinho com grande apitidão gastronômica. Mesmo sendo produzido num vale quente como o Colchagua, consegue manter um bom frescor. Em suma, é um rosé que se preza muito mais ao acompanhamento de pratos leves do que para ser degustado à beira da piscina. É um exemplar com personalidade própria e com função definida! Alegre e divertido até no rótulo, vai agradar a maioria se estes não se importarem com o preço: R$ 55,00 (caro para um rosé). Nota: 88 pontos.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Vinhos do mês: Setembro de 2011
Vinho do mês: Calyptra Gran reserva Chardonnay 2007. Uma prova firme de que madeira e chardonnay podem conviver harmoniozamente.
Surpresa do mês: Valmarino Cabernet Franc X. Um dos melhores, se não for o melhor vinho brasileiro já produzido e ainda com disponibilidade para compra. Uma mostra do grande potencial desta cepa aqui no país e a afirmação da grande safra de 2005. Com grande capacidade de envelhecimento e se tornar ainda melhor.
Mico do mês: Costa do Pombal Tinto 2008. Tudo bem que só custa R$20,00, mas podia ser melhor, porquê por este preço se encontra vinhos portugueses muito mais vantajosos.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Ochotierras Reserva Carmenere 2009
A uva carmenére caiu no gosto do brasileiro, talvez devido aos seus característicos aromas de pimentão e chocolate ou talvez ao seu forte caráter. Sem dúvida, é no Chile que obtemos seus melhores exemplares, à ponto desta uva ser considerada até emblemática neste país. É sabido também que a carmenére gosta de sol, portanto o Colchágua é o nirvana para esta uva. Mas, a carmenere também traz bons resultados no Maipo, Maule e agora no Vale do Limarí. Este Ochotierras reserva é um bom exemplo de vinho guloso, corpulento, com muita expressão de fruta (e também de madeira...), caracterizando bem a árida zona do Limarí. Muito sol e pouca chuva (os mais baixos índices pluviométricos do Chile) fazem com que as uvas ganhem maturidade com facilidade, deixando os vinhos realmente ricos em fruta, cor e corpo. Coloração violácea bem escura, quase intrasponível. No nariz, o que primeiramente se sente são os aromas de cinza e na boca a invasão salina, característicos dos vinhos do Limarí, justamente o que mais me agrada nos vinhos desta região. Mas também há espaço para a fruta negra madura, notas claras de baunilha (olha o carvalho aí gente!), taninos marcantes e acidez um pouco abaixo da média. É um vinho que dá algum prazer e um bom representante da cepa, sem pagar caro. Não é um best-buy e a faixa de preço escapa um pouco para o dia-a-dia de nós, pobres mortais. Tudo bem, tem seus excessos: madeira bem evidente, excesso de fruta e discreta falta de acidez, mas os aromas de cinza e o gostinho salino encantam neste típico "Limarí wine". Nota: 88 pontos. Preço: em torno dos R$45,00.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Robert Parker: Anjo ou demônio?
Nos últimos anos, muito se falou sobre vinhos, uvas, terroir, comércio, preços e tudo o que envolve a bebida de Bacco. Muitas cepas foram citadas, muitos terroirs foram falados, muitos enólogos foram comentados, mas em qualquer lugar que você vá ou seja o quê estiver ligado ao vinho, um nome sempre é mencionado: Robert Parker. Sim, ele não é um grande produtor, também não é um grande enólogo, nem mesmo um consultor, mas sem dúvida é a pessoa mais influente quando se fala "nos finalmente" do vinho: a hora da compra! Idolatrado por uns e odiado por outros, já esteve no céu e recentemente visitou o inferno, mas ninguém pode discutir que ele ainda influencia muuuito as multidões na hora da compra. Mesmo quem critica o Sr. Parker sempre dá aquela verificadinha na nota do "guru americano" antes de comprar uma garrafa desconhecida. E que atire a primeira pedra quem falar que nuuuunca comprou um vinho influenciado por uma nota de Parker, Miller e cia. Eu mesmo já critiquei ferozmente as altas notas dadas por Parker à vinhos argentinos e também já fui e continuo sendo contra à "Parkerização" do vinho, ou seja à padronização do vinho ao gosto de Robert Parker. Mas, vamos analisar friamente o fenômeno Parker:
1) Em relação as altíssimas notas dadas à vinhos argentinos (97,98 pontos): na verdade são realmente todos ótimos vinhos e prefiro acreditar que acertaram na mosca do gosto do guru. É só você não cair nessa de achar que são os melhores vinhos do mundo!
2) Em relação à notas máximas (100 pontos) dadas à vinhos espanhóis: para mim, perfeição não existe! Se um vinho tem 100 pontos, qual nota terá um vinho daqui à alguns anos que seja ainda melhor do que este? E se este vinho de 100 pontos evoluir mais com os anos em garrafa, que nota terá? Aí, aí, aí... Também não caia nessa!
3) Em relação à Parkerização: é só você ter opinião própria e não ter medo de expor esta sua opinião!
Controvérsias e intrigas à parte, é inegável a contribuição de Robert Parker para a enologia moderna:
1) Foi ele o criador desta escala de 1 à 100 que é utilizada para avaliar vinhos e é empregada por diversas revistas e comentaristas do mundo inteiro.
2) Foi ele quem tornou pública estas avaliações e ajudou à popularizar esta bebida tão elitizada em outros tempos.
3) Através de seus comentários e notas, facilitou a compra de muita gente.
4) Desafiou importantes produtores franceses, através de notas baixas, algo que ninguém teve coragem de fazer até então. Também foi processado várias vezes por isso, mas ele é advogado...
5) Teve coragem de dar boas notas à vinhos baratos e vamos ser sinceros, na grande maioria das vezes ele acerta.
Portanto senhores, acho que Parker foi, é e vai continuar sendo uma figura importante para nós, seja por suas boas críticas ou referências, sua simpatia ou arrogância ou mesmo para podermos ter alguém para criticar. Parker é um grande homem porquê tem uma virtude obrigatória aos grandes pensadores e influentes: coragem para dizer o que pensa!
domingo, 2 de outubro de 2011
Inominabile 2007 lote III
Alguns amam, outros odeiam, mas é incontestável que este vinho é admirável. Numa degustação às cegas, ganharia fácil de muito vinho francês que custa 3 vezes mais. E, por falar em preço, tenho certeza absoluta que este vinho numa garrafa de Bordeaux seria vendido fácil por R$100,00 e quem o comprasse iria comprar mais. Digo isso senhores, porquê este vinho apresenta um equilíbrio e uma maturidade de fruta raramente visto em vinhos nacionais. Não estou de sacanagem, nem estou ganhando para dizer isto, é só vocês experimentarem para comprovar ou não se estou certo. Proveniente da Serra Catarinense, produzido à mais de 1300 metros de altitude pela Villagio Grando. Coloração rubi com reflexos tijolo e uma bela borda já discretamente alaranjada. Aromas predominantemente animais como pêlo de gato, mas há espaço para frutas vermelhas muito maduras e madeira muito bem integrada (6 meses de estágio em carvalho). Vinho evoluído com a boca bem macia, taninos aveludados e acidez correta. Bom corpo, tem retrogosto agradável e final longo. O vinho é um super-mix de 6 castas e é composto com uvas das safras de 2004 à 2007. Há quem não goste disso, daí eu iniciar o post dizendo que uns amam e outros odeiam. Eu aceito este mix e portanto amo este vinho. Para mim, um dos mais equilibrados e surpreendentes vinhos nacionais. Nota: 90 pontos.
Beronia Crianza 2008
Vinho bastante conhecido que veio no Clube W e que se encontra também disponível em lojas do Free Shop. Proveniente de Rioja (Espanha), elaborado com 83% Tempranillo, 15% Garnacha e 2% Mazuelo (combinação clássica de Rioja) e que passa 12 meses em contato com barricas. Realmente é um bom vinho, bastante gastronômico e equilibrado. Pouquíssimas arestas são perceptíveis e o preço não é de todo ruím. Tudo isto torna o vinho razoavelmente honesto e o credencia à uma compra segura. Coloração muito bonita com um vermelho rubi muito brilhante e discreto halo aquoso. Aromas em que predominam as especiarias, mas também com boa presença de frutas vermelhas frescas e uma madeira presente denunciada pela baunilha bem suave. Muito bem utilizado o carvalho neste vinho, visto que os 12 meses de estágio não tornaram o vinho potente ou enjoativo. Na boca, boa acidez, corpo médio, textura suave, taninos presentes e calmos, retrogosto agradável e final médio. O forte do vinho é a madeira muito bem utilizada, o equilíbrio e a versatilidade gastronômica. O fraco é o preço um pouco elevado (R$57,00) e a alta concorrência com a "chuva" de vinhos espanhóis que desabou no Brasil. Concluíndo, é um vinho legal que vai agradar os amantes do Velho Mundo. Nota: 89 pontos.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Château Mas Neuf Paradox Blanc 2009
Apostei neste branco do Rhône, porquê gostei muito de um belo exemplar que degustei certa vez em uma feira de vinhos e que tinha características semelhantes. O corte é bastante diferente para nós, sul-americanos acostumados com chardonnay, sauvignon blanc, torrontés e viogner. Trata-se de uma composição de 65% grenache blanc com 35% roussanne. Não passa por madeira, o que é facilmente perceptível durante a degustação. Coloração amarelo claro com reflexos verdeais. Aromas muito tímidos que me lembram muito mais mineral do que fruta. Dá para perceber aquele aroma bem discreto de pedra de isqueiro, algo de gasolina e muito pouca fruta branca. Na boca, tem corpo leve para médio, boa acidez, amargor que incomoda no final e álcool um pouco evidente. Melhora bastante com comida e tem certa versatilidade gastronômica. Olha, é bem parecido com aqueles Torrontés de médio porte. Custa em torno de R$50,00 e definitivamente não vale a compra. É apenas mediano no patamar inferior, perdendo feio para outros vinhos brancos na mesma faixa de preço. Nota: 85 pontos.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Del fin del Mundo Reserva Malbec 2008
É realmente muito interessante o que ocorre com o mundo do vinho. Vejam bem, até alguns anos atrás, a Patagônia era totalmente desconhecida como zona produtora de vinhos, até que alguns corajosos empreendedores decidiram plantar uvas ou "ressucitar" velhas e largadas parreiras, apostando tudo neste novo terroir. À princípio, a uva que se destacou foi a Pinot noir, renegada por muitos em Mendoza e que enfim encontrava seu ambiente ideal na fria Patagônia (será?). Mas olha só como o mundo dá voltas; por mais que se tente cultivar Pinot noir na Patagônia, estes (com exceção do Chacra) ainda não conseguiram alcançar o grau de qualidade esperado e a uva que mostra melhores resultados na Patagônia é ...a Malbec! Coincidência ou não, após o "boom" de Pinot noir na Patagônia, começaram à surgir alguns bons Pinot em Mendoza!!! Deus salve a concorrência! A verdade é que hoje, já temos bons Pinot em Mendoza e que os melhores vinhos da Patagônia são de Malbec ou tem Malbec no blend. Este Del fin del mundo reserva malbec é um vinho que tem um apelo comercial muuuito grande e usa a "marca" Patagônia como ninguém, mas o vinho é bom? Na minha opinião, é apenas mediano. A coloração é típica de malbec jovem: violáceo escuro com grossas manchas e lágrimas. Os aromas são bem simples, de frutos vermelhos maduros e groselha, com uma boa contribuição da madeira. Na boca, se comporta bem apesar do álcool um pouco evidente. Tem boa acidez, corpo médio, taninos presentes e adequados e final médio. Como se percebe, é um vinho correto, com poucas arestas, mas não empolga em nenhum momento. A pouca complexidade o torna um "vinho chato", mas não chega à ser cansativo. Comparo este vinho ao nosso Salton Volpi Merlot, sendo que este último ainda está um degrauzinho acima. Acho que não vale o preço que se paga por ele (em trono dos R$ 50,00). Nota: 86 pontos.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Missiones del Rengo Cuveé Carmenere 2007
A Missiones del Rengo ganhou fama no Chile por seus vinhos bastante comerciais e acessíveis, resultando num estrondo de vendas. E, para falar a verdade, seus vinhos mais simples são realmente agradáveis e tem um excelente custo. O problema se inicia quando estas vinícolas populares se metem à fazer vinhos de uma gama um pouco mais alta e consequentemente de custo mais alto. Estes vinhos mais criteriosamente produzidos são realmente melhores que seus primos mais pobres, mas a diferença que se paga por eles me parece irreal. Resumindo, prefira a linha mais básica, que tem custo-benefício melhor. Enfim, vamos ao vinho: coloração violácea, lágrimas grossas, bom corpo, álcool um pouco aparente, aromas de frutas vermelhas maduras, chocolate, pimentão e madeira bastante nítida. Um clássico carmenére chick de "povão". Acidez miúda bem discreta, que perde feio para o lado doce do vinho. É um vinho que não desagrada, mas também não empolga. Típico vinho mediano, bom para pratos mais encorpados. Acho um pouco estranho a alta nota dada pela Wine Entusiast (91 pontos) para este vinho. Eu não concordo, minha nota é 87 pontos. Preço: em torno dos R$ 60,00, caro para o que este vinho oferece.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Arturo Cabernet sauvignon 2008
Este vinho NÃO é aquele Don Arturo, o qual está à venda na Expand. Trata-se de um vinho nacional, produzido em Encruzilhada do Sul e engarrafado pela Lídio Carraro. Procurei por referências deste vinho na internet e a única coisa que encontrei é que ele é produzido especialmente para a importadora Cone Leste de Campos do Jordão. Bem, este eu experimentei no restaurante Paestum, em Guaratinguetá e esta meia-garrafa me custou R$27,00. Vou ser sincero, devido à escassez de opções em meia-garrafa (defeito comum nos restaurantes), optei por este vinho, por ser novidade e estar apresentado numa bela e delicada garrafa (quem disse que a apresentação não interfere na escolha do vinho?). A coloração é violácea escuro quase negro, as manchas na taça são generosas. Os aromas são fortes em ameixas pretas, tabaco e algo animal. Evolui na taça para café e muita fruta. A textura é rústica, os taninos são pesados e o álcool está um pouco aparente no princípio. É um cabernet sauvignon puro-sangue e cheio de potência tânica. Olha, numa degustação às cegas, eu diria que estaria bebendo um vinho mendozino, devido à marcante presença de fruta madura e o toque animal. Parece que o vinho não passa por madeira, mas tem um grande corpo e a acidez do terroir gaúcho vai manter vivo este vinho por mais 3 ou 4 anos. Grata surpresa, pena que é dificílimo de se encontrar. Quanto ao preço, vejamos: se eu paguei R$27,00 nesta meia-garrafa em restaurante (o qual pratica uma boa margem de lucro), deve custar uns R$30,00 a garrafa inteira na importadora. Por este preço, é uma bela compra. Nota: 87 pontos.
sábado, 24 de setembro de 2011
Calyptra Gran Reserva Chardonnay 2007
Impressionante chardonnay chileno! Não por ser parecidíssimo com um Chablis ou Mersault, mas justamente pelo contrário, ou seja, este vinho tem personalidade! Mas não aquela personalidade que caracteriza vinhos esquizitos e intragáveis. É uma personalidade que promete revolucionar os vinhos da américa do Sul. Por quê? Este vinho 100% Chardonnay é produzido no Alto Cachapoal, literalmente aos pés da Cordilheira dos Andes, com amplitudes térmicas alucinantes e passa incríveis 24 meses em barricas de carvalho. O resultado: um vinho branco extremamente fresco, saboroso, guloso, denso, gastronômico e que mostra um tostado muito agradável, proveniente do seu estágio no carvalho. É incrível como conseguiram deixar o vinho 24 meses em barrica e istõ ser imperceptível no nariz e na boca! Coloração amarelo dourado com muito brilho e limpidez. Grande corpo, enche a boca, mas não chega à ser lácteo. Tem ótima acidez, muito frescor e muita aromaticidade. Abacaxi e maracujá se destacam, com um delicioso tostado da madeira. Não tem aquela avelã ou amêndoas dos ótimos Chablis. Nem de longe se sente aquela manteiga pesada de outros chardonnays barricados. Belo retrogosto e final longo, para um vinho branco. O dono do empreendimento é o Dr. José Zarih e o enólogo responsável é o toneleiro Francois Massoc. Sim, é ele mesmo (Massoc) quem faz as próprias barricas onde descassam estas jóias do Novo Mundo. Por quê este vinho tem personalidade? Porquê Zarih e Massoc apostaram em algo novo: dois extremos que se unem (o frescor da Cordilheira e o maduro do carvalho). É isso meus amigos, eles conseguiram o que parecia impossível: colocar um chardonnay longo tempo em barrica e ainda assim deixá-lo com frescor, além da boa complexidade. É por isso que este vinho é literalmente uma "mosca branca", pois é único aqui na Ámérica do Sul. Bem provavelmente não seja o melhor chardonnay da américa do Sul, mas é sem dúvida o mais original e o que tem mais personalidade. Um belo vinho que foge às regras. Vale cada centavo de seus R$76,50. Aliás, nesta faixa de preço, só me recordo do Amayna para fazer frente, porque o resto é mais caro. Nota: 92 pontos.
C de BY 2008
Aqui está um vinho 100% Gamay proveniente de sua terra natal, Borgonha. Eu poderia resumir todo o comentário nesta primeira frase. Por quê? Sim, porquê este vinho é justamente o que se espera de um Gamay simples da Borgonha: bonito visual vermelho-róseo, aromas discretos de frutas vermelhas bem frescas com levíssimo herbáceo, muito frescor no nariz e na boca, acidez presente, levíssimos taninos, bastante frescor, final curto. É isso! Simples? Sim, mas quem disse que um Gamay menor poderia ter complexidade? Não, este vinho não foi feito para ser complexo; foi feito simplesmente para ser agradável e é! Mas não empolga. Foi bom companheiro para um Congrio rosa grelhado com camarões. É gastronômico e bastante correto, com arestas imperceptíveis. Pena o alto preço que se paga por este vinho: R$69,00. Neste valor, encontramos vinhos bem mais atraentes no mercado. Talvez, estejamos pagando pela fama de um Borgonha. Nota: 87 pontos.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Quinta Don Bonifácio Tannat Reserva 2007
Interessante saber que a Serra Gaúcha não se restringe apenas à Bento Gonçalves e às pequenas cidades ao seu redor. Este vinho vem de Caxias do Sul, importante cidade do Rio Grande do Sul, que foge um pouco do centro turístico enológico da Serra Gaúcha. Por ser proveniente de um local um pouquinho diferente, achei que ia encontrar também características diferentes neste vinho, mas a prática da degustação mostrou que o terroir genérico do Vale dos Vinhedos falou mais alto: é um autêntico vinho brasileiro da Serra Gaúcha: coloração vermelho escuro com reflexos violáceos, denso, bastante denso, aromas de amoras maduras, ameixas maduras, tostado e aquele café típico, acidez bem presente, rusticidade tânica e final longo. Já viu este filme? É claro, é mais um vinho mediano da Serra Gaúcha, que vai agradar alguns e desagradar muitos. Enfim, é aquele velho defeito deste terroir gaúcho: a uva (neste caso, a Tannat) NÃO amadurece direito perante aos constantes holocaustos da natureza daquele lugar e aí, dá-lhe madeira (neste caso, 16 meses de carvalho francês) para disfarçar os defeitos. Resultado: bomba de madeira! Mas vejam bem, caros leitores, percebe-se também os intensos esforços dos produtores na tentativa de conseguir um bom produto, tanto que considero o vinho bastante razoável, mas não ao ponto de custar mais caro que o Don Laurindo. Apesar dos esforços dos produtores, a natureza é impiedosa! Então neste caso, que o vinho custe no máximo R$ 30,00. Para terminar, acho que o melhor terroir brasileiro para a Tannat é a região da Campanha Gaúcha. Nota: 86 pontos. Preço: em torno de R$40,00.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Tenuta Sant' Antonio Monti Garbi Ripasso 2008
A primeira vez que bebi um vinho de ripasso, eu simplesmente não sabia o que estava bebendo, mas gostei daquele "docinho na boca". Após esta experiência na infância da minha aventura enológica, nunca mais bebi um vinho de ripasso. Hoje, já com um conhecimento bem mais elevado do mundo vinícola, me dou este prazer, e que prazer. O vinho de ripasso é produzido na região do Vêneto, com as mesmas uvas do Valpolicella, só que durante o processo de vinificação, ele passa um período em contato com as borras do Amarone, o qual é um vinho produzido à partir de uvas passificadas. Daí seu gosto docinho, daí ser um vinho fácil de beber. Mas não se engane, tem 14% de graduação alcoólica, imperceptível na boca (perigooooso...). Belíssima coloração rubi claro bem brilhante, muito parecido com aquelas bolinhas de árvore de natal (foi isso que veio à minha cabeça). O visual alegre chama o nariz para a taça: framboesa e amoras, canela, especiarias, nada muito complicado, mas com muita aromaticidade. Na boca, vem o "docinho", taninos muito bem polidos, maciez e uma acidez que o torna bem gastronômico. Final curto que não atrapalha. Nada enjoativo, é muito fácil de matar a garrafa inteira! Vinho que me traz boas lembranças, desta vez me trouxe muitos prazeres e deixará também muitas saudades. Vale a investida, está no clube w deste mês. Nota: 90 pontos.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Importadoras que utilizam o dólar como base de preços: é justo?
Companheiros enófilos, escrevo este post numa data em que temos uma disparada do dólar como há bom tempo não se via e como consequência disto, houve uma disparada no preço dos vinhos vendidos pelas importadoras que se baseiam no dólar. Ora, mas será que essa política do uso do dólar é honesta? Vamos à alguns pontos:
1) Vinho no Brasil não é barato (há quem culpe os impostos, mas a margem de lucro praticada pelas importadoras também é grande).
2) Nuuuuuuunca vi dólar cair! O que aconteceu nos últimos meses foi algo inédito neste país e talvez nunca mais volte à acontecer porquê na menor ameaça, vem o governo aumentando impostos, criando tarifas, etc,etc,etc; tudo para "favorecer o mercado interno". Ora, não seria mais fácil diminuir os impostos para produtos nacionais???? Pôxa, afinal de contas quem vai pagar o pato desta palhaçada toda somos nós!!! Tudo isto para dizer: Apostar no dólar como referência sempre foi e sempre vai ser um bom negócio!
3) Mesmo com o dólar caindo, o quê as importadoras fizeram com seus campeões de vendas (Álamos, Alto las hormigas,etc.)? Simples, subiram o valor do vinho aumentando o valor em dólar (Ex: um vinho que custava US$16,00 passou à custar US$ 18,00). Legal, né?
4) E agora que o dólar subiu? O preço do vinho em dólar vai cair? KKK, vocês acham que isso vai acontecer?
Pessoal, vamos usar a nossa massa cinzenta cerebral para comprar nosso líquido adorável. Como a margem de lucro da maioria das importadoras é muito grande, vamos comprar promoções, pechinchar (entenda negociar) e dar atenção àquelas importadoras que estão ao nosso lado (ou mais próxima de nós). NÃO ACEITE PREÇOS ABSURDOS ! Tem muita gente querendo entrar neste negócio e tem muito produtor lá fora querendo entrar aqui no Brasil (conforme foi presenciado por mim na Expovinis 2011), portanto não precisamos ter medo, porquê não vai faltar vinho bom à preço justo! Não estou sugerindo boicote em massa à estas importadoras, apenas estou pedindo responsabilidade na hora da compra!
Me despeço em tom de tristeza com uma melancólica lembrança: "como estava bom beber um bom vinho no dia-a-dia por menos de R$30,00". E agora José?
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Valmarino Cabernet Franc X 2005
Tremendo vinho brasileiro! Ouvi muitos comentários positivos à respeito deste vinho, mas não imaginava que a qualidade deste 100% Cabernet Franc de Pinto Bandeira, fosse tão grande. Aliás, acho que o brasileiro tem que descobrir os vinhos desta vinícola familiar, que tem boa qualidade média e preços ótimos. Vamos ao vinho: a garrafa é a básica de um estilo bordeaux e o rótulo é um exemplo de simplicidade e bom gosto. O visual é belo: vermelho rubi-granada com bordas levemente alaranjadas e muita limpidez. As lágrimas escorrem grossas e mancham pesadamente a taça. Os aromas são deliciosos e evolutivos: ameixas pretas, especiarias (em vinho nacional, pode acreditar!), alcaçuz, tabaco, café. Sente-se até o herbáceo característico da cepa. É uma ciranda que vai e vêm, mudando de estilo em diversos momentos. Na boca, taninos macios, arredondados, acidez ótima e final longo. Um belo vinho em um grande momento, mas pode comprar e guardar que ainda tem no mínimo, 3 anos de vida (ou mais). Este vinho é para calar a boca de quem critcica vinho nacional e diz que é cheio de excessos, ou ainda, para quem diz que o Vale dos Vinhedos está ultrapassado para uvas tintas. Numa garrafa de Bordeaux, este vinho custaria R$ 300,00, mas por aqui, você pode comprá-lo por cerca de R$ 50,00! Um dos melhores vinhos brasileiros que eu já bebi, se não for o melhor. Muito bom! Nota: 91 pontos.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Beronia Tempranillo elaboracion especial 2009
A Espanha é o terceiro maior produtor mundial de vinho, estão passando por uma crise econômica com alto nível de desemprego e o dólar está baixo. Resultado deste contexto: uma enxurrada de bons vinhos espanhóis desembarcando no Brasil por preços jamais vistos. Nesta onda espanhola, é interessante notar que a maioria dos vinhos que estão vindo têm uma qualidade média muito boa, o quê nos deixa confortáveis na hora da compra. É o que ocorre com este 100% Tempranillo, produzido nos moldes e padrões do Novo Mundo, com 9 meses de passagem em carvalho americano. Resultado: uma bomba de carvalho no nariz e na boca! Mas, é ruím? Não. Apesar do meu gosto mais voltado à elegância e harmonia, tenho que considerar que o vinho é interessante. Coloração vermelho púrpura com halo e reflexos violáceos, denunciando sua jovialidade. Aromas muito marcados pelo tostado da madeira (côco queimado), generosas frutas maduras em compota (geléia de framboesa) e leve herbáceo. Na boca, nota-se boa acidez, textura aveludada e taninos comportados. Sim, o vinho tem mais equilíbrio na boca do que no nariz. O retrogosto é agradável e o final é bem longo. Como deu para ver, o vinho tem certa complexidade à ponto de fazer pensar, portanto tem suas qualidades, mas está longe de ser um grande vinho. Prepare um prato intenso para acompanhá-lo, senão... Vale a experiência deste Tempranillo espanhol meio Novo Mundo, mas poderia custar mais barato que seus médios R$ 75,00. Nota: 88 pontos.
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